O Instituto Butantan é um centro de pesquisa biomédica brasileiro, localizado no estado de São Paulo e fundado em 1901. O Butantan é uma instituição reconhecida mundialmente como um dos principais centros de pesquisas científicas na área de saúde pública.
Entre as principais responsabilidades do instituto, está a produção de imunobiológicos para a fabricação de soros e vacinas no Brasil. O Butantan está ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e atua, com o Ministério da Saúde, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), fornecendo seus insumos à população brasileira de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A base da instituição é a pesquisa científica na área da saúde e, por isso, o Butantan também é muito conhecido por abrigar em suas dependências coleções científicas zoológicas, como serpentes e artrópodes. O instituto é referência na produção de soros imunoterápicos, utilizados para recuperar vítimas de acidentes causados por cobras, aranhas, escorpiões, lacraias e outros animais venenosos.
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Tópicos deste artigo
- 1 - História do Instituto Butantan
- 2 - Vacinas do Butantan
- 3 - Soros do Butantan
- 4 - Curiosidades sobre o Butantan
- 5 - Cursos do Butantan
- 6 - Atendimento médico
História do Instituto Butantan
![Instituto Butantan está localizado em São Paulo e tem mais de cem anos de história. [1]](https://s3.static.brasilescola.uol.com.br/be/2021/02/instituto-butantan.jpg)
A peste bubônica, mais conhecida como peste negra, começou a disseminar-se no estado de São Paulo em meados de 1899. O surto se propagou do porto de Santos (SP), e, para encontrar uma medida de conter a disseminação da doença, a administração pública de São Paulo decidiu que deveria criar um laboratório para produzir a medicação que combateria a peste.
A doença é causada por uma bactéria encontrada em pulgas localizadas em ratos contaminados. Quando as pulgas têm contato com humanos, a transmissão da doença acontece. Com isso, o governo adquiriu o terreno da Fazenda Butantan, na zona oeste de São Paulo, para instalar o laboratório, que foi vinculado ao Instituto Bacteriológico (atual Instituto Adolfo Lutz).

Foi em 1901 que o laboratório se tornou uma instituição autônoma e recebeu a denominação de Instituto Serumtherápico. Posteriormente, em 1925, tornou-se o atual Instituto Butantan e teve como primeiro diretor o médico Vital Brazil, imunologista reconhecido internacionalmente.
Muito famoso pela relação que tem com as serpentes no Brasil, o Butantan inaugurou o serpentário em 1912. Como o Brasil se destacava na produção do café, pessoas que trabalhavam na zona rural estavam sendo feridas pelas cobras, e, com muitas espécies venenosas, o número de mortes começou a preocupar, já que a situação, além da peste, também afetava o desenvolvimento da região.
Na época, o tratamento para as picadas de cobras ainda era pouco conhecido, e, com o trabalho de pesquisa desenvolvido no instituto, logo a produção de soros antiofídicos do Butantan se tornou conhecida no mundo.
Com o passar dos anos, as pesquisas do instituto foram naturalmente expandindo-se para áreas como herpetologia (ramo da zoologia dedicado ao estudo dos répteis e anfíbios), imunologia, microbiologia e outras. Consequentemente, o orçamento destinado ao instituto foi ampliado, assim como a sede da instituição, transformando o Butantan na instituição de pesquisa mais importante do estado e uma das principais do Brasil e do mundo.
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Incêndio no Butantan
No dia 15 de maio de 2010, um incêndio de grande proporção, causado por um curto-circuito proveniente de uma sobrecarga elétrica, atingiu um dos galpões de estudos do Instituto Butantan e destruiu, em poucas horas, a maior coleção de serpentes do mundo.
O prejuízo do incêndio foi considerado gigantesco para a pesquisa científica, levando em consideração que destruiu milhares de espécimes da Coleção Científica de Serpentes, Aranhas e Escorpiões do instituto.
Os animais estavam mortos e eram preservados em formol e álcool dentro de potes de vidro, e, como o material é inflamável, isso contribuiu para que o fogo se alastrasse. O acervo continha mais de cem anos de pesquisas, contava com: 85 mil exemplares de cobras, 450 mil espécimes de aranhas e escorpiões, algumas ainda não classificadas pelos biólogos. Havia muitos animais de espécies raras e extintas.
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Vacinas do Butantan
A prevenção de muitas doenças graves se dá por meio da vacinação, e o instituto produz diversas vacinas para a proteção da população brasileira. Para que seja possível realizar toda a demanda, o instituto conta com uma estrutura de tecnologia avançada para gerar os antígenos vacinais e laboratórios externos.
Veja as vacinas já desenvolvidas pelo Butantan:
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Vacina influenza sazonal trivalente (fragmentada e inativada)
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Vacina adsorvida hepatite A (inativada)
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Vacina adsorvida hepatite B (recombinante)
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Vacina papilomavírus humano tipo 6, 11,16 e 18 (recombinante)
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Vacina raiva (inativada)
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Vacina DTP, DT e dT
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Vacina DTPa
→ Coronavírus (Covid-19)
Diante da pandemia do coronavírus enfrentada entre 2020 e 2021, uma mobilização mundial iniciou a produção da vacina contra a Covid-19 (SARS-CoV-2). Inúmeros estudiosos e fabricantes de medicamentos começaram a trabalhar com parcerias em prol de desenvolver a vacina de imunização contra esse tipo de vírus, que infectou mais de 100 milhões de pessoas e matou mais de dois milhões no mundo.
