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Dicas de português podem ser necessárias devido à falta do hábito de leitura. É incontestável: quem lê mais escreve melhor. Isso acontece porque, durante a leitura, ficamos em contato com as regras da língua portuguesa e compreendemos na prática o funcionamento do código e de seu registro padrão. Se mesmo lendo bastante, você ainda tem dúvidas sobre ortografia e semântica, não se desespere: preparamos 20 dicas de português que vão te ajudar a afastar os tão temidos deslizes gramaticais.
Entre as duplas de termos abordadas a seguir, há uma semelhança, todos eles são homófonos, ou seja, têm grafia e significados distintos, mas pronúncias idênticas. E é exatamente isso que motiva as dúvidas as quais procuraremos tirar neste artigo. Boa leitura e bons estudos!
Leia mais: Ortografia — área da gramática que indica o modo correto de escrever as palavras
Tópicos deste artigo
20 dicas de português
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Dica 1: Com certeza ou concerteza?
“Com certeza” é uma locução adverbial composta pela preposição “com” e pelo nome “certeza”. Em uma oração, ela exerce função de advérbio, podendo ser substituída por outros termos equivalentes, como “certamente”, “decerto” e “sem dúvida”.
Exemplos:
Com certeza, Grande Sertão é uma obra-prima da literatura brasileira.
Com certeza, nós iremos visitá-lo nas próximas férias.
Atenção: “Concerteza” não existe.
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Dica 2: Esse ou este?
“Esse” é pronome demonstrativo variável e designa algo que está perto da pessoa com quem se fala bem como retoma algo que já foi dito. Também se refere a um futuro próximo do presente.
Exemplos:
Esse carro perto de você é melhor do que aquele do outro lado da rua.
Terminei de ler Vidas secas ontem, esse é definitivamente um dos grandes títulos da literatura brasileira.
Nesse próximo sábado, vou ao shopping.
“Este” também é um pronome demonstrativo variável, porém designa algo referente ao presente, pontual, ou ao que será apresentado logo em seguida. Também se refere a algo que está próximo de quem fala.
Exemplos:
Este livro que tenho em mãos é uma maravilha!
Estes são os nomes que escolhi para meus filhos: Lucas, André, Pedro e Túlio.
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Dica 3: Hesitar ou exitar?
“Hesitar” é um verbo e significa estar indeciso, mostrar receio.
Exemplo:
Hesitou por alguns instantes antes de entrar no avião. (mostrou receio)
Já “exitar” é um verbo formado pela junção do nome “êxito” com o sufixo -ar e significa ter êxito.
Exemplo:
O aluno exitou na prova de matemática. (teve êxito)
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Dica 4: Ao encontro de ou de encontro a?
“Ao encontro” de significa ir no sentido de alguma coisa ou alguém, na sua direção.
Exemplo:
A criança foi ao encontro de seus pais. (na direção de seus pais)
“De encontro a” significa o oposto, isto é, ir no sentido contrário a alguma coisa ou alguém, chocando-se com, confrontando.
Exemplo:
As ordens que recebi vão de encontro a meus princípios. (contra os princípios)
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Dica 5: De novo ou denovo?
“De novo” é locução adverbial formada por preposição e o nome “novo”. Pode ser substituída por “mais uma vez” e “outra vez”.
Exemplos:
Ele cometeu o mesmo erro de novo.
Vencemos a competição de novo!
Atenção: “Denovo” não existe!
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Dica 6: Mal ou mau?
“Mal” pode ser uma conjunção, um advérbio ou um substantivo e é oposto a “bem”.
Exemplos:
Rodrigo mal ficou na festa depois que viu sua ex-namorada no recinto. (conjunção temporal)
Adriana foi mal recebida na empresa para a qual havia sido contratada (advérbio).
O mal que assolada este país é a pobreza. (substantivo)
Já “mau” é um adjetivo e oposto a “bom”.
Exemplos:
Este personagem é mau desde pequeno, quando queimava insetos usando uma lupa.
Não adianta confiar de novo, minha prima é mau-caráter.
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Dica 7: Há ou a?
“Há” é verbo transitivo (requer complemento) e impessoal (não tem sujeito) quando seu sentido é de “ter” e “existir”.
