Religião

Religião é um sistema organizado de crenças e práticas que une as pessoas em torno do sagrado. Como instituições culturais, variam conforme a sociedade que as pratica.

Religião é um sistema de crenças e práticas que une as pessoas em torno do sagrado. Ela tem um papel de dar significado existencial à vida humana e também pode ser compreendida como uma tentativa de compreender o mistério da vida e do universo, organizando os valores, símbolos e rituais que orientam a vida e o comportamento humano. As religiões são instituições culturais e, portanto, variam conforme a época, o lugar e a sociedade que as pratica. As maiores religiões da atualidade, em número de praticantes, são o cristianismo, o islamismo, o hinduísmo, o budismo e o judaísmo.

Leia também: Diferença entre religião e seita

Tópicos deste artigo

Resumo sobre religião

  • A religião expressa o esforço humano de se conectar ao sagrado, à natureza ou ao sentido da existência.
  • Entre as principais religiões do mundo, em número de praticantes, estão o cristianismo, o islamismo, o hinduísmo, o budismo, e o judaísmo.
  • As religiões podem ser classificadas em monoteístas, politeístas, henoteístas, não teístas e animistas.
  • A religiosidade brasileira reflete a diversidade cultural formada pela mistura de povos europeus, africanos, indígenas e asiáticos. Segundo o IBGE (2022), o catolicismo reúne 56,7% da nossa população, o protestantismo evangélico, 26,9%, o espiritismo, 1,8%, e as religiões afro-brasileiras, 1%. Já os “sem religião” somam 9,3%.
  • Religião e religiosidade são conceitos relacionados, mas distintos. Religião é uma instituição social que organiza o sagrado por meio de doutrinas, ritos, hierarquias e práticas coletivas. Já a religiosidade é a vivência individual e subjetiva da fé, o sentimento interior de ligação com o transcendente, que pode existir tanto dentro quanto fora de instituições formais.

O que é religião?

Símbolos das cincos maiores religiões do planeta.

A palavra “religião” vem do latim “religare”, que significa ligar novamente, reconectar. Essa origem da palavra já diz muito, pois a religião busca unir o ser humano a algo maior que ele, seja uma divindade, seja a natureza, o universo ou um sentido para a existência.

Para o sociólogo francês Émile Durkheim, um dos fundadores da Sociologia, religião é um sistema de crenças e práticas que une as pessoas em torno do sagrado, que é aquilo que é separado do cotidiano e digno de respeito. Para ele, toda religião cumpre um papel social de criar laços entre os indivíduos de uma comunidade, de estabelecer regras morais de convivência e de ajudar a formar uma identidade compartilhada nessa comunidade.

Já para o professor Mircea Eliade, filósofo romeno e grande estudioso das religiões, o papel da religião vai além de sua função social, ela tem um papel de dar significado existencial à vida humana. Para ele, o ser humano é, por natureza, o que chamou de homo religiosus, alguém que precisa dar sentido à própria vida por meio do contato com o sagrado. A experiência religiosa seria então uma forma de encontrar ordem no caos do mundo.

A religião também pode ser compreendida como uma tentativa de compreender o mistério da vida e do universo, organizando os valores, símbolos e rituais que orientam a vida e o comportamento humano.

A religião, ou melhor, as religiões, são conjuntos complexos de respostas às grandes questões da existência humana, como: “De onde viemos?”, “Por que estamos aqui?” e “O que há depois da morte?”. Cada cultura, cada povo, cada época formula respostas diferentes para essas grandes questões, mas o impulso é o mesmo: buscar sentido na vida e um sentimento de pertencimento do indivíduo à comunidade.

A religião é, para as Ciências Humanas, uma marca distintiva fundamental das sociedades humanas em todas as épocas e lugares. Ela reflete a cultura, os valores, a identidade e a história de um povo, de uma época e de um lugar.

Principais religiões do mundo

A humanidade abriga uma imensa diversidade de crenças e tradições religiosas. Essa pluralidade revela que a religião é um fenômeno universal, porém cultural, ou seja, que assume diferentes formas conforme a cultura e a história de cada povo.

As principais religiões da humanidade, as mais praticadas, surgiram em diferentes épocas e lugares, mas respondendo a algumas inquietações comuns entre elas, como o medo da morte, a busca por justiça, o desejo de compreender o mundo e o papel do ser humano nesse mundo.

Entre as religiões mais difundidas da atualidade, estão:

  • Cristianismo

O cristianismo é uma religião centrada na figura de Jesus Cristo e em valores, originalmente, como o amor ao próximo, perdão e solidariedade. No entanto, historicamente, há momentos em que se torna difícil perceber esses valores em movimentos autodenominados cristãos, como durante a Inquisição, as Cruzadas e outros momentos de perseguição e violência religiosa cometidas em nome do Cristo. No entanto, em suas raízes, o cristianismo é uma fé baseada no amor, na tolerância, na paz e na caridade.

É a religião mais praticada do mundo atualmente, com cerca de 2,27 bilhões de praticantes em 2020. Entretanto, há uma tendência de queda percentual de sua participação mundial, sendo que, em 2010, correspondiam a 30,6% dos praticantes do globo e, em 2020, esse número caiu para 28,8%.|1|

O cristianismo tem sua origem no século I d.C. (depois de Cristo), na Judeia (então Palestina romana), marcação de data que já ressalta a importância dessa fé na história do mundo ocidental, que demarca seu calendário a partir do nascimento de Jesus Cristo.

É uma religião monoteísta (acredita e adora apenas um Deus) e que possui como livro sagrado a Bíblia, conjunto de escritos que contam com livros sagrados para os judeus (Velho Testamento) e alguns relatos da vida de Jesus (Evangelhos) e cartas deixadas pelos discípulos do Cristo (Novo Testamento).

Os principais ritos do cristianismo são o batismo e a eucaristia, entre outros sacramentos, conforme a tradição. O sacerdócio é exercido por padres, pastores e bispos (conforme a denominação cristã) e há o costume de se reunirem em um templo, comumente referido como “igreja”.

Os locais no globo onde essa fé é mais praticada atualmente são as Américas, a Europa e a África Subsaariana. A maior população concentrada em um país a praticar essa fé é a dos Estados Unidos da América.

Interior de uma igreja cristã católica na França. [1]
  • Islamismo

O islamismo é uma religião fundada no séc. VII, em Meca e Medina, cidades hoje localizadas na Arábia Saudita. Tem como profeta Maomé (Mohamed) e segue o livro sagrado Alcorão. É uma religião monoteísta, que valoriza a submissão ao Deus único (Alá) e a prática de cinco pilares fundamentais: a fé, a oração, a caridade, o jejum no mês do Ramadã e a peregrinação a Meca.

Doutrinária e historicamente, é uma religião com muita influência tanto do judaísmo quanto do cristianismo, por mais que as disputas religiosas históricas e os episódios de intolerância religiosa de parte a parte entre essas tradições religiosas obscureçam por vezes suas similaridades e parentesco.

Os ritos centrais nessa fé são a oração diária (salat) e oração à Caaba (pedra sagrada localizada em Meca). O sacerdócio é exercido por um imã (líder do culto local) em um templo chamado de mesquita.

É a segunda maior religião do mundo em número de praticantes, com cerca de 2,02 bilhões de praticantes em 2020, enquanto sua participação percentual mundial tem crescido rapidamente nas últimas décadas, saindo de 23,8%, em 2010, do total dos praticantes de religiões no mundo para 25,6% em 2020.|2|

Interior de mesquita islâmica no Tajiquistão.[2]
  • Hinduísmo

O hinduísmo é uma das religiões mais antigas da humanidade, com raízes que remontam ao II milênio a.C. no subcontinente indiano (atual Índia). Não possui um fundador único e comporta um vasto conjunto de crenças, como o karma, a reencarnação e a busca pela libertação espiritual (moksha).

É uma religião politeísta (crença em muitos deuses) ou, segundo alguns, henoteísta (em que se cultua uma única divindade, considerada suprema, mas sem negar a existência de outros deuses). Possui diversos textos sagrados, como os Vedas, o Bhagavad-Gita, Upanixades, entre outros. Entre os principais ritos, está a puja (culto/oferta), festivais, peregrinações e diversas práticas relacionadas ao karma e ao dharma, conceitos centrais nessa fé.

Como uma explicação introdutória, podemos afirmar que karma e dharma são conceitos interligados no hinduísmo. Dharma se refere ao dever, propósito de vida e conduta correta. Já o karma é a lei de causa e efeito, na qual suas ações (baseadas ou não no dharma) determinam seu futuro e reencarnações. Agir conforme o dharma gera bom karma, e vice-versa. No entanto, os praticantes assíduos e conhecedores profundos dessa religião certamente considerarão essa explicação muito superficial, o que dá uma dimensão da complexidade dessa religião.

O sacerdócio, nessa fé, é vinculado aos brâmanes, e os templos são conhecidos por mandir. É uma religião praticada atualmente por cerca de 1,2 bilhão de pessoas,  sendo que 95% dos hindus do mundo estão localizados na Índia, com presenças relevantes também no Nepal, Bangladesh, Sri Lanka e nas diásporas (imigrantes) desses países nos EUA, Reino Unido e Emirados Árabes. A participação global tem se mostrado estável nas últimas décadas, em torno de 14,9%.|3|

Templo hindu em Dibrugarh, Assam, Índia.[3]
  • Budismo

Criado por Sidarta Gautama, o Buda, no nordeste do subcontinente indiano, no século VI a.C., essa doutrina busca ensinar o caminho do equilíbrio e da compaixão e mostrar que o sofrimento humano pode ser superado pelo autoconhecimento.

É uma religião não teísta (enfatiza o caminho ético e meditativo do indivíduo, e não a crença e adoração de divindades). Entre seus textos sagrados, estão o Tripitaka (Cânone Páli) e um vasto corpo de sutras (Mahayana), entre muitos outros textos, a depender da linha de budismo praticada.

O sacerdócio (ou o mais próximo que se pode ter desse conceito nessa doutrina) é praticado nas comunidades (sangha) pelos monges (bhikkhus) e monjas (bhikkhunis). Os principais ritos são a meditação, a observância da Nobre Senda Óctupla, os retiros e os festivais.

Essa religião é praticada por cerca de 324 milhões de pessoas, estando elas principalmente no Sudeste Asiático, que contém 98% dos praticantes, em países como Japão, China, Coreias, Vietnã, Tailândia, Camboja, Mianmar e Sri Lanka, além das diásporas (imigrantes) desses países no mundo. A Tailândia possui a maior população budista nacional do mundo. A participação do budismo na população mundial é de cerca de 4,1%.

Monges budistas no Mosteiro de Lamayuru lendo textos sagrados em Ladakh, Índia, berço dessa religião.[4]
  • Judaísmo

Uma das mais antigas religiões monoteístas do mundo, essa fé é base para outras religiões como o cristianismo e o islamismo. Fundada sobre a crença na aliança entre o Deus único e o povo hebreu, tem como livro sagrado a Torá.

O judaísmo parte da crença em uma ancestralidade do povo hebreu, que descenderia de Abraão, de uma aliança que este teria feito com o Deus único, aliança posteriormente reafirmada pelo profeta Moisés, que teria recebido, no Monte Sinai, as tábuas inscritas diretamente por Deus com os Dez Mandamentos, base doutrinária dessa fé.

Os livros sagrados são o Tanakh (com a Torá no centro) e o Talmud, que contém a tradição rabínica e que pode ou não ser admitido como sagrado pelos adeptos, apesar da centralidade que esses textos têm nas práticas e valores religiosos dessa doutrina.

Os principais ritos são a preservação do Shabat (sábado), as festas religiosas (Pessach, Yom Kippur, entre outras), o brit milá (circuncisão masculina), o kashrut (leis alimentares judaicas), o Bar mitzvá e Bat mitzvá (cerimônias que marcam a transição dos meninos e meninas para a vida adulta, eles aos 13 anos, elas aos 12).

O sacerdote é chamado de rabino, embora, nessa tradição, eles costumam se identificar mais com o conceito de “professor” ou de “conselheiro” do que com o de “sacerdote” propriamente dito. Ainda assim, são os rabinos que conduzem os ritos religiosos, celebram casamentos, ensinam os princípios da fé e lideram os assuntos religiosos da comunidade, o que são práticas tipicamente sacerdotais. O lugar em que se reúnem é chamado de sinagoga, desde a destruição do Segundo Templo, que ficava em Jerusalém e que é parte importante das histórias que marcam essa fé.

O judaísmo possui cerca de 14,8 milhões de praticantes (0,2% da população mundial), sendo que 85% desse total estão em Israel e nos Estados Unidos da América.

Interior de uma sinagoga judaica em Israel.[5]
  • Religiões de matriz africana

Parte importante das tradições culturais da diáspora africana (nações como a Yorubá, Fon, Bantu, entre outras) que se desenvolveram nas Américas, as religiões de matriz africana formam um conjunto diverso de religiões de grande relevância e representatividade para as nações do continente. No Brasil, que é o maior país de descendência africana fora da África, a importância é ainda maior.

Há centenas de religiões de matriz africana nas Américas, mas algumas das mais praticadas e conhecidas no Brasil são o candomblé e a umbanda, por mais que o sincretismo com elementos europeus (como o catolicismo) e ameríndios marquem grande parte dessas práticas religiosas.

É impossível falar em detalhes desse conjunto de religiões, pois cada uma possui suas próprias características, crenças e história. A título introdutório e ilustrativo, enquanto o candomblé tem sua formação no século XIX (porém com raízes africanas milenares), principalmente na Bahia, a umbanda surge no Rio de Janeiro no início do século XX. São religiões politeístas ou, dependendo da corrente, henoteístas, pois possuem um panteão de orixás (palavra com significado distinto entre as duas doutrinas), mas acreditam em uma divindade suprema acima de todas as demais entidades. Não são tradições com livros sagrados únicos, vinculando-se principalmente a tradições orais e ritos tradicionais, que podem ir de toques de atabaque e oferendas (principalmente no candomblé) até sessões mediúnicas, com incorporação de caboclos, pretos-velhos e outras entidades (umbanda).

O sacerdócio é exercido de maneira diversa entre as muitas religiões, podendo ser o babalorixá ou ialorixá, no candomblé, e pais e mães de santo na umbanda. Os templos ou lugares de reunião são os terreiros ou centros.

No Brasil, os locais onde as religiões de matriz africana são mais praticadas são os estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul e cerca de 1,0% da população brasileira se declarou praticante no Censo de 2022 do IBGE, o que representa um crescimento ante 2010.|4|

Candomblecistas entregando oferendas a Iemanjá em praia da cidade de Salvador, Bahia.[6]
  • Espiritismo/kardecismo

O espiritismo foi codificado por Allan Kardec, pseudônimo do pedagogo francês Léon Denizard Rivail, na França, a partir de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos.

É uma religião monoteísta cristã-espiritualista. Acreditam em um Deus supremo, na imortalidade da alma (espírito), na reencarnação como processo de aperfeiçoamento, na purificação dos espíritos e na possibilidade da comunicação com os espíritos por meios de indivíduos dotados dessa capacidade, os médiuns.

Consideram-se cristãos por estudarem os ensinamentos de Jesus Cristo e pretenderem orientar suas condutas a partir desses ensinamentos de amor, tolerância, perdão e caridade, por mais que se distanciem doutrinariamente das grandes religiões cristãs, como o catolicismo e o protestantismo.

Apesar de não admitirem nenhum livro como sagrado, têm na codificação de Kardec (que inclui O Livro dos Espíritos, entre outros) e nos Evangelhos da Bíblia cristã (estes interpretados à sua maneira) a centralidade de suas crenças e práticas.

Reunião no Centro espírita Mansão do Caminho em Salvador, Bahia.[7]

Tipos de religião

As religiões podem ser classificadas de inúmeras formas, conforme suas crenças, tradições e modos de se relacionar com o sagrado. Seja qual for a classificação utilizada, ela não pode ser utilizada para hierarquizar essas tradições, mas somente para compreender a diversidade das experiências religiosas humanas.

Uma das maneiras mais comuns no Ocidente de se classificar as religiões parte da visão que os praticantes têm sobre a divindade, que podem ser divididas nesse aspecto entre religiões:

  • Monoteístas: acreditam na existência de um único Deus. É o caso do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, que compartilham raízes comuns e valorizam a fé em um criador supremo, pessoal e justo.
  • Politeístas: reconhecem vários deuses, muitas vezes representando forças da natureza ou aspectos da vida humana. Exemplos são as religiões de Grécia e Roma na Antiguidade.
  • Henoteístas: acreditam em um Deus Supremo, mas reconhecem a existência de outras divindades inferiores, sem negar a existência delas. É visto como um ponto intermediário entre o monoteísmo (crença em um único Deus) e o politeísmo (crença em múltiplos deuses). O Deus Supremo pode ser adorado preferencialmente, mas não se exclui a existência dos demais. É difícil definir categoricamente as religiões como henoteístas, pois seus praticantes, muitas vezes, identificam-se como monoteístas ou politeístas, que são conceitos mais simples e amplamente divulgados. No entanto, uma análise mais aprofundada das doutrinas religiosas nos permite aferir que o hinduísmo possa ser considerado henoteísta por privilegiar a adoração de Vishnu-Shiva, os dois aspectos do Deus Supremo (Brahman), embora haja uma miríade de divindades menores valorizadas e importantes nessa tradição. No candomblé, o Deus Supremo é Olorun (ou Olodumarê), que é adorado por meio de suas emanações, os orixás. No candomblé bantu, essa divindade é conhecida como Nzambi, também criador do universo, que se retirou do mundo e é cultuado por meio de forças intermediárias, os inquices. Alguns analistas argumentam que certas interpretações do cristianismo podem ser consideradas henoteístas, pois a adoração se concentra em Deus (que é, ao mesmo tempo, uno e trino) como a divindade suprema, enquanto se reconhece a existência, o poder e a importância de santos, anjos e outras figuras espirituais, que são muitas vezes objeto de veneração e vistos como tendo capacidade de interceder pela humanidade. Ainda assim, essa interpretação de que determinadas variantes do cristianismo são henoteístas  não apresenta consenso entre os praticantes desses ramos, que se consideram geralmente monoteístas.|5|
  • Não teístas: são religiões que não se baseiam na crença na existência de deuses, mas em princípios éticos e morais. O budismo e algumas escolas filosóficas orientais, como o taoismo e o confucionismo, são exemplos de religiões não teístas.
  • Panteístas: consideram que Deus está em tudo e que tudo faz parte do divino, não percebendo o sagrado ou a divindade como algo separado do universo que criou, que é e que habita. Essa visão aparece em tradições orientais e filosóficas que veem o universo como uma expressão em si do sagrado. Não existem grandes religiões, com um grande número de praticantes, que podemos catalogar como um exemplo puro de panteísmo, mas esse aspecto está presente em facetas importantes de grandes religiões, como o hinduísmo, o budismo e o taoismo, bem como diversas religiões indígenas nas Américas e na África.
  • Animistas: o animismo é uma visão de mundo mais comum em culturas indígenas e tribais. Baseia-se na crença de que tudo na natureza — desde rochas e rios até plantas e animais — possui uma alma, espírito ou senciência (capacidade de sentir ou perceber). Cada elemento do mundo natural é visto como um ser com personalidade e agência próprias, permitindo, inclusive, o estabelecimento de relações com essas entidades espirituais individuais. Exemplos incluem o xintoísmo japonês, além de diversas religiões ameríndias e africanas.

Apesar da grande utilização dessa classificação das religiões acima descrito, para pensadores da religião e da cultura, essa não é necessariamente a mais relevante forma de se classificar essas doutrinas. Para o sociólogo Émile Durkheim, por exemplo, o que importa é como a religião organiza a vida coletiva, estabelece valores comuns e cria sentido de pertencimento.

A própria forma como uma tradição religiosa classifica as religiões fala muito sobre ela. Esse foco na unidade ou multiplicidade dos deuses cultuados em uma fé é compreensivelmente uma característica do Ocidente monoteísta e seu foco nesse aspecto de sua própria doutrina predominante, que é o cristianismo.

Leia também: Em que os agnósticos acreditam?

Objetivos da religião

Os objetivos das religiões dependem da cultura em que elas estão inseridas e do papel que ela desempenha em determinada sociedade. Além disso, as possíveis funções dadas às religiões são identificadas e analisadas de diversas maneiras por diferentes teóricos e pesquisadores.

Para o sociólogo Émile Durkheim, a religião tem uma função coletiva na comunidade, pois, para ele, ela une os indivíduos daquela sociedade em torno de crenças e práticas comuns, o que ajudaria a fortalecer a coesão social. Ao participar de rituais religiosos e partilhar símbolos sagrados, os membros daquela comunidade sentem-se parte de algo maior que elas mesmas. A religião, nas palavras desse pensador, é uma forma de a sociedade “adorar a si própria”, reconhecendo e reafirmando seus valores e regras sociais através do sagrado.

para o filósofo e estudioso das religiões romeno Mircea Eliade, o objetivo das religiões passa por ajudar o ser humano a encontrar sentido e ordem em meio ao caos da existência. Para ele, em todas as tradições religiosas, há a tentativa de se retornar a um tempo mítico, à origem, a um ponto na história da comunidade em que o mundo tinha sentido e é isso que os rituais e mitos procuram proporcionar.

Para citar mais uma perspectiva de possíveis respostas a esse questionamento, trazemos a visão do teólogo José Bittencourt Filho, que acredita que a religião cumpre um papel existencial na vida do ser humano, pois o ajuda a lidar com o sofrimento, com o medo da morte e as incertezas da vida. Ao criar narrativas sobre o bem e o mal, o destino e o além, as religiões oferecem respostas, que confortam e orientam, às maiores e mais misteriosas questões da existência humana.

Religião no Brasil

Falar de religião no Brasil é falar de diversidade. Poucos países no mundo abrigam uma mistura tão rica de crenças, religiões e expressões de fé quanto o nosso país. Nossa formação histórica favorece essa riqueza cultural, que faz confluir tradições culturais europeias, africanas, ameríndias e asiáticas por meio dos muitos povos que para cá vieram ou foram trazidos, riqueza que é expressa em outras facetas da nossa cultura, como a música, a culinária, os costumes e afins.

O Brasil é o maior país africano fora da África, isto é, nenhum país no mundo fora do continente africano possui tantos descendentes de africanos quanto o nosso. Além disso, é o maior país árabe fora do mundo árabe. O Brasil tem mais descendentes de libaneses que a população atual do Líbano. Temos também a maior comunidade japonesa fora do Japão e uma das maiores diásporas italianas e alemãs. É natural, portanto, que nossa religiosidade reflita essa multiplicidade étnica e cultural do nosso povo.

As maiores religiões no Brasil em 2022, segundo o IBGE, são:

Somando o catolicismo e o protestantismo, os cristãos representam 83,6% da população. Outras denominações correspondem a 4,7% da população. O percentual de pessoas que se declararam "sem religião", que inclui os ateus e agnósticos, foi de 9,3% da população. Apesar de o catolicismo continuar sendo a maioria, é a menor proporção da história, enquanto a religião evangélica registrou um crescimento significativo, representando hoje mais de um quarto da população.|6|

A predominância do catolicismo na religiosidade brasileira é fruto de nossa colonização portuguesa, com forte presença da Igreja Católica em todas as fases da colonização, com uma presença por vezes maior que a do próprio Estado português. É por isso que as festas, tradições e religiosidade católica estão expressos no nosso cotidiano por meio de feriados nacionais, festas folclóricas, nomes de lugares e cidades e afins.

O catolicismo está, portanto, incrustado na cultura brasileira e chega, pelos canais da cultura, em todos os âmbitos da sociedade, não somente aos praticantes dessa fé. No entanto, nas últimas décadas, a religião que mais cresce tem sido a dos evangélicos, o que deverá trazer algumas sociais, políticas e culturais em seu bojo.

Outro traço da religiosidade brasileira é o sincretismo, que é a prática da mistura de crenças diferentes. No Brasil, santos católicos são identificados com orixás das religiões afro-brasileiras e orações cristãs são muitas vezes entoadas ao som de atabaques. Esse diálogo entre tradições deu origem a religiões genuinamente brasileiras, como o candomblé e a umbanda, que preservam heranças africanas, enquanto agregam elementos indígenas e católicos à sua simbologia e ritualística.

