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Ateísmo

O ateísmo é a ausência de crença em deuses ou divindades, frequentemente fundamentada na racionalidade e na ciência.

Conceito de ateísmo em fundo verde.
O ateísmo caracteriza-se principalmente pela rejeição da existência de deuses.
Crédito da Imagem: Brasil Escola
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O ateísmo é a ausência de crença em deuses ou divindades, frequentemente fundamentada na racionalidade e na ciência, com raízes históricas que remontam à Grécia Antiga, mas que ganharam força no Iluminismo e no século XIX. Suas causas estão relacionadas ao avanço científico, crises de fé e críticas às instituições religiosas.

Existem diferentes formas de ateísmo, variando entre a negação explícita da existência de deuses e a simples falta de crença. Ao contrário do agnosticismo, que afirma ser impossível conhecer a verdade sobre divindades, o ateísmo se posiciona quanto à crença.

Leia também: Afinal, o que é religião?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre ateísmo

  • O ateísmo é a ausência de crença em deuses ou divindades, caracterizando-se principalmente pela rejeição de explicações sobrenaturais para o universo, muitas vezes baseando-se na racionalidade e em evidências científicas.
  • A história do ateísmo remonta à Grécia Antiga, mas seu desenvolvimento foi impulsionado especialmente no Iluminismo e no século XIX, com o avanço do pensamento crítico e científico.
  • As causas do ateísmo podem incluir o avanço científico, crises pessoais de fé, críticas às instituições religiosas e a influência de sociedades secularizadas, onde a religião perde centralidade.
  • Enquanto o ateísmo envolve a falta de crença em deuses, o agnosticismo afirma que não é possível saber com certeza se divindades existem ou não, enfocando a questão do conhecimento, não da crença.
  • Entre os principais argumentos do ateísmo estão a ausência de evidências para a existência de deuses, a incoerência das características atribuídas a eles e explicações alternativas para a origem do universo, como a evolução.
  • O símbolo do ateísmo mais reconhecido é o "A" estilizado dentro de um átomo, representando a conexão com a ciência e a razão, em contraste com a fé religiosa.
  • No Brasil, o ateísmo vem crescendo, especialmente em áreas urbanas e entre gerações mais jovens, embora ainda enfrente preconceito em uma sociedade predominantemente religiosa.
  • O ateísmo no mundo varia, sendo amplamente aceito em países secularizados, como os nórdicos, enquanto enfrenta forte repressão em nações religiosas como o Irã e a Arábia Saudita.
  • Curiosamente, países com alta taxa de ateísmo, como a Dinamarca e a Suécia, estão entre os mais pacíficos e desenvolvidos, e o número de ateus tem crescido especialmente entre os mais jovens.

O que é o ateísmo?

O ateísmo é a ausência de crença em divindades ou seres sobrenaturais. Diferente de outras visões de mundo, o ateísmo não impõe necessariamente uma filosofia ou doutrina própria, mas se caracteriza principalmente pela rejeição da existência de deuses.

Embora o termo tenha conotações negativas em alguns contextos, muitos ateus definem seu posicionamento como simplesmente a ausência de fé religiosa, baseando suas crenças em evidências científicas e na racionalidade. Em outras palavras, o ateísmo não pressupõe a existência de um sistema de crenças alternativas, mas sim a ausência de uma crença específica.

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História do ateísmo

A história do ateísmo remonta a tempos antigos, quando as primeiras formas de ceticismo começaram a surgir em diferentes culturas. Na Grécia Antiga, filósofos como Demócrito e Epicuro já apresentavam ideias que questionavam a existência de deuses, acreditando que o universo podia ser explicado por fenômenos naturais e não por causas divinas.

David Hume, em seus Diálogos sobre a Religião Natural (1779), citou Epicuro ao afirmar o argumento como uma série de perguntas: "[Deus] quer impedir o mal, mas não é capaz? Então ele é impotente. Ele é capaz, mas não está disposto? Então, ele é malévolo. Ele é capaz e disposto? Donde vem então o mal?".

Durante a Idade Média, o ateísmo foi amplamente reprimido, especialmente na Europa, onde a Igreja Católica exercia grande influência. Porém, com o surgimento do Iluminismo no século XVIII, o pensamento crítico e científico começou a ganhar força, impulsionando o debate sobre a existência de Deus. Filósofos como Voltaire e David Hume contribuíram significativamente para o desenvolvimento do ceticismo e do ateísmo.

No século XIX, o crescimento do positivismo e do materialismo filosófico, com autores como Karl Marx e Friedrich Nietzsche, consolidou o ateísmo como uma corrente de pensamento.

Leia também: Racionalismo — a corrente filosófica que diz que todo conhecimento verdadeiro vem da racionalidade

Causas do ateísmo

As causas que levam uma pessoa ao ateísmo podem ser variadas e complexas. Uma das principais é o avanço da ciência, que fornece explicações sobre a origem e o funcionamento do universo sem a necessidade de intervenções sobrenaturais. Além disso, experiências pessoais, como crises de fé, contato com o sofrimento ou a percepção de injustiças sociais, podem fazer com que indivíduos questionem a existência de um deus benevolente.

A crítica às instituições religiosas, principalmente em contextos históricos em que religiões se aliaram ao poder político e econômico, também é uma causa recorrente para o surgimento do ateísmo. Além disso, a convivência em sociedades mais secularizadas, onde a religião não ocupa um papel central nas esferas pública e privada, pode facilitar o surgimento do ateísmo.

Diferenças entre ateísmo e agnosticismo

Embora ateísmo e agnosticismo sejam frequentemente confundidos, eles representam conceitos distintos. O ateísmo se refere à ausência de crença em deuses, enquanto o agnosticismo diz respeito à impossibilidade de afirmar ou negar a existência de divindades.

Em outras palavras, enquanto o ateu não acredita em deuses, o agnóstico sustenta que não há provas suficientes para afirmar nem a existência nem a inexistência deles. Alguns indivíduos podem se identificar como ateus agnósticos, ou seja, não acreditam em deuses, mas reconhecem que não há uma certeza absoluta quanto à sua existência. A diferença-chave está, portanto, no foco da discussão: o ateísmo está ligado à crença (ou à falta dela), enquanto o agnosticismo está ligado ao conhecimento e à possibilidade de conhecer a verdade sobre o divino.

Argumentos do ateísmo

Os ateus apresentam uma série de argumentos que embasam sua visão de mundo. Um dos principais é o argumento da incoerência das características atribuídas a Deus, como onipotência, onisciência e bondade absoluta. O paradoxo do mal, por exemplo, questiona como pode existir tanto sofrimento em um mundo criado por um Deus supostamente bom e todo-poderoso.

Outro argumento importante é o da ausência de evidências empíricas para a existência de divindades. Ateus frequentemente apontam que, assim como não se acredita em outros seres mitológicos por falta de provas, a mesma lógica deveria ser aplicada às divindades. Além disso, o avanço das ciências naturais e a Teoria da Evolução, de Charles Darwin, forneceram explicações alternativas para a origem da vida e do universo, sem a necessidade de um criador.

Símbolo do ateísmo

Um dos símbolos mais reconhecidos do ateísmo é um "A" maiúsculo no centro de uma estrutura circular. Esse símbolo foi criado pela organização Atheist Alliance International e representa a aliança entre ateus em todo o mundo. A escolha do átomo reflete o compromisso do ateísmo com a ciência e a razão, em oposição à crença em forças sobrenaturais.

Além disso, o símbolo transmite a ideia de que o universo pode ser compreendido por meio da investigação científica. Outra imagem frequentemente associada ao ateísmo é o símbolo do peixe com pernas, uma paródia do símbolo cristão do peixe, que sugere a aceitação da Teoria da Evolução em detrimento do criacionismo.

O símbolo do ateísmo.
O símbolo do ateísmo.

Ateísmo no Brasil

O ateísmo no Brasil, embora minoritário, vem crescendo ao longo dos anos. De acordo com o Censo Demográfico do IBGE de 2010, cerca de 8% da população brasileira se declara sem religião, o que inclui tanto ateus quanto agnósticos e pessoas que não seguem religiões organizadas. Esse aumento pode ser explicado por diversos fatores, como o crescimento das áreas urbanas, maior acesso à educação e à informação, além da influência de movimentos seculares e humanistas.

Ainda assim, o Brasil é um país predominantemente religioso, e o ateísmo ainda enfrenta preconceito em diversos setores da sociedade. Ateus brasileiros costumam se organizar em associações e grupos de debates, promovendo o laicismo e a liberdade de crença, além de combater a discriminação religiosa.

Ateísmo no mundo

O ateísmo tem diferentes graus de aceitação ao redor do mundo. Em países com alta taxa de secularização, como a Suécia, a Noruega e o Japão, o ateísmo é amplamente aceito, e muitos cidadãos se identificam como ateus ou agnósticos. Por outro lado, em nações com forte tradição religiosa, como o Irã ou a Arábia Saudita, o ateísmo pode ser fortemente reprimido, sendo até mesmo considerado crime em alguns casos. Nos Estados Unidos, o ateísmo tem ganhado mais visibilidade nas últimas décadas, embora ainda enfrente resistência, especialmente em regiões mais religiosas.

