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Extrema-direita

A extrema-direita é um espectro político que defende valores conservadores e nacionalistas, posicionando-se além da direita tradicional.

Fotografia mostrando Adolf Hitler e Benito Mussolini, que lideraram regimes de extrema-direita durante o século XX.
Adolf Hitler e Benito Mussolini lideraram regimes de extrema-direita durante o século XX.
Crédito da Imagem: Commons
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A extrema-direita é um espectro político que defende valores conservadores e nacionalistas, frequentemente adotando uma postura xenofóbica e autoritária, opondo-se às mudanças sociais progressistas e promovendo uma ordem social hierárquica. Sua ideologia combina nacionalismo exacerbado, autoritarismo, antiglobalismo, conservadorismo social e teorias da conspiração, defendendo políticas protecionistas e uma visão homogênea da identidade cultural e nacional. Regimes de extrema-direita, como o fascismo italiano, o nazismo alemão e o franquismo espanhol, são caracterizados por autoritarismo, nacionalismo agressivo e políticas econômicas controladas pelo Estado. No Brasil, a extrema-direita ganhou destaque com a ascensão de Jair Bolsonaro.

Leia também: O que “direita” e “esquerda” significam na política?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre extrema-direita

  • A extrema-direita é um espectro político que defende valores conservadores e nacionalistas, posicionando-se além da direita tradicional.
  • A ideologia da extrema-direita combina nacionalismo exacerbado, autoritarismo, antiglobalismo, conservadorismo social e teorias da conspiração, defendendo políticas protecionistas e uma visão homogênea da identidade cultural e nacional.
  • Regimes de extrema-direita, como o fascismo italiano, o nazismo alemão e o franquismo espanhol, são caracterizados por autoritarismo, nacionalismo agressivo e políticas econômicas controladas pelo Estado, muitas vezes resultando em repressão brutal e violação dos direitos humanos.
  • A extrema-direita no Brasil ganhou destaque com a ascensão de Jair Bolsonaro, promovendo uma agenda conservadora e nacionalista, utilizando redes sociais para mobilizar apoio e disseminar mensagens.
  • Globalmente, a extrema-direita se manifesta em vários países com partidos e movimentos que compartilham uma retórica anti-imigração, eurocética e nacionalista, como a Frente Nacional na França e a Alternativa para a Alemanha, além de influências significativas nos Estados Unidos e na Ásia.
  • A ascensão da extrema-direita resulta em polarização social, erosão das instituições democráticas, aumento da repressão e violação dos direitos humanos, impactos negativos na economia globalizada e degradação ambiental devido à rejeição da ciência climática.
  • A história da extrema-direita é marcada por movimentos autoritários que surgiram em resposta a crises sociais e econômicas, evoluindo do fascismo e nazismo do início do século XX para novas formas adaptadas ao contexto atual, impulsionadas por descontentamentos econômicos e tecnológicos.

O que é a extrema-direita?

A extrema-direita é um espectro político que abrange movimentos, partidos e ideologias que se posicionam além da direita tradicional. Caracteriza-se pela defesa de valores conservadores, nacionalistas e, muitas vezes, autoritários. A extrema-direita busca uma homogeneidade cultural, é frequentemente xenofóbica e pode ser hostil a minorias e à diversidade. Seu discurso costuma ser radical, opondo-se a mudanças sociais progressistas e defendendo uma ordem social hierárquica e, em alguns casos, racialmente segregada.

Essa ideologia frequentemente apoia uma visão conservadora da sociedade, destacando a preservação da tradição, da identidade nacional e da ordem social hierárquica. Além disso, a extrema-direita pode demonstrar desconfiança em relação às instituições democráticas, promovendo liderança forte e centralização do poder. No entanto, a literatura acadêmica não define claramente os limites entre a direita e a extrema-direita, nem explica como as pautas liberais de defesa das liberdades individuais, do Estado mínimo e do livre mercado podem se transformar no extremo oposto. Portanto, é reforçado que esse conceito é fluido e de pouco rigor científico.

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Qual a ideologia da extrema-direita?

A ideologia da extrema-direita é complexa e varia conforme o contexto histórico e geográfico, mas algumas características comuns incluem:

