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Poesia social

Poesia social evidencia as mazelas sociais de uma nação. Ela surgiu na França do século XIX. O escritor romântico Victor Hugo é considerado seu principal representante.

Mão em riste segurando uma rosa e ilustrando o conceito de poesia social.
A poesia também pode estar relacionada à luta social.
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Poesia social é um texto lírico que expõe os problemas sociais de um país. Ela surgiu durante o romantismo, no século XIX, na França, por meio do escritor Victor Hugo. As obras desse autor inspiraram vários poetas, inclusive o brasileiro Castro Alves, o principal representante desse tipo de texto no Brasil.

Leia também: Afinal, o que é poesia?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre poesia social

  • A poesia social é um texto lírico que evidencia as injustiças sociais de um país.

  • O que a caracteriza é a temática relacionada a problemas sociais.

  • A poesia com função social surgiu no século XIX e associada ao romantismo.

  • Nesse século, o principal autor da poesia social brasileira foi Castro Alves.

O que é poesia social?

A poesia social é aquela que expõe os problemas de uma sociedade, associados a injustiças ou a abusos de poder. Dessa forma, ela deixa em evidência a pobreza, os preconceitos e a violência contra grupos minoritários.

Características da poesia social

Em relação ao aspecto formal ou estrutural, não existem características específicas para esse tipo de poesia. Portanto, o conteúdo poético pode aparecer em forma de prosa poética ou de versos, que podem ser regulares, brancos ou livres, dependendo do estilo de época a que essa poesia esteja vinculada.

O que caracteriza de fato uma poesia como social é a sua temática. Assim, esse tipo de texto trata de assuntos como: injustiças, miséria, fome, escravidão, preconceito, discriminação, autoritarismo, racismo, homofobia ou lgbtfobia, xenofobia, violência urbana ou estatal, enfim, diversos problemas sociais.

A poesia com função social, portanto, apresenta cunho político. Por meio dela, autores e autoras politicamente engajados manifestam sua insatisfação e lutam contra as injustiças sociais. Dessa forma, ela está vinculada a ideais de liberdade, justiça e igualdade.

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Autores da poesia social

O poeta francês Victor Hugo (1802-1885) foi o pai da poesia social. Assim, outros poetas seguiram essa tradição, desde o romantismo até os nossos dias. O espanhol Federico García Lorca (1898-1936) foi um deles. Na Rússia, Vladimir Maiakovski (1893-1930) foi um famoso representante desse tipo de poesia.

O poeta alemão Georg Weerth (1822-1856) também criou versos com temática social. Além dele, o poeta português Cesário Verde (1855-1886), a poetisa moçambicana Noémia de Sousa (1926-2002) e a estado-unidense Maya Angelou (1928-2014), para citar alguns nomes.

No Brasil, é possível destacar os seguintes autores da poesia social:

Castro Alves
 Castro Alves foi o principal representante da poesia social brasileira na sua época.
  • Castro Alves (1847-1871)

  • Manuel Bandeira (1886-1968)

  • Cora coralina (1889-1985)

  • Jorge de Lima (1893-1953)

  • Cassiano Ricardo (1895-1974)

  • Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

  • João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

  • Ferreira Gullar (1930-2016)

  • Mário Chamie (1933-2011)

  • Cacaso (1944-1987)

  • Conceição Evaristo (1946-)

Obras da poesia social

A seguir, leremos alguns trechos de poesias com função social produzidas no Brasil:

Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
[...]

CASTRO ALVES. O navio negreiro: tragédia no mar. In: RIMOGRAFIA, Slim. O navio negreiro. São Paulo: Panda Books, 2011.

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

BANDEIRA, Manuel. O bicho. In: ______. Belo belo. São Paulo: Global, 2014.

Bem sei que, muitas vezes,
o único remédio
é adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem,
a dívida, o divertimento,
o pedido de emprego, ou a própria alegria.
A esperança é também uma forma
de contínuo adiamento.
Sei que é preciso prestigiar a esperança,
numa sala de espera.
Mas sei também que espera significa luta e não, apenas,
esperança sentada.
[...]

RICARDO, Cassiano. A rua. In: ______. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957.

Mulher da Vida, minha Irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à-toa.
[...]

CORALINA, Cora. Mulher da vida. In: ______. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Global,1983.

Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. [...]. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. [...]

ANDRADE, Carlos Drummond de. O operário no mar. In: ______. Sentimento do mundo. 13. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

Cava,
então descansa.
Enxada; fio de corte corre o braço
de cima
e marca: mês, mês de sonda.
Cova.

[...]

CHAMIE, Mário. Plantio. In: ______. Lavra lavra. São Paulo: Massao Ohno, 1962.

A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela

[...]

EVARISTO, Conceição. Vozes-mulheres. In: ______. Poemas de recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017.

Contexto histórico da poesia social

A poesia social surgiu na França do século XIX e teve como seu principal representante o escritor romântico Victor Hugo. O romantismo teve como marco histórico a Revolução Francesa, ocorrida em 1789, responsável pela ascensão da burguesia e por inspirar o surgimento da ideia de “cidadão” com direitos e deveres.

O lema da revolução era “Liberdade, igualdade, fraternidade”. Desse modo, o romantismo também valorizava os ideais de liberdade e de igualdade, além de apresentar um caráter heroico. Esse estilo de época recebeu forte motivação política, responsável por estimular o nacionalismo e a luta por justiça social.

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Poesia social"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/poesia-social.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(Enem - 2010)

Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre sua relação com as pequenas e grandes cidades.

BICHO URBANO


Se disser que prefiro morar em Pirapemas

ou em outra qualquer pequena cidade do país

estou mentindo

ainda que lá se possa de manhã

lavar o rosto no orvalho

e o pão preserve aquele branco

sabor de alvorada.


A natureza me assusta.

Com seus matos sombrios suas águas

suas aves que são como aparições

me assusta quase tanto quanto

esse abismo

de gases e de estrelas

aberto sob minha cabeça.

(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1991.)

Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.

a) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”

b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho”

c) “A natureza me assusta / Com seus matos sombrios suas águas”

d) “suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto”

e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas”

Exercício 2

São características da poesia social:

I. O movimento teve como líderes os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, além do escritor Décio Pignatari, e surgiu na década de 1950.

II. A poesia social surgiu como um manifesto contra o excesso de teorização e de experimentalismo da poesia concreta, também chamada de poesia de vanguarda.

III. A poesia social retomou certos procedimentos adotados pelas correntes de vanguarda do começo do século XX, como o Futurismo e o Cubismo.

IV. A poesia social propunha a volta da linguagem discursiva por meio de um estilo simples e direto, já que tal característica havia sido abolida pelos poetas do Concretismo.

V. Os poetas da poesia social valeram-se de materiais gráficos e visuais para criar uma poesia urbana. O poema abandona a linguagem discursiva e assume forma de cartaz, cartão, anúncio, fotografia ou qualquer objeto da produção industrial.

a) II e IV estão corretas.

b) I, III e V estão corretas.

c) I e II estão corretas.

d) II, IV e V estão corretas.

e) Apenas I está correta.

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