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Programa nuclear iraniano

O programa nuclear iraniano foi inaugurado na década de 1950 com apoio dos Estados Unidos. Atualmente, o Irã enriquece urânio visando produzir sua primeira arma nuclear.

Sombra de armas nucleares e bandeira do Irã
O programa nuclear iraniano trabalha para garantir a primeira arma nuclear a esse país.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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O programa nuclear iraniano é um programa secreto conduzido pelo governo iraniano cujo objetivo é garantir ao país acesso à sua primeira arma nuclear. O programa nuclear iraniano atua no enriquecimento de urânio, critério fundamental para que seja possível construir uma arma nuclear. Estima-se que o país possua mais de 5.000 quilos de urânio enriquecido.

O programa nuclear iraniano foi iniciado na década de 1950 com o apoio dos Estados Unidos para que o país asiático pudesse produzir energia nuclear. Na década de 1990, o programa iraniano ganhou força e atualmente é motivo de tensão internacional. Os governos dos Estados Unidos e Israel são os maiores opositores desse programa nuclear conduzido pelo Irã.

Leia também: O que pode acontecer se houver uma Terceira Guerra Mundial?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o programa nuclear iraniano

  • O programa nuclear iraniano é um programa secreto conduzido pelo governo iraniano que realiza o enriquecimento de urânio.
  • O objetivo do governo iraniano é enriquecer quantidade suficiente de urânio que permita o país ter a sua primeira arma nuclear.
  • Estima-se que o Irã possua mais de 5.000 quilos de urânio enriquecido.
  • O programa nuclear iraniano foi iniciado na década de 1950 com o apoio do governo dos Estados Unidos.
  • Atualmente, Estados Unidos e Israel são os maiores opositores do programa nuclear iraniano.

O que é o programa nuclear iraniano?

O programa nuclear iraniano é um programa secreto conduzido pelo governo iraniano que é responsável pelo enriquecimento de urânio, possuindo reatores nucleares que são capazes de realizar a fissão nuclear, além de possuir usinas que são responsáveis pelo enriquecimento do urânio.

O programa nuclear iraniano foi iniciado como parte de uma iniciativa do governo iraniano para dominar a tecnologia nuclear sob finalidades pacíficas. Além disso, o programa nuclear iraniano é marcado também pelas pesquisas científicas que são realizadas para garantir o desenvolvimento de tecnologias nucleares no país asiático.

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O Irã tem bombas nucleares?

Oficialmente, não há evidências de que o Irã possua armas nucleares. Isso porque o país asiático nunca admitiu possuir armas nucleares, mas o programa nuclear iraniano está em vigor há décadas, possuindo tecnologia suficiente para produzir tal armamento. O que se sabe hoje é que o Irã possui uma grande quantidade de urânio enriquecido armazenado.

No entanto, apesar dessa não confirmação, fontes da inteligência israelense afirmam que o Irã possui uma plataforma para o lançamento de bombas atômicas e possui uma grande quantidade de urânio enriquecido em 80%, sendo que o necessário para produzir uma bomba nuclear é ter urânio enriquecido em 90%

Ou seja, supostamente falta pouco para que o Irã tenha o necessário para produzir uma bomba atômica. Acredita-se que esse feito pode ser obtido pelo governo iraniano nos próximos anos. Além disso, estima-se que o Irã tenha armazenado cerca de 5.500 quilos de urânio enriquecido em diferentes níveis.

Desse total, sabe-se que mais de 121 quilos correspondiam a urânio enriquecido em 60%, sendo necessário que 42 quilos sejam enriquecidos a 90% para conseguir fabricar uma bomba nuclear. Assim, o consenso do momento é que o Irã não possui bombas nucleares, mas o seu programa nuclear está bem próximo de consegui-lo.

Leia também: Projeto Manhattan — o programa dos Estados Unidos de construir a primeira bomba atômica

Estados Unidos e o programa nuclear iraniano

O programa nuclear iraniano nasceu na década de 1950 com o apoio do governo norte-americano. Na ocasião, o governo norte-americano deu início a um programa chamado “Átomos para a Paz”, em que fornecia incentivo e tecnologia para que diversas nações do planeta fizessem uso da tecnologia nuclear para finalidades pacíficas.

