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Fernando Henrique Cardoso, popularmente conhecido como FHC, é um cientista político e sociólogo brasileiro que ganhou notoriedade por ter sido um dos criadores do Plano Real, o plano que estabilizou a economia do Brasil. Isso permitiu que ele fosse eleito presidente do Brasil na eleição de 1994.
FHC esteve à frente do Brasil durante oito anos, tendo sido reeleito em 1998. O seu governo ficou marcado pelas políticas de estabilização da economia e pelas privatizações, mas também destacou-se pela crise energética que atingiu o final de seu mandato, em 2001, que ficou conhecida como crise do apagão. Depois da presidência, FHC aposentou-se da política e passou a dar palestras.
Tópicos deste artigo
- 1 - Juventude de Fernando Henrique Cardoso
- 2 - Ditadura Militar
- 3 - Carreira política de Fernando Henrique Cardoso
- 4 - Plano Real
- 5 - Governo FHC
- 6 - Vida de Fernando Henrique Cardoso após a presidência
- 7 - Vida particular de Fernando Henrique Cardoso
Juventude de Fernando Henrique Cardoso
Fernando Henrique Cardoso, nasceu no dia 18 de junho de 1931, na cidade do Rio de Janeiro, na época, capital do Brasil. Os pais de FHC chamavam-se Leônidas Fernandes Cardoso e Naíde Silva Cardoso. Por conta da profissão do pai – militar –, FHC mudou-se ainda muito jovem para a cidade de São Paulo.
Depois de ter concluído o ensino básico, FHC ingressou na Universidade de São Paulo (USP), matriculando-se no curso de Ciências Sociais. Graduou-se em Ciências Sociais em 1952 e, então, seguiu a carreira acadêmica, tornando-se professor universitário.
Na década de 1950, chegou a ser assistente de sala de Florestan Fernandes, um dos maiores intelectuais do Brasil no século XX. Ingressou no doutorado em Ciências Sociais e o concluiu em 1961, produzindo a tese “Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional”. Logo depois, ingressou em um curso de pós-graduação na Universidade de Paris.
Nesse primeiro estágio da sua juventude, FHC era próximo do movimento estudantil, simpatizava com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e frequentava grupos de estudos sobre marxismo. A repercussão internacional da invasão da Hungria pela União Soviética fez com que ele se afastasse dos movimentos de esquerda.
Acesse também: Governo Castelo Branco - o governo que obrigou FHC a sair do país
Ditadura Militar
Entre 31 de março e 2 de abril de 1964, ocorreram os eventos relativos ao Golpe Civil-Militar de 1964. Esse foi o golpe responsável por derrubar ilegalmente o presidente João Goulart e colocou os militares no poder, dando início a um período de exceção que se estendeu por 21 anos em nosso país.
O início da “caça às bruxas” que se deu no Brasil fez com que Fernando Henrique Cardoso tivesse de fugir do país. Isso porque FHC já ocupava a posição de um dos grandes intelectuais do Brasil e, por essa razão, ele e muitos outros foram perseguidos. A existência de uma ordem de prisão é o que fez FHC fugir, primeiro para a Argentina, indo depois para o Chile.
Só na década de 1990 que os motivos que justificavam a ordem de prisão contra FHC foram descobertos. Ele foi acusado de ser comunista pelo conteúdo ministrado em suas aulas, pelos livros que possuía e porque, na década de 1950, participou ativamente na campanha de nacionalização do petróleo brasileiro, conhecida como “O petróleo é nosso”.
Durante o exílio, FHC morou por três anos no Chile, onde produziu um livro com Enzo Faletto, chamado “Dependência e desenvolvimento na América Latina”. Esse livro foi um grande sucesso e tornaria FHC um dos sociólogos mais conhecidos do mundo. Ficou no Chile até 1967 e, então, mudou-se para Paris, permanecendo lá até 1968.
No começo de 1968, retornou ao Brasil e passou em um concurso que o transformou em professor na USP. A outorga do AI-5, no entanto, fez com que ele fosse compulsoriamente aposentado. FHC participou da fundação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e passou a sustentar-se dando aulas em instituições privadas no Brasil e no exterior.
Carreira política de Fernando Henrique Cardoso
Fernando Henrique Cardoso ingressou na carreira política na década de 1970, após aproximar-se de políticos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Candidatou-se a senador pelo estado de São Paulo e ficou em segundo lugar ao receber mais de 1,2 milhão de votos. Sua colocação garantiu-lhe a posição de suplente.
Quando o emedebista, Franco Montoro, foi eleito governador de São Paulo, em 1982, FHC assumiu como senador. A posse de Fernando Henrique Cardoso aconteceu em 15 de março de 1983, e ele concentrou seus esforços na busca da redemocratização do país. Envolveu-se diretamente com a campanha das Diretas Já.
Em 1986, foi reeleito senador por São Paulo ao receber mais de seis milhões de votos. A eleição de FHC e outros peemedebistas (o MDB já havia recebido o nome de PMDB) foi resultado da grande popularidade do partido por conta do momentâneo sucesso do Plano Cruzado. Após ser reempossado, FHC tornou-se líder do PMDB no Senado e participou ativamente da Constituinte que elaborou a Constituição Cidadã.
