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Sousândrade

Sousândrade é um escritor brasileiro do século XIX. Ele é um poeta romântico vinculado à terceira geração e sua obra mais famosa é o poema épico “Guesa errante”.

O poeta Sousândrade
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Sousândrade (ou Joaquim de Sousa Andrade) nasceu em 9 de julho de 1832, na cidade de Alcântara, no Maranhão. Mais tarde, estudou no Rio de Janeiro e também na Universidade de Sorbonne, na França. Era um defensor da abolição e da república. O autor morou mais de dez anos nos Estados Unidos.

O poeta, que morreu em 21 de abril de 1902, em São Luís, faz parte da terceira fase do Romantismo brasileiro, com uma poesia de cunho social, portanto, mais realista. Porém, é considerado, por alguns estudiosos, como pertencente à segunda geração romântica, apesar de sua obra-prima Guesa errante ser precursora da poesia moderna.

Confira nosso podcast: A figura do malandro na literatura brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Sousândrade

  • O escritor brasileiro Sousândrade nasceu em 1832 e faleceu em 1902.

  • Além de escritor, foi prefeito de São Luís do Maranhão.

  • Ele faz parte da terceira fase do Romantismo no Brasil.

  • Seus textos possuem crítica social e pouca idealização.

  • Seu livro mais famoso é o poema épico Guesa errante.

Biografia de Sousândrade

Sousândrade (ou Joaquim de Sousa Andrade) nasceu em 9 de julho de 1832, em Alcântara, no Maranhão. Era filho de fazendeiros e teve uma infância rica. Mais tarde, sua vida seria marcada por viagens a lugares como:

O autor, um abolicionista e republicano, estudou na Universidade de Sorbonne, na França, onde iniciou o curso de Engenharia de Minas. Também começou a estudar medicina, no Rio de Janeiro, porém não chegou a concluir nenhum desses cursos. Anos depois, morou em Nova York, Estados Unidos.

Ele residiu nessa cidade americana, pela primeira vez, de 1871 a 1878, depois, de 1880 a 1884. Aos Estados Unidos, acompanharam o escritor a sua esposa Mariana de Almeida e Silva, além das duas filhas. Maria Bárbara, a filha do casal, estudou em uma escola católica em Nova York.

Já Vana (Valentina Sousa Andrade) era “filha natural” de Sousândrade, isto é, fruto de outro relacionamento dele. Mais tarde, na década de 1890, o escritor, separado da esposa, morou na Quinta da Vitória, enquanto a ex-esposa e as filhas viveram no Colégio de Indústria, em São Luís, onde Vana era professora e a irmã, diretora.

Nos Estados Unidos, a partir de 1975, o poeta foi redator e vice-presidente do periódico O Novo Mundo. No Brasil, com a Proclamação da República, foi prefeito de São Luís, participou da elaboração da Constituição Republicana do Maranhão e desenhou a bandeira do estado do Maranhão. O autor morreu em 21 de abril de 1902, em São Luís do Maranhão.

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Obras de Sousândrade

  • Harpas selvagens (1857)

  • Obras poéticas (1874)

  • Guesa errante (1884)

  • Harpa de ouro (1889)

  • Novo Éden (1893)

Veja também: José de Alencar — um dos principais representantes do romantismo no Brasil

Poemas de Sousândrade

  • Canção de Cusset”

No poema “Canção de Cusset”, do livro Harpas selvagens, o eu lírico conversa com uma mulher, a quem ele chama de “moreninha”, e apresenta uma perspectiva mais realista do amor, uma temática recorrente no Romantismo brasileiro, já que entende que ele só se mantém com a beleza física e a juventude. Diante disso, a voz poética manifesta seu desejo de não amar, já que tal sentimento é passageiro.

Se fosses, moreninha, sempre bela,
Tão bela como és hoje nesta idade,

Eu fora exp’rimentar se amor perdura,
Te amando muito.

Eu sei que amor existe enquanto brilha
A flor da mocidade resplandente;

Porém, que logo morre, quando os anos
A vão murchando.

O sonho que de noite nos embala
Em vagas estranhezas não sonhadas,

Apaga-se com o sol — rompendo as nuvens,
Ele é qual é:

Não sabes, moreninha, que os amores
São astros deste céu do nosso tempo?

