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Os peixes são encontrados nos mais variados ambientes aquáticos e caracterizam-se por ser o grupo mais numeroso e diversificado nos vertebrados. Nesse grupo de animais, temos representantes com corpo tipicamente fusiforme; respiração, geralmente, do tipo branquial; presença de nadadeiras; e ectotermia. Esse grupo inclui peixes cartilaginosos, que possuem esqueleto formado por cartilagem, e peixes ósseos, que possuem o esqueleto ósseo.
Vale salientar que muitas modificações ocorreram na classificação dos animais após adoção da metodologia cladística e aprimoramento das técnicas de análise de DNA. Estudos recentes demonstram, por exemplo, o monofiletismo dos Agnatha e dos Chondrichthyes, porém não a dos Osteichthyes, que se trata de um grupo parafilético.
O significado taxonômico de Osteichthyes nos dias atuais é bem diferente do que havia no passado, quando se referia aos peixes ósseos e excluía o grupo dos tetrápodes. Hoje os sistematas incluem os tetrápodes no clado Osteichthyes. No nosso texto, no entanto, optamos por utilizar os termos no seu sentido clássico, pois essa forma é a abordada nos livros didáticos e a cobrada nos processos seletivos.
Saiba mais: Reino Animalia, também conhecido como Metazoa
Tópicos deste artigo
- 1 - Características gerais dos peixes
- 2 - Adaptações dos peixes ao ambiente aquático
- 3 - Peixes ósseos e cartilaginosos
Características gerais dos peixes
Os peixes são animais vertebrados que vivem exclusivamente no ambiente aquático. Possuem diferentes tamanhos, formatos e cores, sendo animais de grande importância econômica, uma vez que são usados na nossa alimentação, em práticas como pesca esportiva e também na criação em aquários, por exemplo.
Os peixes possuem um sistema digestório completo, com intestino terminando em cloaca nos peixes cartilaginosos e em ânus nos peixes ósseos. O sistema excretor desses animais é formado por um par de rins. Nos peixes cartilaginosos, é excretado principalmente ureia, e, nos peixes ósseos, observa-se a eliminação de amônia.
O sistema circulatório é fechado, e observa-se a presença de um coração com duas cavidades: um átrio e um ventrículo. Nesse importante órgão bombeador de sangue, circula apenas sangue rico em gás carbônico (venoso). A circulação nos peixes é simples, uma vez que o sangue passa pelo coração apenas uma vez, em cada circuito completo, pelo corpo do animal. O sangue entra no coração pelo átrio, segue para o ventrículo e é bombeado em direção às brânquias, nas quais é oxigenado. Esse sangue é então levado para o corpo do animal.
Não podemos deixar de citar os peixes pulmonados (Dipnoi). Atualmente esse grupo apresenta apenas seis espécies, as quais são encontradas apenas em água doce da América do Sul, África e Austrália. A espécie de peixe pulmonado existente no Brasil é conhecida como piramboia. Ela é capaz de construir galerias, que utilizam como abrigo para proteger-se da seca e dos predadores.
Os peixes têm poderosos e eficientes órgãos sensoriais, como a linha lateral. Essas estruturas, localizadas lateralmente no peixe, permitem que o animal consiga captar movimentos na água e, consequentemente, evitar predadores. Além das linhas laterais, os peixes contam com lobos olfativos desenvolvidos, que permitem a percepção de cheiros, e com as ampolas de Lorenzini, que permitem a captação de correntes elétricas produzidas por outros animais. Essas ampolas são encontradas apenas em peixes cartilaginosos.
Os peixes, de maneira geral, são animais ectotérmicos, ou seja, são incapazes de manter a temperatura do seu corpo constante utilizando mecanismos fisiológicos. Algumas espécies, no entanto, são capazes de manter partes do seu corpo mais aquecidas do que outras (heterotermia regional), conseguindo elevar a temperatura por meio da produção endotérmica de calor. Atuns e alguns tubarões apresentam essa capacidade.
