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A história do Carnaval no Brasil é ligada à colonização. Sendo assim, o Carnaval foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses, chegando aqui no século XVII e manifestando-se inicialmente por meio do entrudo, uma brincadeira popular. Com o passar do tempo, o Carnaval foi adquirindo outras formas de se manifestar, como o baile de máscaras. O surgimento das sociedades carnavalescas contribuiu para a popularização da festa entre as camadas pobres.
A partir do século XX, a popularização da festa contribuiu para o surgimento do samba, estilo musical muito influenciado pela cultura africana, e do desfile das escolas de samba, evento que acabou oficializado com apoio governamental. Nesse período, o Carnaval assumiu a sua posição de maior festa popular do Brasil.
Leia também: Como é o Carnaval no Brasil?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a história do Carnaval no Brasil
- 2 - Qual a história do Carnaval no Brasil?
- 3 - Quem trouxe o Carnaval para o Brasil?
- 4 - Significado do Carnaval no Brasil
- 5 - Escola de samba no Carnaval do Brasil
- 6 - Quem inventou o Carnaval?
- 7 - Importância do Carnaval no Brasil
- 8 - Curiosidades sobre o Carnaval no Brasil
Resumo sobre a história do Carnaval no Brasil
- A história do Carnaval no Brasil é ligada à colonização.
- O Carnaval é uma celebração tradicional que acontece em nosso país, sendo visto como a maior festa popular do Brasil.
- Essa celebração foi introduzida no Brasil pelos portugueses a partir do século XVII por meio do entrudo.
- O samba surgiu no começo do século XX, tornando-se fortemente associado com o Carnaval, principalmente pelas escolas de samba.
- O Carnaval, por sua vez, remonta a celebrações da Antiguidade que eram marcadas por brincadeiras, zombarias e demais festejos.
- O Carnaval, além de ser uma importante festa para a identidade brasileira, é um evento importante para a economia e o turismo do Brasil.
Qual a história do Carnaval no Brasil?
O Carnaval é uma festa muito popular no Brasil, mas sabemos que essa celebração não surgiu aqui. O Carnaval foi introduzido no Brasil pelos portugueses durante o período da colonização, passando por diversas transformações ao longo da história. Vejamos um pouco da história do Carnaval no país.
→ Entrudo

O Carnaval chegou ao Brasil por meio do entrudo, uma brincadeira muito popular em Portugal. Essa prática se estabeleceu no Brasil em meados do século XVII e foi muito popular até o século XIX, desaparecendo do país no começo do século XX por meio da repressão que se estabeleceu contra a brincadeira.
O entrudo poderia ser realizado de diversas maneiras, como as zombarias públicas. A forma mais conhecida era o jogo das molhadelas, realizado nos três dias anteriores à Quaresma e que consistia em uma brincadeira de molhar ou sujar as pessoas que passavam pela rua. Poderia acontecer publicamente, mas também de maneira privada.
Para o jogo das molhadelas, produzia-se recipientes que eram preenchidos por algum líquido. Esse líquido poderia ser aromatizado, mas também poderia ser malcheiroso e, neste caso, o recipiente era preenchido com água suja de farinha ou café, por exemplo, e até mesmo com urina.
No âmbito público, o entrudo era usado como uma ferramenta de zombaria, pois as pessoas voltavam-se contra quem as cruzava nas ruas das vilas ou cidades, embora a brincadeira não desafiasse a hierarquia social vigente.
Como era muito popular, sobretudo nos séculos XVIII e XIX, essa brincadeira era vista como uma oportunidade de renda extra para algumas famílias, que se dedicavam a confeccionar os “limões de cheiro”, os invólucros que recebiam o líquido, vendendo-os em sequência.
O entrudo era tão popular que até mesmo a família real brasileira foi adepta dele. Mesmo assim, ele não agradava à grande parte das elites do Brasil, tanto que, ao longo da nossa história, diversos decretos contra o entrudo foram baixados. No século XIX, houve uma intensa campanha contra a prática.
Como resultado da passagem da monarquia para a república, da atuação mais consistente do Estado em ações de gentrificação (expulsão das camadas populares dos centros das cidades) e da repressão a manifestações populares, a prática perdeu forças no começo do século XX, deixando de existir e sendo substituída por outros costumes carnavalescos.
A imprensa foi uma das grandes responsáveis pela campanha contra o entrudo no Brasil. Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, nos quais eram tocadas, principalmente, as polcas.
