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Primavera Árabe é a forma como ficou conhecido o conjunto de protestos realizados em países árabes do Norte da África e do Oriente Médio a partir de dezembro de 2010 contra regimes autoritários e por melhorias na qualidade de vida da população. As manifestações tiveram início na Tunísia e, com o auxílio das redes sociais, rapidamente tomaram conta das ruas de outras nações, como Egito, Líbia, Síria, Iêmen, Barein e Marrocos, com reivindicações que refletiam a conjuntura política e socioeconômica de cada território.
Confira nosso podcast: Tudo o que você precisa saber sobre a Primavera Árabe
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Primavera Árabe
- 2 - Videoaula sobre a Primavera Árabe
- 3 - O que foi a Primavera Árabe?
- 4 - Causas da Primavera Árabe
- 5 - História da Primavera Árabe
- 6 - Consequências da Primavera Árabe
Resumo sobre a Primavera Árabe
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Primavera Árabe foi um conjunto de manifestações populares que aconteceram nos países de língua árabe do Norte da África e do Oriente Médio a partir de 2010.
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Governos autoritários, truculência policial, desemprego e outras consequências da crise econômica de 2008 estão entre as principais causas da Primavera Árabe.
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As principais reivindicações dos protestos eram o fim de governos autoritários e a democratização dos países, a reforma política, em alguns casos, e melhoria na qualidade de vida da população.
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As manifestações tiveram início na Tunísia, espalhando-se rapidamente para outros países, como Egito, Síria, Líbia, Iêmen, Barein, Marrocos e Arábia Saudita.
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As redes sociais tiveram papel importante no compartilhamento de informações e na organização dos protestos.
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Países como Tunísia e Egito conseguiram derrubar os governos, enquanto reformas políticas de maior ou menor escala foram realizadas em outras nações.
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Na Líbia e no Iêmen, a queda do governo e a sucessão do poder foi seguida de guerra civil.
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A repressão aos protestos e os conflitos gerados a partir de então também resultaram em uma guerra civil na Síria, que perdura até o presente.
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Mortos e feridos pela repressão aos protestos, refugiados, crises políticas e conflitos internos, como guerras civis, são algumas das consequências da Primavera Árabe.
Videoaula sobre a Primavera Árabe
O que foi a Primavera Árabe?
A Primavera Árabe foi um conjunto de manifestações populares que aconteceram em países do Norte da África e em parte da região do Oriente Médio entre o final de 2010 e o ano de 2013, com consequências que reverberam até o presente em muitos dos países envolvidos.
A onda de protestos se espalhou rapidamente pelo chamado mundo árabe, que compreende as nações falantes do idioma, com o auxílio das redes sociais, e tinha como principal objetivo a retomada democrática e a melhoria da qualidade de vida em seus respectivos países, muitos dos quais estavam sendo governado por lideranças autoritárias e/ou corruptas, além de uma grave crise econômica.
Causas da Primavera Árabe
A Primavera Árabe se deu em pelo menos dez países entre a porção setentrional do continente africano e o Oriente Médio, motivada por questões internas associadas ao andamento dos governos de cada um desses territórios e também pelas graves consequências da crise econômica que ocorreu em 2008, que recaíram sobre a vida cotidiana da população.
Assim, embora cada povo tenha tido razões individuais, intrínsecas à conjuntura política e econômica de seu país, para sair às ruas, é possível elencar alguns elementos em comum que ocasionaram a Primavera Árabe.
A opressão policial a um jovem vendedor de frutas e a recusa do diálogo por parte do governo local foi o que motivou um protesto individual, mas que suscitou o início de um grande movimento popular na Tunísia.
O desemprego em alta, especialmente entre a camada mais jovem da população, e a ampliação da pobreza como resultado de crises econômicas, a presença de governantes autoritários que se perpetuavam no poder há décadas, denúncias de corrupção por parte dos integrantes desses governos e a piora na qualidade de vida da população estão entre as causas em comum da onda de protestos nos países árabes.
História da Primavera Árabe
→ Primavera Árabe na Tunísia
A Primavera Árabe teve início na Tunísia, país localizado no Norte da África. O que deu origem às manifestações populares no território tunisiano foi um protesto individual realizado por um jovem vendedor de frutas de 26 anos, chamado Mohamed Bouazizi, que vinha sofrendo intimidação da polícia local.
O vendedor não estava conseguindo autorização para manter a sua banca no local onde havia instalado, ao mesmo tempo em que era alvo da polícia local com intimidações para que ele saísse de onde estava. Sua banca foi confiscada pela autoridade policial no dia 17 de dezembro de 2010, e Bouazizi não conseguiu dialogar com integrantes do governo. Como forma de protesto, o jovem ateou fogo ao próprio corpo e acabou falecendo no hospital um mês mais tarde, em 4 de janeiro de 2011.
A internet, mais precisamente as redes sociais, foi importante para que o ato de Mohamed Bouazizi repercutisse nacional e internacionalmente, e isso deu início às manifestações populares na Tunísia. Além disso, esse canal de comunicações auxiliou na convocação dos protestos em outros países, como ocorreu no Egito.
Os tunisianos foram às ruas contra a repressão policial e contra o autoritarismo do seu então presidente, Zine El-Abidine Ben Ali, que governava o país desde 1987. Uma das demandas era a realização de eleições para a escolha de um novo presidente. Zine El-Abidine Ben Ali renunciou no mês de janeiro de 2011, quando saiu do país em direção à Arábia Saudita. O movimento tunisiano ficou conhecido como Revolução Jasmim.
