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Diferença entre candomblé e umbanda

Candomblé e umbanda são religiões afro-brasileiras. Embora compartilhem algumas raízes, elas têm diferenças importantes entre si.

Imagem explicando as diferenças entre candomblé e umbanda.
Candomblé e umbanda são religiões afro-brasileiras que têm diferenças importantes.
Crédito da Imagem: Gabriel Franco | Brasil Escola
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Candomblé e umbanda são religiões afro-brasileiras. Embora compartilhem algumas raízes, elas têm diferenças importantes entre si. O candomblé, de origem africana, preserva tradições e rituais centrados nos orixás, divindades ligadas à natureza; enquanto a umbanda, surgida no Brasil, no início do século XX, é uma religião sincrética que mistura elementos africanos, indígenas, espíritas e católicos, com práticas mediúnicas voltadas para a caridade.

Tanto o candomblé quanto a umbanda acreditam em um Deus supremo, chamado Olorum ou Zambi, o criador do Universo, embora essa divindade não seja o foco dos cultos, que se concentram nos orixás e entidades intermediárias.

Leia também: Orixás — detalhes sobre as divindades cultuadas em religiões africanas e brasileiras de matriz africana

Tópicos deste artigo

Resumo sobre as diferenças entre candomblé e umbanda

  • O candomblé e a umbanda são religiões afro-brasileiras que se diferem em sua origem.
  • O candomblé é uma religião de matriz africana, centrada no culto aos orixás, divindades ligadas à natureza. Suas práticas incluem rituais com danças, cânticos e oferendas, e a tradição preserva influências de diversas nações africanas, como iorubás e bantus, com cada orixá representando uma força da natureza.
  • A umbanda é uma religião brasileira que surgiu, no início do século XX, combinando elementos africanos, indígenas, espíritas e católicos. Seus rituais envolvem o culto a orixás e entidades espirituais, além de práticas mediúnicas voltadas para a caridade e orientação espiritual.
  • Quimbanda é uma vertente religiosa mais voltada à magia com exus e pombagiras, frequentemente associada a objetivos materiais e estigmatizada.
  • Macumba, originalmente, era o nome de um instrumento musical africano, mas, no Brasil o termo se tornou pejorativo e generalizado para descrever erroneamente as religiões afro-brasileiras.
  • Tanto a umbanda quanto o candomblé acreditam em um Deus supremo, chamado Olorum ou Zambi, o criador do Universo.

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Qual a diferença entre candomblé e umbanda?

Candomblé e umbanda são duas religiões afro-brasileiras que compartilham algumas raízes, mas diferem em sua origem, práticas e crenças. O candomblé tem origem nas religiões africanas trazidas ao Brasil pelos escravizados, especialmente de povos como os iorubás, jejes e bantus. Já a umbanda é uma religião mais recente, surgida no Brasil, no início do século XX. É uma síntese de diversas influências, como o espiritismo kardecista, o catolicismo, o candomblé e religiões indígenas.

A principal diferença entre essas duas religiões reside no seu panteão e na maneira como cultuam suas divindades. No candomblé, os orixás são divindades africanas associadas a elementos da natureza e forças cósmicas, e a religião preserva, de maneira mais rígida, rituais e liturgias herdadas da África. Na umbanda, além dos orixás, há a presença de espíritos de diferentes níveis evolutivos, como os caboclos, pretos-velhos e crianças, que atuam em prol do bem e da caridade.

Outra diferença importante está no sincretismo religioso. Enquanto o candomblé tradicionalmente evitava o sincretismo com o catolicismo, focando nas suas raízes africanas, a umbanda, desde o seu surgimento, assimilou elementos católicos e do espiritismo kardecista, criando uma religião mais sincrética. Por isso, é comum ver em terreiros de umbanda a veneração de santos católicos, além de práticas de mediunidade.

Candomblé

Prática do candomblé, religião que tem diferenças em relação à umbanda,
Prática do candomblé.

O candomblé é uma religião que tem suas raízes nas tradições africanas trazidas pelos povos escravizados ao Brasil. Ela é uma religião essencialmente politeísta, ou seja, acredita na existência de vários deuses, chamados de orixás. Cada orixá é associado a forças da natureza, como o vento, a água e a terra, e cada praticante, ou filho de santo, tem um orixá ao qual é dedicado e que guia sua vida espiritual.

O candomblé tem uma estrutura litúrgica bem definida, em que rituais, cânticos, danças e oferendas são elementos centrais. Os rituais do candomblé têm o objetivo de estabelecer uma comunicação direta com os orixás, pedindo proteção, orientação ou agradecendo pelos benefícios recebidos. Durante os rituais, os praticantes podem entrar em transe, o que é entendido como a incorporação dos orixás, que, por meio de seus filhos, manifestam-se para abençoar ou aconselhar a comunidade.

No candomblé, os orixás são seres extremamente importantes e têm características específicas que se refletem na vida dos seus filhos. Oxalá, por exemplo, é o orixá associado à criação do mundo e à paz, enquanto Iansã é ligada às tempestades e aos ventos. Cada orixá tem suas próprias dança, música, cores e oferendas específicas, que fazem parte dos rituais realizados nos terreiros.

O candomblé se divide em diferentes nações, que correspondem às regiões de origem dos povos africanos que trouxeram suas tradições para o Brasil. As principais nações são ketu (iorubá), jeje (daomeana) e bantu (angolana). Cada nação tem variações litúrgicas, mas o culto aos orixás e as práticas rituais são comuns a todas elas.

Para saber mais sobre o candomblé, clique aqui.

Umbanda

Prática da umbanda, religião que tem diferenças em relação ao candomblé.
Prática da umbanda.[1]

A umbanda é uma religião afro-brasileira que surgiu no início do século XX, no Rio de Janeiro, sendo uma das religiões mais sincréticas do Brasil. Diferentemente do candomblé, que tem suas raízes diretamente ligadas às tradições africanas, a umbanda é resultado de uma mistura de influências africanas, indígenas, europeias e orientais. Além disso, a umbanda também absorveu elementos do espiritismo kardecista, o que a torna uma religião mediúnica.

Na umbanda, os orixás também são cultuados, mas eles convivem com outras entidades espirituais, como os caboclos, os pretos-velhos, as crianças e os exus. Cada uma dessas entidades tem seu papel dentro da religião, atuando para o bem, guiando e aconselhando os fiéis. Os caboclos são espíritos de guerreiros indígenas, enquanto os pretos-velhos são espíritos de antigos escravizados. As crianças, conhecidas como erês, representam a pureza e a simplicidade, e os exus são entidades que agem como mensageiros entre o mundo espiritual e o material.

A umbanda, ao contrário do candomblé, adotou uma forte influência do catolicismo. O sincretismo religioso é marcante, e muitos orixás são associados a santos católicos. Oxalá, por exemplo, é sincretizado com Jesus Cristo, enquanto Iemanjá é associada à Nossa Senhora. Além disso, a umbanda é conhecida por ter práticas de caridade e ajudar os necessitados por meio de consultas espirituais e trabalhos mediúnicos, em que as entidades trazem orientações para resolver problemas pessoais ou espirituais.

Para saber mais sobre a umbanda, clique aqui.

Umbanda, quimbanda e candomblé

Encontro da quimbanda, prática espiritual que tem diferenças em relação à umbanda e ao candomblé.
Encontro da quimbanda.[2]

É comum haver confusão entre umbanda, quimbanda e candomblé, mas essas práticas têm diferenças significativas.

