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O governo Donald Trump se estendeu de janeiro de 2017 a janeiro de 2021, com Trump sendo o 45º presidente da história dos Estados Unidos. Foi eleito presidente ao derrotar Hillary Clinton na eleição presidencial de 2019. Seu governo ficou marcado por medidas polêmicas em diversos assuntos, como na política externa e na imigração. Foi derrotado por Joe Biden na eleição presidencial de 2020.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre governo Donald Trump
- 2 - Eleição de 2016 nos Estados Unidos
- 3 - Principais acontecimentos no governo Donald Trump
- 4 - Eleição de 2020 nos Estados Unidos
Resumo sobre governo Donald Trump
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Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos ao vencer Hillary Clinton na eleição de 2016.
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Foi o 45º presidente dos Estados Unidos.
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Seu governo ficou marcado por ações e declarações polêmicas em diferentes áreas.
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Ficou conhecido pela grande quantidade de declarações falsas que deu.
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Foi derrotado, na eleição de 2020, por Joe Biden.
Eleição de 2016 nos Estados Unidos
O governo de Donald Trump se estendeu de janeiro de 2017 a janeiro de 2021 e é enxergado como um dos mais controversos da história recente dos Estados Unidos. Para tornar-se presidente dos Estados Unidos, Donald Trump precisou superar prognósticos negativos.
Naquela eleição, Donald Trump foi escolhido como o candidato do Partido Republicano ao vencer as primárias realizadas no começo de 2016. Na disputa pela presidência, ele teve como adversária a democrata Hillary Clinton, ex-senadora. Nessa disputa, Trump era enxergado como azarão.
No entanto, ele venceu. Ao final da contagem dos votos, Trump obteve quase 63 milhões de votos, enquanto Clinton obteve quase 66 milhões de votos. A eleição presidencial norte-americana não é decidida por quem obtém mais votos, mas por quem conquista o maior número de delegados do Colégio Eleitoral.
Nesse quesito, Donald Trump obteve 304 votos, enquanto Hillary Clinton obteve apenas 227. Isso fez dele o quinto presidente na história dos Estados Unidos eleito com menos votos que seu adversário. Analistas da política norte-americana procuraram analisar os fatores que explicam o inesperado sucesso de Donald Trump, e algumas razões podem ser levantadas.
Donald Trump explorou o próprio sucesso como empreendedor bem-sucedido para vender a ideia de que ele era bom com negócios e, portanto, seria um bom gestor para a economia do país e contribuiria para a criação de empregos. Lembrando ainda que ele tinha fama nos Estados Unidos por ter sido apresentador de um reality show chamado The Apprentice.
Trump utilizou de um discurso abertamente nacionalista durante sua campanha eleitoral. O empresário prometeu à população norte-americana que defenderia os interesses norte-americanos em primeiro lugar e, se necessário, refaria acordos comerciais e diplomáticos que não fossem benéficos ao país. Ele, inclusive, utilizava slogans como “America first” (EUA em primeiro lugar) e “Make America great again” (Torne os EUA grandes novamente).
Além disso, ele prometeu defender os interesses do país para evitar que os Estados Unidos perdessem empregos para países como a China e o México. Esse discurso em defesa da economia norte-americana teve um forte apelo entre os brancos de classe baixa dos Estados Unidos. Outro assunto que teve boa receptividade nessa parcela da população foi sobre a questão da imigração.
O discurso de Donald Trump nessa questão assumia uma posição extremamente protecionista, pois ele alegava que mudaria drasticamente a política de imigração do país. Trump afirmou que construiria um muro na fronteira com o México para impedir que imigrantes ilegais entrassem no país. Uma de suas posições acusadas de serem xenofóbicas foi sua decisão contra a entrada de muçulmanos no país.
Outros fatores que explicam a vitória de Trump são o espaço que ele obteve na mídia (espaço esse obtido com a própria fortuna); o insucesso de Hillary Clinton em criar uma plataforma política que atraísse os trabalhadores brancos do país; e as promessas de Trump de reduzir impostos.
Além disso, um escândalo envolvendo e-mails de Hillary Clinton, às vésperas da disputa, prejudicou a imagem da democrata. Por fim, relatos contam que, possivelmente, houve interferência de hackers russos para beneficiar a campanha de Donald Trump e manipular a opinião pública.
Acesse também: Como são feitas as eleições presidenciais nos Estados Unidos?
Principais acontecimentos no governo Donald Trump
Ao longo dos quatro anos de governo, Donald Trump acumulou decisões polêmicas. Algumas das medidas tomadas por ele levaram a verdadeiras brigas judiciais e a impasses entre os entes que formam os Estados Unidos. Vejamos um resumo dos assuntos de destaque do governo de Trump.
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Imigração no governo Donald Trump
Uma das medidas do governo Trump foi o endurecimento da política de imigração, determinando a extradição forçada de muitos imigrantes. O governo Trump também impôs uma política de imigração conhecida como “política de tolerância zero”. Nela qualquer adulto imigrante que entrasse ilegalmente no país seria preso e acusado judicialmente. A exceção seria para imigrantes que cumprissem os requisitos para pedir asilo.
Algumas cidades norte-americanas (conhecidas como cidades-santuários) se recusaram a seguir a rígida política de imigração do governo e passaram a proteger os imigrantes residentes dentro de seus limites. Outra medida tomada pelo governo Trump referente à imigração foi a proibição da entrada de pessoas de cinco países: Somália, Líbia, Irã, Sudão e Iêmen. A medida foi considerada xenofóbica.
