Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Haroldo de Campos

Haroldo de Campos, um dos fundadores do concretismo, é um poeta, tradutor e crítico literário brasileiro.

Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Haroldo de Campos, escritor brasileiro, nasceu em 19 de agosto de 1929, em São Paulo. Seu primeiro livro — O auto do possesso — foi publicado em 1950. Dois anos depois, o escritor formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade de São Paulo (USP). Nesse ano, em parceria com Augusto de Campos e Décio Pignatari (1927-2012), criou a revista Noigandres (1952-1962), veículo de divulgação do movimento concretista.

O poeta, que faleceu em 16 de agosto de 2003, em São Paulo, produziu obras caracterizadas pelo aspecto verbivocovisual, isto é, compostas por meio da harmonia entre a palavra, o som e a imagem. Dessa forma, o chamadopoema objeto” é realizado por meio da valorização do espaço da página.

O autor, um dos fundadores do concretismo, ganhou oito prêmios Jabuti, além do Prémio Octavio Paz (México) e o título de doutor honoris causa pela Universidade de Montreal, no Canadá.

Leia também: Guimarães Rosa – importante representante da terceira fase modernista

Tópicos deste artigo

Biografia de Haroldo de Campos

Haroldo de Campos, na foto de capa do seu livro O segundo arco-íris branco, publicado pela editora Iluminuras.[1]
Haroldo de Campos, na foto de capa do seu livro O segundo arco-íris branco, publicado pela editora Iluminuras.[1]

Haroldo de Campos nasceu em 19 de agosto de 1929, na cidade de São Paulo. Além de poeta, foi tradutor e crítico literário. Sua produção literária inicial está relacionada à geração de 1945. No entanto, em 1950, publicou seu primeiro livro — O auto do possesso —, que possui traços surrealistas. Estudante da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o poeta formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, no ano de 1952.

Nesse mesmo ano, com Augusto de Campos e Décio Pignatari, criou a revista Noigandres, veículo usado para a fundação do movimento concretista. Assim, participou da Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, na cidade de São Paulo, e em 1957, no Rio de Janeiro. Além disso, de 1960 a 1967, escreveu para o periódico Correio Paulistano e, em 1962, escreveu seu ensaio mais famoso — “Da tradução como criação e como crítica” —, no qual traz o revolucionário conceito de transcriação.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Com auxílio proveniente da bolsa Guggenheim, Haroldo de Campos começou seu doutorado, cuja temática é a obra Macunaíma (1928), de Mário de Andrade (1893-1945). Desse modo, em 1972, concluiu, pela USP, o doutorado em Letras. O poeta e tradutor também foi professor visitante na Universidade do Texas, Estados Unidos, nos anos de 1971, 1978 e 1981, e professor titular da Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no setor de Comunicação e Semiótica, até 1989.

O autor, que morreu em 16 de agosto de 2003, em São Paulo, conseguiu fazer uma ponte entre a literatura e as artes visuais, além de inovar na teoria da tradução. Seus estudos, também, contemplaram o barroco, estilo cuja influência pode ser notada em sua obra concretista. Ademais, traduziu (ou transcriou) textos de:

  • Homero (século VIII a. C.)
  • Mallarmé (1842-1898)
  • Goethe (1749-1832)
  • Mayakovsky (1893-1930)
  • livros da Bíblia

O poeta recebeu os seguintes prêmios e homenagens:

  • Prêmio Jabuti (1991) — pela tradução da obra Qohélet/O-que-sabe: Eclesiastes
  • Prêmio Jabuti (1992) — Personalidade Literária do Ano
  • Prêmio Jabuti (1993) — pela obra Os melhores poemas de Haroldo de Campos
  • Prêmio Jabuti (1994) — pela tradução da obra Hagoromo de Zeami
  • Título de doutor honoris causa (1996) — Universidade de Montreal, no Canadá
  • Prêmio Jabuti (1999) — pela obra Crisantempo
  • Prémio Octavio Paz (1999) — México
  • Prêmio Jabuti (2002) — pela tradução da obra Ilíada, de Homero
  • Prêmio Jabuti (2003) — pela tradução da obra Ilíada, de Homero (volume 2)
  • Menção honrosa do Prêmio Jabuti (2004) — pela participação na tradução da obra Ungaretti — daquela estrela à outra

Características literárias de Haroldo de Campos

Haroldo de Campos é um dos fundadores do concretismo brasileiro, que possui as seguintes características:

  • Rompimento com a poesia intimista
  • Busca da materialidade das palavras
  • Perspectiva verbivocovisual
  • Metalinguagem
  • Não obrigatoriedade de versos
  • Objetividade
  • Imagem plurissignificativa
  • Defesa do poema-objeto
  • Valorização do espaço da página
  • Disposição não linear das palavras
  • Caráter experimental na estruturação do poema

Leia também: Ferreira Gullar – criador do neoconcretismo

Obras de Haroldo de Campos

  • Auto do possesso (1950)
  • A arte no horizonte do provável (1972)
  • Morfologia do Macunaíma (1973)
  • Xadrez de estrelas (1976)
  • Signância: quase céu (1979)
  • Galáxias (1984)
  • A educação dos cinco sentidos (1985)
  • Crisantempo (1998)
  • A máquina do mundo repensada (2000)
  • Entremilênios (2009)
  • Metalinguagem & outras metas (2010)
  • O segundo arco-íris branco (2010)

Veja também: Ana Cristina Cesar – importante representante da poesia marginal

Poemas de Haroldo de Campos

No poema “âmago do ômega”, de 1955, o poeta usa recursos como:

  • o trocadilho (âmago/ ômega)
  • o duplo sentido (“â mago do ô mega”, “um corpo cristalino” e “um corpo a corpo”, “zero” e “zênit”)
  • a visualidade (a persistência do olho em “um olho/ um ouro/ um osso” e a recriação do zero em “ero/ Z ao/ ênit”)
  • a aliteração (pétala parpadeando cílios/ pálpebra)
  • a assonância na repetição da vogal “o”

Assim, o poema realiza sua proposta verbivocovisual, isto é, o uso da palavra em busca da sonoridade e como matéria-prima para a criação de imagens que surgem do nada (ex-nihilo):

Já no poema “nascemorre”, de 1958, no aspecto visual, é possível identificar dois triângulos (ou pirâmides) divididos, com uma das partes invertida, como se fosse uma espécie de espelho ou reflexo. A temática é centrada no contraste entre o nascimento e a morte, oposição eliminada pela ideia de que uma ação é consequência da outra, ou seja: se nasce, morre, se morre, nasce. Daí o uso da partícula “re”, que dá a ideia de repetição, e “des”, que sugere o retorno.

Quanto ao aspecto sonoro, ele é forjado pela repetição das palavras “nasce” e “morre”, portanto, na reprodução dos sons de “sc”, “rr”, “a”, “e” e “o”, que intensificam a ideia da repetição do ato de nascer e morrer:

 

Crédito de imagem

[1] Editora Iluminuras (reprodução) 

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Haroldo de Campos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/haroldo-de-campos.htm. Acesso em 02 de novembro de 2024.

De estudante para estudante