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Luiz Inácio Lula da Silva é um político brasileiro eleito presidente do Brasil de 2003 a 2011 e a partir de 2023. Lula iniciou sua trajetória profissional como metalúrgico, tornou-se sindicalista e líder de greves de trabalhadores, por fim, atuou na fundação do PT, sendo uma das figuras mais importantes da redemocratização do Brasil.
Foi derrotado nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998, mas saiu como vencedor na disputa em 2002, 2006 e 2022. Os seus dois primeiros governos ficaram marcados por bons resultados na economia e depois que saiu da presidência respondeu a alguns processos na Justiça, mas teve suas condenações anuladas. Retornou à presidência ao ser empossado em janeiro de 2023.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Luís Inácio Lula da Silva
- 2 - Biografia de Lula
- 3 - Carreira política de Lula
- 4 - Governo Lula (2003-2011)
- 5 - Investigações contra o governo Lula
- 6 - Terceiro mandato de Lula (2023-2026)
Resumo sobre Luís Inácio Lula da Silva
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Lula nasceu no agreste pernambucano em 1945.
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Mudou-se para São Paulo ainda na infância, e na adolescência tornou-se metalúrgico.
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Foi líder sindical na década de 1970 e liderou greves de trabalhadores.
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Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores e tornou-se um dos líderes desse partido.
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Foi presidente do Brasil entre 2003 e 2011 e retornou à presidência ao ser empossado em 2023 para um terceiro mandato.
Biografia de Lula
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Nascimento e juventude de Lula
Luiz Inácio da Silva, posteriormente conhecido como Luiz Inácio Lula da Silva, nasceu em Caetés, município localizado no agreste pernambucano, em 27 de outubro de 1945. Na ocasião do seu nascimento, Caetés não era emancipada e fazia parte do município de Garanhuns.
Lula é originário de uma família humilde, e seus pais eram lavradores agricultores. As dificuldades que a família enfrentava motivaram seu pai, Aristides Inácio da Silva, a se mudar para Santos para trabalhar como estivador. Lá, ele procuraria tirar o sustento de sua família.
Sua mãe, Eurídice Ferreira de Melo, permaneceu em Pernambuco, mas, quando Lula tinha sete anos, ela decidiu se mudar para o Guarujá, em São Paulo. Chegando lá, ela encontrou Aristides vivendo com uma segunda família.
Após breve convivência, a mãe de Lula decidiu viver sozinha com seus filhos. Em 1954, Eurídice mudou-se para a cidade de São Paulo, e Lula se juntou à mãe em 1956. Na infância, dividiu os estudos com o trabalho e atuava como ambulante e engraxate.
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Lula na vida adulta
Na adolescência, Lula também dividia seu tempo entre estudos e trabalho, e, com 12 anos, conseguiu uma função em uma tinturaria. Com 14 anos, ele teve sua carteira assinada pela primeira vez, e, em 1961, ingressou em um curso do Senai de tornearia mecânica, que encerrou em 1963. No ano seguinte, ele conseguiu um emprego em uma metalúrgica.
Foi nesse emprego que ele perdeu o seu dedo mínimo. O nome da empresa era Metalúrgica Independência, e o acidente aconteceu no turno da madrugada. O médico que o atendeu decidiu decepar o resto do membro, e a empresa teve que pagar uma indenização de 350 mil cruzeiros a Lula. Posteriormente, ele saiu dessa metalúrgica por querer aumento salarial.
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Militância de Lula
No final da década de 1960, Lula passou a frequentar sindicatos de trabalhadores metalúrgicos, e isso se deu por influência de um de seus irmãos, que era militante comunista. Lula passou a conciliar sua jornada como operário com as obrigações do sindicato, chegando a ser eleito para cargos importantes, como o de primeiro-secretário de um sindicato de metalúrgicos no ABC paulista.
Em 1975, Lula se tornou presidente de um sindicato de metalúrgicos no ABC paulista, e, nessa função, tornou-se uma personalidade influente entre os trabalhadores. No final da década de 1970, ele liderou grandes greves de trabalhadores metalúrgicos na região. Essas greves foram importantes porque marcaram o ressurgimento do movimento operário depois que a repressão dos militares havia aumentado em 1968.
O envolvimento de Lula com as greves dos operários no ABC paulista fez dele alvo da repressão da ditadura, e, por isso, em 1980, ele foi preso e permaneceu no Dops, centro da repressão, por 31 dias.
