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Assembleia Constituinte de 1987

A Assembleia Constituinte de 1987 foi um marco na redemocratização do Brasil, responsável por elaborar a Constituição de 1988 após o fim da ditadura militar

O deputado Ulysses Guimarães segurando a Constituição de 1988, aprovada na Assembleia Constituinte de 1987.
Ulysses Guimarães, que presidiu a Assembleia Constituinte de 1987, celebrando a aprovação da Constituição de 1988.[1]
Crédito da Imagem: Commons
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A Assembleia Constituinte de 1987 foi um marco na redemocratização do Brasil, responsável por elaborar a Constituição de 1988 após o fim da ditadura militar. Nesse contexto, o país vivia uma transição democrática, com a sociedade exigindo mais liberdade e justiça social. Os principais objetivos da Assembleia incluíam garantir direitos civis, sociais e políticos, modernizar o Estado e reorganizar o sistema político com maior participação popular.

Leia também: O que aconteceu no Brasil durante a Ditadura Militar?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Assembleia Constituinte de 1987

  • A Assembleia Constituinte de 1987 foi a responsável pela criação da Constituição de 1988.

  • Ocorreu após o fim da ditadura militar.

  • Tinha o objetivo de garantir a redemocratização do Brasil, reorganizar o sistema político e eleitoral e modernizar o Estado brasileiro com maior participação popular e descentralização do poder.

  • Foi composta por 559 membros, entre deputados e senadores de diferentes partidos e ideologias, representando uma diversidade de interesses sociais e políticos.

  • Ulysses Guimarães, Lula e Fernando Henrique Cardoso foram alguns nomes importantes que participaram da Assembleia Constituinte.

  • A Constituição de 1988 foi promulgada em 5 de outubro de 1988 e é fruto da Assembleia Constituinte.

  • A Constituição Cidadã estabeleceu o Brasil como um Estado Democrático de Direito, ampliando direitos sociais, civis e trabalhistas, além de garantir saúde, educação e proteção ao meio ambiente como deveres do Estado.

O que foi a Assembleia Constituinte de 1987?

A Assembleia Constituinte de 1987 foi um marco fundamental na história política do Brasil, responsável pela elaboração da Constituição Federal de 1988, conhecida como a "Constituição Cidadã". Convocada após o fim da Ditadura Militar (1964-1985), essa Assembleia tinha o objetivo de redemocratizar o país e estabelecer uma nova ordem jurídica que representasse os anseios da sociedade brasileira por liberdade, justiça social e direitos civis.

Foi composta por parlamentares eleitos e teve a função de reorganizar as bases institucionais e políticas do Brasil, superando os resquícios autoritários do regime militar e instituindo um estado democrático de direito.

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Contexto histórico da Assembleia Constituinte de 1987

O contexto histórico em que se deu a Assembleia Constituinte de 1987 foi marcado pela transição do Brasil de um regime militar para a redemocratização. Após mais de 20 anos de uma ditadura que limitou direitos políticos e civis, a sociedade brasileira ansiava por mudanças. Em 1985, com a eleição indireta de Tancredo Neves, seguida pela posse de seu vice, José Sarney, após a morte de Tancredo, o Brasil começou a caminhar em direção a uma maior abertura política.

A pressão por uma nova Constituição vinha crescendo desde o fim da década de 1970, com movimentos sociais, políticos e intelectuais exigindo mais liberdade e o fim das leis de exceção, como o AI-5, que havia concentrado poder no Executivo. A Emenda Constitucional nº 26, de 27 de novembro de 1985, foi o instrumento legal que convocou a Assembleia Nacional Constituinte, cujo trabalho começou em 1987.

O país estava em um momento de efervescência social, com o surgimento de novos movimentos sociais, a luta por direitos civis e políticos, além da necessidade de reestruturar o sistema econômico, que enfrentava uma forte crise, marcada pela hiperinflação e pelo desemprego.

Veja também: Qual foi a importância do movimento das Diretas Já?

Quais os objetivos da Assembleia Constituinte de 1987?

