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Maomé

Maomé, também conhecido como Muhammad, foi o profeta que recebeu a mensagem de Alá e o responsável pelo surgimento do islamismo, no século VII.

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Mais chamado pelos muçulmanos de Muhammad, Maomé foi o profeta que recebeu a mensagem de Alá, dando início a pregações que resultaram no surgimento do islamismo, no século VII. Muhammad recebeu a primeira revelação em 610, quando o anjo Gabriel supostamente lhe trouxe a mensagem de Deus.

Acesse também: Ramadã — o período sagrado para os praticantes do islamismo

Tópicos deste artigo

Primeiros anos de Maomé

Maomé nasceu em Meca, atual Arábia Saudita, no ano de 570. Os muçulmanos afirmam que ele nasceu no mês de Rabi al-Awwal, o terceiro mês do calendário islâmico, e acredita-se que isso tenha sido no mês de abril do ano de 570. Muhammad pertencia ao clã dos haxemitas, que fizeram parte da tribo dos coraixitas.

Muhammad nasceu na cidade de Meca, um importante centro comercial e de peregrinação religiosa, em 570.
Muhammad nasceu na cidade de Meca, um importante centro comercial e de peregrinação religiosa, em 570.

A tribo de que Muhammad fazia parte era a predominante na cidade de Meca, assumindo um papel muito importante na conservação da Caaba, um local sagrado na Arábia pré-islâmica (os muçulmanos também o consideram sagrado). Os coraixitas também cumpriam papel importante em garantir a segurança dos peregrinos que visitavam a cidade.

O pai de Muhammad, Abd-Allah ibn Abd al-Muttalib, faleceu antes de ver seu filho nascer. A mãe se chamava Amina bint Wahab, e faleceu por volta de 576, quando Muhammad tinha apenas seis anos de idade. Passou então a ser criado por seu avó paterno, Abdul Mutalib, que, no entanto, faleceu quando ele tinha oito anos de idade.

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Ofício e casamento de Maomé

Após o falecimento de seu avô, Muhammad passou para os cuidados do seu tio Abu Talib. O tio foi uma forte influência na vida do jovem Muhammad, ensinando-lhe o ofício por meio do qual o profeta do Islã sobreviveu durante muito tempo. Muhammad era um comerciante e tinha reputação de ser um dos mais honestos de Meca, participando de caravanas que foram até a Síria.

A reputação de Muhammad era tamanha que ele recebeu alcunhas como Al-Amin, que significa “digno de confiança”. Essa imagem fez com que seus serviços atraíssem o interesse de Khadija, uma viúva que tinha prósperos negócios. Depois de trabalhar para Khadija e demonstrar ser um homem de confiança, Muhammad recebeu uma proposta de casamento.

Khadija propôs a Muhammad o casamento quando ele tinha por volta de 25 anos. Muhammad aceitou e casou-se com ela, 15 anos mais velha que ele. Do casamento nasceram seis filhos, dois homens e quatro mulheres. Os dois filhos morreram na infância, e suas quatro filhas morreram na adolescência ou juventude.

Como Maomé se tornou profeta do Islã

Hira, a caverna onde o anjo Gabriel apareceu para Muhammad, trazendo-lhe a revelação de Alá.[1]
Hira, a caverna onde o anjo Gabriel apareceu para Muhammad, trazendo-lhe a revelação de Alá.[1]

Muhammad é conhecido por ter sido o profeta do islamismo, uma das maiores religiões da atualidade. Os muçulmanos acreditam que ele foi o escolhido para receber e pregar a mensagem de Alá. Isso fez de Muhammad um dos homens mais poderosos de toda a Península Arábica.

Sua trajetória como profeta do Islã se iniciou em 610, quando ele estava retirado de Meca. Na ocasião, Muhammad estava em uma gruta, no monte Jabl al-Mour, quando teve uma visão sobrenatural. Nesse momento, ele foi questionado a recitar um texto sagrado, e assim ele fez|1|:

Em nome de Deus, Muito Bom e Misericordioso:

Recita em nome do teu Senhor que criou:

Que criou o homem de um grumo de sangue coagulado.

Recita: Teu Senhor é Muito Generoso

que ensinou graças ao junco para escrever,

que ensinou ao homem o que este não sabia.

A tradição islâmica afirma que o evento deixou Muhammad atônito e temeroso. Ele compartilhou o acontecimento com sua esposa, que o levou à presença de Waraqah ibn Nawfal, considerado um sacerdote cristão. Nawfal teria dito a Muhammad que ele tivera a visão de um anjo enviado por Deus. O anjo que apareceu para Muhammad teria sido Gabriel, e, nessa revelação, o que estava sendo revelado para o profeta era o Alcorão.

Muhammad seguiu por um período sem que novos episódios do tipo tivessem acontecido, mas eventualmente as visões retornaram. Isso aconteceu em 613, e, a partir daí, Muhammad deu início às pregações da mensagem de Alá. As pessoas mais próximas dele, como sua esposa e seu primo Ali (filho de Abu Talib), converteram-se.

Acesse também: Escravidão no mundo muçulmano

Fuga para Medina

Entretanto, Muhammad encontrou muita resistência durante as suas pregações. A cidade de Meca era um centro de peregrinação que lucrava consideravelmente com o fluxo de pessoas atraídas pela fé pagã e politeísta que existia naquela cidade. Sendo assim, o surgimento de uma nova fé, que prejudicaria esse fluxo de peregrinos, não foi bem-aceito pelos comerciantes locais.