→ Primavera Árabe no Egito
Os protestos da Revolução Jasmim inspiraram os egípcios, e a população do Egito saiu às ruas em um movimento que foi chamado de Revolução de Lótus, que se iniciou em 25 de janeiro de 2011.
Os manifestantes demandavam a saída do presidente Hosni Mubarak do poder depois de ele ocupar o cargo de presidente do Egito por cerca de 30 anos. Milhares de pessoas foram às ruas de grandes cidades como Cairo, capital do país, onde os manifestantes se concentravam na praça Tahrir.
A renúncia de Mubarak aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2011, quando milhões de pessoas protestavam em prol da democratização do Egito. Um novo governante foi eleito em junho de 2012, mas ao final do ano uma nova onda de protestos tomou o país contra o então presidente Mohamed Morsi, que acabou deposto pelos militares em 2013.
→ Primavera Árabe na Síria
Manifestações pela reforma democrática na Síria tiveram início em março de 2011, iniciadas pela parcela mais jovem da população do país. Assim, a principal demanda era a renúncia do presidente Bashar al-Assad, no cargo desde 2000 e sucessor de seu pai, Hafez al-Assad, que governou o país entre 1971 e o seu falecimento no ano 2000.
O governo sírio respondeu aos protestos de forma muito violenta, o que desencadeou uma guerra civil que devastou o país e permanece ativa até o presente. Para saber mais sobre o assunto, acesse: Guerra Civil Síria.
→ Primavera Árabe na Líbia
Os protestos tiveram início na Líbia em fevereiro de 2011, quase no mesmo período em que o presidente egípcio anunciou a sua renúncia. Reivindicações muito semelhantes estavam sendo feitas pelos manifestantes líbios, que saíram às ruas pela renúncia de Muamar Kadhafi, que estava no poder desde 1969 e implantou um regime ditatorial na Líbia.
Da mesma forma como aconteceu em outros países, houve uma resposta violenta por parte do governo, e a situação escalou rapidamente para uma guerra civil. Houve a intervenção estrangeira através de países-membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Estados Unidos, França e Reino Unido, que enviaram reforço militar para auxiliar os opositores de Kadhafi, chamados então de rebeldes. Os rebeldes tomaram Trípoli, capital do país, em agosto de 2011. Kadhafi foi assassinado dois meses depois, na cidade de Sirte.
→ Primavera Árabe no Iêmen
Em busca de um governo democrático, do fim da corrupção e da erradicação da alta taxa de desemprego no país, a população do Iêmen se uniu em protestos ainda em janeiro de 2011. O então presidente, Ali Abdullah Saleh, deixou o cargo depois de mais de 30 anos no poder. Em seu lugar assumiu o então vice-presidente, Abdrabbuh Mansour Hadi.
Os protestos não cessaram, e uma série de conflitos internos culminaram em uma guerra civil a partir de 2014, que tem sido chamada de “guerra esquecida do Oriente Médio”.
→ Primavera Árabe no Barein
O Barein foi outro país onde houve manifestações por melhorias econômicas e pela reforma política lideradas por ativistas dos direitos humanos e grupos étnicos minoritários. Assim, uma das demandas era a troca do sistema de governo, que permanece até o presente como uma monarquia constitucional. Isso porque as manifestações foram violentamente reprimidas pelo governo do país, resultando em milhares de pessoas presas e denúncias de tortura na prisão.
Importante: Outros países tiveram protestos que fizeram parte da Primavera Árabe, além dos listados anteriormente. Entre esses países estão Argélia, Marrocos, Omã, Líbano, Jordânia e Arábia Saudita.
Consequências da Primavera Árabe
A Primavera Árabe produziu consequências distintas nos países onde os protestos tiveram lugar. Nem todas as manifestações populares obtiveram sucesso nas suas requisições, ao mesmo tempo que a repressão violenta por parte dos governos nacionais foi uma resposta comum. Em função disso, muitas pessoas ficaram feridas e outras foram mortas durante tentativas de reprimir os protestos, além dos milhares de desaparecidos e refugiados que buscaram abrigo em outros países.
Estima-se que o número de vítimas fatais no Egito foi de 846 pessoas no primeiro ano de protestos. Já na Líbia, o número de mortes pode superar 5 mil, considerando apenas as fatalidades entre as forças rebeldes. No Iêmen, aproximadamente 200 mil pessoas foram mortas durante a guerra que se seguiu aos protestos, enquanto a guerra civil da Síria já fez 306 mil vítimas civis entre 2011 e 2021, segundo as estimativas do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Os países que conseguiram derrubar os seus respectivos governos foram a Tunísia, o Egito, a Líbia e o Iêmen, embora os dois últimos tenham vivenciado forte crise interna e guerra civil decorrente dos conflitos surgidos durante a Primavera Árabe. O mesmo aconteceu com a Síria, como vimos. Alguns países conseguiram realizar pequenas mudanças em seus governos e na vida da população, como a Arábia Saudita e Marrocos, embora o saldo geral não tenha sido o esperado na maioria dessas nações.
Cabe destacar a maneira como os protestos foram amplamente divulgados internacionalmente, ao mesmo tempo que a população árabe demonstrou a sua grande capacidade de mobilização frente aos regimes autoritários impostos em muitos países do Norte da África e do Oriente Médio. Além disso, a Primavera Árabe mostrou a importância que as redes sociais tiveram (e têm) na organização dos levantes populares e na propagação das informações e acontecimentos em escala mundial.
Créditos de imagem
[1] ymphotos / Shutterstock
[2] akramalrasny / Shutterstock
[3] hanohiki / Shutterstock
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia