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Samba

O samba é um gênero musical que surgiu no Rio de Janeiro, no começo do século XX, sendo influenciado pelos batuques e rodas de samba, praticados pelos afro-brasileiros.

Pessoa tocando tamborim em uma roda de samba.
O tamborim é um dos instrumentos que fazem parte da composição do samba.
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O samba é um gênero musical que surgiu no Rio de Janeiro, no começo do século XX. Tem origem nos batuques e rodas de samba, realizados pelos afro-brasileiros em seus momentos de encontro e lazer. O samba se popularizou na década de 1930 com o rádio e as escolas de samba e se tornou um dos ritmos mais tradicionais da cultura brasileira.

Durante muitos anos, o samba foi visto de maneira pejorativa pelas elites da sociedade brasileira, sendo que esse preconceito é entendido pelos historiadores como fruto do forte racismo presente em nossa sociedade. Popularizou-se na Era Vargas, tornando-se um dos gêneros mais ouvidos do país. O ritmo é marcado pelo uso de instrumentos de percussão e pelo uso do cavaquinho e violão.

Leia também: Carnaval — detalhes sobre a maior festividade do Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o samba

  • O samba é um gênero musical e uma dança que surgiu no Rio de Janeiro no começo do século XX.

  • É uma manifestação cultural de origem afro-brasileira, tendo se originado nos terreiros e nas rodas de dança.

  • Inicialmente, foi alvo de intenso preconceito, sendo criticado pela imprensa e reprimido pela polícia.

  • Tornou-se popular a partir da década de 1930, por iniciativa do Governo Vargas, conquistando grande espaço na cultura nacional.

  • Entre os tipos de samba, estão: samba-enredo, samba-canção, pagode, samba urbano carioca etc.

  • O samba tornou-se um gênero fortemente ligado a uma festividade tradicional na cultura brasileira: o Carnaval.

O que é o samba?

O samba é um gênero musical típico de nosso país, e sua forma moderna consolidou-se nas comunidades afro-brasileiras instaladas no Rio de Janeiro, no começo do século XX. Surgido como uma dança de roda marcada pelo batuque, o samba transformou-se em um gênero de canção popular, sendo um dos mais populares do Brasil e um dos seus símbolos no exterior.

A difusão do samba pelo país foi, em grande parte, resultado da popularização das escolas de samba na década de 1930 e também da reprodução das canções desse gênero musical pelo rádio. Com o passar do tempo, a evolução do samba levou ao surgimento de subgêneros, como o samba-enredo, o pagode, a bossa-nova, entre outros.

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Um elemento fundamental do samba são os instrumentos de percussão, e, quando o gênero surgiu, atabaques e tambores, por exemplo, eram muito utilizados. No samba urbano carioca, atualmente uma das modalidades mais populares do samba, os instrumentos mais utilizados são o pandeiro, o surdo, o tamborim, a cuíca, o ganzá, o cavaquinho, o violão, o agogô, o reco-reco, entre outros.

Reconhece-se o samba como um dos estilos mais importantes da cultura e da identidade do brasileiro, e esse reconhecimento manifesta-se pelo fato de que o samba urbano carioca, assim como seus subgêneros, é considerado patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Atualmente existe uma data comemorativa em homenagem a esse importante gênero musical de nossa cultura. O Dia Nacional do Samba é comemorado no dia 2 de dezembro. A data foi criada por iniciativa de um vereador baiano, chamado Luis Monteiro da Costa, em homenagem ao sambista Ary Barroso.

Qual a origem do samba?

Rio de Janeiro, um dos principais locais de samba do Brasil.
O samba surgiu no Rio de Janeiro, no começo do século XX, nos redutos em que residiam as populações afro-brasileiras.

O samba é um gênero musical com origem na cultura africana presente em nosso país. A primeira ligação sobre as origens do samba é feita com rodas de dança realizadas pelos escravizados africanos no Brasil. Entre as danças praticadas, estão o lundu, o coco, o fandango, entre outras. Essas danças eram puxadas, sobretudo, pelos ritmos dos batuques.