Durante os trabalhos dos constituintes, um racha no interior do PMDB levou ao surgimento de um novo partido: o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). FHC, então, abandonou o PMDB e filiou-se ao PSDB (partido em que está filiado até hoje). Durante o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello, FHC aproximou-se do vice, o mineiro Itamar Franco, com o intuito de junto desse articular uma nova agenda de governo para o Brasil.
Com a posse de Itamar Franco, FHC acabou sendo indicado para ocupar o Ministério das Relações Exteriores, assumindo o cargo no dia 5 de outubro de 1992.
Plano Real
Em maio de 1993, FHC foi convocado por Itamar Franco a assumir o comando do Ministério da Fazenda. O desafio era grande: estabilizar a economia brasileira após anos de inflação elevada. FHC formou seu ministério com uma equipe de economistas que implantou o Plano Real em diferentes etapas entre 1993 e 1994.
Após realizar o plano em três etapas, o Real conseguiu estabilizar rapidamente a economia brasileira e colocou a inflação sob controle. No final de 1994, a inflação brasileira era de apenas 1% ao mês. O sucesso do Plano Real acabou projetando Fernando Henrique como grande favorito para a eleição presidencial de 1994.
Acesse também: Como funciona a posse presidencial no Brasil?
Governo FHC
Sendo favorecido pelo sucesso do Plano Real, FHC lançou-se como candidato à presidência do Brasil e foi eleito no primeiro turno com mais de 34 milhões de votos, correspondendo a um total de aproximadamente 55% dos votos válidos. O segundo colocado foi Lula, que recebeu menos da metade dos votos totais recebidos por FHC.
FHC foi empossado como presidente em 1º de janeiro de 1995 e seu governo foi marcado pelas iniciativas de garantir a estabilização dos preços e a recuperação econômica. O governo de FHC realizou aumento nos impostos, cortes nos gastos públicos e procurou encher com os cofres públicos com dinheiro oriundo da privatização de empresas estatais, com o que arrecadou quase 80 bilhões de dólares.
O governo FHC também ficou marcado por procurar promover uma integração regional pelo Mercosul e garantiu alguns valores praticados pelo Brasil ao que se refere à política externa: o pacifismo e a não-intervenção. FHC tentou garantir uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
Criou alguns programas sociais, destaque para o Bolsa-escola, o Auxílio-gás e o Bolsa-alimentação. Fernando Henrique Cardoso acabou fracassando ao tentar realizar a desvalorização controlada do real. A desvalorização saiu do controle e o risco da desestabilização econômica acabou voltando ao Brasil fazendo com que a popularidade do presidente caísse bastante.
No segundo governo, as críticas a FHC iam consistentemente ao fato de que o custo de vida havia subido e as condições para os mais pobres estavam piorando. Esse segundo mandato só foi possível por conta de uma emenda constitucional que permitiu que FHC disputasse a reeleição. Ele acabou ganhando com quase 36 milhões de votos, correspondendo a 53% dos votos válidos.
A queda na popularidade de FHC foi reforçada com a crise do apagão, uma crise hídrica que resultou em uma profunda crise energética. A crise do apagão foi resultado da má gestão no setor energético do país, resultando em racionamento de energia severa. Os impactos do apagão foram sentidos no PIB e nos cofres públicos.
O enfraquecimento do PSDB na virada do milênio foi perceptível a ponto de o maior adversário do partido, o PT, ter conquistado grande número de prefeituras no país em 2000. Em 2002, FHC não conseguiu fazer com que seu sucessor fosse eleito e, com isso, Lula foi eleito no segundo turno com mais de 52 milhões de votos, correspondendo a 61% dos votos válidos.
Acesse também: Governo Lula: o governo que sucedeu a presidência de FHC
Vida de Fernando Henrique Cardoso após a presidência
FHC transferiu a presidência do Brasil para Lula aos 70 anos de idade. Aposentado da política, FHC seguiu se sustentando com palestras em eventos nacionais e internacionais. Em 2004, atuou na fundação do Instituto Fernando Henrique Cardoso, voltado com o objetivo de preservar toda a produção acadêmica realizada pelo ex-presidente.
Vida particular de Fernando Henrique Cardoso
Fernando Henrique Cardoso está atualmente no seu segundo casamento. Seu primeiro casamento foi com Ruth Cardoso, permanecendo casados entre 1953 e 2008. O casamento de FHC com Ruth foi interrompido pelo falecimento de Ruth. Desse casamento, FHC e Ruth tiveram três filhos: Paulo Henrique, Luciana e Beatriz. A esposa de FHC era doutora em antropologia e teve uma extensa produção intelectual ao longo de sua vida.
Em 2014, FHC casou-se pela segunda vez. Sua esposa chama-se Patrícia Kundrát e eles conheceram-se Instituto FHC, onde Patrícia trabalhava.
Créditos das imagens
[1] A.PAES/Shutterstock
Por Daniel Neves Silva
Professor de História