Leia também: Diferença entre o candomblé e a umbanda

Religião no mundo

A humanidade é, apesar de todas as mudanças ocorridas no último século, ainda amplamente religiosa. A reunião de dados de censos e pesquisas nacionais de países em todo o globo indicaram, em 2010, que, dos 6,9 bilhões de habitantes do globo, 5,8 bilhões (84%) das pessoas se declararam vinculadas a alguma religião, enquanto 1,1 bilhão (16%) se identificava como não tendo uma religião, categoria que inclui ateus e agnósticos.|7|

O cristianismo é a maior religião do planeta em número de praticantes, com cerca de 2,2 bilhões de fiéis em 2020, o que representa 28,8% da população mundial, predominando nas Américas, Europa, África Subsaariana e Oceania. Em seguida vem o islamismo, com cerca de 2 bilhões de praticantes em 2020, o que corresponde a 25,6% da população do globo, tendo seus fieis concentrados no Oriente Médio, norte da África e regiões da Ásia. A participação do islamismo na Europa vem aumentando nas últimas décadas. E

m terceiro lugar, temos o hinduísmo, com cerca de 1,03 bilhão de praticantes (15% da população mundial), quase todos na Índia e no Nepal. Já o budismo, com 487 milhões de praticantes (7,1% da população do globo), vem a seguir e é predominante no Sudeste Asiático. As religiões tradicionais da China reúnem cerca de 405 milhões de praticantes (5,9%).

O judaísmo, apesar da grande visibilidade que possui e da influência que exerceu na formação dos dois grandes monoteísmos do mundo, cristianismo e islamismo, possui apenas 14 milhões de praticantes, o que corresponde a apenas 0,2% da população mundial.

O grupo que se considera sem religião, que representa 16% da população mundial, se incluído nesse ranking, pode ser considerado o terceiro maior grupo do mundo, logo após o cristianismo e o islamismo. Dentre eles, 7% se consideram agnósticos, 2% ateus e 7% não afiliados, isto é, afirmam ter espiritualidade, mas não pertencem a nenhuma instituição religiosa formal. A maior concentração desse grupo está na China, onde estão cerca de 62% dos não religiosos do planeta.

Quanto às tendências de crescimento e declínio das religiões, o islamismo apresenta, nas últimas décadas, o crescimento mais acelerado, impulsionado pelas altas taxas de natalidade na África e na Ásia, devendo ultrapassar numericamente o cristianismo na segunda metade do século XXI. O cristianismo continua crescendo em números absolutos, mas com tendência de uma queda proporcional em termos proporcionais, em grande parte devido à diminuição dos fiéis na Europa concomitantemente com o aumento dos sem religião na Europa e nos demais países ocidentais.

Religião x religiosidade

Embora pareçam sinônimos, religião e religiosidade não significam a mesma coisa, apesar de ser conceitos relacionados.

A religião é uma instituição social, que possui doutrinas, regras, hierarquias e rituais. Ela organiza a experiência do sagrado em comunidade, dando forma e estrutura a determinado conjunto de crenças compartilhadas. É o que acontece, por exemplo, em igrejas, templos e tradições organizadas, onde há líderes religiosos, textos sagrados e práticas religiosas coletivas.

o sentido de religiosidade é algo mais íntimo e subjetivo, algo mais relacionado ao sentimento interior do indivíduo com o transcendente, com o suprassensível, com as grandes questões e mistérios da existência, o que pode ser exercido dentro ou fora de uma religião formal. Esse sentimento é próprio da própria condição humana como alguém que busca significado e ordem na experiência, ainda que possa não pertencer a uma instituição religiosa específica.

Podemos abordar a religiosidade como um modo pessoal de cada um de viver a fé, enquanto a religião se identifica mais com a forma coletiva organizada de viver a fé em uma comunidade. Uma pessoa pode, por exemplo, viver em intensa religiosidade sem se identificar necessariamente com nenhuma religião formal específica. O contrário também pode acontecer.

Importância da religião

Desde as primeiras civilizações até os dias atuais, a religião tem sido uma das forças mais importantes nas sociedades humanas. As religiões ajudaram a formar e cristalizar valores coletivos, inspiraram artistas, orientaram a criação de leis, fortaleceram laços sociais, sustentaram governos e regimes, como também inspiraram guerras, massacres e perseguições. Mesmo na sociedade atual, tão moderna e científica, as religiões continuam exercendo papel relevante nas relações internacionais, nos debates políticos, na atuação das instituições e também na vida pessoal e emocional das pessoas.

Apesar de a importância da religião nas sociedades humanas ser um consenso entre os estudiosos das humanidades, como essa importância se expressa varia conforme o pensador, a depender do que cada um enfatiza e das lentes intelectuais com que leem tais fenômenos.

O sociólogo Émile Durkheim, por exemplo, foi um dos primeiros a destacar a importância social da religião, vendo essa instituição como uma espécie de “cimento moral” que une os indivíduos de uma comunidade em torno de crenças e símbolos compartilhados. Dessa forma, a religião, segundo ele, estabelece normas de convivência, legitima costumes e valores e cria uma sensação de pertencimento para os indivíduos naquela coletividade.

Para o filósofo Mircea Eliade, a importância da religião está intimamente relacionada à uma necessidade existencial que ele via como intrínseca ao ser humano, que é a de encontrar significado para os grandes temas da vida, como o sofrimento, a morte e os mistérios. O sagrado, para Eliade, oferece para o ser humano o que ele chamou de uma “morada simbólica”, ou seja, um espaço dotado de sentido em meio ao caos e à incerteza da existência humana.

Para outro pensador da religião, José Bittencourt Filho, a religião ajuda o indivíduo a orientar suas escolhas éticas durante sua existência, oferecendo a ele princípios que guiam suas atitudes de solidariedade, empatia e justiça.