Os historiadores dizem que o samba urbano carioca, a forma mais conhecida de gênero musical, tem relação mais direta com o samba de roda, estilo musical tocado em rodas de dança e rodas de capoeira. Esse estilo surgiu na região do Recôncavo Baiano, na segunda metade do século XIX. O termo samba, nesse contexto, tinha o sentido de “festa”.

As transformações que aconteceram no Brasil no final desse século, incluindo a abolição da escravidão, fizeram com que muitos negros libertos se mudassem para a capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro. Mudar-se para a capital era uma forma de construir uma nova vida, uma vez que, nos seus locais de origem, os ex-escravizados tinham pouco a ganhar.

No Rio de Janeiro, os negros reuniram-se em bairros como Saúde, Estácio e Gamboa. Esses encontros davam-se nos terreiros — locais de práticas religiosas e encontros comunitários, além de lazer e diversão.

Os terreiros eram propriedades das “tias baianas”, mulheres que difundiram práticas do candomblé no Rio de Janeiro e usavam suas propriedades para que os sambas pudessem acontecer. Isso porque, até a década de 1920, as festividades afro-brasileiras eram proibidas, pois eram consideradas “imorais” pelos costumes da época — um indício claro de racismo sobre a cultura afro-brasileira.

Além disso, as celebrações realizadas por essas “tias” eram uma forma de integrar a comunidade e receber aqueles que haviam chegado ao Rio de Janeiro recentemente. Os sambas da época costumavam fazer pequenos jogos de palavras e contavam causos comuns da época, assim como denunciavam as condições de vida dos negros no Rio de Janeiro.

O historiador Marcos Alvito menciona o samba Batuque na cozinha, canção que aponta as “péssimas condições de habitação, concorrência desleal dos brancos em todas as esferas (inclusive a sexual), preconceito e arbitrariedade por parte da polícia”.|1| Esse tipo de samba então nascia no terreiros das tias baianas, das quais se destacaram Amélia e Ciata.

Um marco na história do samba, segundo muitos historiadores especializados no assunto, foi o lançamento de Pelo telefone, criado, em 1917, por Donga, Mauro de Almeida e Sinhô e lançado como um samba carnavalesco. Nesse período, o samba ainda não era aceito como um estilo musical pela sociedade, e a repressão ainda existia sobre os sambistas.

No entanto, o samba e a cultura afro-brasileira já estavam em um processo acelerado de aceitação, e a presença da cultura afro-brasileira era cada vez mais comum. Marcos Alvito faz menção a um conto de Machado de Assis que ilustra os bailes que aconteciam nos salões da classe alta carioca, no final do século XIX, contando, cada vez mais, com ritmos africanos em suas edições.|2|

O sucesso de Pelo telefone marcou oficialmente a transição do samba de ritmo ligado exclusivamente às rodas de dança para gênero musical. Era o nascimento do samba urbano carioca. O estilo espalhou-se por todo o Rio de Janeiro, e, na década de 1920, o samba já tinha compositores reconhecidos, como Sinhô, chamado na época de “rei do samba”.

Na década de 1920, surgiram as escolas de samba, e essas agremiações começaram a incorporar o samba e adicioná-lo a práticas comuns do Carnaval carioca. Essa junção de samba e Carnaval resultou na criação do samba-enredo, um estilo de samba criado para puxar os desfiles carnavalescos e passar uma mensagem.

Acesse também: O que você sabe sobre o folclore brasileiro?

Tipos de samba

O samba é marcado por sua grande variedade e diversidade de estilos e subgêneros que foram surgindo ao longo do século XX. Entre alguns dos tipos de samba, estão:

  • samba urbano carioca;

  • samba-enredo;

  • samba-exaltação;

  • samba-choro;

  • samba de terreiro;

  • samba de breque;

  • samba-jongo;

  • samba-canção;

  • samba-reggae;

  • samba de partido-alto

  • pagode etc.