  • Nacionalismo e patriotismo exacerbados: a extrema-direita enfatiza a soberania nacional e frequentemente adota uma postura agressiva contra imigrantes e minorias, defendendo a pureza cultural e a identidade nacional.
  • Autoritarismo: muitos movimentos de extrema-direita defendem um governo forte, centralizado, com poderes ampliados para manter a ordem e implementar suas políticas. Há uma desconfiança generalizada em relação às instituições democráticas e uma preferência por líderes carismáticos e autoritários.
  • Antiglobalismo: a extrema-direita é crítica da globalização, argumentando que ela enfraquece a soberania nacional e prejudica os trabalhadores locais. Há oposição a organizações internacionais e tratados considerados uma ameaça à autonomia do país.
  • Tradicionalismo e conservadorismo social: há uma forte ênfase em valores tradicionais, como a família nuclear, religião e normas de gênero rígidas. A extrema-direita frequentemente se opõe a movimentos feministas, LGBTQIA+ e outras iniciativas progressistas.
  • Economia nacionalista: embora variem em sua abordagem econômica, muitos movimentos de extrema-direita favorecem políticas protecionistas e intervencionistas, defendendo a proteção da indústria nacional e a criação de empregos para cidadãos nativos.
  • Teorias da conspiração e desinformação: a extrema-direita é propensa a adotar e disseminar teorias da conspiração, muitas vezes como uma forma de descreditar adversários políticos e fortalecer sua narrativa de que existe uma ameaça constante à nação.

É importante destacar que a falta de rigor científico e acadêmico torna o conceito de extrema-direita fluido e variável de acordo com o autor e o contexto em que se o utiliza. Abaixo estão os principais autores, obras e conceitos que abordam o tema:

Autor

Obra

Resumo da ideologia da extrema-direita

Roger Eatwell

Fascismo: Uma História

Eatwell destaca o nacionalismo agressivo, a xenofobia e a inclinação autoritária como elementos centrais da ideologia da extrema-direita. Ele também explora a conexão entre a extrema-direita e o populismo.

Robert O. Paxton

A Anatomia do Fascismo

Paxton analisa a extrema-direita através do prisma do fascismo, destacando a glorificação do Estado, o antissemitismo e a rejeição de valores democráticos como características fundamentais desse fenômeno.

Stanley G. Payne

História do Fascismo, 1914-1945

Payne examina os regimes de extrema-direita na Europa, enfatizando a natureza autoritária, o culto à liderança e a busca por uma ordem social hierárquica como componentes essenciais da ideologia fascista.

Cas Mudde

Partidos Populistas de Direita na Europa

Mudde foca a ascensão de partidos populistas de extrema-direita na Europa, destacando a retórica anti-imigração, o nacionalismo étnico e a rejeição das elites como elementos-chave dessa ideologia.

Michael Freeden

Ideologias e Teoria Política: Uma Abordagem Conceitual

Freeden fornece uma análise conceitual da ideologia política, destacando como a extrema-direita muitas vezes enfatiza o nacionalismo, a ordem social tradicional e a autoridade como valores centrais.

Richard J. Evans

A Chegada do Terceiro Reich

Evans oferece insights sobre a ascensão do nazismo na Alemanha, evidenciando o antissemitismo, o expansionismo territorial e a desconsideração pelos princípios democráticos como componentes-chave da ideologia de extrema-direita.


Veja também: Ultranacionalismo — a manifestação radicalizada do nacionalismo

Quais são os regimes de extrema-direita?

Regimes de extrema-direita são governos que adotam políticas e ideologias alinhadas com os princípios mencionados acima. Alguns exemplos históricos e contemporâneos incluem:

  • Fascismo italiano (1922-1943): liderado por Benito Mussolini, o regime fascista na Itália é um exemplo clássico de um governo de extrema-direita, caracterizado por autoritarismo, nacionalismo agressivo e uma economia corporativista.
  • Nazismo alemão (1933-1945): sob a liderança de Adolf Hitler, o regime nazista implementou políticas extremas de racismo e antissemitismo, resultando no Holocausto. O nazismo também promoveu um nacionalismo exacerbado e uma economia controlada pelo Estado.
  • Franquismo na Espanha (1939-1975): o regime de Francisco Franco na Espanha era autoritário, nacionalista e anticomunista. Ele suprimiu brutalmente a oposição política e as culturas regionais.
  • Regime militar no Brasil (1964-1985): embora não seja um exemplo típico de extrema-direita, o regime militar brasileiro adotou políticas autoritárias e nacionalistas, suprimindo direitos civis e perseguindo opositores.
  • Regimes contemporâneos: em tempos mais recentes, governos como o de Viktor Orbán na Hungria e Jair Bolsonaro no Brasil têm sido associados a políticas de extrema-direita, embora operem dentro de sistemas democráticos.

Extrema-direita no Brasil

No Brasil, a extrema-direita ganhou destaque especialmente nos últimos anos, com a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência em 2019. Bolsonaro e seus apoiadores promovem uma agenda conservadora, nacionalista e antiglobalista.

A extrema-direita brasileira se alimenta de um discurso anticorrupção e antiesquerda, utilizando as redes sociais para mobilizar apoio e disseminar suas mensagens. Políticas como a flexibilização das leis de posse de armas, cortes em programas sociais e a rejeição de políticas ambientais consideradas prejudiciais ao desenvolvimento econômico são características desse movimento.

Historicamente, o Brasil também teve outros movimentos e figuras alinhadas com a extrema-direita, como a Ação Integralista Brasileira (AIB) nos anos 1930, que defendia uma ideologia nacionalista, autoritária e corporativista inspirada no fascismo italiano.

