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Ronald de Carvalho foi um importante escritor e poeta brasileiro do começo do século XX. Fortemente influenciado pelo modernismo português, ele se tornou, no Brasil, um dos grandes expoentes do modernismo, participando ativamente de um dos maiores eventos de arte da história brasileira, a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Atuando também como diplomata, Ronald de Carvalho trabalhou diretamente para dois ministros das Relações Exteriores durante a década de 1920 e foi enviado para o exterior algumas vezes. Seu trabalho se relacionou com um movimento literário conhecido como simbolismo. O poeta faleceu vítima de um acidente de carro.
Leia também: Jorge Amado — outro importante escritor modernista
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Ronald de Carvalho
- 2 - Nascimento de Ronald de Carvalho
- 3 - Carreira profissional de Ronald de Carvalho
- 4 - Obras de Ronald de Carvalho
- 5 - Videoaula sobre a Semana de Arte Moderna
Resumo sobre Ronald de Carvalho
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Ronald de Carvalho estudou Direito em uma faculdade no Rio de Janeiro.
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Teve contato com o modernismo em Portugal e trabalhou na publicação de uma revista chamada Orpheu.
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Seu primeiro livro foi Luz gloriosa, publicado em 1913.
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Teve grande importância na Semana de Arte Moderna de 1922, com versos declamados na abertura do evento e com uma conferência própria.
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Atuou como diplomata, trabalhando para dois ministros das Relações Exteriores na década de 1920.
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Durante a função de secretário do presidente Getúlio Vargas, morreu vítima de um acidente de carro, em 1935.
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Suas obras sãos vistas mais como simbolistas do que como modernistas.
Nascimento de Ronald de Carvalho
Ronald Arthur Paula e Silva de Carvalho nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 16 de maio de 1893, filho de Artur Augusto de Carvalho, um engenheiro naval que tomou parte na Segunda Revolta da Armada. Sua mãe se chamava Alice Paula e Silva Figueiredo de Carvalho.
Não se sabe muitos detalhes sobre a vida de Ronald de Carvalho, mas é fato que ele se matriculou na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, localizada no Rio de Janeiro. Lá, ele estudou Direito e se graduou em 1912. Antes mesmo de finalizar o curso, ele passou a atuar como jornalista, trabalhando em um jornal dirigido por Ruy Barbosa, importante político e diplomata do Brasil na época.
Carreira profissional de Ronald de Carvalho
Por volta de 1914, o autor viajou para Portugal, onde teve contato com o modernismo português, por meio de obras de autores como Fernando Pessoa. Ele atuou na publicação de uma revista de literatura chamada Orpheu naquele país.
A ida de Ronald de Carvalho para a Europa também ficou marcada por um período em que ele se dedicou aos cursos de Filosofia e Sociologia, em Paris. Ele já havia realizado, então, seus primeiros trabalhos como escritor. Seu primeiro livro se chama Luz gloriosa, publicado antes da viagem a Portugal, obra marcada pela forte influência de Paul Verlaine e Charles Baudelaire publicada em 1913.
Além disso, o poeta se destacou por ter atuado ativamente na realização da Semana de Arte Moderna, que aconteceu em São Paulo no ano de 1922. Houve, inclusive, uma conferência própria chamada “A pintura e a escultura moderna no Brasil”.
Essa conferência foi seguida de três solos de piano de Ernani Braga e três danças africanas de Villa-Lobos. A Semana de Arte Moderna foi extremamente importante e é entendida como o evento que inaugurou o modernismo no Brasil.
Além de ter sido um grande escritor, Ronald de Carvalho fez carreira como diplomata, trabalhando para Félix Pacheco e Otávio Mangabeira, ministros das Relações Exteriores do Brasil durante a década de 1920. Ronald atuou no México e também em países europeus, como os Países Baixos, retornando ao Brasil definitivamente em 1933.
No Brasil, atuou no governo de Getúlio Vargas como secretário do presidente. Durante o período de exercício desse cargo, Ronald de Carvalho faleceu, no dia 15 de fevereiro de 1935. Sua morte foi causada por um acidente de carro ocorrido na cidade do Rio de Janeiro.
Veja também: Graça Aranha — escritor que declamou versos de Ronald de Carvalho na abertura da Semana de Arte Moderna
Obras de Ronald de Carvalho
Ronald de Carvalho se tornou célebre por sua atuação na Semana de Arte Moderna e acabou sendo associado ao modernismo. No entanto, suas obras são mais simbolistas do que necessariamente modernistas. O simbolismo foi um movimento literário caracterizado pelo pessimismo e pela adoção de linguagem subjetiva.
Dentre as obras mais conhecidas de Ronald de Carvalho, destacam-se:
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Poemas e sonetos (1919);
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Pequena história da literatura brasileira (1919);
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Epigramas irônicos e sentimentais (1922);
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Toda a América (1926).
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Um momento altamente significativo na carreira de Ronald de Carvalho enquanto escritor e poeta foi a leitura de um de seus poemas em um evento internacional sobre o modernismo brasileiro realizado em Portugal. O poema se chama “Brasil” e faz parte do livro Toda a América, publicado em 1926. Segue um trecho do poema:
A Fernando Haroldo
Nesta hora de sol puro
palmas paradas
pedras polidas
claridades
faíscas
cintilações
Eu ouço o canto enorme do Brasil!
(…)
Eu ouço todo o Brasil cantando, zumbindo, gritando,
[vociferando!
Redes que se balançam,
sereias que apitam,
usinas que rangem, martelam, arfam, estridulam, ululam e
[roncam,
tubos que explodem,
guindastes que giram,
rodas que batem,
trilhos que trepidam,
rumor de coxilhas e planaltos, campainhas, relinchos, aboiados
[e mugidos,
repiques de sinos, estouros de foguetes, Ouro-Preto, Bahia,
[Congonhas, Sabará,
vaias de Bolsas empinando números como papagaios,
tumulto de ruas que saracoteiam sob arranha-céus,
vozes de todas as raças que a maresia dos portos joga no sertão!
Nesta hora de sol puro eu ouço o Brasil.
Todas as tuas conversas, pátria morena, correm pelo ar…
a conversa dos fazendeiros nos cafezais,
a conversa dos mineiros nas galerias de ouro,
a conversa dos operários nos fornos de aço,
a conversa dos garimpeiros, peneirando as bateias
a conversa dos coronéis nas varandas das roças...
Mas o que eu ouço, antes de tudo, nesta hora de sol puro
palmas paradas
pedras polidas
claridades
brilhos
faíscas
cintilações
é o canto dos teus berços, Brasil, de todos esses teus berços,
[onde dorme, com a boca escorrendo leite,
[moreno, confiante,
o homem de amanhã!
Videoaula sobre a Semana de Arte Moderna
Crédito de imagem
[1] Domínio Público / Acervo Arquivo Nacional
Por Daniel Neves Silva
Professor de História