Exemplos:
Há pouco tempo eu ainda estava apaixonada por ele!
Há muita comida em casa, não é necessário ir ao supermercado.
A partícula “a” pode ter várias funções em uma frase, como artigo definido, preposição ou parte de alguma locução.
Exemplos:
Eu não pude esperar a professora, então fui embora. (artigo definido feminino)
Fui para a casa da minha avó a fim de que ela não ficasse sozinha. (preposição)
Minha loja não abre de sexta a domingo. (locução adverbial de tempo)
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Dica 8: Onde ou aonde?
A palavra “onde” é advérbio e se refere a lugar. Pode funcionar como pronome relativo quando fizer referência a um lugar já mencionado no texto.
Exemplos:
Onde você estava quando eu te chamei? (advérbio de lugar)
A escola que frequento fica na mesma rua onde eu moro. (pronome relativo)
O termo “aonde” é a junção do advérbio de lugar “onde” mais a preposição “a”. Seu uso implica o acompanhamento de outro termo que exija a referida preposição. É o caso dos verbos “chegar” e “voltar”.
Exemplos:
Cheguei aonde havíamos combinado com uma hora de antecedência.
Quando percebi que não estava com a carteira, voltei aonde tinha usado ela pela última vez.
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Dica 9: Senão ou se não?
“Senão” é uma conjunção usada com o mesmo sentido de “do contrário”, “exceto”, “mas”.
Exemplos:
Vou para casa agora, senão (do contrário) pegarei o trânsito no horário de pico.
Viajei para todos os países da América Latina, senão (exceto) a Argentina.
Não tinha coragem nem desejo, senão (mas) angústia de me encontrar com ele.
“Se não” é uma expressão composta pela conjunção condicional “se” e pelo advérbio de negação “não”, assim, indica a negação de uma condição. É usada no início de orações subordinadas adverbiais.
Exemplos:
Se não precisa mais de mim, vou embora.
Se não fosse por minha esposa ter me acordado, teria perdido o voo.
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Dica 10: Trás ou traz?
“Trás” é advérbio de lugar e se refere à parte posterior de algo. É precedido sempre de preposições como “de” e “por”, formando as locuções adverbiais “de trás” “por trás”.
Exemplos:
Minha camisa estava de trás do armário.
Ele veio por trás de mim e me deu um susto!
“Traz” é conjugação de verbo trazer na terceira pessoa do singular.
Exemplos:
Todos os dias, ele traz a marmita para mim.
Ela traz o filho caçula para o trabalho nas sextas-feiras.
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Dica 11: Mas ou mais?
“Mas”, usualmente, indica oposição, funcionando como conjunção adversativa.
Exemplos:
Gostaria de ter ido à sua festa, mas fui impedida pelo trabalho.
Gosto muito de chocolate, mas esta semana estou de dieta.
“Mais”, em geral, é usado como advérbio de intensidade, tendo sentido de adição.
Exemplos:
Mais de uma vez perdi o ônibus por acordar atrasado.
Fiquei mais forte depois que comecei a me exercitar na academia.
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Dica 12: Demais ou de mais?
O termo “demais” é um exemplo de advérbio de intensidade, cuja função é intensificar o sentido de um verbo. Pode, ainda, exercer função de pronome indefinido.
Exemplos:
Ele é chato demais, não há quem o aguente!
Os candidatos que foram aprovados nesta fase seguirão adiante, os demais serão dispensados.
Já “de mais” é uma locução adjetiva com sentido de qualificar um substantivo em termos de quantidade. Se ainda houver dúvida no uso, faça a troca pelo antônimo “de menos” na frase.
Exemplos:
Achei que havia gente de mais no show de ontem.
Depois que me acalmei, vi que não havia nada de mais no que ela havia dito.
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Dica 13: Em vez de ou ao invés de?
A expressão “em vez de” é locução prepositiva e tem o mesmo sentido de “no lugar de”.
Exemplos:
Em vez de ir ao cinema, preferi ir ao clube.
Minha irmã, em vez de me ligar, mandou-me mensagem.
Já a expressão “ao invés de” também é uma locução prepositiva, porém com o sentido de “ao contrário de”.
Exemplos:
Você deveria ter dito “sim” ao invés de ter dito “não”.
