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Confucionismo

O confucionismo é uma tradição filosófica, ética e política originada na China, baseada nos ensinamentos de Confúcio.

Estátua de Confúcio, o criador do confucionismo.
Estátua de Confúcio, o criador do confucionismo.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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O confucionismo é uma tradição filosófica e ética criada por Confúcio na China. Baseado em obras clássicas como os Analectos de Confúcio e os Cinco Clássicos, o confucionismo não adora um deus específico, mas reconhece Tian, o Céu, como um princípio transcendente que governa a moralidade universal. Apesar de não ter símbolos religiosos universais, associa-se ao caractere "Ren", aos templos confucionistas e à imagem de Confúcio.

No Brasil, sua influência é limitada, mas presente em centros culturais e estudos acadêmicos. Consolidado durante a dinastia Han, o confucionismo evoluiu ao longo dos séculos, impactando não só a cultura e a governança do Leste Asiático, mas também práticas modernas, como sistemas de ensino e ética empresarial, além de ser celebrado internacionalmente, com templos considerados Patrimônio Mundial pela Unesco.

Leia também: As maiores religiões do mundo

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o confucionismo

  • O confucionismo é uma tradição filosófica e ética criada por Confúcio, que busca promover a harmonia social e a moralidade por meio de valores como respeito às tradições, educação e virtudes.
  • Os princípios do confucionismo incluem a benevolência, a justiça, o respeito aos pais e ancestrais, a sabedoria e a importância dos rituais.
  • Embora não tenha símbolos religiosos universais, o confucionismo associa-se ao caractere "Ren", aos templos confucionistas e à imagem de Confúcio, que representam virtudes como benevolência e harmonia.
  • O confucionismo não possui um único livro sagrado, mas se fundamenta em obras clássicas como os Analectos de Confúcio e os Cinco Clássicos.
  • O confucionismo não adora um deus específico, mas reconhece o conceito de Tian, ou Céu, como um princípio transcendente que governa a moralidade e a harmonia universal.
  • No Brasil, o confucionismo é difundido por meio da diáspora chinesa, centros culturais e estudos acadêmicos, destacando-se em eventos e no ensino de valores éticos e filosóficos.
  • O confucionismo surgiu na China durante o período dos Estados Combatentes, consolidou-se na dinastia Han e evoluiu com o neoconfucionismo.
  • O confucionismo influencia sistemas de governo e negócios asiáticos, celebra o aniversário de Confúcio como Dia dos Professores e possui templos declarados Patrimônio Mundial pela Unesco.

O que é o confucionismo?

O confucionismo é uma tradição filosófica, ética e política originada na China, baseada nos ensinamentos de Confúcio, ou Kong Fuzi, um pensador que viveu entre 551 e 479 a.C. Embora frequentemente descrito como uma religião, o confucionismo é mais corretamente entendido como um sistema de ética social e política, centrado na harmonia, na ordem e na moralidade.

Ele influencia significativamente as culturas do Leste Asiático, moldando a governança, as relações familiares e a conduta pessoal. Seus ensinamentos destacam o papel da educação e a importância de virtudes como a benevolência, a justiça e o respeito pelas tradições.

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Princípios do confucionismo

Os princípios centrais do confucionismo incluem:

  1. Ren (benevolência): refere-se ao amor ao próximo e à compaixão. É o princípio moral supremo, que orienta as relações humanas com empatia e altruísmo.
  2. Li (rituais e propriedade): representa as normas e condutas sociais, como etiqueta, rituais religiosos e costumes, que promovem a harmonia social.
  3. Xiao (piedade filial): a devoção e o respeito aos pais e ancestrais são fundamentais, refletindo a importância da família no confucionismo.
  4. Yi (justiça): é a prática da retidão e a escolha do bem em detrimento do ganho pessoal.
  5. Zhi (sabedoria): enfatiza o conhecimento e a capacidade de discernir entre o certo e o errado.

Leia também: Hinduísmo — a religião ancestral que tem na atualidade mais de um bilhão de praticantes

Em que o confucionismo acredita?

O confucionismo acredita na importância das relações humanas e no papel central da ética para construir uma sociedade próspera. Ele preconiza que a harmonia social é alcançada quando todos desempenham seus papéis com responsabilidade, desde governantes até cidadãos comuns. Essa filosofia valoriza:

  • A família: considerada o núcleo essencial da sociedade, com hierarquias que refletem as relações sociais mais amplas.
  • O governante justo: um líder deve ser virtuoso e governar com benevolência para que seu exemplo inspire os cidadãos.
  • A educação: é vista como um meio para o aperfeiçoamento moral e intelectual.
  • A ordem natural: as interações humanas devem seguir regras e costumes que garantam estabilidade e coesão social.

O confucionismo rejeita o individualismo extremo e prioriza o coletivo, buscando um equilíbrio entre interesses pessoais e a responsabilidade social.

Templo confucionista em Taiwan.[1]
Templo confucionista em Taiwan.[1]

Rituais do confucionismo

Os rituais no confucionismo são centrais para manter a ordem social e expressar respeito pelas tradições e antepassados. Esses rituais podem ser divididos em:

  • Rituais familiares: incluem cerimônias de homenagem aos ancestrais, como oferendas e preces em altares domésticos.
  • Rituais de vida: como casamentos e funerais, são realizados com grande respeito pelas normas tradicionais.
  • Rituais sazonais: envolvem celebrações em templos confucionistas durante ocasiões específicas, como o aniversário de Confúcio.
  • Rituais educativos: associados à valorização da educação e ao cultivo das virtudes.