Aos poucos, Muhammad conquistou alguns adeptos na cidade de Meca, e isso, somado às críticas que ele fazia aos ídolos adorados na cidade, começou a irritar os comerciantes. Eles, então, decidiram convencer o profeta a apostatar, mas Muhammad rejeitava tudo que lhe era oferecido. Assim, os seus seguidores começaram a ser perseguidos.

Monte Jabal al-Nour, onde fica a caverna Hira, e a cidade de Meca ao fundo.
Monte Jabal al-Nour, onde fica a caverna Hira, e a cidade de Meca ao fundo.

Em 615, alguns adeptos do islamismo decidiram fugir de Meca devido à perseguição e foram para Aksum, um reino cristão que havia se estabelecido no território da atual Etiópia. A perseguição se voltou contra Muhammad, uma vez que seu clã passou a ser boicotado por outros clãs de Meca. O objetivo do boicote era forçar haxemitas a expulsarem Muhammad.

Entretanto, isso aconteceu somente a partir de 619, quando Abu Talib faleceu, e o clã foi assumido por Abu Lahab, forte opositor do profeta. Com isso, Muhammad foi expulso do clã dos haxemitas, encontrando-se em uma situação muito delicada. Assim, ele estava exposto e qualquer um poderia assassiná-lo sem que ninguém pudesse reivindicar vingança por ele. Outro duro golpe que o profeta sofreu nesse período foi a morte de sua esposa.

Isso o forçou a partir à procura de proteção em outras cidades árabes. Eventualmente, a cidade de Yathrib (futuramente conhecida como Medina) tornou-se o novo lar do profeta. Nela havia uma grande comunidade de judeus, e acreditava-se que o apoio a Muhammad contribuiria para o enfraquecimento de Meca, cidade rival de Yathrib.

A fuga de Muhammad para Medina se deu em 622 e ficou conhecida como Hégira, evento que inaugura a contagem do calendário islâmico. Sendo assim, o ano de 622 do calendário gregoriano corresponde ao ano 1 do calendário islâmico. A fuga também se deu porque ele soube que um plano para assassiná-lo estava em curso.

Auge do poder de Maomé

Em Medina, Muhammad encontrou pessoas dispostas a ouvirem e converterem-se à nova fé que ele trazia. Logo ele se tornou uma grande autoridade na cidade de Medina, e usou de seu poder para lançar-se em guerra contra Meca. A ida do profeta para Medina também fez com que inúmeros de seus seguidores se mudassem para lá.

Em Medina, Muhammad instruiu seus seguidores sobre a necessidade da oração ritual. Isso foi ensinado ao profeta em 620, quando o anjo Gabriel supostamente apareceu para ele e o transportou para Jerusalém. Depois disso, Muhammad foi transportado para o céu, onde encontrou outros profetas, como Moisés e Jesus.

Além disso, Muhammad aproveitou de sua posição para promover reformas nas leis de Medina e para mobilizar as forças da cidade para a guerra. Medina começou a atacar caravanas que saíam de Meca. Os comerciantes de Meca uniram forças para resistir ao assédio de Medina, o que resultou em uma grande batalha no ano de 624.

Essa foi a Batalha de Badr, quando 1000 guerreiros de Meca foram derrotados por cerca de 300 soldados muçulmanos enviados por Medina. Esse embate aumentou a reputação de Muhammad e, até hoje, é bastante lembrado pelos muçulmanos. Uma celebração à vitória acontece no dia 17 do mês de Ramadã, data em que a luta ocorreu no calendário islâmico.

Em 627, a cidade de Meca uniu forças com outras tribos árabes e com os judeus expulsos de Medina para lutar contra Muhammad. Isso resultou na formação de um exército de cerca de 10 mil soldados, que foram enviados para lutar contra os três mil soldados que protegiam Medina. Essa luta recebeu o nome de Batalha do Fosso ou Batalha da Trincheira.

As forças que cercaram Medina foram derrotadas, e Muhammad vingou-se dos judeus que haviam se voltado contra ele. Os judeus que se converteram ao islamismo foram poupados, mas todos os homens que tomaram parte na luta foram executados, e as mulheres e crianças, vendidas à escravidão.

Em 629, Muhammad assinou um acordo de paz com Meca, mas o acordo foi rompido quando Meca apoiou um ataque contra aliados de Medina. Em 630, Muhammad formou um exército de milhares de soldados e marchou na direção de Meca. A cidade não ofereceu resistência, e Muhammad entrou nela, oferecendo anistia a todos que se convertessem ao islamismo. Meca havia sido conquistada.

Depois disso, Muhammad procedeu com a destruição dos ídolos de Meca, consolidando a cidade como adepta do islamismo. A Caaba continuou sendo um centro de peregrinação, mas foi convertida à fé islâmica.

Acesse também: Qual é a diferença entre árabes e muçulmanos?

Morte de Maomé

Depois disso, Muhammad procurou expandir seu poder por outras regiões da Península Arábica. Ele estava no auge da sua atuação, quando contraiu uma doença que resultou em sua morte, em 8 de junho de 632. Depois da morte do profeta, o poder foi transmitido para Abu Bakr, amigo de Muhammad, fazendo dele o primeiro califa. A partir daí, o islamismo seria expandido pela Ásia, África e Europa.

Nota

|1| JOMIER, Jacques. Islamismo: história e doutrina. Rio de Janeiro: Vozes, 1992. p. 19.

Créditos da imagem

[1] nikjuzaili e Shutterstock

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Maomé"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/maome.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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