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Umbanda

A umbanda é uma religião brasileira que tem influências do candomblé, do espiritismo e do catolicismo. É fruto do sincretismo dessas três vertentes religiosas.

Mulher adepta da religião umbanda fazendo um pedido.[1]
As cores das fitas do Senhor do Bonfim rementem aos orixás, presentes nas religiões de matriz africana, como a umbanda.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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A umbanda é uma religião que surgiu no Brasil e tem suas raízes nas religiões de matriz africana, em especial no culto praticado pelos bantos e pelos iorubás na forma do candomblé. Além disso, surgiu sob influência do espiritismo e do catolicismo, no começo do século XX.

A umbanda preza pela caridade, tem uma divindade superior — Olorum — e tem uma forte crença em orixás e espíritos, como os caboclos e os pretos velhos. Surgiu por meio de um jovem chamado Zélio Fernandino de Morais, após ter incorporado o Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Leia mais: Intolerância religiosa — geralmente se manifesta por meio de discriminação, profanação e agressões

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a umbanda

  • Umbanda é uma religião surgida no Brasil e que sofreu enorme influência das religiões de matriz africana.

  • É resultado do sincretismo entre candomblé, espiritismo e catolicismo.

  • Surgiu, em 1908, após Zélio Fernandino de Morais ter sido incorporado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas.

  • Acredita na existência de um ser superior — Olorum.

  • Os orixás e as entidades, como os pretos velhos e os caboclos, são parte importante dessa crença.

O que é a umbanda?

A umbanda é uma religião afro-brasileira que se estruturou no começo do século XX, inicialmente no Rio de Janeiro, contando com a influência do candomblé, do espiritismo e do catolicismo, além das influências da religiosidade indígena. É enquadrada como uma religião monoteísta porque alimenta a crença em um único deus, chamado Olorum.

Olorum também pode ser chamado pelos umbandistas de Zambi, e a crença nele não se manifesta em rituais de veneração. Isso porque, na umbanda, Olorum é visto como o responsável pela criação do planeta e por estabelecer os princípios que delimitam o que é essa religião. Além disso, a umbanda é marcada pela crença em uma série de espíritos e entidades, como veremos.

A palavra umbanda é derivada do idioma quimbundo, falado na região de Angola, e é traduzida como “arte de curar”. Alguns princípios básicos da umbanda são a caridade e o amor, sendo a primeira um dos elementos fundamentais, pois é por meio da caridade que o espírito de uma pessoa evolui. Acredita-se na reencarnação e na ideia de que a alma é imortal.

Um dos elementos centrais da umbanda é a incorporação de guias: os espíritos e entidades que se manifestam por meio dos médiuns para ajudar aqueles que os consultam. Dentro da umbanda, no entanto, existe uma diferença entre espíritos de luz e espíritos de trevas. Sendo assim, existem os que atuam para o bem ou para o mal. Essa dicotomia é entendida como uma influência direta do cristianismo.

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Diferença entre umbanda e candomblé

Umbanda e candomblé são religiões de matriz africana, e, embora o candomblé tenha servido de inspiração para o surgimento da umbanda, as duas religiões têm suas diferenças. A grande diferença entre elas é que o candomblé preservou de maneira mais original as suas características africanas.

Sendo assim, o candomblé é muito mais próximo de suas raízes africanas do que a umbanda, bastante influenciada por outras religiões no Brasil, sendo, portanto, resultado de sincretismo religioso. Outra diferença importante entre elas se dá na questão dos orixás, pois, no candomblé, há dezenas deles, enquanto na umbanda existem apenas nove. Caso queira saber mais sobre a diferença entre essas duas religiões, clique aqui.

Entidades da umbanda e seus significados

As entidades são figuras fundamentais no culto da umbanda. As principais são as seguintes:

  • Caboclos: espíritos de indígenas que representam força.

  • Pretos velhos: espíritos africanos que foram escravizados no Brasil e representam a sabedoria da velhice.

  • Exus: mensageiros dos orixás e protetores dos humanos.

  • Pombajiras: mensageiras dos orixás, podem ser consideradas uma manifestação feminina de Exu.

  • Erês, marinheiros, baianos, malandros: outras entidades que fazem parte da umbanda.

