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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição vinculada ao Ministério da Saúde, portanto, ligada ao governo federal, e que atua na pesquisa e no desenvolvimento científico e tecnológico da saúde brasileira. É a organização com mais destaque, na América Latina, na área de ciências e tecnologia em saúde.
Um dos focos da Fiocruz é realizar pesquisas nas áreas de medicina experimental, biologia e patologia, produzindo e fabricando medicamentos e vacinas para melhorar a qualidade de vida e a saúde pública da população brasileira.
As vacinas e os remédios produzidos pela fundação visam a fortalecer e consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS) — política pública brasileira de atenção à saúde da população do Brasil — e, com isso, diminuir as desigualdades sociais relacionadas à saúde dos brasileiros.
Por fim, a Fiocruz forma e aperfeiçoa profissionais de saúde e pesquisadores para atuar nos mais diversos campos, em especial no SUS. Há oferta de diversos cursos (presenciais e à distância) de especialização, mestrado, doutorado, entre outros.
Leia mais: Instituto Butantan – instituição de pesquisas biomédicas brasileira reconhecida mundialmente
Tópicos deste artigo
- 1 - O que faz a Fiocruz?
- 2 - História da Fiocruz
- 3 - Primeiros médicos da Fiocruz
- 4 - Fiocruz no Brasil
- 5 - Destaques da Fiocruz
- 6 - Vacinas
- 7 - Bio-Manguinhos
- 8 - Farmanguinhos
- 9 - Coronavírus
- 10 - Arquitetura da Fiocruz
O que faz a Fiocruz?
A Fiocruz atua no campo da educação e do desenvolvimento científico e tecnológico da área de saúde no Brasil. Dentre suas principais atividades, destacam-se:
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Participação nas políticas nacionais da área de saúde brasileira;
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Realização de pesquisas e produção de tecnologias e produtos para ampliar o acesso à saúde;
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Fabricação de medicamentos, fármacos, vacinas e outros produtos de interesse para a saúde;
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Promover a pesquisa, o ensino e o desenvolvimento tecnológico para preservar o meio ambiente e a biodiversidade;
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Desenvolvimento de atividades para auxiliar o Sistema Único de Saúde.
História da Fiocruz
A Fiocruz começou suas atividades no dia 25 de maio de 1900, na Fazenda de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O nome da fundação é em homenagem ao médico sanitarista Oswaldo Cruz, que participou ativamente da sua criação.
A história da Fiocruz começou em 1899, quando a prefeitura do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, solicitou ao Instituto Vacínico Municipal do Rio de Janeiro que produzisse soros e vacinas contra a peste bubônica. Para atender essa demanda, nasceu, no dia 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal.
O instituto era comandado pelo barão Pedro de Affonso e por Oswaldo Cruz. O primeiro deixou a função, mas o médico continuou. No ano de 1901, a futura Fiocruz passou a fazer parte do governo federal. Com a expansão das atividades, a organização começou a elaborar reformas sanitárias, buscando combater não só a peste bubônica como também a febre amarela e a varíola.
Em 1907, o Instituto Soroterápico Federal alterou o seu nome para Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos. No ano seguinte, passou a chamar-se Instituto Oswaldo Cruz.
Em 1970, a Fundação de Recursos Humanos para a Saúde foi transformada, por decreto, em Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). Já em 1974, a organização passou a chamar-se Fundação Oswaldo Cruz.
Veja também: Revolta da Vacina – motivada pela campanha de vacinação obrigatória de Oswaldo Cruz
Primeiros médicos da Fiocruz
Oswaldo Cruz e Carlos Chagas foram os dois médicos que fizeram parte da diretoria da Fiocruz nos seus primeiros anos. A trajetória profissional de ambos se confunde com a história própria fundação. Leia um resumo sobre os dois médicos:
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Oswaldo Cruz
Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga (SP), em 5 de agosto de 1872, mas, dois anos depois, sua família transferiu-se para o Rio de Janeiro. O interesse do futuro médico pela microbiologia começou na infância, quando ele montou um pequeno laboratório no porão de sua casa.
Cruz graduou-se na carreira de Medicina em 1892, no Rio de Janeiro. Durante o curso, publicou artigos relacionados à microbiologia, e seu trabalho de conclusão de curso teve como tema “A veiculação microbiana pelas águas”. No final dos anos 1800, o cientista estudou microbiologia, soroterapia e imunologia no Instituto Pasteur, em Paris.