A Assembleia Constituinte de 1987 tinha como principais objetivos a elaboração de uma nova Constituição que garantisse a redemocratização do Brasil e estabelecesse um regime de direitos e garantias para os cidadãos. A nova Constituição deveria romper definitivamente com o período autoritário, garantir o respeito aos direitos humanos e civis, fortalecer as instituições democráticas e descentralizar o poder, ampliando a autonomia dos estados e municípios.

Além disso, havia o objetivo de modernizar o Estado brasileiro, criando mecanismos para uma maior participação popular nas decisões políticas e assegurando direitos sociais, como saúde, educação e trabalho. A nova Constituição deveria também promover uma justiça mais acessível e equânime, com a criação de mecanismos que ampliassem o acesso ao Judiciário e garantissem uma distribuição mais justa dos recursos do Estado.

Outro objetivo importante era reorganizar o sistema político e eleitoral do país, estabelecendo normas para o funcionamento dos partidos, eleições diretas em todos os níveis e a possibilidade de novas formas de participação política, como referendos e plebiscitos. Por fim, a Assembleia Constituinte tinha como meta incorporar na legislação os avanços dos direitos sociais e trabalhistas, assegurando a proteção dos trabalhadores e a ampliação dos direitos sindicais.

Membros da Assembleia Constituinte de 1987

A Assembleia Nacional Constituinte foi composta por 559 membros, sendo 487 deputados federais e 72 senadores, eleitos em 1986, com mandato tanto para o Congresso quanto para a Constituinte. Entre os membros, havia uma diversidade política significativa, com representantes de diferentes partidos e ideologias, desde conservadores até progressistas.

Entre os principais líderes da Constituinte, destacaram-se nomes como Ulysses Guimarães, que presidiu os trabalhos e teve um papel central na condução dos debates, sendo uma das figuras mais respeitadas e influentes no processo.

Lula, José Serra e outros membros da Assembleia Constituinte de 1987.
Lula também participou da Assembleia Constituinte, representando a esquerda como líder sindical.[2]

Além dele, outros nomes de destaque foram Luiz Inácio Lula da Silva, então líder sindical e representante da esquerda, José Sarney, presidente da República, que, embora não fizesse parte da Constituinte diretamente, influenciou o processo, e Fernando Henrique Cardoso, futuro presidente, que também participou ativamente das discussões.

Indígenas reunidos durante os debates na Assembleia Constituinte de 1987.
Lideranças diversas, como deputadas, representando os direitos das mulheres, também participaram dos debates.[3]

A diversidade de membros representava as diferentes forças políticas do Brasil, com bancadas que defendiam interesses variados, como a ruralista, a empresarial, a sindical, a feminista e os movimentos sociais. Essa pluralidade de vozes tornou o processo constituinte extremamente complexo, com negociações acirradas para garantir a inclusão de demandas variadas na nova Carta Magna.

Saiba mais: Como funcionam os Três Poderes?

A Constituição de 1988

A Constituição de 1988, fruto dos trabalhos da Assembleia Constituinte de 1987, foi promulgada em 5 de outubro de 1988. Conhecida como "Constituição Cidadã", é uma das mais democráticas e avançadas do mundo em termos de direitos e garantias fundamentais. Ela estabeleceu o Brasil como um Estado Democrático de Direito, onde a soberania popular é a base do poder, garantiu direitos civis e políticos amplamente, e consagrou a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, fortalecendo o sistema de freios e contrapesos.

A Constituição de 1988, promulgada na Assembleia Constituinte de 1987, é a Carta Magna do Brasil atual.
A Constituição de 1988, promulgada na Assembleia Constituinte de 1987, é a Carta Magna do Brasil atual.

Entre os principais avanços da nova Constituição estão a ampliação dos direitos sociais, como saúde e educação, que passaram a ser reconhecidos como deveres do Estado e direitos de todos os cidadãos. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi uma das inovações trazidas pelo texto constitucional, garantindo o acesso universal à saúde pública. O direito à educação foi ampliado, com a obrigatoriedade do ensino fundamental e a promoção de políticas de erradicação do analfabetismo.