A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, com o Congresso das Sumidades Carnavalescas sendo a primeira delas, para desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas.
→ Cordões, ranchos e marchinhas
Mesmo diante dos obstáculos, as camadas populares não desistiram de suas práticas carnavalescas. No final do século XIX, buscando adaptarem-se às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e ranchos. Os primeiros incluíam a estética das procissões religiosas, com manifestações populares como a capoeira e os zé-pereiras, tocadores de grandes bumbos. Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de origem rural.
As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX, destacando-se a figura de Chiquinha Gonzaga, bem como sua música Ô abre alas.
O samba somente surgiu por volta da década de 1910, com a música Pelo telefone, de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se, ao longo do tempo, o legítimo representante musical do Carnaval.
→ Afoxé, frevo e corsos

Na Bahia, os primeiros afoxés (ritmo musical) surgiram na virada do século XIX para o XX com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés foram Embaixada da África e Pândegos da África. Por volta do mesmo período, o frevo passou a ser praticado no Recife, e o maracatu ganhou as ruas de Olinda.
Ao longo do século XX, o Carnaval popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de realização, tanto entre as classes dominantes como entre as populares. Por volta da década de 1910, os corsos surgiram, com os carros conversíveis da elite carioca desfilando pela Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Tal prática durou até por volta da década de 1930.
Quem trouxe o Carnaval para o Brasil?
Os historiadores consideram que o Carnaval foi trazido ao Brasil pelos portugueses durante a colonização. Considera-se que o Carnaval foi introduzido aqui no século XVII por meio do entrudo, uma zombaria popular que se espalhava pelas ruas de cidades do Rio de Janeiro nos três dias anteriores à Quarta-Feira de Cinzas, dia que marca o início da Quaresma.
Essa prática chegou ao Brasil por volta de 1640, marcando o início das celebrações carnavalescas em nosso país e seguindo extremamente popular por séculos. Ao decorrer do tempo, novas representações e manifestações culturais, como o samba, foram surgindo e se relacionando diretamente com a celebração do período do Carnaval.
Significado do Carnaval no Brasil
Historicamente, o Carnaval foi enxergado como uma festa que valoriza os prazeres da carne, reforçando uma postura hedonista antes de um período de restrição e penitências, a Quaresma. Além disso, na cultura europeia, o Carnaval, muitas vezes, foi enxergado como um momento de subversão da ordem, quando os papéis eram invertidos e o mundo virava de ponta cabeça.
No Brasil, a festa se estabeleceu como um momento de celebração da vida, sendo marcada por muitas brincadeiras, pelo uso de fantasias, e por festejos de todos os tipos, fossem na rua, fossem em locais fechados. O consumo de bebidas alcoólicas também aumentava significativamente. Assim, o Carnaval é entendido como um momento de festa, alegria, embriaguez etc.
É importante falar que o Carnaval, além de uma festa popular, é um evento importante para a economia brasileira, uma vez que a celebração movimenta o país, atraindo milhares de turistas de todas as partes do planeta e fazendo com que milhares de pessoas residentes viajem para diferentes regiões a fim de aproveitarem a festa ou então os dias de descanso.
Veja também: Como é o Carnaval no mundo?
Escola de samba no Carnaval do Brasil

O surgimento das escolas de samba esteve no processo de evolução do Carnaval em nosso país. Essas associações surgiram entre as camadas populares da cidade do Rio de Janeiro na década de 1920. Considera-se que a primeira escola de samba teria sido a Deixa Falar, fundada em 1928, que daria origem à escola Estácio de Sá. Outra escola de samba pioneira foi a Vai como Pode, que atualmente é conhecida como Portela. As escolas de samba desenvolveram-se dos cordões e ranchos, e a primeira disputa entre elas ocorreu no Rio de Janeiro, em 1932.
As marchinhas conviveram em notoriedade com o samba a partir da década de 1930. Uma das mais famosas foi Os cabelos da mulata, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença. Essa década ficou conhecida como a era das marchinhas. Os desfiles das escolas de samba ganharam amplitude e foram obrigados a se enquadrarem nas diretrizes do autoritarismo da Era Vargas. Os alvarás de funcionamento das escolas apareceram nessa década.
Em 1950, na cidade de Salvador, o trio elétrico surgiu após Dodô e Osmar utilizarem um antigo caminhão para colocar em sua caçamba instrumentos musicais por eles tocados e amplificados por alto-falante, desfilando pelas ruas da cidade. Eles fizeram um enorme sucesso. Todavia, o nome “trio elétrico” somente foi utilizado um ano depois, quando Temistócles Aragão foi convidado pelos dois.
O trio elétrico seria transformado em 1979, quando Morais Moreira adicionou o batuque dos afoxés à composição. Novo sucesso foi dado aos trios elétricos, que passaram a ser adotados em várias partes do Brasil.
→ Sambódromo e os desfiles de carnaval
As escolas de samba e o Carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960. Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais legais começaram a investir na tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro passou a colocar arquibancadas na Avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile. Em São Paulo, também houve o desenvolvimento do desfile de escolas de samba a partir desse período.
Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico de Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais símbolos do Carnaval brasileiro. O Sambódromo sedia os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
O Carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e no consumo dessa mercadoria cultural.
Atualmente, as maiores campeãs dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro são a Portela (22 títulos) e a Mangueira (20 títulos). Já na cidade de São Paulo, as maiores campeãs são a Vai-Vai (15 títulos) e a Mocidade Alegre (12 títulos).
Para saber mais detalhes sobre as escolas de samba do Carnaval no Brasil, clique aqui.
Quem inventou o Carnaval?
O Carnaval não tem um inventor, mas se estabeleceu como prática na Antiguidade cristã e deriva de manifestações e costumes de diferentes povos. Duas celebrações tradicionais aconteciam na Mesopotâmia, traçando um paralelo histórico e uma possível continuidade de práticas que deram origem ao Carnaval.
Em uma dessas celebrações, o rei era destituído de seus símbolos de poder e submetido a um ritual de humilhação pública como forma de reforçar a sua submissão ao deus Marduk. Encerrada a cerimônia, ele retornava ao trono e continuava seu reinado. Esse tipo de ritual se assemelha bastante com as zombarias que se consolidaram no Carnaval na Europa durante a Idade Média.
Outras celebrações gregas e romanas também se associaram com a ideia da inversão de papéis sociais, o hedonismo, e o consumo exagerado de bebida e comida durante dias. À medida que o cristianismo se estabeleceu como religião predominante na Europa, antigas celebrações pagãs foram aculturadas e cristianizadas.
A Igreja Católica se esforçou para combater os excessos que aconteciam durante o período carnavalesco e criou a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa e que é caracterizado por restrições, jejuns e penitências. Isso reforçou o Carnaval como a “festa da carne”, isto é, uma celebração marcada por festejos, consumo excessivo de bebidas e comidas e outros prazeres, como uma antecipação ao período de restrição dos impulsos na Quaresma.
Assim, mesmo com as tentativas de controle, o Carnaval na Europa foi marcado por festas de mascarados, zombarias públicas e outras manifestações. A festa era popular em Portugal e chegou ao Brasil durante o período da colonização.
Acesse também: Qual é a história do Carnaval?
Importância do Carnaval no Brasil
O Carnaval é uma grande tradição cultural de nosso país, sendo um momento de celebração esperado por muitos. A importância da festividade pode ser definida por diversos termos, como:
- É uma festa que valoriza a cultura brasileira com seus ritmos, cores, sabores etc.
- É uma festa de enorme importância econômica, pois movimenta a economia, fazendo com que turistas venham ao país em grande número, além de movimentar o comércio brasileiro com o turismo interno.
- A festa é considerada um marco importante da identidade brasileira e, por isso, é valorizada por milhões de brasileiros.
- A festa ressalta a nossa cultura e a nossa história, pois os sambas-enredos, por exemplo, trazem inúmeros elementos de nossa cultura e história.
Curiosidades sobre o Carnaval no Brasil
- Em 2024, o Brasil recebeu quase 229 mil turistas estrangeiros durante o Carnaval.
- O Galo da Madrugada, bloco carnavalesco de Recife, é considerado o maior bloco de Carnaval do planeta.
- Os primeiros blocos de Carnaval surgiram inspirados nas procissões católicas.
Créditos de imagem
[1] CP DC Press / Shutterstock
[2] Ana Claro Tito / Shutterstock
Fontes
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REDAÇÃO. Qual a origem do Carnaval? Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/02/qual-a-origem-do-carnaval
SANTOS, Fernanda Fernandes. Escola de samba em São Paulo: identidade e engajamento. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-24102015-232435/publico/DissertacaofinalFFS.pdf
SOIHET, Rachel. Reflexões sobre o carnaval na historiografia — algumas abordagens. Disponível em: http://gladiator.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg7-8.pdf.
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