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Carreira política de Lula
Com as atividades sindicais, Lula fazia parte de um grupo de pessoas que debatia a formação de um partido que atuasse na defesa dos trabalhadores. O objetivo desse partido era atuar, no Legislativo e Executivo, na proposição de leis benéficas aos trabalhadores. Daí nasceu o Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980.
A atuação sindical e partidária de Lula ganhou força a partir daí. Em 1982, ele se candidatou a governador do estado de São Paulo, mas não foi eleito. Em 1983, foi apresentada a Emenda Dante de Oliveira, que defendia o retorno do voto direto na eleição presidencial. Lula apoiou a emenda e engajou-se nas manifestações das Diretas Já.
Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo, sendo o candidato mais votado do Brasil. Como deputado, fez parte da Assembleia Constituinte de 1987, que atuou na elaboração da Constituição de 1988, um dos documentos mais importantes da história recente do Brasil. Enquanto constituinte, Lula defendeu pautas como o direito à greve e a reforma agrária.
Em 1989, Lula procurou dar um salto em sua carreira política e candidatou-se à eleição para a presidência do Brasil pela primeira vez. Essa foi a primeira eleição presidencial de nosso país pelo voto direto desde 1960, e ficou marcada pela grande quantidade de candidatos na disputa. Nela, Lula foi derrotado no segundo turno por Fernando Collor de Mello.
Lula ainda concorreu à presidência nas eleições de 1994 e 1998, e, nas duas ocasiões, foi derrotado no primeiro turno pelo candidato do PSDB Fernando Henrique Cardoso.
Governo Lula (2003-2011)
Em 2002, novamente Lula se candidatou à presidência, e, nesse momento, o seu grande adversário político, o PSDB, estava enfraquecido devido à crise que atingiu os últimos anos do governo de Fernando Henrique Cardoso. Na eleição presidencial de 2002, Lula venceu no segundo turno, obtendo 61% dos votos válidos. Seu adversário, José Serra, teve 39% dos votos válidos.
A vitória de Lula só foi possível por conta de sua aliança com grupos conservadores da política brasileira e sua promessa de que adotaria medidas pragmáticas para a economia, anunciando que respeitaria todos os compromissos que o Brasil possuía com o capital estrangeiro. Os símbolos dessa moderação no discurso político de Lula se deram pela Carta aos Brasileiros e pela escolha de seu vice, José de Alencar, político do Partido Liberal.
O governo Lula se iniciou em 1º de janeiro de 2003, sendo que suas primeiras medidas para a economia foram de fato pragmáticas, como a decisão de reduzir os gastos do governo. Além disso, não houve nenhuma proposta do seu governo que rompesse com os privilégios das elites econômicas do Brasil.
O governo Lula ficou marcado por obter resultados significativos para a economia brasileira, dentre os quais, destaca-se:
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redução da dívida pública de 76% para 61% do PIB;
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redução da inflação de 12,5%, em 2002, para 3,1%, em 2006;
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crescimento do PIB de 5,7%, em 2004, 4%, em 2006, e 6%, em 2007;
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aumento das reservas em dólar do Brasil para cerca de 300 bilhões de dólares;
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aumento do salário mínimo de 200 reais para 540 reais ao longo dos oito anos de governo;
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baixa da taxa de desemprego de 13% para 6%;
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redução na desigualdade social, segundo o coeficiente Gini, de 0,589, em 2002, para 0,527, em 2011;
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22 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema no Brasil;
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25 milhões de pessoas passaram a integrar a classe média.|1|
Os bons resultados do governo Lula na economia gabaritaram o presidente para um segundo mandato. Em 2006, ele foi reeleito presidente do Brasil, derrotando Geraldo Alckmin, do PSDB. Lula obteve 61% dos votos válidos e Alckmin obteve 39% dos votos válidos.
Entretanto, apesar dos bons resultados na economia, o fim do primeiro mandato de Lula ficou marcado também por um escândalo de corrupção que recebeu o nome de Mensalão. Nesse escândalo, foi descoberto que membros do PT estavam comprando parlamentares por meio de caixa 2, com o objetivo da garantir o apoio desses parlamentares aos projetos do PT no Legislativo.
O escândalo do Mensalão estourou um ano antes das eleições presidenciais e fez com que alguns membros do governo fossem desligados de seus cargos. Apesar do abalo no governo, Lula não foi diretamente atingido porque as denúncias não o acusaram de estar envolvido com a compra dos parlamentares.
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Investigações contra o governo Lula
Depois de sair da presidência, Lula teve alguns problemas com a Justiça por conta de denúncias de corrupção feitas contra ele. As denúncias apareceram por meio de investigações da Polícia Federal na Operação Lava-jato e na Operação Zelotes. Lula foi acusado de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio, corrupção passiva, entre outros crimes.