Já na direção da Fiocruz, o médico adotou métodos inéditos para conter enfermidades, como:
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o isolamento dos doentes;
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a notificação compulsória dos casos positivos;
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a captura dos vetores (mosquitos e ratos);
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a desinfecção das moradias em áreas de focos.
Em 1913, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Dois anos depois, retirou-se da direção da Fiocruz. No mesmo ano, mudou-se para Petrópolis e, posteriormente, tornou-se prefeito dessa cidade. Oswaldo Cruz morreu no dia 11 de fevereiro de 1917 devido à insuficiência renal. Para saber mais sobre esse importante cientista brasileiro, leia: Oswaldo Cruz.
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Carlos Chagas
Carlos Justiniano Ribeiro Chagas nasceu em 9 de julho de 1879, na cidade de Oliveira, em Minas Gerais. Em 1897, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A tese de fim de curso do futuro médico teve como tema a doença malária e chamou-se “Estudos hematológicos no impaludismo”. Durante suas pesquisas, Chagas começou a ter contato com Oswaldo Cruz.
No ano de 1905, o médico mineiro atuou na campanha nacional contra a malária. Para isso, Chagas defendeu o combate do mosquito no interior das casas, desinfetando-as pela queima de piretro. Essa campanha serviu como experiência para combater a doença em todo o mundo.
Em abril de 1909, Carlos Chagas descobriu uma nova doença chamada tripanosomíase americana, também conhecida como doença de Chagas.
Após a morte de Oswaldo Cruz, em 1917, Carlos Chagas assumiu a diretoria da Fiocruz. Entre os destaques do seu trabalho, esteve a investigação de epidemias que ocorreram na zona rural brasileira. Para haver um local onde se pudesse pesquisar esses males, ele criou o Hospital Oswaldo Cruz, em 1918. No ano de 1942, o local passou a chamar-se Hospital Evandro Chagas.
Durante a gestão de Chagas, foram organizadas áreas mais específicas dentro do então Instituto Oswaldo Cruz, entre as quais: bacteriologia, anatomia, zoologia e protozoologia. Ainda sob a direção do médico, os remédios produzidos no local passaram a ser comercializados.
Uma outra ação de destaque da Fiocruz, durante o comando de Chagas, foi a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), vinculado ao Ministério da Justiça. O departamento é considerado o precursor da nacionalização das políticas de saúde e saneamento no país.
Carlos Chagas morreu no dia 8 de novembro de 1934, devido a um infarto de miocárdio.
Fiocruz no Brasil
A Fiocruz conta com estas 11 unidades técnico-científicas no Rio de Janeiro:
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Casa de Oswaldo Cruz
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Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp)
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Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV)
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Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB)
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Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict)
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Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos)
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Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos)
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Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS)
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Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI)
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Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF)
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Instituto Oswaldo Cruz (IOC)
Há, ainda, mais 10 unidades e escritórios nos estados de:
A fundação possui também uma unidade em Maputo, na capital do Moçambique.
Destaques da Fiocruz
Com mais de cem anos de atuação em prol da saúde brasileira, a Fiocruz coleciona diversas atividades que ganharam destaque. Confira algumas:
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1911: o então Instituto Oswaldo Cruz ganhou diploma de honra na Exposição Internacional de Higiene e Demografia de Dresden, na Alemanha, pela descoberta da doença de Chagas.
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1937: a vacina brasileira contra a febre amarela produzida na Fiocruz foi adotada. Segundo dados da fundação, atualmente 80% das vacinas contra essa doença são produzidas na fundação.
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1970: a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) foi incorporada à Fiocruz. Em suas salas, foram delineados os primeiros projetos que levariam à implantação do SUS.
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1970: o regime militar cassou os direitos políticos de cientistas da Fiocruz. O episódio ficou conhecido como Massacre de Maguinhos.
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1976: foram criados o Bio-Manguinhos — maior centro produtor de vacinas e kits e reagentes para diagnóstico laboratorial de doenças infecto-parasitárias da América Latina — e o Farmanguinhos.
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1987: equipes da Fiocruz isolaram, pela primeira vez no Brasil, o vírus HIV, causador da aids. Depois desse episódio, a fundação passou a participar da Rede Internacional de Laboratórios para o Isolamento e Caracterização do HIV-1, coordenada pelo Programa Mundial de Aids, da Organização Mundial de Saúde (OMS).