O incentivo norte-americano beneficiou diversos países, entre os quais o Irã, que realizou um acordo com os Estados Unidos para cooperação entre os dois países para uso civil da energia atômica. O governo norte-americano esperava que o Irã permanecesse como um país aliado aos Estados Unidos, estando alinhados com o Ocidente e afastando-se dos soviéticos.

Em 1967, o Irã recebeu um reator nuclear e uma quantidade de urânio enriquecido do governo norte-americano. Em 1970, o Irã se comprometeu com o Tratado de Não Proliferação Nuclear, em que garantia que não tentaria produzir ou obter armas nucleares. Nessa década, o Irã ainda conseguiu formar uma geração de engenheiros nucleares com apoio dos Estados Unidos.

A partir de 1979, as relações entre Irã e os Estados Unidos foram abaladas com a Revolução Islâmica, que tornou os Estados Unidos no grande adversário do governo iraniano. O programa nuclear do Irã, no entanto, permaneceu em “stand-by” por alguns anos depois do sucesso da Revolução Islâmica.

Esse afastamento entre as duas nações fez dos Estados Unidos um dos maiores opositores na comunidade internacional ao programa nuclear iraniano. Essa oposição norte-americana ganhou força quando um movimento de opositores do regime iraniano denunciou à comunidade internacional que o Irã estava enriquecendo urânio.

Com a denúncia, o governo norte-americano percebeu que o programa nuclear iraniano era mais avançado do que se imaginava. A denúncia evidenciou que o Irã estava violando o acordo da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) que obriga as nações a declarar suas atividades em programas nucleares.

Desde então, o governo norte-americano se transformou em um dos grandes opositores, na comunidade internacional, do programa nuclear iraniano. A oposição do governo norte-americano ao programa nuclear iraniano fez com que os Estados Unidos estabelecessem uma série de sanções sobre o Irã, afetando, principalmente, o setor petroquímico do país.

As sanções norte-americanas afetam diretamente a economia iraniana, reduzindo as exportações do país, prejudicando empresas iranianas e contribuindo para aumentar a inflação e o desemprego no Irã. As relações entre Estados Unidos e Irã permaneceram tensas durante todo o século XX, mas ficaram amenas nos últimos anos do governo de Barack Obama.

Esse governo chegou a realizar um acordo internacional envolvendo os Estados Unidos, o Irã e outros países que se comprometiam a enriquecer urânio em até 3,7% visando unicamente a fins pacíficos, sendo utilizados na geração de eletricidade. Além disso, esse acordo estabelecia o limite de 300 quilos de urânio estocado por nação.

A posição norte-americana mudou drasticamente durante o governo de Donald Trump, fazendo com que o país abandonasse o acordo estabelecido em 2015 e restabelecesse as sanções sobre o petróleo iraniano. O governo iraniano foi surpreendido com a medida, e no ano seguinte anunciou que já possui bem mais do que os 300 quilos impostos no acordo.

Riscos do programa nuclear iraniano

Do ponto de vista do governo norte-americano, da União Europeia e de Israel, existe um temor de que o programa nuclear iraniano aumente as tensões no Oriente Médio, uma vez que o Irã não possui boas relações com a Arábia Saudita e, principalmente, com Israel. Além disso, teme-se que uma vez que o Irã possuir uma bomba nuclear, isso possa incentivar outras nações da região a terem suas próprias bombas nucleares.

Esse temor também se explica na visão ocidental, porque o desenvolvimento de uma bomba nuclear poderia desencadear uma corrida armamentista na região, desestabilizando as já frágeis relações e gerando um conflito sem precedentes. Além disso, o governo de Israel teme que o Irã possa usar essa arma contra o território israelense ou possa encorajar o país a ampliar suas hostilidades.

Por outro lado, pesquisadores apontam que o programa nuclear iraniano não é nada diferente daquilo que Israel fez, por exemplo. Nesse sentido, o programa nuclear iraniano é o caminho encontrado pelo Irã para reforçar a sua segurança nacional contra nações inimigas. Esse isolamento internacional do Irã – sem aliados no Ocidente e no Oriente Médio – incentivou o desenvolvimento do programa nuclear.

Isso foi exatamente o que Israel fez ao longo de sua história, uma vez que o isolamento de Israel no Oriente Médio e o receio de que o país fosse atacado pelas nações árabes no contexto das guerras árabe-israelenses teriam motivado o país a reforçar sua segurança, garantindo o controle de armamentos nucleares.

