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Gonçalves de Magalhães (Domingos José Gonçalves de Magalhães) é um escritor brasileiro. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de agosto de 1811. Mais tarde, estudou medicina, mas nunca exerceu a profissão. O autor foi secretário do governador Duque de Caxias, além de atuar na carreira diplomática.
O poeta é o introdutor do Romantismo no Brasil, com seu livro Suspiros poéticos e saudades, publicado em 1936. Essa obra possui caráter nacionalista, assim como seu poema épico e indianista A Confederação dos Tamoios. Magalhães faleceu em 10 de julho de 1882, em Roma, na Itália.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Gonçalves de Magalhães
- 2 - Biografia de Gonçalves de Magalhães
- 3 - Importância para o Romantismo
- 4 - Características literárias de Gonçalves de Magalhães
- 5 - Obras de Gonçalves de Magalhães
- 6 - Suspiros poéticos e saudades
Resumo sobre Gonçalves de Magalhães
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O autor Gonçalves de Magalhães nasceu em 1811 e morreu em 1882.
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Além de poeta, também atuou como deputado e ministro plenipotenciário.
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O escritor é o introdutor do Romantismo no Brasil.
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Suas obras possuem elementos indianistas e nacionalistas.
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Seu livro mais famoso é a obra Suspiros poéticos e saudades.
Biografia de Gonçalves de Magalhães
Gonçalves de Magalhães (Domingos José Gonçalves de Magalhães) nasceu em 13 de agosto de 1811, no Rio de Janeiro. Era filho de Pedro Gonçalves Magalhães Chaves (1755-1841), descendente de nobres portugueses. Mais tarde, com 15 anos de idade, o autor começou a escrever poesia.
Por volta de 1827, ficou amigo do pintor Manuel José de Araújo Porto-Alegre (1806-1879). Magalhães usava o pseudônimo de Osmindo; enquanto Porto-Alegre, de Elmano. No ano seguinte, começou a estudar medicina. Em 1832, também frequentou as aulas de filosofia no Seminário Episcopal de São José.
Nesse ano, formou-se em medicina. A princípio, o poeta pretendia ingressar na carreira de professor da Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, mas decidiu partir para a França, embarcando em um navio no dia 3 de julho de 1833. Na Europa, já estava seu amigo Porto-Alegre.
No navio, sofreu com os enjoos dos primeiros dias e outros desconfortos da viagem. Por fim, desembarcou na Europa em 11 de setembro de 1833. Ali se juntou ao amigo Porto-Alegre. Em terras estrangeiras, teve contato com o Romantismo francês. Em setembro de 1834, deixou Paris para conhecer a Itália, juntamente com Porto-Alegre.
Os dois amigos se separaram em Tívoli, quando Magalhães seguiu sozinho para Ferrara e, em seguida, Veneza, entre outras cidades. Regressou a Paris, em 1835, para ocupar um posto de adido. Mas foi demitido em abril de 1836, após desentendimento com seu chefe. Antes de voltar ao Brasil, participou da publicação da revista de ciências, letras e artes Niterói, de curta duração.
No ano de 1836, também publicou, em Paris, sua principal obra — Suspiros poéticos e saudades. O poeta chegou ao Brasil em 14 de maio de 1837. Antônio José ou O poeta e a Inquisição, que estreou em 13 de março de 1838, fez um sucesso estrondoso. Nesse mesmo ano, o escritor se tornou professor de Filosofia do Colégio Pedro II.
Em 1839, foi nomeado secretário do governador do Maranhão Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880) — o Duque de Caxias. Voltou ao Rio de Janeiro em 1841 e, no ano seguinte, retomou seu posto no Colégio Pedro II. Porém, em 1842, Caxias, agora governador do Rio Grande do Sul, convidou o poeta a ocupar, mais uma vez, o cargo de secretário de governo.
Gonçalves de Magalhães iniciou os trabalhos em janeiro de 1843. Mais tarde, em 1846, tornou-se deputado geral pelo Rio Grande do Sul. No ano de 1847, casou-se e foi nomeado cônsul-geral em Nápoles, Itália, e depois encarregado de negócios. Em 1855, conseguiu alguns meses de licença e regressou ao Brasil. Mas, no mesmo ano, voltou à Itália.
Foi transferido para a Rússia, em 1857, e para a Espanha, em 1858. No ano seguinte, recebeu promoção e se tornou ministro residente em Viena. Já em 1867, assumiu o cargo de ministro plenipotenciário nos Estados Unidos. Em 1871, ocupou o mesmo posto na Argentina e recebeu, no ano seguinte, o título de barão de Araguaia. Já em 1874, tornou-se visconde. Morreu em 10 de julho de 1882, em Roma, na Itália.
