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Até meados do século 12, para muitos cristãos, o céu e o inferno eram os únicos destinos da alma após a morte. As pessoas boas, que haviam levado uma vida modesta e santa, subiam aos céus. Os maus e pecadores estavam condenados ao inferno e sujeitos a todas as penas ali presentes, como a fome e a dor descritas no Apocalipse bíblico.
As pessoas iam mais à Igreja, pois temiam este fim; para isso, tentavam seguir à risca o que os padres pregavam. Daí nascia a dúvida, e aqueles que não eram nem totalmente bons nem completamente maus? Neste momento, nasceu a ideia de salvação que havia começado a ser desenhada algum tempo antes, no século IV, pelo teólogo Aurélio Agostinho que mais tarde tornou-se conhecido como Santo Agostinho.
Os que estavam mais vulneráveis para a maldade tinham como fim o inferno, no entanto teriam a chance, por meio das orações realizadas pelos vivos, de amenizar seu sofrimento. Já as pessoas que não haviam sido totalmente boas passariam por uma purgação para, possivelmente, alcançar o paraíso. Naquele tempo, o purgatório não era um lugar, mas uma ideologia de salvação. A imagem dele como um "além" intermediário só se originou na cristandade entre 1150 e 1250. Muito antes de os cristãos criarem o purgatório, outras religiões já tinham a crença em um lugar intermediário, onde os que cometeram pecados leves poderiam se redimir de seus erros.
As pessoas justas seriam conduzidas a um mundo de luz, já os maus sofreriam punição no inferno. E os que levaram uma vida intermediária passariam por um período de trevas, seriam comidos pelos deuses e iniciariam um ciclo de renascimentos de perfeição até atingirem o paraíso.
Já para a religião judaica antiga, havia uma categoria composta por homens nem bons nem maus. Eles sofreriam um castigo temporário após a morte, para alcançarem o Jardim do Éden.