Características do samba

O samba é uma manifestação cultural muito tradicional do Brasil, embora seja muito mais fortemente associada com a região Sudeste, está presente em todo o país. O samba é marcado principalmente por fazer uso de instrumentos de percussão, como o pandeiro, a cuíca, o ganzá, entre outros. O uso do violão ou cavaquinho também é característica marcante do gênero.

Além disso, o samba é um gênero de origem afro-brasileira, portanto, aborda temáticas muito tradicionais desse ramo da nossa cultura, mencionando, por exemplo, elementos das religiões de matriz africana. O samba tem um ritmo empolgante e é comumente acompanhado pela dança, que também é conhecida como samba.

As rodas de samba são uma forma tradicional de reproduzir as canções desse gênero, e o improviso de muitos sambistas é uma característica muito forte nelas. Os especialistas em música definem a improvisação do samba como a habilidade dos músicos de criarem melodias e ritmos e dos sambistas de adaptarem letras de canções a esses improvisos.

Por que o samba já foi proibido?

O samba foi uma manifestação cultural que sofreu com a enorme resistência da sociedade brasileira nos seus primeiros anos de existência. Durante a Primeira República, o samba era visto de maneira pejorativa por parte significativa das elites brasileiras. Os historiadores entendem que essa rejeição ao samba se explica pelas suas origens.

O samba é um gênero musical afro-brasileiro e, por isso, reproduz inúmeros aspectos dessa cultura. O racismo existente no Brasil e o preconceito com a cultura afro-brasileira fizeram com que o samba sofresse intensamente durante a Primeira República (ou República Velha). A perseguição ao samba, enquanto manifestação cultural afro-brasileira, era reproduzida na imprensa e realizada pela polícia.

A polícia chegava a prender pessoas que participavam de rodas de samba no Rio de Janeiro no começo do século. Os sambistas que sofriam perseguição das autoridades policiais eram acusados do crime de vadiagem, que punia pessoas que andavam pela rua sem conseguirem comprovar que tinham um emprego.

Assim, apenas a posse de um instrumento musical relacionado ao samba era o suficiente para que os policiais prendessem os sambistas. Esse preconceito com o samba se manifestou de maneira bastante intensa por conta das prisões e da repressão policial, mas não aconteceu apenas uma vez na história, pois outras manifestações culturais populares, sobretudo as afro-brasileiras, sofreram com um forte estigma.

Samba no Brasil

A história do samba no Brasil passou por diferentes momentos, sendo que esse estilo musical e dança tanto chegou a ser duramente reprimido quanto passou a ser exaltado como uma grande representação de nossa cultura. Foi durante a Era Vargas que o samba passou de um gênero musical perseguido para um dos estilos musicais mais populares de nosso país. A popularização do samba no cenário cultural carioca fez com que o gênero ganhasse espaço na indústria fonográfica brasileira. Assim, o samba ganhou espaço e divulgação nas rádios.

A ascensão do samba esteve relacionada com a transformação do Carnaval na principal festa popular do Brasil e com o papel do rádio enquanto principal meio de comunicação. O samba acabou sendo utilizado por Getúlio Vargas no seu projeto de construção da identidade e nacionalidade do brasileiro na década de 1930.

Assim, o samba tornou-se um dos símbolos da “brasilidade”, e, como aponta a historiadora Lilia Schwarcz, “o samba passou da repressão à exaltação” e a ser enxergado como um traço da cultura brasileira merecedor da exportação.|3| Esse processo, segundo a historiadora, tinha relação com a construção da identidade brasileira, como mencionado, mas passava também por um processo de “desafricanização” dessa expressão cultural.|4| Dessa forma, a exaltação do samba na década de 1930 foi uma tentativa de “embranquecer” esse gênero musical.