Por mais diversas que sejam as análises, é consenso que as religiões representam um aspecto cultural e institucional muito importante das sociedades humanas, seja fornecendo um alicerce cultural e ético para as sociedades, seja ajudando a sustentar estruturas de poder ou seja dando sentido à vida dos indivíduos.

Leia também: O que é ética?

Origem e história da religião

As religiões surgiram juntamente com o ser humano. Questionar o surgimento das religiões é, portanto, fazer o mesmo questionamento de quem busca a origem do ser humano. As religiões, portanto, acompanharam o ser humano desde os primórdios das civilizações.

Desde muito antes da existência dos templos, livros sagrados e sacerdotes, os primeiros seres de nossa espécie já deixavam vestígios arqueológicos que hoje são analisados e nos indicam que eles já viviam experiências religiosas, como, por exemplo, olhar para o céu e ver no trovão, no sol e na chuva manifestações de forças misteriosas que personificavam em divindades ou manifestações de divindades, experiências de temor e fascínio diante do desconhecido que deram origem às primeiras compreensões do sentido do sagrado.

Desde as mais remotas fontes históricas analisadas da Pré-História, já é possível identificar que o ser humano buscava sacralizar o mundo ao seu redor, um mundo para eles muito mais desconhecido e misterioso que para nós hoje e, portanto, um mundo também muito mais encantado e marcado por presenças místico-religiosas, que funcionavam dando sentido a essas existências. Ou, como explica Mircea Eliade, fornecendo uma “morada simbólica” em meio ao caos da existência.

Ao longo dos séculos, as crenças foram se tornando mais complexas. Essas transformações religiosas refletiram as transformações sociais e culturais dessas sociedades e cada época reformulou seu sentido do sagrado conforme as necessidades e desafios de seu tempo. O que permaneceu, no entanto, foi o impulso espiritual, o desejo de compreender o mistério da existência. A história das religiões reflete e participa da própria história da humanidade, a história de uma busca que nunca termina, a busca pelo sentido do sagrado e pelo sentido da existência humana.

Ateísmo

A Idade Contemporânea (1789 em diante) é marcada pela valorização da ciência, da tecnologia e da razão como elementos organizadores e condutores da vida humana, o que, por vezes, rivaliza com o papel histórico das religiões de dar sentido ao caos da existência. Nesse contexto, cresce o número de pessoas que se declaram ateias, ou seja, que não acreditam em nenhum Deus ou nenhuma divindade. No entanto, embora o ateísmo tenha crescido nos últimos séculos, ele é um fenômeno cuja existência é muito antiga e faz parte da história das ideias humanas desde suas origens.

Nem todo aquele que se posiciona como “sem religião” pode ser considerado ateu. Há nesse grupo uma grande proporção dos que possuem uma religiosidade, um contato pessoal com o sagrado e o suprassensível, mas que não se identificam com uma religião formal específica.

Além disso, há também os chamados agnósticos, que não devem ser confundidos com os ateus. O agnóstico é aquele que afirma que não há como saber com certeza se um deus existe ou não, ou seja, ele não afirma a existência, mas também não a nega, por considerar que é impossível provar ou refutar a existência de um ser supremo. O agnóstico, portanto,  exime-se de se posicionar com relação às questões espirituais.

Já o ateu afirma categoricamente que não acredita na existência de divindades. Para um ateu, a existência de um deus não faz sentido ou não tem base racionalmente. O ateísmo, que nega a existência de qualquer força divina, é uma posição filosófica baseada em argumentos racionais e científicos.

Pelo menos desde a Antiguidade, pensadores questionam abertamente a ideia de Deus, mas, no século XVIII, com o Iluminismo e o avanço da ciência, divulgou-se mais, entre a população leitora e esclarecida, uma visão mais crítica das crenças religiosas. A razão passou a ocupar, na vida de muitos, o lugar do sagrado como fonte privilegiada de conhecimento e verdade. Isso não significa dizer que razão e fé sejam necessariamente opostos e rivais como fonte de conhecimento, mas que, na realidade prática da vida de muitas pessoas, esses dois elementos são colocados na posição de rivais como elemento norteador e portador de sentido para essas pessoas.

O ateísmo, em muitas épocas, surgiu e se expandiu como uma reação das pessoas aos abusos cometidos em nome da fé. Nesse sentido, o ateísmo não seria nesses contextos uma simples negação de Deus, mas um grito ético diante das contradições das religiões organizadas e de seus líderes.

Ainda assim, segundo o pensador Mircea Eliade, a ausência de religião não significa ausência de sentido, pois é do ser humano a busca por valores absolutos, como a verdade, a justiça e a liberdade, o que, de certo modo, substituem no ateu o papel do sagrado. O que muda então, para Eliade, é a linguagem: onde o religioso fala em “Deus”, o ateu fala em “ética”, “humanidade” ou “ciência”.

