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Poesia social é um texto lírico que expõe os problemas sociais de um país. Ela surgiu durante o romantismo, no século XIX, na França, por meio do escritor Victor Hugo. As obras desse autor inspiraram vários poetas, inclusive o brasileiro Castro Alves, o principal representante desse tipo de texto no Brasil.
Leia também: Afinal, o que é poesia?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre poesia social
- 2 - O que é poesia social?
- 3 - Características da poesia social
- 4 - Autores da poesia social
- 5 - No Brasil, é possível destacar os seguintes autores da poesia social:
- 6 - Obras da poesia social
- 7 - Contexto histórico da poesia social
Resumo sobre poesia social
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A poesia social é um texto lírico que evidencia as injustiças sociais de um país.
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O que a caracteriza é a temática relacionada a problemas sociais.
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A poesia com função social surgiu no século XIX e associada ao romantismo.
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Nesse século, o principal autor da poesia social brasileira foi Castro Alves.
O que é poesia social?
A poesia social é aquela que expõe os problemas de uma sociedade, associados a injustiças ou a abusos de poder. Dessa forma, ela deixa em evidência a pobreza, os preconceitos e a violência contra grupos minoritários.
Características da poesia social
Em relação ao aspecto formal ou estrutural, não existem características específicas para esse tipo de poesia. Portanto, o conteúdo poético pode aparecer em forma de prosa poética ou de versos, que podem ser regulares, brancos ou livres, dependendo do estilo de época a que essa poesia esteja vinculada.
O que caracteriza de fato uma poesia como social é a sua temática. Assim, esse tipo de texto trata de assuntos como: injustiças, miséria, fome, escravidão, preconceito, discriminação, autoritarismo, racismo, homofobia ou lgbtfobia, xenofobia, violência urbana ou estatal, enfim, diversos problemas sociais.
A poesia com função social, portanto, apresenta cunho político. Por meio dela, autores e autoras politicamente engajados manifestam sua insatisfação e lutam contra as injustiças sociais. Dessa forma, ela está vinculada a ideais de liberdade, justiça e igualdade.
Autores da poesia social
O poeta francês Victor Hugo (1802-1885) foi o pai da poesia social. Assim, outros poetas seguiram essa tradição, desde o romantismo até os nossos dias. O espanhol Federico García Lorca (1898-1936) foi um deles. Na Rússia, Vladimir Maiakovski (1893-1930) foi um famoso representante desse tipo de poesia.
O poeta alemão Georg Weerth (1822-1856) também criou versos com temática social. Além dele, o poeta português Cesário Verde (1855-1886), a poetisa moçambicana Noémia de Sousa (1926-2002) e a estado-unidense Maya Angelou (1928-2014), para citar alguns nomes.
No Brasil, é possível destacar os seguintes autores da poesia social:
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Castro Alves (1847-1871)
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Manuel Bandeira (1886-1968)
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Cora coralina (1889-1985)
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Jorge de Lima (1893-1953)
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Cassiano Ricardo (1895-1974)
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Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
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João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
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Ferreira Gullar (1930-2016)
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Mário Chamie (1933-2011)
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Cacaso (1944-1987)
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Conceição Evaristo (1946-)
Obras da poesia social
A seguir, leremos alguns trechos de poesias com função social produzidas no Brasil:
Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
[...]
CASTRO ALVES. O navio negreiro: tragédia no mar. In: RIMOGRAFIA, Slim. O navio negreiro. São Paulo: Panda Books, 2011.
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
BANDEIRA, Manuel. O bicho. In: ______. Belo belo. São Paulo: Global, 2014.
Bem sei que, muitas vezes,
o único remédio
é adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem,
a dívida, o divertimento,
o pedido de emprego, ou a própria alegria.
A esperança é também uma forma
de contínuo adiamento.
Sei que é preciso prestigiar a esperança,
numa sala de espera.
Mas sei também que espera significa luta e não, apenas,
esperança sentada.
[...]
RICARDO, Cassiano. A rua. In: ______. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957.
Mulher da Vida, minha Irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à-toa.
[...]
CORALINA, Cora. Mulher da vida. In: ______. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Global,1983.
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. [...]. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. [...]
ANDRADE, Carlos Drummond de. O operário no mar. In: ______. Sentimento do mundo. 13. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Cava,
então descansa.
Enxada; fio de corte corre o braço
de cima
e marca: mês, mês de sonda.
Cova.
[...]
CHAMIE, Mário. Plantio. In: ______. Lavra lavra. São Paulo: Massao Ohno, 1962.
A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela
[...]
EVARISTO, Conceição. Vozes-mulheres. In: ______. Poemas de recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
Contexto histórico da poesia social
A poesia social surgiu na França do século XIX e teve como seu principal representante o escritor romântico Victor Hugo. O romantismo teve como marco histórico a Revolução Francesa, ocorrida em 1789, responsável pela ascensão da burguesia e por inspirar o surgimento da ideia de “cidadão” com direitos e deveres.
O lema da revolução era “Liberdade, igualdade, fraternidade”. Desse modo, o romantismo também valorizava os ideais de liberdade e de igualdade, além de apresentar um caráter heroico. Esse estilo de época recebeu forte motivação política, responsável por estimular o nacionalismo e a luta por justiça social.
Por Warley Souza
Professor de Literatura