Países com armas nucleares

Atualmente, a comunidade internacional tem conhecimento de nove países com armas nucleares. Estima-se que existam cerca de 12.500 armas nucleares distribuídas entre essas nove nações. O primeiro país a ter uma arma nuclear foi os Estados Unidos, que produziu três bombas por meio do Projeto Manhattan, durante a Segunda Guerra Mundial.

As nações que possuem armas nucleares são as seguintes:

  1. Rússia: possui 5.580 armas nucleares.
  2. Estados Unidos: possui 5.328 armas nucleares.
  3. China: possui 500 armas nucleares.
  4. França: possui 290 armas nucleares.
  5. Reino Unido: possui 225 armas nucleares.
  6. Paquistão: possui 170 armas nucleares.
  7. Índia: possui 160 armas nucleares.
  8. Israel: acredita-se que tenha 90 armas nucleares.
  9. Coreia do Norte: acredita-se que tenha de 35 a 65 armas nucleares.

Outros países que já tiveram armas nucleares foram Cazaquistão e Ucrânia, sendo que essas armas foram herdadas depois do colapso da União Soviética. Ambos os países optaram por devolver as armas para a Rússia. A África do Sul também já teve armas nucleares, mas desmantelou seu arsenal.

Leia também: O que as bombas atômicas causaram em Hiroshima e Nagasaki

História do programa nuclear iraniano

Como mencionado, o programa nuclear iraniano se iniciou na década de 1950 contando com o apoio norte-americano, que buscava disseminar o uso pacífico da energia nuclear. O Irã era um importante aliado do governo norte-americano na região e por isso havia ratificado acordos que limitavam o uso da energia nuclear para finalidades civis.

O governo iraniano investiu de maneira pesada em infraestrutura e na formação de pessoal para garantir o seu programa nuclear na década de 1970. Depois da Revolução Islâmica de 1979, o programa foi abandonado porque o Aiatolá Khomeini não tinha interesse em dar continuidade ao programa nuclear.

Na década de 1990, o Irã realizou um acordo com o governo russo, permitindo que seu programa nuclear fosse retomado. Em 2002, foi vazada a informação de que o Irã estava enriquecendo urânio e, até hoje, o programa nuclear iraniano é alvo de polêmica, sendo bastante criticado pelos governos dos Estados Unidos e de Israel. O Irã, por sua vez, está cada vez mais próximo de ter sua bomba atômica.

Fontes

LIMA, Martonio Mont’Alverne Barreto et al. Programa nuclear do Irã e panorama internacional. Disponível em: https://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/download/1920/1268

PRADO, Daniely Fernanda de Lima et al. O projeto nuclear iraniano: as sanções dos EUA e o papel da diplomacia brasileira nas negociações. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/index.php/fronteira/article/view/23332

REDAÇÃO. Além de Rússia e Estados Unidos, saiba quais países têm armas nucleares. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/alem-de-russia-e-estados-unidos-saiba-quais-paises-tem-armas-nucleares/

REDAÇÃO. Falta de aliados próximos explica investimentos do Irã em programa nuclear, explica professor. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/falta-de-aliados-proximos-explica-investimentos-do-ira-em-programa-nuclear-explica-professor/

REDAÇÃO. Aceleração do programa nuclear iraniano preocupa o mundo e, principalmente, Israel. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/04/19/aceleracao-do-programa-nuclear-iraniano-preocupa-o-mundo-e-principalmente-israel.ghtml

G1. Entenda o acordo nuclear com o Irã. https://g1.globo.com/mundo/noticia/entenda-o-acordo-nuclear-com-o-ira.ghtml

BERMÚDEZ, Ángel. Programa nuclear do Irã: como EUA ajudaram o país a iniciar polêmico plano atômico. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-59491973

REDAÇÃO. Irã tem bomba atômica? Entenda o tamanho do exército e o poder bélico do país em conflito com Israel. Disponível em: https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/04/15/ira-tem-bomba-atomica-entenda-o-tamanho-do-exercito-e-o-poder-belico-do-pais-em-conflito-com-israel.ghtml

REDAÇÃO. Irã tem material suficiente para várias bombas atômicas, segundo agência nuclear. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/02/26/ira-tem-material-suficiente-para-varias-bombas-atomicas-segundo-documento-de-agencia-nuclear.ghtml

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Programa nuclear iraniano"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/o-programa-nuclear-ira.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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