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Cruzadas

Cruzadas foram expedições religiosas e militares, ocorridas entre os séculos XI e XIII, que visavam retomar para os cristãos a Terra Santa, que estava sob domínio islâmico.

O rei inglês Ricardo Coração de Leão foi um dos monarcas que participaram das Cruzadas.
O rei inglês Ricardo Coração de Leão foi um dos monarcas que participaram das Cruzadas.
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As Cruzadas foram expedições religiosas e militares, ocorridas entre os séculos XI e XIII, cujo principal objetivo era resgatar a Terra Santa, que estava sob o domínio islâmico, para os cristãos. O termo “cruzada” se refere à cruz que os cavaleiros usavam em suas roupas quando estavam em marcha da Europa até o Oriente. Uma das principais consequências das Cruzadas foi a retomada do comércio entre os europeus e os orientais.

Leia também: História de Jerusalém — cidade sagrada para três religiões

Tópicos deste artigo

Resumo sobre as Cruzadas

  • As Cruzadas foram expedições religiosas e militares que saíram da Europa em direção ao Oriente para resgatar Jerusalém, que estava sob domínio dos islâmicos.

  • Entre os séculos XI e XIII, houve, ao todo, nove cruzadas.

  • Além dos caráteres religioso e militar, as expedições também influenciaram na retomada do comércio, ao levarem para a Europa produtos como as especiarias orientais.

  • Os cruzados que participassem das expedições ganhavam a indulgência, ou seja, o perdão de seus pecados.

Videoaula sobre as Cruzadas

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Antecedentes das Cruzadas

No século XI, a Europa vivia um período de paz, depois de longos séculos de guerras bárbaras. Essa paz e a prosperidade reinante provocaram um aumento na população, a retomada das atividades comerciais e o ressurgimento das cidades.

A agricultura também se desenvolveu para suprir as demandas do aumento demográfico. Apesar de todos os esforços e de novas técnicas agrícolas, não foi possível atender a todos: eram muitas pessoas para pouca terra.

No Oriente, os islâmicos abrangiam seus domínios e já conquistavam a Palestina, colocando em perigo o Império Bizantino. A terra sagrada para os cristãos estava sob o poder de estrangeiros que professavam outra fé. O acesso aos locais por onde Cristo passou foi proibido pelos islâmicos.

O papa Urbano II, percebendo o aumento populacional e a proibição dos cristãos de adentrar Jerusalém, cidade santa para o cristianismo, decidiu organizar expedições religiosas e militares para lutar contra os islâmicos e reconquistar o acesso à Terra Santa. O cavaleiro que aceitasse participar dessas expedições ganharia a indulgência, ou seja, o perdão de seus pecados.

Por outro lado, comerciantes apoiaram essas expedições, pois pretendiam ampliar seus negócios e levar à Europa produtos orientais, como as especiarias (gengibre, pimenta, noz-moscada etc.).

Os cavaleiros usavam uma cruz em suas roupas enquanto seguiam até o Oriente. Por conta disso, essas expedições ganharam o nome de Cruzadas.

Leia também: Renascimento comercial e urbano — fenômeno da Baixa Idade Média que resultou em grandes mudanças

Objetivo das Cruzadas

Para os cristãos, ter de volta o acesso aos locais sagrados para o Cristianismo era uma prioridade. As Cruzadas ganharam aspecto de guerra santa, pois o combate se daria contra estrangeiros que professavam uma fé diferente do cristianismo.

Já para os comerciantes, as Cruzadas eram fundamentais para aproximar o Oriente do Ocidente e, assim, ampliar as atividades comerciais, principalmente as de Gênova e Veneza, na Península Itálica. Após séculos, o Mar Mediterrâneo voltou a ser utilizado como meio de transporte de pessoas e de mercadorias.

Ao longo das nove Cruzadas, seus objetivos se modificaram, deixando de ter um aspecto religioso e ganhando motivações comerciais. As conquistas cristãs no Oriente provocaram, além disso, disputas entre os cruzados pelos seus domínios.

Quais foram as Cruzadas?

  • Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096)

Por ser uma expedição religiosa, o misticismo esteve presente nas primeiras Cruzadas. Em 1096, um monge ermita conhecido como Pedro fez pregações defendendo a ida dos cavaleiros até a Palestina. Com seu discurso, ele conseguiu angariar uma multidão de indivíduos que decidiram participar das jornadas.

Para arrecadar fundos que financiassem a primeira expedição, os primeiros cruzados buscaram dinheiro de não cristãos ricos. Os judeus foram os primeiros a serem atacados pelos cruzados e perseguidos em vários reinos europeus.

A Cruzada Popular ou dos Mendigos foi a primeira jornada que saiu da Europa Ocidental em direção ao Oriente. Por onde passavam, os cruzados promoviam saques e violentavam aldeias locais.