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2006: a Fiocruz foi agraciada com o Prêmio Mundial de Excelência em Saúde Pública, concedido pela maior e mais importante instituição de saúde pública no mundo, a Federação Mundial de Associações de Saúde Pública. Ainda nesse ano, a fundação ganhou a Ordem do Mérito Científico Institucional, a mais importante honraria concedida anualmente pelo governo federal.
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2006: a Fiocruz realizou o sequenciamento do genoma da vacina BCG, em conjunto com a Fundação Ataulpho de Paiva.
Vacinas
Confira algumas vacinas que a Fiocruz já produziu:
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Febre amarela: 1937
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Meningite A e C: década de 1970
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Haemophilus influenzae tipo B (Hib): 1999
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DTP e Haemophilus influenzae tipo B (Hib): 2001
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Tríplice viral: 2003
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Rotavírus humano: 2008
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Pneumocócica 10-valente: 2010
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Poliomielite inativada (VIP): 2012
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Tetravalente viral: 2013
Acesse também: 5 mitos sobre vacinas
Bio-Manguinhos
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) foi fundado em 1976, no campus da Fiocruz. Essa é a unidade que realiza pesquisas, inovações e desenvolvimentos tecnológicos para produzir vacinas e reativos para todo o Brasil.
Situado na Bio-Manguinhos, o Complexo Tecnológico de Vacinas (CTV) atua na produção de vacinas para atender o calendário estabelecido pelo Ministério da Saúde. O complexo, um dos maiores centros da América Latina, fornece a vacina da febre amarela à Organização Mundial da Saúde (OMS).
As vacinas da Bio-Manguinhos são distribuídas a todos os brasileiros de forma gratuita. No ano de 2020, foram entregues mais de 111 milhões de doses de vacinas.
Segundo a Fiocruz, as vacinas somente são produzidas pelo Bio-Manguinhos; o instituto não aplica os imunizantes. Para isso, existe o Centro de Referência em Imunológicos Especiais (Crie), especializado na aplicação das vacinas. O Crie está localizado no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas.
Farmanguinhos
Criado em 1976, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz atua na pesquisa, produção, inovação e desenvolvimento tecnológico de medicamentos. Além disso, o instituto tem como objetivo ampliar o acesso dos brasileiros à saúde pública.
O Farmanguinhos é o maior laboratório farmacêutico oficial vinculado ao Ministério da Saúde. Ao todo, o instituto fabrica cerca de 33 tipos de medicamentos, entre os quais antibióticos, anti-inflamatórios, anti-infecciosos, antiulcerosos, analgésicos, para doenças endêmicas, como malária e tuberculose.
São produzidos, ainda, antirretrovirais para tratamento da aids e hepatites virais e remédios para o sistema cardiovascular e o sistema nervosos central.
Por ano, o Farmanguinhos produz mais de 2,5 bilhões de unidades de medicamentos, os quais são distribuídos à população por meio do SUS.
Coronavírus
Em 2020, a Fiocruz capacitou profissionais de saúde do Brasil e da América Latina para realizarem o diagnóstico laboratorial do coronavírus (Covid-19). Nesse mesmo ano, a fundação firmou parceria com a Universidade de Oxford, da Inglaterra, e o laboratório AstraZeneca, também inglês, para produzir a vacina dessa doença no Brasil.
No dia 17 de janeiro de 2021, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial dessa vacina. Dados da Fiocruz indicam que há previsão de entrega de 210,4 milhões de doses para a população ainda em 2021, por meio do Programa Nacional de Imunizações do SUS.
Em curto prazo, a vacina também será produzida no Brasil por pesquisadores no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos).
Arquitetura da Fiocruz
Oswaldo Cruz, que estudou no final dos anos 1800 no Instituto Pasteur, na França, inspirou-se na arquitetura dessa organização francesa e fez um desenho de como imaginava um instituto semelhante no Brasil. A Fiocruz foi projetada pelo arquiteto português Luiz Moraes Junior e construída entre os anos 1905 e 1918.
Inspirado na arte hispana-muçulmana, o Castelo da Friocruz, também chamado Pavilhão Mourisco ou Palácio das Ciências, conta com azulejos portugueses e mosaicos em tapeçaria árabe. O destaque vai para uma cúpula em planta octogonal e feita em cobre.
Pela grandeza do projeto arquitetônico no estilo neomourisco, o castelo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1981. O espaço abriga a parte administrativa da fundação.
O Castelo da Fiocruz pode ser visitado e integra o tour oferecido pelo Museu da Vida, Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Crédito das imagens
[2] Joa Souza / Shutterstock
Por Silvia Tancredi
Jornalista