Com isso, o Instituto Butantan resolveu firmar uma parceria com a Sinovac Biotech, uma biofarmacêutica chinesa que já havia desenvolvido a vacina para o SARS-CoV-1, um vírus da mesma família que causou uma epidemia de SARS, na China, entre 2002 e 2004.
![Butantan foi o responsável pela produção da vacina contra o coronavírus no Brasil. [2]](https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/2021/02/vacinas-butantan.jpg)
A parceria permitiu que o Butantan e a Sinovac estivessem juntos nos processos de pesquisas, estudos, testes e desenvolvimento da vacina CoronaVac, contra a Covid-19. As Fases 1 e 2 de testes foram realizadas na China, e, ao final de 2020, uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi enviada à fábrica da Sinovac para checar a produção dos materiais da vacina e validar a parceria, concedendo à farmacêutica a Certificação de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.
A validação permitiu que a Fase 3 de testes fosse realizada no Brasil, e a matéria-prima da Sinovac foi enviada ao Butantan para que o instituto começasse a produção da vacina aqui. A parceria entre as duas instituições permitiu a troca de informações sobre a vacina, mas a produção da CoronaVac foi feita no Butantan.
No dia 17 de janeiro de 2020, a Coronavac foi aprovada pela Anvisa para uso emergencial e a primeira etapa de vacinação iniciou-se no Brasil, no estado de São Paulo. A primeira pessoa vacinada foi a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, que trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Emílio Ribas, na linha de frente de combate a Covid-19.
No final de março de 2021, o Instituto Butantan anunciou que havia desenvolvido a primeira vacina 100% nacional contra a Covid-19: a ButanVac. Caso seja autorizado pela Anvisa, o Butantan deve iniciar as fases 1 e 2 de testes em abril. A ButanVac foi desenvolvida e produzida integralmente no instituto, sem necessidade de importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo).
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→ Gripe suína (H1N1)→
Em 2009, houve um surto de gripe suína, também conhecida como gripe A ou influenza A. Os registros de casos foram feitos no México, Estados Unidos, Canadá, Brasil e outros países. A vacina de prevenção no Brasil também teve como responsável pela produção o Instituto Butantan para fornecer o imunizante aos brasileiros.
Soros do Butantan
Responsável também pela produção de diversos tipos de soros contra animais peçonhentos, o instituto reserva a solução para tratar diversos acidentes com esse tipo de animal. Geralmente, os soros antiofídicos do Butantan são enviados para outros estados no tratamento imediato de vítimas.
![Profissionais trabalham com toda a segurança para a produção dos medicamentos. [3]](https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/2021/02/laboratorio-instituto-butantan.jpg)
Veja os soros já desenvolvidos pelo Butantan:
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Soro antibotrópico (pentavalente)
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Soro antibotrópico (pentavalente) e antilaquético
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Soro anticrotálico
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Soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico
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Soro antielapídico
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Soro antiescorpiônico
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Soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria e Tityus)
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Soro antilonômico
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Soro antidiftérico
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Soro antitetânico
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Soro antibotulínico AB
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Soro antirrábico
Curiosidades sobre o Butantan
![O parque é muito frequentado para atividades de lazer em família e com amigos. [4]](https://s3.static.brasilescola.uol.com.br/be/2021/02/parque-butantan.jpg)
O Instituto Butantan está localizado na avenida Vital Brasil, na região do Butantã, em São Paulo/SP. Além dos laboratórios de pesquisa e produção, o Butantan também é uma atração turística da cidade paulista e conta com museus e parques que atraem visitantes diariamente.
Os visitantes podem ter acesso:
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ao Museu Biológico;
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ao Museu de Microbiologia;
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ao Museu Histórico;
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ao Museu Emílio Ribas;
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ao Macacário;
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ao Serpentário;
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ao Reptilário;
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ao Parque do Instituto Butantan.
Algumas das atrações exigem ingressos que podem ser adquiridos em uma bilheteria da instituição. A mais visitada é o serpentário, que permite a observação das serpentes em um ambiente semelhante ao seu habitat.

Já no parque a entrada é gratuita, e, com uma área de 750 mil m², é possível encontrar diversas árvores consideradas raras. A extensa área verde atua como importante refúgio para a biodiversidade, além de melhorar a qualidade de vida da população do entorno. No parque também há prédios históricos, laboratórios de pesquisa e alguns dos museus, incluindo, ainda, um grande complexo industrial, responsável pela produção de vacinas e soros. As pessoas costumam visitá-lo em família e com amigos para atividades recreativas e de lazer.
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Cursos do Butantan
O Instituto Butantan também é um reconhecido centro de educação, e, por meio da Escola Superior Instituto Butantan, oferece:
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cursos de pós-graduação;
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mestrados;
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especializações em saúde;
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programas de estágios;
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cursos de extensão universitária;
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cursos de divulgação científica e muitos outros ligados direta e indiretamente às áreas que atuam na saúde.
Atendimento médico
Desde 1945, o Hospital Vital Brazil (HVB) oferece atendimento gratuito 24 horas a vítimas de acidentes com animais peçonhentos. O hospital é reconhecido como uma das mais importantes referências na área de envenenamentos por animais, e mantém e dispõe de 10 leitos para observação ou internação das vítimas.
Além dos atendimentos, o HVB desenvolve um papel importante nas linhas de pesquisas para os tratamentos de acidentes humanos causados por animais venenosos.
Créditos das imagens
[1] Horus2017 / Shutterstock
[2] rafapress / Shutterstock
[4] Luiz Barrionuevo / Shutterstock
Por Giullya Franco
Jornalista