  • Candomblé: é uma religião afro-brasileira de matriz africana, centrada no culto aos orixás, divindades ligadas à natureza.
  • Umbanda: é uma religião afro-brasileira que surgiu no início do século XX, no Rio de Janeiro, e que mistura elementos africanos, católicos, espíritas e indígenas.
  • Quimbanda: é, muitas vezes, erroneamente associada à umbanda e ao candomblé. Ela é uma prática espiritual distinta, frequentemente ligada ao culto de exus e pombagiras, entidades que têm uma relação mais direta com a resolução de questões materiais e mundanas. A quimbanda é considerada por muitos como a parte “obscura” da magia, pois trabalha com forças consideradas mais densas, voltadas para o atendimento de desejos materiais e para a manipulação de energias voltadas ao poder e ao controle. Enquanto a umbanda e o candomblé buscam principalmente o equilíbrio espiritual, a quimbanda foca em resultados imediatos, o que pode envolver, em alguns casos, práticas de magia para objetivos específicos, como prosperidade, proteção ou até mesmo vingança. Essa diferenciação é importante, pois, culturalmente, a quimbanda pode carregar um estigma negativo, enquanto a umbanda e o candomblé são mais voltadas para a caridade e a elevação espiritual.

O que é macumba?

Macumba, instrumento musical de origem africana erroneamente atribuído ao candomblé e à umbanda.
Macumba.[3]

O termo “macumba” é frequentemente usado de maneira pejorativa no Brasil para se referir genericamente às religiões afro-brasileiras, como candomblé e umbanda. No entanto, historicamente, macumba era o nome de um instrumento musical de origem africana, semelhante a um reco-reco. Com o tempo, o termo passou a ser utilizado de maneira depreciativa para designar qualquer tipo de ritual ou prática de origem africana, sendo geralmente associado à feitiçaria ou à magia.

Hoje, a palavra “macumba” é usada no senso comum de forma equivocada, principalmente para se referir a rituais de candomblé ou umbanda, especialmente quando envolvem oferendas ou práticas de magia. Contudo, candomblé e umbanda não são sinônimos de macumba. Ambas são religiões estruturadas, com doutrinas e práticas específicas, enquanto o termo “macumba” acabou sendo um rótulo generalizador e carregado de preconceito.

Umbanda e candomblé acreditam em Deus?

Tanto a umbanda quanto o candomblé acreditam em uma entidade suprema, responsável pela criação e pelo controle do Universo. No candomblé, essa divindade é conhecida como Olorum ou Olodumaré, enquanto na umbanda é geralmente chamada de Zambi ou Oxalá, sendo sincretizada com Jesus Cristo. Apesar das diferentes nomenclaturas, em ambas as religiões, essa entidade suprema é reverenciada como a força maior do Universo, que criou os orixás e todos os seres.

Assim, embora o candomblé e a umbanda tenham muitos deuses ou entidades espirituais, a crença em um Deus único e supremo é uma parte central de ambas as religiões. Esse Deus, no entanto, não é diretamente cultuado da mesma forma que as entidades intermediárias, como os orixás ou os espíritos. Ao invés disso, a relação com essa divindade suprema ocorre por meio dos orixás, vistos como intermediários entre os humanos e a força criadora do Universo.

Essa visão de um Deus supremo na umbanda e no candomblé reflete uma semelhança com as religiões monoteístas, como o cristianismo, o islamismo e o judaísmo, em que há a crença em um único Deus que governa o mundo. Portanto, ao contrário do que alguns podem pensar, essas religiões afro-brasileiras também têm uma dimensão monoteísta, embora coexistam com o culto a múltiplas divindades e espíritos auxiliares.

Créditos de imagem

[1] Tânia Rêgo / Agência Brasil / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Sebaezequiel10 / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] MissyMeaow2015 / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

EDITORA UMBANDA BOA. Candomblé X Umbanda: entenda as diferenças. eBook Kindle. 19 out. 2023. 37 p.

SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Selo Negro Edições, 2005. 152 p.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Diferença entre candomblé e umbanda"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao/diferenca-entre-candomble-umbanda.htm. Acesso em 20 de novembro de 2024.

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