Em agosto de 1096, a expedição chegou em Constantinopla. Mesmo com a fama advinda dos massacres e assaltos, os cruzados foram recebidos pelo imperador bizantino Aleixo I. Ele pediu para que o grupo aguardasse a chegada de tropas mais bem equipadas para seguirem viagem até a Palestina. Enquanto aguardavam, os cruzados realizaram saques pela cidade.

Um mês depois de sua chegada em Constantinopla, os cruzados foram até áreas próximas às fronteiras com os islâmicos e lançaram a primeira ofensiva, mas foram derrotados. Mesmo com esse revés, o grupo seguiu até Niceia e iniciou um novo ataque contra seu inimigo. Apesar da vitória na primeira batalha, o exército do sultão Quilije Arslã I conseguiu derrotá-los.

  • Primeira Cruzada (1096–1099)

Influenciado pela promessa do papa Urbano II de que o cavaleiro que participasse das Cruzadas teria o perdão de seus pecados, as primeiras expedições obtiveram inúmeros participantes, desde nobres até peregrinos.

Em 1097, a Primeira Cruzada saiu de Constantinopla em direção a Jerusalém. Os cruzados fizeram a promessa de devolver ao Império Bizantino as terras tomadas pelos turcos. Ao contrário da Cruzada Popular ou dos Mendigos, a Primeira Cruzada teve a participação de cavaleiros ricos. Logo surgiram desentendimentos entre bizantinos e cruzados. A participação de mercenários tinha o apoio dos bizantinos, mas era rejeitada pelos cruzados.

A Primeira Cruzada logo obteve suas primeiras vitórias. As cidades de Niceia e Antioquia foram tomadas. Em 1099, Jerusalém também foi conquistada. Os cruzados reprimiram os inimigos e usaram a força para impor seu domínio sobre a população local. As terras conquistadas foram divididas, e a promessa de devolução da parte bizantina não foi cumprida. O sistema feudal foi, então, implantado no Oriente.

A presença ocidental cristã durou um século. Em pouco, os turcos conseguiram se unir e impor uma derrota aos cruzados. As terras dominadas pelos cristãos foram retomadas pelos islâmicos. Para saber mais, leia: Primeira Cruzada e a Conquista de Jerusalém.

  • Segunda Cruzada (1147–1149)

Em 1145, o papa Eugênio III e São Bernardo convocaram mais uma cruzada. Os reis Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império, atenderam à convocação e organizaram a Segunda Cruzada. Porém, essa expedição demonstrou novamente rupturas dentro dos próprios cruzados. Alguns almejavam um ataque imediato, outros aguardavam o momento certo para fazê-lo. Até 1187, nenhuma expedição foi organizada, até que Jerusalém foi tomada pelo exército de Saladino.

  • Terceira Cruzada (1189–1192)

A Terceira Cruzada foi convocada pelo papa Gregório III, logo após o sultão Saladino conquistar Jerusalém. Os principais reis europeus fizeram parte dessa jornada até a Terra Santa, sendo eles Filipe Augusto (França), Frederico Barba Ruiva (Sacro Império Germânico) e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra). Porém, Barba Ruiva morreu afogado na Cicília, e os reis Filipe Augusto e Ricardo Coração de Leão se desentenderam. Ao final, apenas o rei inglês persistiu na campanha.

Os cruzados obtiveram sucesso ao conquistar Chipre, Acre e Jafa. Ao se aproximarem de Jerusalém, os cruzados travaram uma grande batalha contra o exército de Saladino. Em 1192, um acordo foi feito entre cristãos e islâmicos. Jerusalém permaneceria sob o comando islâmico, mas com a abertura da cidade santa para peregrinações cristãs, desde que desarmadas.

  • Quarta Cruzada (1202–1204)

Apesar do acordo firmado com os islâmicos em 1192, uma nova expedição foi convocada pelo papa Inocêncio III, com o objetivo de conquistar Jerusalém. A convocação se deu em 1198, mas sua organização se concretizou apenas dois anos depois.

A Quarta Cruzada foi caracterizada por motivações comerciais. O duque Enrique Dandolo fez o transporte dos cruzados em troca de dinheiro. Esses interesses econômicos começaram a interferir nas campanhas.

  • Cruzada das Crianças (1212)

A Cruzada das Crianças, ocorrida em 1212, é envolta de fatos inusitados e lendas. Acreditava-se que apenas as almas puras poderiam libertar Jerusalém. Por causa disso, milhares de crianças foram colocadas em navios saindo de Marselha, na França, em direção ao Oriente. Essa ideia teria surgido em Constantinopla, uma cidade cristã que havia sido saqueada por cruzados.

Dessa forma, de acordo com a crença popular, os adultos não eram confiáveis, e apenas as crianças poderiam participar das expedições. Ao longo do caminho, várias crianças morreram de fome e frio e as que sobreviveram foram vendidas como escravas.

  • Quinta Cruzada (1217–1221)

A Quinta Cruzada também foi convocada pelo papa Inocêncio III, em 1217, e teve a participação do rei André II, da Hungria, e Leopoldo VI, duque da Áustria. Desta vez, a tática dos cristãos era conquistar primeiramente o Egito para depois atacar Jerusalém. Uma crise na liderança egípcia permitiu que os cristãos dominassem a região. O sultão ofereceu o reino de Jerusalém e dinheiro para os cristãos deixarem o Egito, mas a proposta foi recusada.

Os cristãos conquistaram a cidade de Damieta, mas conflitos entre os cruzados fizeram com que se perdesse tempo, possibilitando o restabelecimento do exército islâmico, que contra-atacou os cristãos e os derrotou em 1221.

  • Sexta Cruzada (1228–1229)

A Sexta Cruzada foi liderada pelo Sacro Império de Frederico II, que havia sido excomungado pelo papa. Sua excomunhão fez com que seus soldados desertassem a campanha ao longo do caminho até o Oriente.

Frederico II fez um acordo com o sultão Camil, que lhe garantiu a posse de Jerusalém, Belém e Nazaré por dez anos. Porém, a derrota dos cristãos para os islâmicos em Gaza, em 1224, fez com que sua conquista fosse perdida.

  • Sétima Cruzada (1248–1254)

Essa cruzada foi liderada pelo rei francês Luís IX, canonizado como São Luís. Em 1248, ele se dirigiu ao Egito e conquistou a cidade de Damieta. O exército cristão foi derrotado, e o rei, preso. Os franceses pagaram pela sua libertação.

  • Oitava Cruzada (1270)

As últimas Cruzadas foram marcadas pela derrota dos cristãos para os islâmicos. A Oitava Cruzada foi liderada pelo rei francês Luís IX, que, novamente, se dirigiu para o Egito. Os cruzados desembarcaram em Túnis e foram contaminados por uma peste que matou inúmeros cristãos.

  • Nona Cruzada (1271–1272)

Com a morte do rei Luís IX, o rei da Inglaterra, Eduardo, decidiu lutar no Oriente, mas a morte de seu pai, Henrique III, fez com que Eduardo retornasse para a Inglaterra e assumisse o trono. Para alguns estudiosos, a Nona Cruzada é considerada uma continuação da oitava. Problemas sucessórios na Monarquia inglesa se sobrepuseram à retomada de Jerusalém, que, à época, estava nas mãos dos islâmicos.

Confira no nosso podcast: Os reis mais malucos da história

Consequências das Cruzadas

As Cruzadas aprofundaram a rivalidade entre cristãos e islâmicos. Porém, do ponto de vista econômico, as expedições possibilitaram o fortalecimento do comércio e o transporte de especiarias para o mercado europeu.

Além disso, as Cruzadas retomaram as relações entre Ocidente e Oriente. Os reis acabaram fortalecidos, pois demonstraram seu poder militar perante os senhores feudais, que já sinalizavam a perda de seu domínio, à medida que a Idade Média começava a entrar em crise.

Exercícios resolvidos sobre as Cruzadas

Questão 1

(Fuvest) Com relação às Cruzadas, é correto afirmar que:

a) representam, em última instância, a crise do sistema feudal.

b) a Primeira Cruzada foi convocada por Inocêncio III.

c) a Terceira Cruzada conquistou a cidade de Jerusalém.

d) a Quarta Cruzada foi conduzida por Ricardo Coração de Leão.

e) Dandolo, doge de Veneza, fez um acordo com o sultão Saladino durante a Sexta Cruzada.

Resolução:

Letra A. As Cruzadas representaram o começo da crise da Idade Média. O fortalecimento do comércio fez com que a estrutura econômica medieval, com base na agricultura, diminuísse sua predominância. Ademais, a participação dos reis nas expedições foi fundamental para o enfraquecimento do poder dos senhores feudais.

Questão 2

Assinale a alternativa que aponta um legado das Cruzadas:

a) O Islamismo foi o maior derrotado, e o Cristianismo acabou vitorioso, pois retomou para si todos os territórios da Terra Santa.

b) A fé cristã motivou as Cruzadas, mas os islâmicos conseguiram converter os cristãos.

c) A retomada do comércio foi uma das consequências das Cruzadas.

d) O papa reforçou seu domínio ao participar pessoalmente das expedições para o Oriente.

Resolução:

Letra C. A proximidade com o Oriente fez com que o comércio de especiarias se destacasse e reabrisse o mercado europeu para a circulação desse produto.

 

Por Carlos César Higa
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Carlos César Higa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

HIGA, Carlos César. "Cruzadas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/cruzadas.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

Sobre as motivações das Cruzadas, responda às seguintes questões:

a) Qual o interesse da Igreja para com o movimento?

b) Quais os interesses econômicos vinculados às Cruzadas?

Exercício 2

Determine em que séculos o movimento cruzadista aconteceu e a divisão empregada para a organização desse mesmo fato histórico.