O espaço conquistado no rádio pelo samba fez com que músicos profissionais desse estilo se consolidassem na época. Assim, nomes como Noel Rosa, Ataulfo Alves, Dorival Caymmi, entre outros, tornaram-se importantes. Noel Rosa, por exemplo, compôs cerca de 300 canções entre 1930 e 1937.|5|

As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling ainda abordam a importância de Noel Rosa para o samba no Brasil. Segundo elas:

Noel consumou o processo de modelagem da forma da canção que hoje conhecemos: linguagem própria fundada nas entoações e expressões da fala cotidiana, relação entre melodia e letra, inventividade poética e tratamento musical flexível — ora acelerando na direção da marchinha, ora valorizando o percurso melódico […].|6|

A popularização do samba, a partir da década de 1930, aconteceu, portanto, por meio dessas ações que permitiram que o gênero tivesse maior espaço no rádio, mas também foi reforçada pelo maior espaço que sambistas brancos conquistaram no período. Esse racismo fez com que os sambistas negros permanecessem às margens por muitas décadas e os historiadores entendem que foi utilizado como forma de garantir que o gênero fosse melhor aceito pelas elites do país.

Essa popularização do samba fez com que ele ocupasse um local de destaque também no cinema brasileiro. Novos sambistas se consolidaram na mídia e também novos tipos de samba foram surgindo, ampliando o espaço desse gênero na cultura e na indústria fonográfica de nosso país.

Na década de 1950, o samba passou a sofrer com algumas influências de ritmos estrangeiros, como o jazz. Muitos sambistas brasileiros resistiram a essa influência externa, defendendo que o samba fosse preservado em suas características tradicionais. A partir da década de 1960, o samba conquistou espaço na televisão brasileira e se tornou um gênero de enorme sucesso em nossa indústria fonográfica.

A partir da década de 1970, as rodas de samba sofreram mudanças e deram origem ao pagode, um subgênero de samba que se tornou muito popular no Rio de Janeiro. A década de 1990, por exemplo, ficou marcada pelo grande sucesso desse subgênero, com o surgimento de grupos de renome nacional. Essa subgênero segue muito comercial no Brasil no século XXI.

Por fim, o samba segue bastante popular em nossa cultura, tendo uma forte ligação com o Carnaval, com os samba-enredo sendo bastante apreciados em todo o país.

10 melhores sambas

O samba é um gênero musical com mais de um século de existência e diversas canções de grande sucesso surgiram dele. Alguns dos sambas de grande sucesso e bastante apreciados pelos sambistas são os que apresentamos a seguir.

1. Aquarela brasileira – Martinho da Vila

Vejam essa maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista, num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela do Brasil em forma de aquarela

Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó

Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapuã
De Iracema e Tupã

Fiquei radiante de alegria
Quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia do Candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu
Assisti em Pernambuco
A festa do frevo e do maracatu

Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza, e arquitetura
Feitiço de garoa pela serra!
São Paulo engrandece a nossa terra!
Do leste, por todo o Centro-Oeste
Tudo é belo e tem lindo matiz

E o Rio dos sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebros febris
Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas de colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emolduram e aquarelam o meu Brasil

2. Foi um rio que passou em minha vida – Paulinho da Viola

Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar

Meu coração
Tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos ficou, ficou
Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos ficou, ficou
Só um amor pode apagar

Porém! Ai porém!
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval

Carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me lembro anunciou
Portela, Portela
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou

Ah! Minha Portela!
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar

Não posso definir aquele azul
Não era do céu nem era do mar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar!