Orixás da umbanda e seus significados

A umbanda herdou do candomblé a crença nos orixás, embora apenas nove deles sejam cultuados nela: Oxum, Iansã, Nana Buruquê, Ogum, Xangô, Oxossi, Oxalá, Iemanjá e Omulú. A forma como o culto aos orixás se manifesta pode variar de acordo com a linha adotada pelo terreiro. Além dos orixás, a umbanda é marcada pela crença em diversas entidades (listadas no tópico anterior).

  • Oxum: orixá feminino da água doce e muito relacionada com a determinação.

  • Iansã: orixá dos ventos e das tempestades e conhecida por ter uma forte personalidade.

  • Nana Buruquê: orixá conhecida como Senhora da Criação, tem uma forte relação com os aprendizados obtidos com a velhice.

  • Ogum: orixá que é um soldado e, por isso, tem uma forte relação com a justiça e a vitória.

  • Xangô: outro orixá que tem uma forte relação com a justiça, sendo também muito associado com o fogo.

  • Oxossi: orixá que é o guardião das florestas, é um exímio caçador e associado com a cura, pois tem conhecimento das ervas.

  • Oxalá: orixá muito relacionado com a paz, tem personalidade apaziguadora.

  • Iemanjá: uma das orixás mais famosas do Brasil, é conhecida como Grande Mãe e muito relacionada com o mar.

  • Omulú: orixá que está relacionado com a morte mas também com o poder de cura.

Leia mais: O que são os orixás?

Características da cerimônia na umbanda

Pessoas participando de cerimônia da umbanda, em terreiro em São Luiz, Maranhão.
O terreiro é o lugar de realização das cerimônias da umbanda.

O culto e os rituais na umbanda são realizados no terreiro, local liderado por um sacerdote, que pode ser chamado de pai de santo (babalorixá), caso seja homem, ou de mãe de santo (ialorixá), caso seja mulher. Algumas práticas populares de uma cerimônia religiosa da umbanda são as giras, o passe e o descarrego. Vamos entender o que significa cada uma delas:

  • Giras: sessões festivas que contam com a presença de diversos espíritos.

  • Passe: quando a entidade usa de alguma técnica ritualística para abençoar a pessoa.

  • Descarrego: retirada da energia negativa de uma pessoa.

Um dos momentos mais importantes da cerimônia religiosa da umbanda é a manifestação das entidades. No entanto, ela se dá apenas por meio do médium e com o objetivo de trazer sabedoria e esclarecimento àqueles que a procuram.

Local de culto da umbanda

Altar da umbanda
No congá ficam as imagens de santos e orixás, além de oferendas.

O espaço em que se realizam as cerimônias da umbanda é o terreiro, e dentro dele existem diferentes locais que são parte dos rituais umbandistas. Os locais dentro de um terreiro na umbanda são:

  • o peji ou congá (altar);

  • o assentamento (local de descarrego);

  • o cruzeiro das almas (local de oração para os desencarnados).

Pontos de umbanda

Os pontos de umbanda são os cânticos entoados durante uma cerimônia típica dessa religião. Esses pontos são usados para homenagear uma entidade e também para convidá-la a participar da cerimônia em curso. São cantados em uma harmonia específica, pois só assim a entidade toma parte dos trabalhos no terreiro.

Os que entoam esses cânticos são os curimbas, grupo de pessoas formado por ogãs curimbeiros (cantam), ogãs atabaqueiros (somente tocam os instrumentos) e ogãs curimbeiros e atambiqueiros (que realizam as duas funções ao mesmo tempo). O trabalho dos curimbeiros é fundamental, pois entende-se que os pontos entoados dissolvem as energias negativas.

Símbolos da umbanda e seus significados

Os pontos riscados são símbolos muito comuns na umbanda. Esses desenhos são feitos à mão, tendo traços angulares, retos, flechas, representações geométricas, entre outros. A função desses símbolos é invocar as entidades a tomarem parte da cerimônia, uma vez que cada um desses pontos riscados é associado diretamente com alguma delas.

Origem da umbanda

Tenda Espírita Maria Conga, terreiro de umbanda da cidade do Rio de Janeiro.
O primeiro terreiro cadastrado na cidade do Rio de Janeiro foi a Tenda Espírita Maria Conga de Aruanda.[2]

A umbanda é uma religião oficialmente brasileira, pois sua origem se deu em nosso país, embora suas influências tenham vindo de religiosidades estrangeiras. Primeiramente, a umbanda tem derivação das religiões de matriz africana, sendo fortemente influenciada pelos cultos banto e iorubá.

