PUBLICIDADE
O Dia de São Cosme e Damião é uma data presente no calendário litúrgico do catolicismo, sendo celebrada em 26 de setembro. São Cosme e São Damião eram irmãos gêmeos que ficaram conhecidos por serem médicos que não cobravam pelos serviços prestados. Por serem cristãos, foram martirizados.
Acesse também: A história dos Reis Magos – como é relatada na Bíblia e curiosidades
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Dia de São Cosme e Damião
- 2 - Quem foram Cosme e Damião?
- 3 - Veneração a Cosme e Damião
- 4 - São Cosme e Damião no Brasil
Resumo sobre Dia de São Cosme e Damião
-
Oficialmente, o Dia de São Cosme e Damião é celebrado, no catolicismo, em 26 de setembro.
-
São Cosme e Damião foram irmãos gêmeos que ficaram famosos por serem médicos que não cobravam pelos seus serviços.
-
Foram presos, torturados e martirizados por serem cristãos.
-
O culto a eles se espalhou, com destaque para as ações do papa Félix IV e de Justiniano I.
-
A veneração aos santos chegou ao Brasil no século XVI, sendo trazida pelos portugueses. Aqui houve forte sincretismo desse culto com as religiões de matriz africana.
Quem foram Cosme e Damião?
Cosme e Damião foram dois cristãos que viveram nos séculos III e IV d.C. e ficaram marcados na história do cristianismo. Eventualmente se tornaram alvo de veneração e canonizados, fazendo deles santos. Atualmente, são conhecidos como padroeiros dos médicos e dos farmacêuticos.
Não se sabe muita coisa sobre a vida deles, mas a tradição cristã afirma que eram irmãos gêmeos que nasceram no século III d.C., na Arábia Saudita. Eram de uma família nobre e muito cristã, sendo que a devoção da mãe deles, Teódata, contribuiu abertamente para a religiosidade de todos os seus filhos. Cosme e Damião tinham outros irmãos.
Os verdadeiros nomes dos irmãos gêmeos eram Acto e Passio, e, na vida adulta, eles se tornaram médicos que trabalhavam na Ásia Menor, região da Ásia que hoje corresponde à Turquia. Foi a prática médica em forma de caridade dos irmãos que os tornou figuras veneradas.
Cosme e Damião curavam doentes por onde passavam e atribuíam seus dons médicos a Deus. As obras realizadas por eles e a devoção que tinham ao cristianismo contribuíram para que alguns de seus pacientes se convertessem a essa religião. Alguns dos seus feitos eram tidos como supostos milagres.
A fama de Cosme e Damião correu a Ásia Menor, incluindo o boato de que eles eram cristãos. Para o contexto, provavelmente, começo do século IV d.C., o fato de serem cristãos era um grande risco, pois o imperador romano da época, Diocleciano, era devoto da tradicional religião pagã do Império Romano. Por isso, havia no seu reinado uma grande perseguição aos cristãos.
Os boatos sobre Cosme e Damião chegaram a Lísias, governante da Cilícia. Ele então trouxe os médicos ao seu encontro e os prendeu ao confirmar que eles eram de fato cristãos. Os irmãos foram torturados, mas não apostataram.
Como Cosme e Damião não negaram a fé cristã, foram condenados à morte. A tradição religiosa conta que eles sobreviveram a uma tentativa de afogamento, saíram ilesos de uma grande fogueira e também sobreviveram ao apedrejamento, à crucificação, além de não terem sido feridos por flechas lançadas contra eles. Entretanto, isso é entendido pelos historiadores como lenda.
Por fim, eles teriam sido mortos quando as autoridades romanas decidiram decapitá-los, o que, provavelmente, pode ter acontecido em 303, embora não haja comprovação acerca disso.
Acesse também: 24 de junho – Dia de São João
Veneração a Cosme e Damião
Não sabemos exatamente quando se iniciou a veneração a Cosme e Damião, mas acredita-se que ela já acontecia pouco tempo depois da morte dos irmãos. Sua consolidação aconteceu no século VI, e um dos responsáveis por isso foi Justiniano I, imperador bizantino. Ele decidiu construir basílicas para os irmãos santos.
Isso aconteceu, supostamente, porque ele tinha sido curado de uma doença depois de receber uma intercessão no nome de Cosme e Damião. Assim, ele construiu uma basílica em Cirro, cidade na Síria, onde os restos mortais dos médicos foram enterrados, e em Constantinopla, capital do Império Bizantino.
O papa da Igreja Católica Félix IV também decidiu construir uma basílica em homenagem aos irmãos, inaugurando-a no final do século V. A inauguração teria acontecido em 27 de setembro de 500. Esse papa teria contribuído para consolidar o culto a Cosme e Damião entre os católicos, espalhando-o por toda a Europa Ocidental.
Acesse também: Por que não pode comer carne na Sexta-feira Santa?
São Cosme e Damião no Brasil
O culto a São Cosme e Damião chegou ao Brasil no século XVI, e atribui-se isso à presença portuguesa no território brasileiro. Isso se evidencia pela construção da Igreja Matriz de São Cosme e São Damião, em Igarassu, Pernambuco, no ano de 1535. Sabe-se, ainda, que a devoção a Cosme e Damião em Portugal se fortaleceu depois do século XI.
A veneração aos irmãos santos acontecia aqui no dia 27 de setembro, data que também era seguida em outros locais de influência católica. No entanto, uma mudança no calendário litúrgico da Igreja foi feita em 1969, fazendo com que o Dia de São Cosme e Damião passasse a ser celebrado no 26 de setembro.
Essa mudança, apesar de oficial, não foi seguida por muitos devotos, que ainda celebram a data no dia 27. O culto a Cosme e Damião passou por um forte sincretismo religioso no Brasil, sendo os dois santos também associados a religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda.
Nas religiões de matriz africana, São Cosme e Damião passaram a ser identificados com Ibeji, um orixá composto por dois irmãos gêmeos vistos como protetores das crianças. O sincretismo religioso fez com que a celebração do Dia de São Cosme e Damião ficasse marcada pela distribuição de doces e presentes para as crianças.
Créditos das imagens
[1] AlexNow e Shutterstock
[2] Massimo Todaro e Shutterstock
Por Daniel Neves
Professor de História