Importância para o Romantismo
O livro Suspiros poéticos e saudades é a primeira obra romântica brasileira, publicada no ano de 1836. Portanto, Gonçalves de Magalhães introduziu o Romantismo no Brasil. Daí sua importância para o Romantismo e para a literatura brasileira.
Características literárias de Gonçalves de Magalhães
Gonçalves de Magalhães é um poeta pertencente à primeira geração romântica. Assim, suas obras literárias apresentam caráter nacionalista e enaltecem a pátria brasileira. O indianismo é perceptível, já que é evidente a idealização do indígena, o qual é retratado como sendo um herói nacional.
O eu lírico valoriza a natureza, a floresta e os aspectos culturais. Além disso, o amor e a mulher são idealizados. As poesias do autor possuem rigor formal, ou seja, apresentam rimas e versos metrificados. É possível também observar a presença de elementos teocêntricos.
Leia também: José de Alencar — um dos consolidadores do romance no Brasil
Obras de Gonçalves de Magalhães
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Poesias (1832) — poesia.
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Suspiros poéticos e saudades (1836) — poesia.
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Antônio José ou O poeta e a Inquisição (1838) — peça teatral.
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Olgiato (1841) — peça teatral.
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A Confederação dos Tamoios (1856) — epopeia.
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Os mistérios (1857) — poesia.
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Os fatos do espírito humano (1858) — filosofia.
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Os indígenas do Brasil perante a História (1860) — filosofia.
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Urânia (1862) — poesia.
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Cânticos fúnebres (1864) — poesia.
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Poesias avulsas (1864) — poesia.
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A alma e o cérebro (1876) — filosofia.
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Comentários e pensamentos (1880) — filosofia.
Suspiros poéticos e saudades
Suspiros poéticos e saudades é um livro de poesias de Gonçalves de Magalhães. Segunda obra publicada pelo poeta, ele traz elementos condizentes com a estética romântica. Portanto, é uma obra sentimental, de caráter idealizador. A primeira parte é intitulada “Suspiros poéticos” e apresenta poemas como “A fantasia”, que valoriza a amizade e a fuga da realidade:
Para dourar a existência
Deus nos deu a fantasia;
Quadro vivo, que nos fala,
D’alma profunda harmonia.
Como um suave perfume,
Que com tudo se mistura;
Como o sol que flores cria,
E enche de vida a natura.
Como a lâmpada do templo
Nas trevas sozinha vela,
Mas se volta a luz do dia
Não se apaga, e sempre é bela.
Dos pais, do amigo na ausência,
Ela conserva a lembrança,
Aviva passados gozos,
E em nós desperta a esperança.
Por ela sonho acordado,
Subo ao céu, mil mundos gero;
Por ela às vezes dormindo
Mais feliz me considero.
Por ela, meu caro Lima,
Viverás sempre comigo;
Por ela sempre a teu lado
Estará o teu amigo.
“As saudades” é o título da segunda parte da obra e possui poemas como “Adeus à pátria”. Nesse longo poema, de teor nacionalista, o eu lírico enaltece o Brasil, em melancólico tom de despedida:
Adeus, oh Pátria amada,
Terra saudosa, onde eu abri meus olhos
Pela vez prima ao sol americano;
Onde nos braços maternais suspenso,
O teu amor co’a vida
No albor dos anos meus fruí gostoso.
Oh margens do Janeiro,
Eu me ausento de vós com mágoa e pranto!
Adeus, brilhante céu da terra minha!
Adeus, oh serras que vinguei difícil!
Adeus, sombrias várzeas,
Que vezes passeei meditabundo.
[...]
A ti me voto inteiro,
Tu és o meu amor, minha alma é tua.
Só para te ofertar flores cultivo
Nos mágicos jardins da Poesia;
Se te apraz seu aroma,
Ah! como fico de prazer ufano!
[...]
Oh Senhor, tu proteges
O povo que se vota à Liberdade;
A Liberdade é dom que nem tu mesmo
Aos homens tiras; como um mortal ousa,
Erguido pó da terra,
Eclipsar os teus dons, manchar teu nome?
Cara Pátria, sem susto
Tua fronte levanta majestosa,
Como tuas montanhas, e teus bosques!
Não sejas só no mundo conhecida
Por teus ricos tesouros,
Pelos prodígios da sem-par Natura.
[...]
Como serei ditoso
Se dado ainda me for correr teus campos,
Beijar de anosos pais as mãos rugosas,
Abraçar os amigos, e arroubado
Nesse celeste instante
Novos, oh Pátria, cânticos tecer-te.
Por Warley Souza
Professor de Literatura