O que é verso? O verso é cada uma das linhas que compõem um poema. Existem diferentes tipos de verso, que é classificado de acordo com o número de sílabas que ele possui. O verso compõe a estrofe, que é nomeada segundo a quantidade de versos que ela apresenta.
O verso é classificado de acordo com o seu número de sílabas poéticas:
monossílabo
uma sílaba
dissílabo
duas sílabas
trissílabo
três sílabas
tetrassílabo
quatro sílabas
pentassílabo ou redondilha menor
cinco sílabas
hexassílabo
seis sílabas
heptassílabo ou redondilha maior
sete sílabas
octossílabo
oito sílabas
eneassílabo
nove sílabas
decassílabo
dez sílabas
hendecassílabo
11 sílabas
dodecassílabo ou alexandrino
12 sílabas
bárbaro
mais de 12 sílabas
Estrofes
Cada estrofe de um poema é composta por versos. Portanto, ela é classificada segundo o número de versos que possui:
monóstico
um verso
dístico
dois versos
terceto
três versos
quadra ou quarteto
quatro versos
quinteto ou quintilha
cinco versos
sexteto ou sextilha
seis versos
sétima ou septilha
sete versos
oitava
oito versos
novena ou nona
nove verso
décima
dez versos
Importante:É incomum uma estrofe com mais de dez versos. Mas, se isso ocorrer, basta dizer que é uma estrofe de 11 versos etc.
Versificação
O verso é cada linha que compõe um poema. Portanto, chamamos de “versificação” o ato de escrever um texto em forma de versos. Assim, um poema pode ser escrito com diferentes tipos de versos.
→ Versos livres
Os versos livres são versos sem métrica e sem rima. Veja o exemplo de “O cacto”, de Manuel Bandeira|1|:
Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco Nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
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→ Versos brancos
Os versos brancos são versos com métrica e sem rima. Veja o exemplo de “Circular”, de Paulo Henriques Britto|2|:
Originalidade não tem vez neste mundo, nem tempo, nem lugar. O que você fizer não muda coisa alguma. Perda de tempo dizer
[...]
→ Versos regulares
Os versos regulares são versos com métrica e com rima. Veja o exemplo de “As cismas do destino”, de Augusto dos Anjos|3|:
E a saliva daqueles infelizes Inchava, em minha boca, de tal arte, Que eu, para não cuspir por toda a parte, Ia engolindo, aos poucos, a hemoptísis!
Metrificação
A metrificação de um poema consiste na criação de versos com o mesmo número de sílabas. Para isso, a contagem de sílabas do verso é feita até a última sílaba tônica. Além do mais, quando a última sílaba de uma palavra acaba com som de vogal e a primeira sílaba da próxima palavra começa com som de vogal, juntamos essas sílabas na contagem, caso elas sejam átonas.
Vamos retomar a estrofe de Augusto dos Anjos para exemplificar:
E a- sa-li-va- da-que-les- in-fe-[li]-zes In-cha-va, em- mi-nha- bo-ca,- de- tal- [ar]-te, Que eu,- pa-ra- não- cus-pir- por- to-da a- [par]-te, Ia en-go-lin-do,- aos- pou-cos,- a he-mop-[tí]-sis!
Nessa estrofe, temos versos decassílabos (dez sílabas), pois contamos até a última sílaba tônica (entre colchetes). Já a união de sílabas está sublinhada no texto.
Exemplos de verso
A seguir, vamos ler uma estrofe do poema “Dez”, de Cecília Meireles|4|, compreendendo sua metrificação e observando e a classificação de cada verso:
Pa-ra- quem- tra-ba-lha o- fla-me-jan-te u-ni-VER-so? [verso alexandrino]
Pa-ra- quem- se a-fa-di-ga a-ma-nhã- o- cor-po- do ho-mem- tran-si-TÓ-rio? [verso bárbaro]
Capro e revel, com os fabulosos cornos
Na fronte real de rei dos reis vetustos,
Com bizarros e lúbricos contornos,
Ei-lo Satã dentre os Satãs augustos.
Por verdes e por báquicos adornos
Vai c’roado de pâmpanos venustos
O deus pagão dos Vinhos acres, mornos,
Deus triunfador dos triunfadores justos.
Arcangélico e audaz, nos sóis radiantes,
A púrpura das glórias flamejantes,
Alarga as asas de relevos bravos...
O Sonho agita-lhe a imortal cabeça...
E solta aos sóis e estranha e ondeada e espessa
Canta-lhe a juba dos cabelos flavos!
A primeira e a segunda estrofes do soneto possuem quatro versos cada uma. Já a terceira e quarta, três versos cada uma. No mais, rimam as seguintes palavras: “cornos”/ “contornos”; “vetustos”/ “augustos”; “adornos”/ “mornos”; “venustos”/ “justos”; “radiantes”/ “flamejantes”; “bravos”/ “flavos”; e “cabeça”/ “espessa”.
Notas
|1| BANDEIRA, Manuel. O cacto. In: ______. Antologia poética. 6. ed. São Paulo: Global, 2013.
|2| BRITTO, Paulo Henriques. Circular. In: ______. Formas do nada. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
|3| ANJOS, Augusto dos. As cismas do destino. In: ______. Eu e outras poesias. Porto Alegre: L&PM, 2010.
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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SOUZA, Warley.
"O que é verso?"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-e-verso.htm. Acesso em 21 de dezembro
de 2024.