O capitalismo é um sistema em que predomina a propriedade privada e a busca constante pelo lucro e pela acumulação de capital, que se manifesta na forma de bens e dinheiro. Apesar de ser considerado um sistema econômico, o capitalismo estende-se aos campos políticos, sociais, culturais, éticos e muitos outros, compondo quase que a totalidade do espaço geográfico.
A base para formação, consolidação e continuidade do sistema capitalista é a divisão da sociedade em classes. De um lado, encontram-se aqueles que são os proprietários dos meios de produção, a burguesia; de outro, encontram-se aqueles que vivem de sua força de trabalho, através do recebimento de salários: os proletários. No caso do meio agrário, essa relação também se faz presente, pois os donos das terras, geralmente latifundiários, ganham lucros sobre os trabalhos dos camponeses.
Com a era da globalização, o sistema capitalista tornou-se predominante em praticamente todo o mundo. Porém, as suas fases e etapas de desenvolvimento não ocorrem de forma igualitária na totalidade do espaço mundial, isso porque a sua lógica de produção e reprodução é puramente desigual. Assim, algumas nações apresentam estágios mais avançados de capitalismo e outras apresentam os seus aspectos ainda iniciais. Para conhecer essas fases e aspectos, torna-se importante conhecer o surgimento e a história do capitalismo.
Capitalismo é um sistema econômico que se baseia na propriedade privada, no lucro e no trabalho assalariado.
Seu surgimento remonta à chamada Baixa Idade Média, com a consolidação da burguesia.
O capitalismo já passou por diversas fases, sendo elas o capitalismo comercial, o industrial e o financeiro.
São características do capitalismo a propriedade privada, o acúmulo de riquezas, a divisão da sociedade em classes, o trabalho assalariado e a economia de mercado baseada na demanda e procura.
Videoaula sobre o capitalismo
Quando surgiu o capitalismo?
O processo de surgimento do capitalismo foi lento e gradual, iniciando-se na chamada Baixa Idade Média (do século XIII ao XV), com a formação de pequenas cidades comerciais, denominadas burgos.
Essas cidades desafiavam a ordem então vigente na época, a do feudalismo, em que a Europa era repartida em vários feudos, cada um comandado exclusivamente pelo seu senhor feudal. A usura era condenada pela Igreja Católica, a instituição mais poderosa na Idade Média, o que dificultava ainda mais o nascimento do novo sistema que se encontrava em emergência.
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Com o passar do tempo, o poder da classe que comercializava nos burgos, a burguesia, foi se expandido e o acúmulo de capital difundiu-se. Tal fator, associado ao crescimento dessas cidades e ao consequente processo de relativa urbanização da Europa, além de fatores históricos (como as Cruzadas), provocou uma gradativa derrocada do sistema feudal e o surgimento do capitalismo. O principal evento que marcou a formação desse novo modelo econômico de sociedade foi a realização das Grandes Navegações no final do século XV e início do século XVI.
Com a sua formação, o novo sistema passou por três principais fases de desenvolvimento, a saber: o capitalismo comercial, o industrial e o financeiro.
Em seu período de surgimento e consolidação, o capitalismo ainda não conhecia a industrialização e, tampouco, a formação de grandes adensamentos urbanos. Sendo assim, a economia nesse período era essencialmente centrada nas trocas comerciais e a riqueza das nações era medida pelo acúmulo de matérias-primas e especiarias ou a capacidade de se ter acesso a elas. Por isso, o período que vai do século XVI a meados do século XVIII é chamado de capitalismo comercial.
O modelo econômico praticado nesse período foi chamado de mercantilismo e caracterizava-se pelo fortalecimento dos Estados Nacionais e sua forte intervenção na economia. Seu papel era assegurar a máxima acumulação de lucros por parte da burguesia e da aristocracia, bem como disputar os mercados internacionais e o melhor acesso a matérias-primas.
As premissas básicas do mercantilismo eram:
a) busca por matérias-primas a baixo custo;
b) produção de mercadorias manufaturadas;
c) metalismo (acúmulo máximo de metais preciosos) e
d) busca pela balança comercial sempre favorável, ou seja, exportar e vender mais do que importar e comprar.
Capitalismo industrial
Os dois fatores históricos que ocasionaram a transição do capitalismo comercial para o capitalismo industrial foram a Revolução Industrial (1760-1820) e a Revolução Francesa (1789-1799). Tais acontecimentos permitiram a estabilização do poder nas mãos da burguesia, centrando a economia na principal atividade desenvolvida e administrada por essa classe: a industrialização.
Nesse período, a Europa, principalmente a Inglaterra, exerceu um grande poder sobre o mundo, sob a ótica do colonialismo e do imperialismo, ao importar as matérias-primas das periferias e colônias do planeta e, depois, exportar os seus produtos industrializados. Esse continente também passou por intensivos processos de industrialização, formando grandes cidades que, de início, não dispunham de grandes condições estruturais, apresentando uma grande quantidade de miseráveis e moradias precárias.
O modelo econômico predominante nesse período foi o liberalismo econômico, elaborado por Adam Smith e que preconizava a mínima intervenção do Estado nas práticas econômicas. Tal posição consolidou o máximo poder da burguesia, uma vez que seria ela – na figura do Mercado – quem controlaria o andamento da economia.
Capitalismo financeiro ou monopolista
A transição do capitalismo para a sua fase financeira ocorreu por meio do processo de investimento do capital bancário sobre o capital industrial. Tal fator propiciou o surgimento de grandes empresas, que passaram a se dividir em ações que eram negociadas como mercadorias, sendo mais valorizadas à medida que os lucros das empresas se ampliassem.
Com isso, a economia não estava mais centrada nas práticas industriais, mas nas práticas especulativas e financeiras. A busca pela acumulação de capital intensificou-se e alcançou patamares jamais vistos na história da humanidade.
Com a crise de 1929, o modelo econômico foi alterado e o sistema keynesiano passou a ser hegemônico. Esse sistema foi elaborado pelo economista inglês John Maynard Keynes, que preconizava o retorno ao chamado “Estado Forte”, isto é, com a sua máxima intervenção na economia. Esse modelo era também chamado de Welfare State (Estado do bem-estar social) e visava ao máximo consumo a fim de abastecer as indústrias e gerar mais empregos.
Nesse período também surgiram e se expandiram as transnacionais, também chamadas de multinacionais ou empresas globais, que rapidamente se instalaram em vários países, principalmente os subdesenvolvidos, em busca de matéria-prima, mão de obra barata e ampliação do mercado consumidor. Essas empresas, cada vez mais, dominam o mercado internacional, monopolizando-o.
A partir dos anos 1980, o keynesianismo entrou em derrocada em benefício do neoliberalismo, que retomava o ideal da mínima participação do Estado na economia, que deveria apenas atuar para assegurar a reprodução do sistema e salvar o mercado de eventuais crises econômicas.
Atualmente, apesar de alguns livros e autores apontarem o surgimento de um capitalismo informacional, a maioria dos economistas defende que ainda nos encontramos na fase financeira do sistema capitalista. O chamado meio-técnico-científico-informacional é visto como um potente instrumento de mundialização do capitalismo e de sustentação de suas atuais características.
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
PENA, Rodolfo F. Alves.
"O que é capitalismo?"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-capitalismo.htm. Acesso em 21 de dezembro
de 2024.