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Fantasias de Carnaval são um elemento fundamental da celebração dessa festa no Brasil, sendo muito comum que as pessoas usem fantasias diversas nos blocos de Carnaval, mas também em celebrações privadas durante essa época do ano. O uso de fantasias também é parte importante dos desfiles das escolas de samba que são realizados esse período.
A prática de fantasiar-se em celebrações populares é identificada pelos historiadores ocorrendo desde a Antiguidade, estando presente em comunidades agrárias e em grandes civilizações, como dos gregos e dos romanos. Aqui no Brasil, a prática se consolidou no final do século XIX como forma de popularizar os bailes de máscaras das elites.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre fantasias de Carnaval
- 2 - Significado das fantasias de Carnaval
- 3 - Como surgiram as fantasias de Carnaval?
- 4 - Popularização das fantasias de Carnaval no Brasil
Resumo sobre fantasias de Carnaval
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As fantasias são parte importante da forma como o brasileiro celebra o Carnaval.
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O uso das fantasias pode acontecer nos blocos ou em festas particulares, e a criatividade de cada um determina a fantasia que será utilizada.
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As fantasias são também parte essencial dos desfiles realizados pelas escolas de samba.
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O uso de fantasias é uma prática que os historiadores constataram que existiu em diversas civilizações da Antiguidade.
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No Brasil, a prática se popularizou somente no final do século XIX.
Significado das fantasias de Carnaval
A celebração do Carnaval é uma das tradições mais populares da cultura brasileira, sendo que essa festividade foi trazida para cá pelos portugueses durante o período colonial. No Brasil, o Carnaval passou por várias modificações, sofrendo influências de elementos de culturas indígenas e africanas aqui presentes.
Um dos elementos fundamentais da comemoração do Carnaval são as fantasias, usadas para permitir que, momentaneamente, as pessoas possam trocar de papéis e assumir outras posições. As fantasias utilizadas pelos foliões têm um caráter lúdico, no âmbito da brincadeira, quando são usadas pelas pessoas em festas públicas ou privadas. Mas também existe o caráter profissional e competitivo, relacionado com os desfiles das escolas de samba.
Do ponto de vista dos foliões, essas fantasias podem ser de tudo que a criatividade (e o bom senso) permitir, sendo muito populares fantasias que trazem personagens de desenhos, filmes e séries, super-heróis ou então fantasias já tradicionais no imaginário popular, como pirata, princesa, rei, figuras públicas etc.
No âmbito dos desfiles das escolas de samba, as fantasias precisam ter coerência com o samba-enredo escolhido, devendo atender a uma série de critérios das comissões que julgam os desfiles.
Como surgiram as fantasias de Carnaval?
Apesar de o Carnaval ser considerado uma festa cristã, devido à sua relação com o jejum quaresmal, algumas características da celebração são encontradas em festividades pagãs da Antiguidade. A ideia das fantasias no Carnaval é a de realizar a troca de papéis e momentaneamente assumir outras posições.
Essa ideia já era encontrada em festividades na Antiguidade, como nas Saceias da Babilônia, em que um prisioneiro assumia o papel temporário de rei, sendo vestido e tratado como tal. Ainda na Mesopotâmia, existia também uma festividade em que o rei era despido de seus símbolos de poder e colocado com roupas comuns para que fosse humilhado em um ritual em homenagem a um deus chamado Marduk.
Na Antiguidade, era muito comum, em diversas comunidades agrárias da Europa e da Ásia, a realização de festividades de inverno, que tinham uma forte relação com a fertilidade. Essas festividades eram marcadas por rituais que continham a presença de pessoas mascaradas. Na Grécia aconteciam rituais com pessoas mascaradas, como os que eram celebrados em nome de Dioniso e Ártemis.
Durante a Idade Média, também eram realizadas festividades com mascarados, e na Europa Medieval essas festividades já possuíam certa relação com o Carnaval. Em Roma, havia a troca de papéis e pessoas fantasiadas em festas como a Saturnália e a Lupercália.
O Carnaval na Idade Moderna contava com a realização de festas com pessoas fantasiadas e mascaradas, sendo comum pessoas usarem fantasias de padre, diabo, animais selvagens, entre outras. Percebe-se que a ideia de fantasiar-se como forma de diversão e de subversão dos papéis é uma característica que sempre esteve presente no Carnaval e em outras festividades da humanidade.
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Popularização das fantasias de Carnaval no Brasil
A popularização das fantasias no Carnaval brasileiro remonta ao final do século XIX. Até meados da década de 1840, o entrudo era a manifestação mais tradicional do Carnaval no Brasil. O entrudo era uma brincadeira que era marcada pela zombaria pública por meio de um jogo que tinha o objetivo de sujar ou molhar as pessoas.
As elites do Rio de Janeiro não aprovavam essa festividade, considerando-a “selvagem”, passando a incentivar bailes de pessoas mascaradas, assim como acontecia no Carnaval europeu. Essas festas eram inacessíveis ao povo, mas, ao final do século, grupos de mascarados tomaram as ruas da cidade e passaram a realizar desfiles com pessoas fantasiadas.
As fantasias utilizadas pelos foliões eram dos mais variados tipos: bruxa, espantalho, palhaço, morcego, macaco etc. Com o surgimento das escolas de samba no Rio de Janeiro no final da década de 1930, o ato de vestir uma fantasia tornou-se mais importante. Isso porque com os desfiles, as fantasias passaram a ser parte de uma competição importante na cultura carnavalesca do Rio de Janeiro.
Como mencionado, as fantasias da apresentação de uma escola de samba deve estar de acordo com o tema do desfile, sendo avaliados inúmeros itens, como a qualidade das peças, se elas dialogam com o enredo, seu acabamento, entre outros.
Créditos da imagem
[1] Salty View e Shutterstock
[2] Salty View / Shutterstock
Por Daniel Neves Silva
Professor de História