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Brasília está situada no Planalto Central e surgiu após anos de questionamentos históricos e geográficos sobre a transferência de poder político do litoral para o interior do país, em algum ponto central.
Fundada em 21 de abril de 1960, Brasília é palco de intensas transformações e repleta de diversidades, tanto do ponto de vista econômico, em relação à distribuição de renda, quanto do ponto de vista social, ao se analisar a população que contempla a capital e todo seu entorno, nas regiões administrativas.
Leia também: República Populista – momento histórico em que Brasília foi construída
Tópicos deste artigo
Dados gerais de Brasília
- Gentílico: brasiliense.
- Localização: localizada no Planalto Central, Centro-Oeste brasileiro, a 15°47’ de latitude sul e a 47°56′ de longitude.
- País: Brasil.
- Unidade federativa: Distrito Federal (DF).
- Região metropolitana: a área metropolitana de Brasília (AMB) é composta por onze cidades. São elas: Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Cidade Ocidental, Cristalina, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás. Conhecer essas cidades é essencial para o planejamento urbano de Brasília, pois muitos habitantes desses municípios buscam serviços básicos (saúde, educação, lazer) na capital federal.
- Municípios limítrofes: Brasília é uma área que foi construída para sediar o Governo Federal, na década de 1950. Com isso, ao seu redor, existem as Regiões Administrativas (RAs), que estão no entorno da capital federal.
No total, são 33 RAs:
RA I: Plano Piloto – Brasília
RA II: Gama
RA III: Taguatinga
RA IV: Brazlândia
RA V: Sobradinho
RA VI: Planaltina
RA VII: Paranoá
RA VIII: Núcleo Bandeirante
RA IX: Ceilândia
RA X: Guará
RA XI: Cruzeiro
RA XII: Samambaia
RA XIII: Santa Maria
RA XIV: São Sebastião
RA XV: Recanto das Emas
RA XVI: Lago Sul
RA XVII : Riacho Fundo
RA XVIII: Lago Norte
RA XIX: Candangolândia
RA XX: Águas Claras
RA XXI: Riacho Fundo II
RA XXII: Sudoeste/Octogonal
RA XXIII: Varjão
RA XXIV: Park Way
RA XXV: SCIA
RA XXVI: Sobradinho II
RA XXVII: Jardim Botânico
RA XXVIII: Itapoã
RA XXIX: SIA
RA XXX: Vicente Pires
RA XXXI: Fercal
RA XXXII: Sol Nascente/Pôr do Sol
RA XXXIII: Arniqueira
Já o Distrito Federal faz divisa com alguns municípios de Goiás e um de Minas Gerais. São eles:
- Ao norte: Planaltina de Goiás, Padre Bernardo e Formosa;
- Ao sul: Luziânia, Cristalina, Santo Antônio do Descoberto, Cidade Ocidental, Valparaíso e Novo Gama;
- A leste: Formosa e Cabeceira Grande (MG);
- A oeste: Alexânia, Santo Antônio do Descoberto, Padre Bernardo e Águas Lindas.
Geografia de Brasília
Veja a seguir alguns dados sobre a capital federal. Esses dados são baseados nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Dentro dos parênteses estão os anos de cada pesquisa.
- Densidade demográfica: 444,66 habitantes por km² (2010);
- Índice de desenvolvimento humano municipal: 0,824 (2010);
- Escolarização (6 a 14 anos): 97,5% (2010);
- Mortalidade infantil: 11,08 óbitos por mil nascidos vivos (2017);
- PIB per capita (em reais): 80.502,47 (2017);
- Total de veículos: 1.812.473 (2018);
- Área total: 5.760,783 km² (2018);
- População total: 3.015.258 (2019);
- Clima: tropical continental¹;
- Altitude : média de 1000 m acima do nível do mar²;
- Fuso horário: 45º oeste de Greenwich.
Observações:
- ¹Situada no Centro-Oeste brasileiro, Brasília recebe influência do clima que predomina nessa região. Esse clima possui duas estações bem definidas, um verão chuvoso e um inverno seco. A temperatura média de Brasília varia entre 13ºC e 28ºC. Essa grande amplitude térmica ocorre devido à altitude da região, que pode chegar a 1300 m acima do nível do mar. As chuvas concentram-se entre outubro e abril, período em que há maior precipitação no Centro-Oeste do Brasil. Entretanto, pode haver períodos de três a cinco meses sem cair uma gota d’água na região.
- ²O DF, que está no Planalto Central brasileiro, possui uma altitude que varia entre 800 a 1350 m acima do nível do mar. Nessa região é muito comum a existência de relevos relativamente altos e planos, como as chapadas. O pico mais alto localiza-se na Serra do Sobradinho, com 1341 m de altitude, apelidado de Pico do Roncador.
Breve histórico de Brasília
O povoamento do Planalto Central, para alguns historiadores, remonta aos séculos XVII e XVIII, com as primeiras bandeiras, expedições que adentravam o interior do Brasil em busca de ouro e pedras preciosas. Porém, essa ocupação, em muitos casos, era temporária, não atingindo com êxito um povoamento sólido, capaz de desenvolver a economia regional. *
A intenção de transferir a capital do país para alguma área interiorana apareceu em alguns momentos históricos. José Bonifácio – figura política de grande influência no Brasil Império – e, antes dele, Marquês de Pombal, no século XVIII, foram nomes que alimentaram essa ideia.
Em 1956, com um terreno demarcado no interior de Goiás, o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, encaminhou ao Congresso Nacional a “Mensagem de Anápolis”, que propunha o nome Brasília para a nova capital, entre outros assuntos ligados à construção da cidade. Em 1957, o projeto urbanístico de Lucio Costa foi escolhido como vencedor dentre 26 concorrentes ávidos para o projeto de construção da nova capital. Em 1957, Juscelino sancionou a lei que determinava a fundação de Brasília três anos depois.