Na Europa, o ateísmo é mais prevalente, especialmente em países como França e República Tcheca, onde as taxas de descrença são relativamente altas. No entanto, o ateísmo também cresce em países da América Latina, África e Ásia, acompanhando tendências de secularização global.

Leia também: Afinal, o que é ciência?

Richard Dawkins: um cientista defensor do ateísmo

O cientista Richard Dawkins.[1]
O cientista Richard Dawkins.[1]

Richard Dawkins é um biólogo evolutivo britânico, autor e um dos mais proeminentes defensores do ateísmo no mundo contemporâneo. Ele se tornou amplamente conhecido tanto por suas contribuições à ciência quanto por sua postura crítica em relação à religião. Dawkins é autor de várias obras que abordam a evolução e o ateísmo, sendo o livro Deus, um Delírio sua obra mais famosa sobre o tema.

No campo da biologia evolutiva, Dawkins ganhou reconhecimento com o livro O Gene Egoísta, no qual ele introduz a ideia de que os organismos são, em grande medida, veículos para a sobrevivência e reprodução dos genes. Ele também popularizou o conceito de "meme", como uma unidade de informação cultural que se propaga de forma análoga aos genes. No entanto, foi com Deus, um Delírio que ele se tornou um dos mais destacados ateístas e críticos da religião.

Deus, um Delírio argumenta que a crença em Deus é irracional e que as religiões têm causado muitos problemas para a sociedade. Dawkins se posiciona firmemente contra a ideia de que a fé religiosa é algo inquestionável ou imune à crítica. Ele sugere que a fé sem evidência não deve ser vista como uma virtude e que a religião, especialmente em sua forma organizada, pode ser prejudicial. No livro, ele explora o conceito de Deus por meio de várias perspectivas, questionando desde a ideia de um criador até os dogmas religiosos.

O livro apresenta vários argumentos a favor do ateísmo. Entre eles, Dawkins critica a ideia de que a moralidade depende da religião, defendendo que seres humanos podem desenvolver um sistema ético baseado na razão e na empatia, sem a necessidade de uma autoridade divina. Além disso, ele refuta o argumento teleológico, que sugere que o design complexo do universo e da vida só pode ser explicado pela existência de um designer (Deus). Dawkins propõe que a teoria da evolução oferece uma explicação mais robusta e natural para a complexidade da vida.

Outro ponto central da obra é o que ele chama de "hipótese de Deus", a ideia de que Deus existe e interfere no universo. Dawkins argumenta que essa hipótese é altamente improvável e que a ciência é capaz de explicar o mundo de maneira mais satisfatória sem recorrer a explicações sobrenaturais. Ele também critica o conceito de "Deus das lacunas", que se refere à tendência de atribuir a Deus os fenômenos que ainda não foram explicados pela ciência.

Dawkins é frequentemente associado ao movimento chamado "novo ateísmo", que se caracteriza por uma abordagem mais combativa e direta contra a religião. Outros nomes ligados a esse movimento incluem Sam Harris, Christopher Hitchens e Daniel Dennett. Esses autores defendem não apenas o direito de não acreditar em Deus, mas também a importância de criticar abertamente a religião, especialmente quando ela interfere na ciência, na educação ou nos direitos humanos.

Curiosidades sobre o ateísmo

Uma curiosidade sobre o ateísmo é que algumas das sociedades mais pacíficas e desenvolvidas do mundo têm uma alta proporção de ateus. Países como a Dinamarca e a Suíça, que frequentemente lideram rankings de qualidade de vida e felicidade, também apresentam altos índices de secularismo. Outra curiosidade é que alguns dos mais famosos cientistas e pensadores da história, como Albert Einstein, Carl Sagan e Stephen Hawking, tinham visões que se alinhavam com o ateísmo ou com uma forma de agnosticismo científico.

Além disso, o número de pessoas que se identificam como ateias tem crescido, especialmente entre as gerações mais jovens, refletindo uma tendência global de aumento do ceticismo religioso.

Créditos da imagem

[1] Wirestock Creators / Shutterstock

Fontes

SOUZA, Draiton Gonzaga de. O ateísmo antropológico: Ludwig Feuerbach. 2. ed. São Paulo: Filosofia Thơn, 2003.

GRAY, John. Sete tipos de ateísmo. Tradução de Clóvis Marques. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2021

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Ateísmo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao/ateismo.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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