3. Folhas secas – Nelson Cavaquinho

Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha estação primeira

Não sei quantas vezes
Subi o morro cantando
Sempre o Sol me queimando
E assim vou me acabando

Quando o tempo avisar
Que não posso mais sambar
Sei que vou sentir saudade
Ao lado do meu violão
Da minha mocidade

4. Conversa de botequim – Noel Rosa

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Telefone ao menos uma vez
Para três quatro, quatro, três, três, três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

5. Se você jurar – Ismael Silva

Se você jurar que me tem amor
Eu posso me regenerar
Mas se é para fingir, mulher
A orgia assim não vou deixar

Muito tenho sofrido
Por minha lealdade
Agora estou sabido
Não vou atrás de amizade
A minha vida é boa
Não tenho em que pensar
Por uma coisa à-toa
Não vou me regenerar

A mulher é um jogo
Difícil de acertar
E o home como um bobo
Não se cansa de jogar
O que eu posso fazer
É se você jurar
Arriscar a perder
Ou desta vez então ganhar

6. As rosas não falam – Cartola

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas
Que bobagem as rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ah

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas
Que bobagem as rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ah

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

7. Saudosa maloca – Adoniran Barbosa

Se o senhor não está lembrado
Dá licença de contar
Que aqui onde agora está
Esse adifício alto
Era uma casa velha, um palacete abandonado
Foi aqui, seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca

Mas um dia
Nem quero me lembrar
Veio os homis co as ferramentas
Que o dono mandou derrubar
Peguemo tudo a nossas coisas
E fumos pro meio da rua apreciar a demolição
Que tristeza que eu sentia
Cada táuba que caía, doía no coração

Mato Grosso quis gritar
Mas em cima eu falei
Os homis tá ca razão, nós arranja outro lugar
Só se conformemos
Quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertor

E hoje nós pega paia nas grama do jardim
E pra esquecer, nós cantemos assim

Saudosa maloca, maloca querida
Dim, dim, donde nós passemo os dias feliz de nossas vidas
Saudosa maloca, maloca querida
Dim, dim, donde nós passemo os dias feliz de nossas vidas

Saudosa maloca, maloca querida
Dim, dim, donde nós passemo os dias feliz de nossas vidas
Saudosa maloca, maloca querida
Dim, dim, donde nós passemo os dias feliz de nossas vidas

8. Não deixe o samba morrer – Alcione

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De samba pra gente sambar

Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem aguentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar

Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem aguentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar

Eu vou ficar
No meio do povo espiando
Minha Escola perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final

Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, pra gente sambar

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, pra gente sambar

Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem aguentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar

Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem aguentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar

Eu vou ficar
No meio do povo espiando
Minha Escola perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final

Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, pra gente sambar

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, pra gente sambar

9. O samba da minha terra – Dorival Caymmi

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quando se canta todo mundo bole

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quando se canta todo mundo bole

Eu nasci com o samba, no samba me criei
Do danado do samba nunca me separei
Eu nasci com o samba, no samba me criei
Do danado do samba nunca me separei

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quando se canta todo mundo bole

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quando se canta todo mundo bole

Quem não gosta do samba, bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé
Quem não gosta do samba bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quando se canta todo mundo bole

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quando se canta todo mundo bole

Eu nasci com o samba, no samba me criei
Do danado do samba nunca me separei
Eu nasci com o samba, no samba me criei
Do danado do samba nunca me separei

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quando se canta todo mundo bole

O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Bole, bole, bole, bole
Bole, bole, bole, bole
Bole, bole, bole, bole
Bole, bole, bole, bole

10. O trem das onze – Adoniran Barbosa/Demônios da Garoa

Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito, amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora, às onze horas
Só amanhã de manhã

Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito, amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora, às onze horas
Só amanhã de manhã

Além disso, mulher
Tem outra coisa
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Não posso ficar

Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito, amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora, às onze horas
Só amanhã de manhã

Além disso, mulher
Tem outra coisa
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Não posso ficar

Instrumentos utilizados no samba

Entre os instrumentos utilizados no samba, destacam-se:

  • pandeiro;

  • surdo;

  • tamborim;

  • cuíca;

  • ganzá;

  • cavaquinho;

  • violão;

  • agogô;

  • reco-reco;

  • atabaque etc.

