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A migração corresponde aos deslocamentos de pessoas e populações na superfície terrestre. Esse movimento pode ocorrer de forma espontânea ou forçada, dentro dos limites de um mesmo território ou não, e, ainda, ter caráter sazonal ou permanente. As razões que levam as pessoas a migrarem são muito variadas, estando associadas a fatores econômicos, culturais, políticos, sociais e, até mesmo, naturais.
Observa-se, no Brasil atual, um grande fluxo de entrada de migrantes vindos de países latino-americanos e africanos, ao passo que os emigrantes vão em direção também a países vizinhos e nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, seguindo a tendência global. Internamente, houve a intensificação da migração de retorno e crescimento das cidades médias, sobretudo próximas dos grandes centros urbanos.
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Tópicos deste artigo
- 1 - O que é migração?
- 2 - Quais os tipos de migração?
- 3 - Quais as causas da migração?
- 4 - Migração no Brasil
- 5 - Quais as diferenças entre migração, imigração e emigração?
- 6 - Exercícios resolvidos sobre migração
O que é migração?
Migração é o movimento ou deslocamento de pessoas e populações pela superfície terrestre. A definição fornecida pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), hoje um órgão das Nações Unidas, aproxima-se bastante dessa concepção.
O conceito abrange todos os tipos de deslocamento que acontecem de um local a outro, independentemente da escala espacial ou temporal, e são muito mais parte do nosso dia a dia do que pode parecer à primeira vista. Abordaremos em mais detalhes essa questão quando tratarmos dos tipos de migração.
A migração acontece em diversas espécies animais, e a utilização do termo vai além da ciência demográfica. Outras áreas do conhecimento, como a biologia, utilizam o termo para descrever o deslocamento sazonal de populações de aves, peixes, mamíferos e insetos.
Quais os tipos de migração?
As migrações podem ser categorizadas em diferentes tipos de acordo com critérios diversos, como a área de partida e de chegada, as distâncias percorridas, o tempo decorrido e até mesmo as motivações que estão por trás desses movimentos. Essa qualificação nos auxilia no estudo e na elaboração de análises a respeito do fenômeno. Veja na sequência quais são os principais tipos de migração.
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Migração espontânea ou voluntária: acontece de acordo com a vontade do indivíduo.
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Migração forçada: denomina-se migração de refúgio em alguns casos. Está atrelada a fatores externos à pessoa e ocorre contra a sua vontade. Associa-se à conjuntura política, social e econômica e também a desastres naturais e climáticos.
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Migração externa ou internacional: deslocamentos entre países, chamada também de imigração.
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Migração interna: aquela que acontece dentro das fronteiras de um mesmo país.
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Migração inter-regional: fluxo que se dá entre diferentes regiões dentro de um mesmo país.
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Migração intrarregional: ocorre entre dois lugares distintos dentro de uma mesma região.
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Êxodo rural: caracteriza a ida de populações dos campos (zona rural) para as áreas urbanas.
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Êxodo urbano: trata-se do processo inverso do êxodo rural, isto é, o êxodo urbano acontece quando os moradores das cidades deixam o ambiente urbano e vão para o campo.
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Migração intraurbana: tipo de migração que acontece quando o indivíduo se desloca dentro dos limites de um mesmo município ou área urbana.
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Migração pendular ou diária: categoria de migração mais comum e presente na nossa vida cotidiana. Ocorre quando uma pessoa se desloca de um local a outro em direção ao trabalho, à faculdade, à escola ou com qualquer outro propósito e retorna para seu lugar de origem no mesmo dia.
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Transumância: tipo de migração sazonal. Trata-se do deslocamento de trabalhadores que vão atuar como mão de obra em lavouras temporárias, como a de cana-de-açúcar, ou em outras atividades sazonais, como a pesca. Ao final do período de trabalho (semanal, mensal ou anual), o indivíduo retorna para o seu local de origem.
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Migração sazonal: é um tipo de migração temporária, como a transumância, mas abrange outras motivações além do trabalho, como longos períodos de seca e outras condições ligadas às estações do ano. Depois de um determinado intervalo de tempo, o migrante retorna de onde partiu.
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Migração de retorno: pode ser descrita como uma segunda migração. Ocorre quando uma pessoa que havia se mudado para outra região, cidade ou país faz o processo inverso e retorna para a sua localidade de origem.
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Nomadismo: realizado por pessoas que não possuem uma residência fixa e estão constantemente se deslocando de um local a outro.
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Diáspora: definida como a dispersão de uma população inteira de uma área de forma forçada ou voluntária. Um exemplo é a diáspora africana, que se deu quando africanos foram retiradas à força de seus países e deslocados para outras regiões, como os subcontinentes americanos, para serem vendidos e escravizados.
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Quais as causas da migração?
Sejam elas espontâneas, sejam forçadas, nacionais ou internacionais, as migrações sempre estão associadas a uma ou mais motivações. Elencamos algumas delas a seguir.
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Econômicas: derivadas da vontade do indivíduo de melhorar as condições de vida em que se encontra, indo em busca de oportunidades de emprego com melhores salários. Pode ser suscitada igualmente por uma conjuntura de crise no lugar de origem.