É noite que, passando, além d’aurora
Deixa a lembrança?

Não quero pois amar, sentir não quero
A dor que sempre dói, que sempre dura

Daquilo que passou tão docemente
E tão depressa!
[...]

Saiba mais: Condoreirismo — nome atribuído à terceira geração romântica

  • O príncipe africano”

Já no longo poema “O príncipe africano”, também do livro Harpas selvagens, o eu lírico mostra o diálogo entre dois amantes em terras africanas. O príncipe se vai, deixando a amada a sofrer, e morre em um naufrágio:

Bela escrava da minha alma,
Do teu príncipe senhora,

Adeus — a ilha m’espera,
Já desponta a rubra aurora.”

Não, ó príncipe, não fujas
Da sombra da tamareira:

Só contigo, como é doce
Descansar nesta ribeira!

Olha, a praia é tão deserta,
Tão deserto este areal...

Vejo o mar leão sanhudo
Com sua juba de cristal.”

Filha da noite sem astros
Ó filha minha, Nydah!

Flor do verde sicômoro,
Dias de sol do Saarah,

Mil homens levam a guerra
Às margens do Senegal:

Em ferros trarei mil homens
Nestes caminhos de sal.

Quando a lua andar três vezes,
Vindo depois a nascer,

Dos teus braços desatado
Nos meus braços te hás dever.”
[...]

Ele já vê-se em caminho,
A vida na morte está;

Mas, vê-se vivo: m’espera!
Brada “ó alma de Nydah!”

Ninguém sabe aonde o junco
Acaso fora encostar —

Naufragado, em terra imiga,
Pelas costas de além mar:
[...]

Dizem ser a alma do príncipe
Que futuros vem contar:

Perderam seu rei, sua tribo
Terras altas de Dacar.

  • Guesa errante”

Capa do livro “Guesa errante”, de Sousândrade, publicado pela editora Valer.[1]
Capa do livro “Guesa errante”, de Sousândrade, publicado pela editora Valer.[1]

Guesa errante, ou simplesmente O Guesa, é a obra-prima de Sousândrade. Esse poema épico é dividido em 13 cantos (VI, VII, XII e XIII ficaram inacabados), escritos entre 1858 e 1884. Essa narrativa em versos decassílabos conta a história do lendário Guesa Errante, uma espécie de Ulisses indígena em sua odisseia mundo afora.

O jovem Guesa, o protagonista, é de origem colombiana. Como fez o mitológico herói Bochica, está fadado a peregrinar para depois ser sacrificado em honra ao deus do Sol. Desse modo, o poema está centrado na cultura indígena, mas também considera a do colonizador. Para isso, utiliza mitos e fatos históricos.

Essa narrativa inovadora, repleta de neologismos e com traços autobiográficos, tem início nos Andes. Porém, o herói vai conhecer a Floresta Amazônica, o Brasil, a Europa, a África e, também, Nova York:

Vinde a New-York, onde há lugar pra todos,
Pátria, se não esquecimento, — crença,

Descanso, e o perdoar da dor imensa,
E o renascer-se à luta dos denodos.

A obra possui elementos que destoam do Romantismo. Um deles é o fato de o protagonista não ser um índio brasileiro. Dessa forma, há destaque não para o nacionalismo, mas para o pan-americanismo. Além disso, não se vê a idealização do índio, e são mostrados os problemas reais dos povos indígenas.

Leia também: Casimiro de Abreu — poeta nostálgico da segunda geração romântica

Estilo literário de Sousândrade

Sousândrade é um poeta da terceira geração romântica, cujas obras apresentam as seguintes características:

  • Temática social;

  • Pouca idealização;

  • Culto à liberdade;

  • Literatura engajada;

  • Imagens hiperbólicas;

  • Apelo emocional;

  • Teocentrismo;

  • Uso de vocativos;

  • Recorrência de exclamações.

No entanto, como sua primeira obra foi publicada em 1857, alguns críticos o situam na segunda geração romântica. Além disso, os concretistas Augusto de Campos e Haroldo de Campos (1929–2003), que redescobriram o autor no século XX, o consideram precursor da poesia moderna.

Videoaula sobre a terceira geração do romantismo no Brasil (Poesia)

Créditos de imagem

[1] Editora Valer (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Sousândrade"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/sousandrade.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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