O candomblé é a maior fonte de inspiração de religiosidade africana para a umbanda, e dele foi legada a crença nos orixás, por exemplo. Os orixás são divindades associadas com os elementos da natureza. A crença neles varia de acordo com a linha de abordagem do culto na umbanda.

Do cristianismo foram legados, por exemplo, a crença monogâmica em um deus, o valor da caridade, e a visão de mundo baseada na dicotomia entre o bem e o mal. No caso do espiritismo, foram herdadas a crença na reencarnação, a hierarquização dos espíritos, e a importância do médium na interlocução entre as entidades e os fiéis.

A mistura dos elementos das três religiões deu origem a um culto afro-brasileiro que se popularizou na cidade do Rio de Janeiro. À medida que ele se popularizava, foi também se dividindo em dois grandes grupos: um que foi influenciado pelo espiritismo e sofreu um grande embranquecimento, assim, afastando-se de práticas ligadas aos cultos africanos; e outro que se manteve mais próximo das raízes africanas.

Muitos historiadores atribuem o surgimento da umbanda a Zélio Fernandino de Morais, um jovem que estava prestes a ingressar na Marinha em 1908. Na época ele passou a manifestar um comportamento diferente, falando palavras ininteligíveis. Ele foi levado ao hospital, mas não foi identificado nenhum problema nele.

O jovem, que tinha 17 anos, foi levado a um centro espírita por sua família, e, no dia 15 de novembro de 1908, sentou-se à mesa para conversar com José de Souza, presidente da Federação Espírita de Niterói. Na ocasião, Zélio incorporou um espírito que se apresentou como Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Esse espírito se apresentou como um padre do século XVIII que tinha reencarnado como indígena em sua última existência física. Em seguida, o Caboclo das Sete Encruzilhadas trouxe orientações para o estabelecimento de um novo culto — surgia a umbanda. A partir daí, a umbanda cresceu e se diversificou, tornando-se uma das maiores religiões de matriz africana do Brasil.

Leia mais: Cultura indígena — é vasta, diversificada e grande influenciadora da identidade cultural brasileira

Hino da Umbanda

Atualmente, a umbanda tem um hino que é sua canção oficial. Foi composto por Dalmo da Trindade Reis e por José Manoel Alves, sendo apresentado ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, que o aprovou. O nome original dessa canção é Refletiu a Luz Divina. Vejamos a letra:

Refletiu a luz divina

Em todo seu esplendor

É do Reino de Oxalá

Onde há paz e amor

Luz que refletiu na Terra

Luz que refletiu no Mar

Luz que veio de Aruanda

Para tudo iluminar

Umbanda é paz e amor

Um Mundo cheio de luz

É a força que nos dá vida

E a grandeza nos conduz

Avante filhos de fé

Como a nossa lei não há

Levando ao mundo inteiro

A bandeira de Oxalá.

Créditos das imagens

[1] Bradsotck | Shutterstock

[2]Tânia Rêgo | Agência Brasil | Commons

Fontes

BERKENBROCK, Volney J. A experiência dos orixás: um estudo sobre a experiência religiosa no candomblé. Petrópolis: Vozes, 1997.

LINARES, Ronaldo Antônio; TRINDADE, Diamantino Fernandes; COSTA, Wagner Veneziani. Iniciação à Umbanda. Disponível em: https://madras.com.br/pdf/iniciacao-umbanda.pdf

MOTTA, Júlia. Significado das fitas do Senhor do Bonfim. Revista Fórum. Disponível em: https://revistaforum.com.br/cultura/2024/2/6/significado-das-fitas-do-senhor-do-bonfim-veja-quais-so-153545.html

PRESOTO, Aline da Silva. Umbanda: da repressão à busca pela aceitação. Disponível em: http://celacc.eca.usp.br/sites/default/files/media/tcc/artigo_-_celacc.pdf

ROHDE, Bruno Faria. A umbanda tem fundamento, e é preciso preparar: abertura e movimento no universo umbandista. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/8977/1/Bruno%20Faria%20Rohde.pdf

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Umbanda"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao/umbanda.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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