Lula chegou a ser levado a julgamento perante o juiz Sérgio Moro, que o condenou a nove anos e seis meses pelo caso de corrupção que envolvia um triplex em Guarujá. Posteriormente, a pena foi aumentada para 12 anos e um mês. Em 7 de abril de 2018, Lula foi preso e permaneceu em regime fechado por 580 dias.
Em 8 de novembro de 2018, foi emitida ordem judicial determinando a sua soltura porque o seu caso não havia sido transitado em julgado, isto é, as instâncias não estavam esgotadas. Como Lula havia sido condenado em segunda instância, foi emitida decisão para que ele fosse solto e só fosse preso quando seu julgamento estivesse finalizado.
Em abril de 2021, o Supremo Tribunal Federal decidiu anular a sua condenação realizada pelo juiz Sérgio Moro, que analisou as denúncias da Operação Lava-jato. Sérgio Moro foi considerado incompetente para julgar o caso. O STF também determinou que Moro havia sido parcial no julgamento em questão.
Terceiro mandato de Lula (2023-2026)
As investigações contra Lula foram cruciais para selar o destino da eleição presidencial de 2018. Lula era um dos pré-candidatos, e as pesquisas de opinião apontaram que ele era um dos potenciais vencedores da disputa. A princípio, a condenação e a prisão de Lula o retiraram da disputa e permitiram que o candidato Jair Bolsonaro fosse eleito presidente, derrotando o petista Fernando Haddad.
Posteriormente, o juiz responsável pela condenação de Lula tomou parte do governo de Jair Bolsonaro como ministro da Justiça. Como mencionado, Sérgio Moro foi considerado parcial no julgamento e denúncias realizadas com base num vazamento de mensagens mostraram que Moro favoreceu a promotoria com informações para construir um caso e garantir a condenação do ex-presidente.
Com a anulação da condenação, Lula pôde candidatar-se à presidência novamente. Em 2022, ele oficializou sua candidatura pelo PT e costurou um acordo político para ter Geraldo Alckmin, seu concorrente na eleição de 2006, como o seu candidato a vice-presidente para o pleito de 2022. A escolha de Alckmin como seu vice foi uma estratégia para agradar ao eleitorado com posições de centro e centro-direita que não se alinhavam com Bolsonaro, então presidente do Brasil e candidato à reeleição.
A campanha de Lula procurou defender a reconstrução econômica do Brasil, a defesa da democracia brasileira, além de tecer inúmeras críticas ao governo de Jair Bolsonaro, focando em escândalos de corrupção, declarações polêmicas e a condução ruim desse governo em relação à pandemia. A campanha eleitoral somada à popularidade de Lula teve sucesso, e ele obteve 48,43% dos votos no primeiro turno.
A eleição presidencial de 2022 só foi decidida no segundo turno, e, nessa etapa, Lula obteve 50,90% dos votos válidos, enquanto Jair Bolsonaro, presidente e candidato pelo Partido Liberal (PL), obteve 49,10%. A diferença entre os dois candidatos foi de pouco mais de dois milhões de votos, uma diferença minúscula levando em consideração que o Brasil possuía na ocasião mais de 156 milhões de eleitores. Trata-se da eleição presidencial mais disputada da história da Nova República até então.
A posse de Lula foi realizada em 1º de janeiro de 2023, sendo cercada de muitos temores sobre a segurança do presidente por conta de um cenário de grande radicalização política dos apoiadores de Jair Bolsonaro. O ex-presidente viajou para o exterior dias antes da posse de Lula, sendo o primeiro presidente da Nova República a não seguir o protocolo de transmissão da faixa, uma tradição republicana.
Os primeiros dias do governo de Lula ficaram marcados por uma tentativa de golpe de Estado conduzida pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em 8 de janeiro, o Congresso Nacional, o STF e o Palácio do Planalto foram invadidos por milhares de bolsonaristas e destruídos pelos radicais que desejavam o retorno de Bolsonaro à presidência.
Poucos dias depois, foi descoberto pela Polícia Federal uma minuta na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, que determinava a instauração de estado de defesa para alterar o resultado da eleição presidencial de 2022. O documento foi visto como uma possível evidência de que o governo anterior cogitou realizar um golpe de Estado para evitar que Lula assumisse o poder.
Nota
|1| MOTTA, Rodrigo Patto Sá. O Lulismo e os governos do PT. In.: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucília de Almeida Neves (orgs.). O Brasil Republicano: da transição democrática à crise de 2016. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. p. 415-445.
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