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Condoreirismo

O condoreirismo foi um movimento do romantismo brasileiro que apresentou crítica social e visão abolicionista. Seu principal representante foi o poeta baiano Castro Alves.

Condor, ave da Cordilheira dos Andes que é o símbolo do condoreirismo, voando no céu.
O condor, ave da Cordilheira dos Andes, é o símbolo do condoreirismo, terceira geração romântica no Brasil.
Crédito da Imagem: Shutterstock
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Condoreirismo foi o movimento literário associado à terceira geração romântica no Brasil. O termo tem origem na palavra “condor”, ave da Cordilheira dos Andes escolhida pelos poetas dessa geração para simbolizar a liberdade. As obras condoreiras apresentam crítica sociopolítica, apelo emocional e caráter abolicionista. Castro Alves foi o principal poeta desse movimento.

Leia também: Indianistas — movimento literário associado à primeira geração romântica no Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre condoreirismo

  • Condoreirismo foi o movimento literário associado à terceira geração do romantismo brasileiro.

  • A poesia condoreira foi marcada pela crítica social e por seu caráter abolicionista.

  • O principal poeta desse movimento romântico foi o baiano Castro Alves.

  • A principal obra do condoreirismo é o livro Os escravos, de Castro Alves.

Videoaula sobre a terceira geração do romantismo no Brasil

O que é condoreirismo?

O condoreirismo foi uma vertente do romantismo brasileiro que teve seu auge entre os anos 1870 e 1880 e abarcou as obras dos poetas da terceira geração romântica. Tais autores foram inspirados pelo escritor francês Victor Hugo (1802-1885), o qual escolheu a águia como símbolo de liberdade. Assim, no Brasil, país do continente americano, o condor foi eleito símbolo de liberdade.

Contexto histórico do condoreirismo

O condoreirismo surgiu no final do Segundo Reinado (1840-1889). Durante a regência de D. Pedro II (1825-1891), importantes leis que prenunciavam o fim da escravidão foram aprovadas. A Lei Eusébio de Queirós (1850) criminalizava o tráfico de escravos. A Lei do Ventre Livre (1871) permitia que todas as crianças filhas de mães escravizadas, nascidas a partir dessa data, fossem livres. E a Lei dos Sexagenários (1885) libertava todas as pessoas escravizadas com 60 anos de idade ou mais.

Além disso, a partir de 1860, muitos donos de fazendas de café passaram a utilizar mão de obra imigrante. No entanto, a escravidão ainda persistia e passou a ser temática da poesia romântica, que clamava pela liberdade dos escravizados.

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Características do condoreirismo

As principais características do condoreirismo foram as seguintes:

  • Crítica sociopolítica.

  • Realismo social.

  • Caráter subjetivo.

  • Imagens hiperbólicas.

  • Uso de vocativos e exclamações.

  • Presença da realidade.

  • Menor idealização.

  • Apelo emocional.

  • Visão libertária.

  • Aspecto abolicionista.

Algumas dessas características (tais como denúncia social, apelo emocional, vocativos e exclamações) podem ser apontadas na estrofe abaixo, do poema abolicionista O navio negreiro, de Castro Alves. Nela, o eu lírico prepara o(a) leitor(a) para o chocante cenário de um navio negreiro:

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d’amarguras!
É canto funeral!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!|1|

Autores do condoreirismo

Obras do condoreirismo

Capa do livro “Os escravos”, de Castro Alves, uma das obras do condoreirismo.
Capa do livro Os escravos, de Castro Alves, publicado pela editora L&PM.[1]
  • Espumas flutuantes (1870), de Castro Alves.

  • Dias e noites (1881), de Tobias Barreto.

  • Os escravos (1883), de Castro Alves.

  • O guesa errante (1884), de Sousândrade.

Veja também: Ultrarromantismo — movimento literário associado à segunda geração romântica no Brasil

Exercícios resolvidos sobre condoreirismo

Questão 1

(Unimontes) Leia com atenção os dois excertos retirados do poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves.

PARTE I

’Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.

’Stamos em pleno mar… Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro…

’Stamos em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?…

PARTE IV

Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

A partir da leitura dos fragmentos, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Há visível oposição entre as partes destacadas, pois o texto I apresenta conotação ufanista e a parte IV revela denúncia social.

B) Os dois excertos apresentam tom semelhante de apelo, evidenciando a preocupação abolicionista do eu poético.

C) Na parte I, em destaque, nota-se o relevo dado à paisagem e a uma concepção geral de que o infinito cerca os homens.

D) Na parte IV, a menção de sonho dantesco abre-se a uma visão terrível, infernal, que evidencia a crueldade das cenas.

Resolução:

Alternativa B

O segundo excerto apresenta denúncia social e, indiretamente, revela a preocupação abolicionista do eu poético. Já o primeiro excerto apresenta idealização da natureza brasileira.

Questão 2

(Unimontes) Leia os fragmentos a seguir, extraídos de “O navio negreiro” e “A canção do africano”, respectivamente:

Texto I

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...

(ALVES, 2007, p. 16.)

Texto II

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...

De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!

(ALVES, 2007, p. 29.)

Sobre os poemas “O navio negreiro” e “A canção do africano”, de Castro Alves, todas as afirmativas abaixo contêm associações corretas, EXCETO

A) “A canção do africano” — exploração do discurso do exílio.

B) “A canção do africano” — preocupação social e étnica.

C) “O navio negreiro” — expressão do amor lírico e intimista.

D) “O navio negreiro” — consciência épica dos aspectos raciais e culturais.

Resolução:

Alternativa C

O poema “O navio negreiro” evidencia o horror da escravidão no Brasil, portanto, não traz a expressão do amor lírico e intimista.

Notas

|1|CASTRO ALVES. O navio negreiro. In: CASTRO ALVES. Os escravos. Rio de Janeiro: Tipografia da Escola de Serafim José Alves, 1884.

Crédito de imagem

[1]L&PM Editores (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

CASTRO ALVES. O navio negreiro. In: CASTRO ALVES. Os escravos. Rio de Janeiro: Tipografia da Escola de Serafim José Alves, 1884.

LEMOS, Wagner. Sergipe entre Literatura & História: coletânea de artigos. Aracaju: SEDUC, 2021.

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Condoreirismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/condoreirismo.htm. Acesso em 16 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados

..............................................................................................

E ao ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos

............................................................................................................

Pense no Haiti, reze pelo
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui.

(Tropicália 2, Polygram, 1993.)

O trecho da canção que você leu agora, com letra de Caetano Veloso e música de Caetano e Gilberto Gil, estabelece uma interessante relação dialógica com a seguinte corrente literária:

a) Primeira fase do Romantismo.

b) Realismo.

c) Naturalismo.

d) Parnasianismo.

e) Condoreirismo.

Exercício 2

Quebraram-se as cadeias, é livre a terra inteira,

A humanidade marcha com a Bíblia por bandeira;

São livres os escravos... quero empunhar a lira,

Quero que est'alma ardente um canto audaz desfira,

Quero enlaçar meu hino aos murmúrios dos ventos,

As harpas das estrelas, ao mar, aos elementos!

No fragmento acima, pertencente a um poema de Castro Alves, notam-se características de qual tendência romântica?

a) Mal do século. 

b) Bucolismo. 

c) Poesia Condoreira. 

d) Nacionalismo.

e) Indianismo.

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