A reprodução dos peixes varia de grupo para grupo. Nos cartilaginosos, ocorre fecundação interna; já na maioria dos peixes ósseos, ocorre fecundação externa. Nos peixes ósseos, pode-se observar, em algumas espécies, o desenvolvimento indireto, com a formação de larvas, e o desenvolvimento de uma fase denominada alevino.
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Adaptações dos peixes ao ambiente aquático
Para viver no meio aquático, os peixes apresentam grande quantidade de adaptações, destacando-se a presença de brânquias.
Esses órgãos em formato de lâmina e ricamente vascularizados permitem a troca gasosa entre a água do meio e o sangue do animal, o que constitui a respiração branquial. A água inicialmente entra pela boca, passa pelas fendas na faringe, segue para as brânquias, e então sai do corpo do animal. Movimentos coordenados do opérculo e das mandíbulas permitem que a água chegue às brânquias. O movimento do nado pode também ser usado para garantir a ventilação das brânquias.
Além da presença de brânquias, os peixes possuem um corpo com formato hidrodinâmico, que auxilia a movimentação na água. Normalmente os peixes apresentam o corpo fusiforme, ou seja, alongado e com as extremidades afiladas, o que possibilita melhor natação. Peixes com formato fusiforme podem conseguir alta velocidade de natação.
Além do formato característico, os peixes possuem grande quantidade de muco em sua pele, o que ajuda a diminuir o atrito com a água. O muco, assim como as escamas, também possui papel importante na proteção do peixe contra patógenos.
Destaca-se também a presença de nadadeiras, que variam em forma, tamanho e posição em cada espécie de peixe. Essas estruturas possuem como principais funções: manter o equilíbrio do peixe, ajudar na mudança de direção e profundidade, e atuar como propulsoras, como é o caso da nadadeira caudal.
Além de apresentarem adaptações para facilitar a natação, os peixes possuem estratégias para evitar o afundamento, uma vez que possuem densidade maior do que a da água. A flutuação é garantida em peixes cartilaginosos pela presença de um fígado desenvolvido e com grande quantidade de gordura. Já em peixes ósseos, existe uma bexiga natatória, um órgão hidrostático que permite que o peixe nade para o fundo e para a superfície.
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Peixes ósseos e cartilaginosos
Os peixes podem ser divididos tradicionalmente em dois grandes grupos: os peixes cartilaginosos (Chondrichthyes) e os peixes ósseos (Osteichthyes). Os peixes cartilaginosos recebem essa denominação por não apresentarem ossos formando seu esqueleto, o qual é constituído predominantemente de cartilagem. Tubarões, arraias e quimeras são representantes desse grupo de peixes, sendo a maior parte das espécies marinhas.
Outra característica desse grupo é a presença de placas semelhantes a dentes que revestem o corpo desses animais, as chamadas escamas placoides. Nos tubarões e arraias, as escamas placoides revestem grande parte dos seus corpos, nas quimeras, no entanto, elas estão presentes em porções específicas.
Os peixes cartilaginosos possuem, ainda, uma característica bastante marcante, que é a presença do clásper, uma modificação de parte dos raios das nadadeiras pélvicas dos machos, que atuam na reprodução. Nos peixes cartilaginosos, a fecundação é exclusivamente interna. Outras características existentes nesse grupo de peixes e que permitem sua diferenciação dos peixes ósseos são: boca ventral, presença de cloaca, excreção da ureia e ausência de bexiga natatória.
Os peixes ósseos, assim como o nome sugere, apresentam um esqueleto ósseo. Nesses animais, a brânquias estão cobertas pelo opérculo, uma espécie de aba óssea que protege essas estruturas. Nos peixes ósseos, observa-se a presença da bexiga natatória. Outras características que podem ser citadas são: boca na extremidade anterior, intestino terminado em ânus e excreção da amônia.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia