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A queda de Muamar Kadhafi e as transformações na Líbia

A Líbia derrubou no ano de 2011 o ditador Muamar Kadhafi, no poder desde 1969. Atualmente, o país passa por transformações e está iniciando a sua transição democrática.

Bandeira da Líbia
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O conflito na Líbia foi provavelmente aquele que mais repercutiu durante o período das revoltas árabes. O ditador Muamar Kadhafi, que estava no poder desde 1969, não aceitou as manifestações contrárias à sua manutenção no poder e o país acabou ficando dividido, pois parte do exército continuou fiel ao ditador e os insurgentes ficaram fragmentados em diferentes etnias. As maiores divergências estavam entre as regiões de Bengazhi, que concentra boa parte das reservas de petróleo da Líbia e foi o berço dos rebeldes, e Trípoli, capital do país e local de organização das tropas oficiais e partidários de Kadhafi.

Os protestos começaram no mês de fevereiro de 2011. Logo no mês de março, foi aprovada uma Resolução da ONU que justificava uma intervenção estrangeira no país em defesa da população civil a fim de evitar um massacre. Com isso, a OTAN, tratado militar criado pelos Estados Unidos, organizou uma coalizão contra o regime de Kadhafi, liderada por norte-americanos, ingleses e franceses. Foi nítido o interesse dos europeus em romper com o até então bem quisto Muamar Kadhafi no intuito de manter seus acordos comerciais (a Líbia é um importante fornecedor de petróleo para a Europa).

Entre os meses de fevereiro e agosto de 2011 ao menos 50 mil pessoas morreram, em uma situação típica de guerra civil. Kadhafi recebeu sanções internacionais e foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, quando ocorrem violações contra os direitos humanos, massacres, estupros e demais atrocidades. O ditador anunciou que resistiria até o fim, mas seu paradeiro, ao final de agosto, era desconhecido assim que os rebeldes tomaram Trípoli e começaram a retomar a produção de petróleo de algumas áreas que estavam imobilizadas. Pouco depois, em outubro, Kadhafi foi morto e seu corpo exposto para visitações.

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O país passou a ser governado pelo CNT (Conselho Nacional de Transição), responsável por reorganizar as instituições democráticas da Líbia, e recebeu o acompanhamento da ONU e da OTAN. As autoridades ocidentais ainda temem por uma possível guerra tribal, principalmente entre os grupos bérberes, árabes e tuaregs, ou até mesmo a radicalização por parte de milícias islâmicas.

Em fevereiro de 2012 foram realizadas eleições municipais e em julho de 2012 as primeiras eleições parlamentares desde 1964, que apontaram para a vitória dos liberais do partido Aliança Força Nacional e o afastamento das facções islâmicas da liderança do parlamento líbio.

Resta saber qual será o direcionamento político da Líbia após todas essas transformações. O país possui diferenças étnicas, que podem criar facções políticas regionais e impedir o desenvolvimento de um projeto de nação. Sem nunca ter experimentado uma democracia plena, o momento é de euforia, mas há um clima de desconfiança por parte da população com relação ao novo governo. Os maiores questionamentos residem nos objetivos da democracia líbia: atender à sua população ou simplesmente agradar os parceiros econômicos do ocidente? Essa resposta é, muito provavelmente, o principal entre os inúmeros desafios que a Líbia enfrentará nos próximos anos.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Escritor do artigo
Escrito por: Júlio César Lázaro da Silva Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Júlio César Lázaro da. "A queda de Muamar Kadhafi e as transformações na Líbia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/a-queda-muamar-kadhafi-as-transformacoes-na-libia.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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