No fim de semana, ela prefere ficar sozinha ao invés de receber amigos.
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Dica 14: Aja ou haja?
“Aja” é uma forma da conjugação do verbo “agir”, podendo estar na primeira ou terceira pessoa do singular do presente do subjuntivo; na terceira pessoa do singular imperativo afirmativo; ou na terceira pessoa do singular imperativo negativo. Tem o sentido de se comportar de determinada maneira.
Exemplos:
Que eu aja conforme meus princípios.
(primeira pessoa do singular do subjuntivo)
Que ela aja melhor daqui para frente.
(terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo)
Que ele não aja como bem queira.
(terceira pessoa do singular do imperativo negativo)
Já “haja” é uma forma da conjugação do verbo “haver”, podendo ser na primeira ou terceira pessoa do singular do subjuntivo; terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo; ou terceira pessoa do singular do imperativo negativo. Tem o sentido de “existir”.
Exemplos:
Que haja sempre prosperidade em sua caminhada.
(terceira pessoa do singular do subjuntivo)
Haja resiliência para aguentar tantas adversidades!
(terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo)
Tomara que não haja sujeira na casa quando eu voltar.
(terceira pessoa do singular do imperativo negativo)
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Dica 15: Por que ou porque?
“Por que” é usado para perguntas.
Exemplo:
Por que foi embora tão cedo?
“Porque” é usado para respostas.
Exemplo:
Fui embora cedo porque tive dor de cabeça.
Além disso, existem as formas “porquê”, usada como substantivo, e “por quê”, usada como pergunta ao final da frase.
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Dica 16: A gente ou agente?
“A gente” é locução pronominal e usado informalmente em substituição de “nós”.
Exemplo:
A gente não gosta mais desse tipo de filme.
“Agente” é um substantivo que designa aquele que pratica alguma ação.
Exemplos:
O agente secreto foi recontratado para uma última missão.
O agente de trânsito multou todos os carros que estavam em fila dupla.
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Dica 17: Por hora ou por ora?
“Por hora” é uma expressão que indica o tempo de 60 minutos.
Exemplo:
Cobro 150 reais por hora de execução do projeto.
“Por ora” é uma expressão com sentido de “por enquanto”.
Exemplo:
Por ora não falarei nada sobre o assunto.
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Dica 18: Enfim ou em fim?
“Enfim” é um exemplo de advérbio de tempo e tem sentido de “finalmente”.
Exemplo:
Enfim chegamos em casa!
“Em fim” é uma locução adverbial de tempo e tem o sentido de “ao final de”.
Exemplo:
Em fim de ano, tudo é protelado para o ano seguinte.
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Dica 19: Uso de am e ão no final dos verbos
Terminação verbal (ou sufixo temporal), “am” se refere à conjugação da terceira pessoa do plural no pretérito.
Exemplos:
Usaram todo o crédito de internet que havia no meu celular.
Elas comeram todo o pudim que estava na geladeira.
As regras do jogo foram estabelecidas muito antes da classificação dos times.
Terminação verbal (ou sufixo temporal), “ão” pertence à conjugação da terceira pessoa do plural do futuro do presente do indicativo.
Exemplos:
Eles irão à escola no período vespertino a partir do ano que vem.
Todos serão informados sobre as novas regras do campeonato.
Elas caminharão por cinco quilômetros até chegarem ao próximo posto médico.
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Dica 20: Que ou quem?
Tanto “que” quanto “quem” são pronomes relativos, o que significa que eles se referem a um termo que os antecede, que veio antes deles. Ambos os pronomes também são invariáveis.
“Que” pode se referir tanto a coisas quanto a pessoas.
Exemplos:
A garota, que se julgava tão apta, não aguentou o ritmo da competição.
O mês de setembro é o que menos me apetece devido à secura do clima.
“Quem” refere-se somente a pessoas ou a objetos personificados.
Exemplos:
Júlia é a pessoa de quem eu mais gosto da minha família.
O Sol, a quem devo tudo, me guia todos os dias. (astro sideral personificado)
Fontes
CINTRA, L. & CUNHA, C. Nova gramática do português contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013.
DICIONÁRIO Priberam da língua portuguesa. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/