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Imperialismo

O imperialismo é caracterizado por uma política de expansão de uma nação sobre outra, e sua manifestação no século XIX é chamada também de neocolonialismo.

Ilustração retrata colonizadores em contato com povos de uma região da África Central em referência ao imperialismo.
Ilustração retrata colonizadores em contato com povos de uma região da África Central em referência ao imperialismo.
Crédito da Imagem: shutterstock
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Imperialismo é o termo utilizado para se referir às práticas da política por meio da qual uma nação busca promover uma expansão territorial, econômica e/ou cultural sobre outra nação. A utilização da palavra imperialismo pode ocorrer em contextos atuais, como, por exemplo, quando um país resolver intervir militarmente em outro.

O termo “imperialismo” também é muito utilizado para fazer referência ao processo de colonização da África, Ásia e Oceania, que se iniciou na segunda metade do século XIX. Esse processo também é conhecido entre os historiadores como neocolonialismo. Durante o neocolonialismo, segundo o historiador Eric Hobsbawm, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|.

Leia também: Guerra do Ópio — conflito ligado às ações imperialistas da Inglaterra na China

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o imperialismo

  • Imperialismo é o nome que se dá às práticas expansionistas de uma nação sobre outra, mas também se refere à colonização da África, Ásia e Oceania.

  • Surgiu em consequência da Revolução Industrial e da consolidação do capitalismo como sistema econômico.

  • O continente africano foi um dos que mais sofreram com as ações imperialistas, mas não sem resistir ao domínio europeu.

  • A divisão da África foi debatida por meio da Conferência de Berlim, organizada pelo chanceler alemão Otto von Bismarck.

  • Conflitos étnicos, massacres e exploração econômica são exemplos de consequências das ações imperialistas.

O que foi o imperialismo e como surgiu?

Chamamos de imperialismo a política de expansão de uma nação sobre outra. Surgiu como consequência das transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução foi iniciada pioneiramente na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e causou transformações profundas. A partir dela, houve o surgimento da indústria, e mudanças nos modos de produção e nas relações patronais aconteceram.

A Revolução Industrial resultou no surgimento de novas máquinas, novos meios de comunicação, novos meios de transporte e foi responsável pela utilização de combustíveis fósseis. Com o desenvolvimento da indústria, o comércio transformou-se, não somente em nível local, mas também em escala global.

Essa expansão do comércio por meio da Revolução Industrial aconteceu porque o processo de produção de mercadorias cresceu consideravelmente. Com o crescimento na produção de mercadorias, as nações industrializadas precisaram ampliar seu acesso às matérias-primas utilizadas na produção e também ampliar a sua capacidade de venda, isto é, eram necessários novos mercados consumidores.

Uma causa que explica, em grande parte, a expansão colonial da segunda metade do século XIX é a busca por novos mercados consumidores, segundo aponta Eric Hobsbawm|2|. Isso porque se acreditava que a grande quantidade de mercadorias produzidas seria absorvida com a expansão dos mercados consumidores.

Hobsbawm também fala que “o ‘novo imperialismo’ foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1888”|3|. Motivadas pela expansão econômica, as nações europeias, principalmente, iniciaram o processo de expansão territorial.

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Quais são os países imperialistas?

Eric Hobsbawm exemplifica por meio de dados estatísticos a dimensão da expansão imperialista na época. As seguintes potências imperialistas tiveram um aumento significativo no tamanho de seus territórios, e isso foi motivado pela dominação e a criação de colônias na Ásia, África e Oceania|4|:

  • Inglaterra: teve um aumento de 10 milhões de km2 em seu território.

  • França: teve um aumento de 9 milhões de km2 em seu território.

  • Alemanha: teve um aumento de 2,5 milhões de km2 em seu território.

  • Bélgica e Itália: tiveram um aumento de 2 milhões de km2 em seu território.

Além dessas, outras nações, como Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos e Japão, foram enxergadas como praticantes de políticas imperialistas. A influência do imperialismo sobre o planeta foi enorme, e continentes como a África, até hoje, colhem as consequências desse processo de dominação colonial.

Leia também: Restauração Meiji — a transformação que fez do Japão uma potência imperialista

Imperialismo na África

Dentro do processo neocolonialista que aconteceu no século XIX, a ocupação do continente africano teve grande destaque. Isso porque o continente africano foi amplamente impactado pelo imperialismo, uma vez que, no auge do ciclo imperialista (entre 1884 e 1914), o continente teve apenas dois territórios que não foram ocupados: Libéria e Etiópia.