Trump, ainda, deu início à construção do muro na fronteira com o México, uma obra extremamente cara. Ele não cumpriu a promessa de fazer o México pagar pelo muro. A política de imigração do seu governo também foi duramente criticada por separar crianças imigrantes de seus pais, e muitas delas permaneceram assim por anos.
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Acordo de Paris no governo Donald Trump
Outra medida polêmica do governo Trump foi decidir retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. Esse acordo é parte de um tratado assinado por 195 países cujo objetivo é reduzir os efeitos do aquecimento global no longo prazo. Um dos principais pontos desse acordo é tentar reduzir o aumento da temperatura em 1,5 ºC.
Os Estados Unidos saíram do Acordo de Paris em 2017, e essa foi uma das demonstrações mais significativas de Donald Trump acerca da sua postura negacionista a respeito do aquecimento global. Além disso, o ex-presidente norte-americano realizava declarações rotineiras sobre não acreditar no que os cientistas dizem sobre o fenômeno.
Os Estados Unidos retornaram ao Acordo de Paris poucas semanas após o presidente Joe Biden ter assumido a presidência norte-americana, em 2021.
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Fake news no Governo Donald Trump
O presidente Donald Trump também ficou conhecido por fazer declarações falsas ou enganosas com certa frequência. Esse tipo de declaração é usualmente conhecido como fake news e basicamente consiste na difusão de informações flagrantemente falsas ou parcialmente falsas com o intuito de manipular a opinião pública.
Os cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt apontaram para o fato de que, durante a campanha eleitoral em 2016, 69% das declarações públicas de Donald Trump poderiam ser enquadradas como falsas ou enganosas. Além disso, eles apontam para o fato de que Trump fez uma declaração falsa ou enganosa por dia, durante os 40 primeiros dias de seu governo.|1|
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Política externa no governo Donald Trump
A política do governo Trump foi extremamente conservadora e passou por transformações consideráveis. A primeira mudança significativa se deu na diplomacia com Cuba, país do Caribe que, desde a década de 1960, sofre com um embargo econômico imposto pelos Estados Unidos. As relações entre Cuba e os Estados Unidos haviam se estreitado durante o governo de Barack Obama, mas voltaram a ficar ruins com Trump.
O governo Trump, ainda, esboçou um estreitamento de laços com a Coreia do Norte, mas as negociações entre os dois países fracassaram. Trump também assumiu uma postura mais rígida com o Irã e seu programa nuclear, e interveio na Síria por conta dos desdobramentos da Guerra Civil Síria. As relações do seu governo com a Venezuela também foram consideradas ruins.
A ação mais polêmica da política externa norte-americana se deu na relação do país com Israel, um dos maiores aliados norte-americanos na região. Em 2018, o governo Trump decidiu reconhecer Jerusalém como capital de Israel e anunciou a transferência da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém.
Essa medida é considerada polêmica porque Jerusalém é uma cidade que gera conflitos entre israelenses e palestinos e não é reconhecida internacionalmente como a capital de Israel. Internacionalmente, entende-se que Tel Aviv é a capital israelense. A postura da comunidade internacional é de que Jerusalém seja partilhada entre israelenses e palestinos.
Acesse também: Entenda as raízes do conflito entre árabes e israelenses
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Covid-19 no governo Donald Trump
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde anunciou que a covid-19 havia alcançado um quadro alarmante, e isso fez com que a organização anunciasse que o mundo vivia uma pandemia. Até agosto de 2021, mais de quatro milhões de pessoas morreram da doença, e uma parte significativa delas era norte-americana.
O governo Trump foi bastante criticado por não combater da forma ideal o avanço da covid-19 nos Estados Unidos. Especialistas na área da saúde e da infectologia apontam que o governo Trump recusou-se a tomar medidas públicas de combate à doença. O presidente também foi acusado de minimizar a gravidade da doença e de defender tratamentos ineficazes no combate a ela, como o uso de hidroxicloroquina.
Eleição de 2020 nos Estados Unidos
O governo de Donald Trump contribuiu para polarizar os Estados Unidos. No decorrer de seu mandato, a popularidade do presidente caiu e até uma tentativa de depô-lo por impeachment foi feita, mas fracassou. Um dos pontos que mais prejudicaram Trump foi seu fracasso no combate à covid-19.
Percebendo sua situação delicada, o então presidente optou por atacar o sistema eleitoral norte-americano a fim de deslegitimar o processo em caso de uma eventual derrota. Sua principal acusação era de que o sistema eleitoral norte-americano estava fraudado, mas suas acusações não tinham provas.
A disputa da eleição presidencial de 2020 foi contra o democrata Joe Biden. Nessa eleição, Donald Trump foi derrotado, obtendo 74 milhões de votos e 232 votos no Colégio Eleitoral. Joe Biden, por sua vez, obteve 81 milhões de votos e 306 votos no Colégio Eleitoral. Após a derrota, apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio, um evento que foi condenado como um grande ataque à democracia norte-americana.
Donald Trump ainda tentou intervir na contagem dos votos quando se tornou claro que ele seria derrotado. Essa postura foi entendida por analistas políticos como uma tentativa de golpe, algo inédito no sistema político norte-americano. O presidente Trump fracassou no seu objetivo e, derrotado, teve de entregar a presidência para o vencedor, Joe Biden.
Nota
|1| LEVITSKY, Steven e ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. p.188-189.
Créditos das imagens
[1] Frederic Legrand – COMEO e Shutterstock
[2] lev radin e Shutterstock
Por Daniel Neves
Professor de História