Escolas de samba

Desfile de uma escola de samba.
As escolas de samba e os desfiles de Carnaval contribuíram para a popularização do samba no Brasil.[1]

Durante o processo de popularização do samba surgiram as escolas de samba, associações que se formaram nos bairros populares do Rio de Janeiro a partir da década de 1920. Essas escolas de samba são entendidas como a evolução de práticas carnavalescas, como os zé pereiras e os ranchos carnavalescos.

O surgimento das escolas de samba no Rio de Janeiro, no final da década de 1920, permitiu que surgissem os desfiles das escolas de samba, em que as escolas desfilam ao som de um samba-enredo. Essa competição se tornou tradicional no Brasil, tendo uma grande estrutura e atraindo espectadores de todo o mundo atualmente. Os desfiles de escolas de samba mais populares do Brasil são o da cidade do Rio de Janeiro e o da cidade de São Paulo.

Para saber mais sobre as escolas de samba e sobre seus componentes, clique aqui.

Grandes nomes do samba

Da década de 1930 em diante, o samba tornou-se um dos gêneros musicais mais populares no Brasil e um dos mais conhecidos no exterior. O ritmo modernizou-se, e novos subgêneros surgiram ao longo do tempo, o que trouxe uma variedade de ritmos considerável para o samba. Muitos sambistas consolidaram-se de lá pra cá, e podemos mencionar alguns nomes:

  • Noel Rosa

  • Dorival Caymmi

  • Adoniran Barbosa

  • Cartola

  • Beth Carvalho

  • Bezerra da Silva

  • Carmen Miranda

  • Martinho da Vila

  • Alcione

  • Nelson Cavaquinho

  • Paulinho da Viola

Curiosidades sobre o samba

  • O primeiro samba gravado da história foi o Pelo telefone, de 1917.

  • O primeiro desfile de escolas de samba da história do Rio de Janeiro foi vencido pela Mangueira.

  • O samba de roda é considerado patrimônio cultural desde 2004.

Notas

|1| ALVITO, Marcos. Professor samba. In: Revista de história da Biblioteca Nacional. Ano 9. nº 97. Outubro, 2013. p 82.

|2| ALVITO, Marcos. Professor samba. In: Revista de história da Biblioteca Nacional. Ano 9. nº 97. Outubro, 2013. p 80.

|3| SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012, p. 59.

|4| SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012, p. 58.

|5| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 376.

|6| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 376.

Crédito de imagem

[1] Bruno Martins Imagens / Shutterstock

Fontes

ALVITO, Marcos. Professor samba. In: Revista de história da Biblioteca Nacional. Ano 9. nº 97. Outubro, 2013, p. 78-83.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

REDAÇÃO. Quando tocar samba dava cadeia no Brasil. Disponível em: https://g1.globo.com/carnaval/2020/noticia/2020/02/21/quando-tocar-samba-dava-cadeia-no-brasil.ghtml.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Samba"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/cultura/samba.htm. Acesso em 01 de abril de 2025.

De estudante para estudante


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Clique para saber mais sobre as escolas de samba. Entenda o contexto de surgimento das escolas de samba e dos desfiles que marcam o Carnaval brasileiro.
Carnaval

História do Carnaval no Brasil

Clique aqui e saiba detalhes sobre a história do Carnaval no Brasil. Conheça sua origem e sua evolução e descubra qual é o seu significado.
Carnaval

Samba-enredo

Acesse o texto e entenda o que é samba-enredo, quando e como surgiu e quais as suas características. Veja a evolução desse famoso elemento do Carnaval.
Carnaval

Tom Jobim

Saiba detalhes sobre a vida e a obra de Tom Jobim, compositor, músico e maestro brasileiro, conhecido por “Garota de Ipanema”, “Águas de Março” e outras canções.
Biografia

Vinicius de Moraes

Saiba os detalhes da vida e obra de Vinicius de Moraes, mais conhecido como “poetinha”. Seus principais livros, poemas, discos e parcerias estão listados aqui.
Biografia