Mapa que informa as nações imperialistas europeias que possuíram colônias no continente africano.
Mapa que informa as nações imperialistas europeias que possuíram colônias no continente africano.

O historiador Valter Roberto Silvério aponta que três acontecimentos entre 1876 e 1880 foram cruciais para iniciar a corrida de ocupação do continente africano|5|:

  1. A Conferência Geográfica de Bruxelas, encontro promovido por Leopoldo II, rei da Bélgica, com o objetivo de desenvolver os interesses dos belgas na região do Congo.

  2. As ações de Portugal para expandir seu domínio sobre as regiões do interior de Moçambique.

  3. A política francesa para promover sua expansão colonial em regiões da África como Egito, Tunísia e Madagascar.

Esses acontecimentos deram início a uma corrida pela ocupação do continente africano que resultou em uma série de atritos entre as nações europeias. Em decorrência disso, Otto von Bismarck, chanceler alemão, buscando defender os interesses da Alemanha e pôr fim a essas disputas, organizou a Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885.

Algumas das pautas debatidas na conferência foram as questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, a questão do mapa cor-de-rosa proposto por Portugal, e também foi organizada a divisão do continente africano, isto é, foram estabelecidas fronteiras entre as regiões e foi estipulado quais nações teriam direitos sobre os territórios.

A ocupação do continente africano ocorreu sob a justificativa de ser uma “missão civilizatória”, na qual as nações europeias levariam a civilização para os povos “atrasados” da África. A exploração do continente para fins econômicos também contava com missionários. Todas essas justificativas partiam de ideais racistas, como o darwinismo social, que estipulava que o homem branco era “superior”.

Hoje sabemos que as justificativas utilizadas não passavam de disfarce para os reais interesses, que eram de promover a exploração econômica do continente africano. A ocupação do continente africano, por sua vez, não aconteceu de maneira pacífica, pois os povos africanos lançaram dura resistência contra a presença europeia. Neste texto é encontrado um dos exemplos de resistência ao imperialismo.

Consequências do imperialismo

O imperialismo foi muito forte no mundo durante o período citado (entre 1884 e 1914), mas a presença de europeus como colonizadores na África e na Ásia ocorreu até a segunda metade do século XX. O imperialismo deixou graves consequências nesses locais, expostas a seguir.

  • A demarcação de fronteiras artificiais gerou impactos negativos até hoje na África e causou inúmeras tensões entre as nações africanas.

  • Durante o neocolonialismo, surgiu uma série de disputas étnicas influenciadas por ação europeia. Um dos casos mais notáveis aconteceu em Ruanda, região que havia feito parte do Congo Belga. Em 1994, um massacre de grandes proporções aconteceu no país, e hutus foram responsáveis pela morte de aproximadamente 1 milhão de tutsis.

  • A exploração econômica deixou marcas profundas, e até hoje a maioria dos países africanos sofre com economias instáveis.

  • Os nativos foram sujeitos a uma violência escabrosa. Um caso notável foi no Congo Belga, quando 10 milhões de pessoas morreram fruto da violência colonial dos belgas.

Videoaula: História no Enem: Imperialismo no século XIX


Notas

|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.

|2| Idem, p. 97.

|3| Idem, p. 108.

|4| Idem, p. 109.

|5| SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Imperialismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-ideologia-imperialista.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

“A colonização portuguesa e espanhola do século XVI havia se limitado quase que exclusivamente à América. No século XIX, porém, a necessidade de expansão dos mercados consumidores de produtos manufaturados e de controle sobre as regiões fornecedoras de matéria-prima deu início a nova corrida colonial, empreendida principalmente pelas potências industriais da Europa.”  (Piletti, Nelson / Arruda, José Jobson de A. Toda a História: História Geral e História do Brasil. Ed. Ática – São Paulo, 2006.p, 298.)

Explique a diferença fundamental entre o colonialismo europeu exercido no século XVI e o neocolonialismo exercido no século XIX.

Exercício 2

(UERJ – RJ) “Se tivéssemos de definir o imperialismo da forma mais breve possível, diríamos que ele é a fase monopolista do capitalismo”. (LENIN, V.I. O imperialismo: fase superior do capitalismo. São Paulo: Global, 1987.)

Indique, tomando como ponto de referência o texto acima, dois fatores que estimularam a expansão imperialista.