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Trabalho: a pessoa se desloca para o seu local de trabalho todos os dias, como na migração pendular, ou aqueles que migram temporariamente para exercer uma atividade específica, como a transumância.
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Políticas: acontecem em contextos de crise, conflitos políticos e regimes ditatoriais, que podem gerar condições insustentáveis para pessoas ou grupos, que acabam migrando para garantir sua liberdade e segurança.
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Perseguições étnicas e religiosas: trata-se da migração de refúgio. Em função da constante ameaça em seu lugar de origem, grupos perseguidos pela etnia a que pertencem ou pela sua fé fogem para outros locais, muitas vezes sem perspectiva de retorno.
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Culturais: acontecem quando há identificação cultural com o local para onde se vai, ou ainda quando há o propósito de intercâmbio cultural com outros grupos sociais. Podem ter também cunho religioso.
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Naturais: causadas por fenômenos naturais destrutivos, como furacões, tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas ou condições climáticas extremas.
Migração no Brasil
Os fluxos migratórios se fazem presentes no território brasileiro desde o princípio de sua formação. O século XVI representou a chegada de correntes migratórias europeias no país, vindas em sua maioria de Portugal. Esse mesmo período foi marcado pela chegada de grandes contingentes de populações africanas, trazidas à força de seus países, com o intuito de serem vendidas e escravizadas para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar.
A partir de meados do século XIX, após a proibição do tráfico negreiro, a migração internacional para o Brasil se transformou em deslocamentos voluntários de novas correntes derivadas da Itália, Alemanha e Japão, que chegaram no país para exercer atividades remuneradas nas fazendas de café. Em meados do século XX, o contexto de guerra mundial suscitou a nova entrada de imigrantes europeus, judeus e asiáticos.
Uma nova tendência migratória se instalou a partir das décadas finais do século XX, caracterizada pela entrada de pessoas vindas de países vizinhos e também de países africanos falantes de português. Mais recentemente, o Brasil recebeu muitos imigrantes haitianos e refugiados venezuelanos. No sentido contrário, as emigrações de brasileiros seguem o padrão global atual, que tem como foco os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, e nações fronteiriças, como Argentina, Peru e Paraguai.
Os deslocamentos internos possuem igual importância para o processo de composição do território nacional. Ciclos econômicos, como o do ouro, do café e da borracha, nos séculos XVIII, XIX e início do XX, desencadearam processos de migração inter-regionais voltados ao trabalho e à fixação nas respectivas áreas onde se desenvolveram.
A década de 1950 marcou os deslocamentos derivados principalmente do Nordeste em direção ao Centro-Oeste do país para a construção da nova capital, Brasília. Nos anos seguintes, observou-se a intensificação da industrialização nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para São Paulo, o que atraiu muitas pessoas em busca de trabalho. Ademais, a expansão das fronteiras agrícolas nos anos 1970 também deu origem a fluxos migratórios do Sul com destino às regiões Centro-Oeste e uma parcela do Nordeste.
A dinâmica migratória atual do Brasil é caracterizada pelo crescimento das migrações de retorno, notadamente para a Região Nordeste, e também da saída de pessoas dos grandes centros urbanos em direção às cidades médias nos seus arredores ou região metropolitana.
Quais as diferenças entre migração, imigração e emigração?
Migração é um termo bastante amplo e que faz referência a todos os tipos de deslocamentos que acontecem no espaço. Quando nos referimos aos processos de imigração e emigração, damos ênfase na direção em que esse movimento ocorre. A imigração corresponde à chegada de uma pessoa ou um grupo de pessoas em um determinado lugar. O ato de saída, por sua vez, é chamado de emigração.
Exercícios resolvidos sobre migração
Questão 1 - (UEA) Examine o mapa.
(Maria Elena R. Simielli. Geoatlas, 2013.)
Diferentemente do padrão registrado desde a década de 1950, um novo e importante fluxo migratório se estabeleceu no Brasil. Esse novo padrão de deslocamento da população, com maior vigor a partir dos anos 2000, corresponde à:
A) migração de retorno ao Nordeste.
B) migração forçada no Sudeste.
C) migração de fronteira inter-regional.
D) migração pendular interestadual.
E) migração sazonal ao Norte.
Resolução
Alternativa A. O mapa nos mostra, entre outros movimentos, o elevado fluxo que corresponde às migrações de retorno em direção à Região Nordeste, partindo principalmente do estado de São Paulo.
Questão 2 - (Enem) “Foi lento o processo de transferência da população para as cidades, pois durante séculos o Brasil foi um país agrário. Foi necessário mais de um século (século XVIII a século XIX) para que a urbanização brasileira atingisse a maturidade; e mais um século para que assumisse as características atuais.”
ENDLICH, A. M. Perspectivas sobre o urbano e o rural. In: SPOSITO, M. E. B.; WHITACKER, A. M. (Orgs.). Cidade e campo: relações e contradições entre o urbano e o rural. São Paulo: Expressão Popular, 2006 adaptado).
A dinâmica populacional descrita indica a ocorrência do seguinte processo:
A) migração intrarregional.
B) migração pendular.
C) transumância.
D) êxodo rural.
E) nomadismo.
Resolução
Alternativa D. O texto do enunciado está se referindo ao processo de êxodo rural, ou seja, a saída da população do campo para a cidade.