Extrema-direita no mundo

A extrema-direita tem se manifestado globalmente, com partidos e movimentos ganhando força em várias partes do mundo:

  • Europa: partidos como a Frente Nacional (agora Rassemblement National) na França, a Alternativa para a Alemanha (AfD) e a Liga Norte na Itália são exemplos de forças políticas de extrema-direita que ganharam significativa tração nos últimos anos. Eles compartilham uma retórica anti-imigração, eurocética e nacionalista.
  • Estados Unidos: o movimento de extrema-direita nos EUA inclui grupos como os Proud Boys e teóricos da conspiração como os seguidores de QAnon. A presidência de Donald Trump foi associada a uma série de políticas e discursos que energizaram a extrema-direita, incluindo retórica anti-imigração e políticas protecionistas.
  • Ásia: na Índia, o Partido Bharatiya Janata (BJP), liderado por Narendra Modi, tem sido criticado por suas políticas nacionalistas hindus e tratamento de minorias muçulmanas. Em Israel, o Likud, liderado por Benjamin Netanyahu, também adota algumas posturas de extrema-direita, especialmente em relação à política de segurança e assentamentos.

Acesse também: Neonazismo — ideologia pós-Segunda Guerra Mundial que resgata os elementos do nazismo

Consequências da extrema-direita

Diversos autores definem de forma variada o termo “extrema-direita” e lhe imputam diferentes consequências. Acompanhe abaixo um resumo dos principais autores, suas obras e suas ideias a esse respeito.

Autor

Obra

Consequências da extrema-direita

Roger Eatwell

Fascismo: Uma História

Eatwell aponta que a extrema-direita acarreta consequências negativas, como a tendência à violência, a deterioração dos direitos civis e a desintegração social, alertando que esses movimentos podem comprometer os alicerces da democracia.

Robert O. Paxton

A Anatomia do Fascismo

Paxton sustenta que os regimes de extrema-direita frequentemente conduzem a conflitos, violações sistemáticas dos direitos humanos e à desestabilização da ordem internacional, destacando os riscos representados por líderes carismáticos e autoritários.

Stanley G. Payne

História do Fascismo, 1914-1945

Payne analisa as repercussões sociais e políticas da extrema-direita, destacando a supressão da diversidade cultural, a repressão de opiniões divergentes e a concentração de poder, afirmando que esses regimes resultam em sociedades polarizadas e desiguais.

Cas Mudde

Partidos Populistas de Direita na Europa

Mudde ressalta que a extrema-direita pode levar a políticas discriminatórias contra minorias, à deterioração da cooperação internacional e ao enfraquecimento das instituições democráticas, indicando a importância de resistir a essas tendências.

Michael Freeden

Ideologias e Teoria Política: Uma Abordagem Conceitual

Freeden argumenta que a extrema-direita pode resultar em uma sociedade hierárquica e autoritária, onde as liberdades individuais são frequentemente sacrificadas em prol da ordem social, sublinhando a importância de manter os valores democráticos.

Richard J. Evans

A Chegada do Terceiro Reich

Evans investiga os impactos devastadores do nazismo, como o Holocausto, a destruição das instituições democráticas e as consequências catastróficas da Segunda Guerra Mundial, alertando sobre os riscos do nacionalismo extremo e do expansionismo territorial.

História da extrema-direita

A história da extrema-direita é marcada por movimentos que surgiram em resposta a crises sociais, econômicas e políticas:

  • Início do século XX: o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha emergiram no contexto de instabilidade pós-Primeira Guerra Mundial, oferecendo soluções autoritárias e nacionalistas para as dificuldades econômicas e políticas.
  • Pós-Segunda Guerra Mundial: a derrota dos regimes fascistas levou a um declínio temporário da extrema-direita, mas movimentos neonazistas e neofascistas continuaram a existir nas décadas seguintes.
  • Final do século XX: a queda do comunismo na Europa Oriental e a globalização econômica trouxeram novas formas de descontentamento, que foram capitalizadas por partidos de extrema-direita. A imigração e a integração europeia tornaram-se pontos focais.
  • Século XXI: a crise econômica de 2008, a crise migratória na Europa e o avanço das redes sociais proporcionaram um terreno fértil para o ressurgimento da extrema-direita. A desinformação e as campanhas populistas têm desempenhado um papel crucial na disseminação dessas ideologias.

Fontes

BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda. São Paulo: Editora UNESP, 2012.

BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: UNB, 2016.

EATWELL, Roger. Fascism: A History. Pimlico, 2003.

EVANS, Richard. O Terceiro Reich no poder: O relato mais completo e fascinante do regime nazista entre 1933 e 1939. Crítica: 2017.

PAXTON, Robert. Anatomia do Fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2023.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Extrema-direita"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/politica/extrema-direita.htm. Acesso em 16 de outubro de 2024.

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