A Constituição também assegurou o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a proteção aos direitos das minorias, como indígenas e afrodescendentes, e a igualdade de gênero. O direito de greve e de organização sindical foi reconhecido, assim como o fortalecimento do Ministério Público e a criação de mecanismos de participação popular, como o plebiscito e o referendo.

Além disso, a nova Carta reforçou a independência do Judiciário, garantiu maior autonomia aos estados e municípios, e estabeleceu a inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança.

Videoaula sobre a Constituição de 1988

Consequências da Assembleia Constituinte de 1987

A Assembleia Constituinte de 1987 e a promulgação da Constituição de 1988 trouxeram consequências profundas para o Brasil. Em primeiro lugar, consolidou-se o processo de redemocratização do país, estabelecendo as bases para um sistema político pluralista e democrático. A nova Constituição garantiu eleições diretas para todos os cargos do Executivo e Legislativo, além de promover a descentralização administrativa, fortalecendo o federalismo e garantindo maior autonomia a estados e municípios.

A ampliação dos direitos sociais e civis foi outro importante legado, o que fez com que a Constituição de 1988 fosse considerada uma das mais inclusivas e avançadas em termos de garantias de direitos fundamentais. Direitos como o acesso universal à saúde e à educação, além da proteção ao trabalhador e a inclusão de direitos ambientais, são até hoje referência no texto constitucional.

Em termos econômicos, a nova Constituição ajudou a reestruturar o Brasil, ainda que alguns pontos tenham sido alvo de reformas ao longo dos anos, especialmente na década de 1990. As reformas trabalhistas e da Previdência foram temas centrais de debate, com algumas mudanças sendo realizadas para adaptar o país às novas demandas econômicas globais.

Do ponto de vista político, a Constituição de 1988 trouxe maior estabilidade institucional, ainda que o Brasil tenha passado por crises políticas e econômicas ao longo das décadas seguintes. O fortalecimento do Judiciário e a criação de mecanismos de controle social ajudaram a consolidar o Estado Democrático de Direito, e até hoje a Constituição de 1988 é vista como um dos pilares da democracia brasileira.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

CAMPOS, Tiago. Compêndio de História do Brasil – Volume III: República. São Paulo: Cosenza, 2024

MENDES, Gilmar. Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 - 1ª edição de 2017: Análise crítica. São Paulo: Saraiva, 2017

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Assembleia Constituinte de 1987"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/constituicao-de-1988.htm. Acesso em 16 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(UFTM) Em 1823, durante o I Reinado brasileiro, a Assembleia Constituinte foi dissolvida. Esse ato pode ser explicado, entre outras razões,

a) pela insistência da aristocracia rural do centro-sul em defender a igualdade política entre brasileiros e portugueses, o que descontentava os deputados constituintes de posição liberal radical.

b) pela oposição dos constituintes representantes das elites agrárias do centro-sul ao projeto do imperador de estabelecer a igualdade política por meio do voto universal masculino.

c) pela decisiva interferência da diplomacia britânica no Brasil, que não aceitou o modelo de monarquia constitucional federalista e o reforço à escravidão, propostos pela maioria dos constituintes.

d) pelo descontentamento do imperador com o anteprojeto constitucional – denominado Constituição da Mandioca – no qual o poder ficaria centrado no Legislativo e não nas mãos do imperador.

e) pela tentativa das elites das províncias do norte-nordeste de impor um modelo de organização política do Império a partir da fragmentação do poder central e da adoção de um federalismo.

Exercício 2

O principal objetivo da Assembleia Constituinte de 1823 era:

a) impedir que as ideias liberais penetrassem na política brasileira.

b) impedir que D. Pedro I fosse rei do Brasil e da Áustria ao mesmo tempo.

c) restabelecer o domínio de Portugal sobre o Brasil, quebrado desde de 07 de setembro de 1822.

d) estabelecer um regime constitucional parlamentarista republicano no Brasil.

e) elaborar uma Constituição para assentar as bases do sistema político imperial.

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