Símbolos do confucionismo

Embora o confucionismo não seja uma religião formal com símbolos universais, alguns elementos são amplamente associados a ele:

  1. O caractere "Ren" (仁): representa a benevolência e é frequentemente usado para simbolizar os ensinamentos de Confúcio.
  2. Os templos confucionistas: estruturas dedicadas a Confúcio e seus discípulos são consideradas espaços sagrados para reflexão e celebração.
  3. A imagem de Confúcio: retratos e estátuas do filósofo são comuns em templos e centros culturais.
  4. A flor de lótus: embora compartilhada com outras tradições, simboliza pureza e aperfeiçoamento espiritual.

Livro sagrado do confucionismo

O confucionismo não possui um livro sagrado único, mas uma coleção de textos clássicos que formam a base de seus ensinamentos:

  1. Os Cinco Clássicos (Wu Jing): incluem obras como o Livro das Mutações (I Ching) e o Livro das Odes, fundamentais para compreender a cultura e a filosofia confucionista.
  2. Os Quatro Livros (Si Shu): incluem textos como o Analectos de Confúcio (Lun Yu), que registra diálogos e ensinamentos do mestre.
  3. Outros textos históricos: obras complementares, como o Livro dos Ritos, detalham os costumes e rituais confucionistas.

Quem é o deus do confucionismo?

O confucionismo não é teísta e não adora um deus específico. Em vez disso, concentra-se na moralidade, nos valores éticos e no respeito às tradições humanas. Apesar disso, a filosofia reconhece a existência de um conceito transcendente chamado Tian (Céu), que representa a ordem universal e a fonte de moralidade. Tian não é uma divindade antropomórfica, mas um princípio que governa a harmonia do cosmos e das relações humanas.

O foco principal do confucionismo está em como os seres humanos podem viver em harmonia com o Tian, por meio da virtude e da responsabilidade social, em vez de buscar salvação ou intervenção divina.

Confucionismo no Brasil

No Brasil, o confucionismo tem uma presença limitada, mas exerce influência por meio da diáspora chinesa e das práticas culturais trazidas por imigrantes. Centros culturais e templos confucionistas em cidades como São Paulo promovem o estudo de seus ensinamentos, especialmente no contexto de festivais e eventos comunitários.

Além disso, o confucionismo tem ganhado relevância acadêmica em universidades brasileiras, onde é estudado como parte das tradições filosóficas e culturais do Leste Asiático. Sua ênfase na harmonia social e na educação também inspira reflexões sobre ética em sociedades contemporâneas.

Origem e história do confucionismo

O confucionismo nasceu na China durante o período dos Estados Combatentes (475-221 a.C.), quando Confúcio buscou restaurar a ordem em uma sociedade marcada por guerras e desintegração moral. Seus ensinamentos ganharam destaque durante a dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), tornando-se a base da administração pública por meio do sistema de exames imperiais.

Ao longo dos séculos, o confucionismo evoluiu, integrando elementos de outras tradições, como o taoismo e o budismo, formando o neoconfucionismo durante a dinastia Song (960-1279). Com a modernização e a ascensão do comunismo na China, sua influência diminuiu, mas ele permanece relevante como uma tradição cultural e ética.

Os Estados Combatentes, período no qual nasceu o confucionismo.
Os Estados Combatentes, período no qual nasceu o confucionismo.

Curiosidades sobre o confucionismo

  1. Aniversário de Confúcio: é celebrado anualmente em 28 de setembro, reconhecido como o Dia dos Professores em muitos países asiáticos.
  2. Primeira universidade confucionista: foi fundada na China durante a dinastia Han, promovendo o estudo dos clássicos.
  3. Reconhecimento internacional: a Unesco declarou os templos, florestas e túmulos de Confúcio na China como Patrimônio Mundial da Humanidade.
  4. Confucionismo e negócios: muitos empresários asiáticos aplicam os valores confucionistas em suas práticas de gestão, destacando a ética e o respeito hierárquico.

Créditos da imagem

[1] Moment Capsule / Shutterstock

Fontes

COSTA, Alexandre. O Confucionismo e seu impacto na educação. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/41092/1/ConfucionismoImpactoEduca%C3%A7%C3%A3o.pdf

BUENO, André. Confúcio no Brasil: um problema epistemológico. Modernos & Contemporâneos, 2024. Disponível em: https://www.academia.edu/48920950/Confucionismo_uma_abordagem_intercultural_capa_e_sum%C3%A1rio_

SIMÕES, Ana Soré Araújo; GOMES, Inalígia de Figueirêdo; GNERRE, Maria Lúcia Abaurre. Confucionismo e ética: uma prática integrada à vida. Religare, v. 8, n. 1, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/religare/article/view/10946.

RAMOS, Marcelo Maciel; ROCHA, Rafael Machado. O confucionismo político e os caminhos para um constitucionalismo chinês. Revista de Ciências do Estado, v. 1, n. 1, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/57253.

VIGGIANI, Tatiana. Desenvolvimento da República Popular da China: o novo confucionismo e a educação. Anais da XIII Semana de Relações Internacionais da UNESP, 2015. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Eventos/2015/xiiisemanaderelacoesinternacionais/desenvolvimento-da-republica_tatiana-viggiani.pdf.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Confucionismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao/confucionismo.htm. Acesso em 30 de março de 2025.

De estudante para estudante


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