Outro ponto importante é que o ateísmo não significa necessariamente uma postura e atitude antirreligiosa. O ateu pode ou não assumir essa postura, a depender do seu posicionamento racional, filosófico e axiológico (valores) diante do papel das religiões na sociedade. Um ateu, por exemplo, que vê na fé um meio de garantir a estabilidade social e vê nessa estabilidade algo positivo será um ateu conservador favorável às religiões. Já um ateu marxista ortodoxo que enxerga na religião um instrumento de manutenção de uma “estrutura social injusta e opressora” da sociedade tenderá a ter coerentemente uma postura mais crítica às religiões.

Friedrich Nietzsche, um dos mais conhecidos filósofos ateus do Ocidente. Criticava as religiões como enfraquecedoras da individualidade humana.

Exercícios resolvidos sobre religião

Questão 1

Considere o texto a seguir:

Religião envolve instituições, doutrinas e rituais que organizam a experiência do sagrado em comunidade. Religiosidade é a vivência subjetiva do sagrado, que pode existir dentro ou fora de instituições formais.

À luz do texto e das referências do artigo, a alternativa que melhor expressa a diferença entre religião e religiosidade é:

A) Religião é crença em Deus; religiosidade é a prática de caridade.
B) Religião é fenômeno histórico; religiosidade é fenômeno que só aparece na modernidade.
C) Religião é sempre coletiva e institucional; religiosidade é experiência pessoal que pode prescindir de instituições.
D) Religião é racional; religiosidade é irracional.
E) Religião é estática; religiosidade é mutável apenas em sociedades ocidentais.

Gabarito: C.

Conforme Prandi e Bittencourt Filho, religião é uma instituição social (doutrinas, ritos, hierarquias), enquanto religiosidade é a vivência subjetiva do sagrado. Eliade reforça que essa busca de sentido é constitutiva do humano e pode ocorrer fora das instituições.

Questão 2

Nos últimos censos, observa-se no Brasil a manutenção do catolicismo como grupo majoritário, crescimento evangélico, presença contínua de religiões de matriz africana e aumento dos que se declaram “sem religião”. À luz da sociologia da religião, a interpretação mais adequada para esse cenário é:

A) O avanço evangélico elimina o sincretismo religioso brasileiro.
B) O aumento dos “sem religião” comprova a substituição da fé pela ciência e significa ateísmo generalizado.
C) A pluralização indica diversificação de formas de crer e de não crer; “sem religião” não equivale necessariamente a ateísmo.
D) A persistência do catolicismo mostra que o Brasil não sofreu mudanças no campo religioso desde o século XVI.
E) O crescimento das matrizes africanas resulta da ausência de instituições e rituais nessas tradições.

Gabarito: C.

De acordo com Prandi, o Brasil vive um pluralismo dinâmico: coexistem católicos, evangélicos, tradições afro-brasileiras e um contingente “sem religião”, que não é sinônimo de ateísmo (há espiritualidades não institucionais). O sincretismo permanece e as formas de vivência da fé se diversificam, não se anulam.

Notas

|1|, |2|, |3| PEW RESEARCH CENTER. Modeling the future of religion in America and the world: The Global Religious Landscape 2020–2050 update. Washington, D.C.: Pew Research Center, 2025. Disponível em: https://www.pewresearch.org/religion/.

|4| INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2022: características gerais dos habitantes e religião. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br.

|5| HEISER, Michael S. Monotheism, Polytheism, Monolatry, or Henotheism? Toward a Clearer Definition of ‘-theism’. The Westminster Theological Journal, vol. 70, no. 2, 2008, pp. 253-76. Disponível em: https://digitalcommons.liberty.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1276&context=lts_fac_pubs&utm_

|6| INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2022: características gerais dos habitantes e religião. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br .

|7| PEW RESEARCH CENTER. Modeling the future of religion in America and the world: The Global Religious Landscape 2020–2050 update. Washington, D.C.: Pew Research Center, 2025. Disponível em: https://www.pewresearch.org/religion/.

Créditos das imagens

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[3] Nitul Gogoi PhotoIllustro / Shutterstock

[4] Wikimedia Commons

[5] Dr. Avishai Teicher Pikiwiki Israel / Wikimedia Commons

[6] Joa Souza / Shutterstock

[7] Wikimedia Commons

Fontes

ARMSTRONG, Karen. Uma história de Deus: quatro milênios de busca do judaísmo, cristianismo e islamismo. Tradução de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

BITTENCOURT FILHO, José. O que é religião? São Paulo: Brasiliense, 2003. (Coleção Primeiros Passos).

DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. Tradução de Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2022: características gerais dos habitantes e religião. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br . Acesso em: 4 nov. 2025.

PEW RESEARCH CENTER. The Global Religious Landscape. Washington, D.C.: Pew Research Center, 2012. Disponível em: https://www.pewresearch.org/religion/2012/12/18/global-religious-landscape-folk/ . Acesso em: 4 nov. 2025.

PRANDI, Reginaldo. Religião e sociedade: uma introdução à sociologia das religiões. São Paulo: Edusp, 1996.

Deseja fazer uma citação?
BORGES, Alexandre Fernandes. "Religião"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao. Acesso em 05 de dezembro de 2025.

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Xangô de Pernambuco

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Xintoísmo é uma religião de origem japonesa. Os deuses xintoístas são os kami, que representam ancestrais e elementos da natureza. Os torii são grandes símbolos do xintoísmo.