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Fundação de Brasília
De acordo com a lei sancionada por Juscelino, a fundação de Brasília ficou marcada para o dia 21 de abril de 1960. Foram 41 meses de construção, com inúmeros prédios, rodovias, implantação do serviço de água e esgoto, além do lago artificial da cidade, o Lago Paranoá. Para conhecer maiores detalhes acerca da construção da nova capital brasileira, acesse o nosso texto: Construção de Brasília.
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Demografia de Brasília
No primeiro ano da construção de Brasília, em 1957, havia 12.283|1| pessoas morando em Planaltina e nos arredores da região, a maioria formada por imigrantes atraídos pelo processo de construção da nova cidade. Estima-se que, na década de 1960, mais de 90% da população brasiliense era composta por migrantes.
Essa população, que veio em busca de trabalho e oportunidades, principalmente no setor público, moldou Brasília, o que resultou em uma mistura de sotaques, caras e cores. Na época, os trabalhadores migrantes eram chamados de “candangos”, termo africano pejorativo que significa “ruim” e fazia alusão aos trabalhadores braçais na fundação da capital.
De acordo com a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), atualmente os imigrantes respondem por 51,9% da população do DF, sendo 26,5% da Região Nordeste e 14,4% da Região Sudeste.
Ainda de acordo com o mesmo órgão, 29,3% da população do DF possui ensino fundamental incompleto e apenas 15,9% possuem grau de escolaridade superior, incluindo graduação, especialização, mestrado e/ou doutorado.
Veja também: Darcy Ribeiro – fundador e primeiro reitor da Universidade de Brasília
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Economia de Brasília
Por ser um território geograficamente limitado, o DF não tem condições de incentivar os setores primário e secundário da economia (agropecuária e indústria, respectivamente).
Até os anos 1990, grande parte da economia do DF e, consequentemente, de Brasília girava em torno da construção civil e pequenas produções agrícolas para o mercado interno. Só a partir desse período que os setores de serviços e turismo ganharam força, configurando-se, hoje, como os mais importantes para o Produto Interno Bruto da região.
De acordo com a Codeplan, em 2012, o percentual de empregados no setor de serviços era de 69,11%, em sua maioria no Plano Piloto (47%). Tais números mostram a força dos serviços em Brasília, como bancos, universidades, consultórios médicos, segmento de informação (TV por assinatura, internet, celular), entre outros.
A Codeplan, em parceria com o IBGE, também nos revela que 93% do Produto Interno Bruto do DF é preenchido com o setor de serviços. Esse dado é refletido no PIB per capita da região, que é o mais alto do Brasil.
Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, Brasília conta com um turismo cultural e econômico muito forte. Muitos turistas visitam a cidade para tratar de negócios, mas também aproveitam os espaços culturais da cidade. Devido ao forte turismo, o Ministério do Turismo classifica Brasília na categoria A, o que revela o grande fluxo de turistas e a grande empregabilidade no setor hoteleiro, movimentando a economia.
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Cultura de Brasília
Em 1987 Brasília foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade. Falar de cultura em Brasília é falar da própria cidade. Suas linhas arquitetônicas modernas, inspiradas nos desenhos de Oscar Niemeyer, e a urbanização arrojada desenhada por Lúcio Costa fazem de Brasília um prato cheio para quem quer conhecer uma cidade planejada e acolhedora.
Alguns monumentos históricos merecem destaque, como a Praça dos Três Poderes, a Catedral Metropolitana de Brasília, o Museu Vivo da Memória Candanga, o Museu JK, que conta a vida do presidente fundador da cidade, e inúmeros outros.
O rap e o rock nacionais também são marcas fortes na cultura brasiliense. Artistas de fama nacional surgiram ali, como o grupo Tribo da Periferia e a banda de rock nacional Legião Urbana.
Além disso, o cinema também possui papel importante. Anualmente ocorre o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Cine Brasília.
Leia também: Cultura material e cultura imaterial – diferentes tipos de manifestações culturais
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Governo de Brasília
No início, o DF foi dividido em oito regiões administrativas, cada uma com um administrador-geral, que era nomeado pelo prefeito. Essa forma de governar vigorou até 1969, quando o primeiro governador do DF foi nomeado pelo presidente da República.
O primeiro governador foi Hélio Prates da Silveira, permanecendo no mandato por cinco anos, de 1969 a 1974. De lá pra cá, o DF já teve 16 governadores, com destaque para Joaquim Domingos Roriz, que governou a região quatro vezes, sendo uma por nomeação do Presidente da República e três de forma democrática. Além disso, foi o primeiro governante eleito democraticamente, em 1994.
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Infraestrutura de Brasília
De acordo com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), empresa pública de direito privado que fornece água e saneamento básico para o DF, Brasília é a região administrativa que mais possui domicílios com acesso ao saneamento básico e acesso ao abastecimento de água. Dos 86.583 domicílios ocupados, 86.338 possuem rede de água e 86.387 possuem rede de esgoto.
Em todo o DF, mais de 98% dos domicílios possuem abastecimento de água por rede geral. Entretanto, esse número cai se analisarmos regiões específicas, como Jardim Botânico, que conta com pouco mais de 89% de rede de água.
Já o esgoto sanitário é tratado em 87% das residências do DF, percentual esse que é maior no Plano Piloto. A coleta de lixo, realizada pelo Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal, atende a 96% das residências, dados esses coletados pela última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, realizada em 2011. Todos os habitantes pagam uma taxa de limpeza pública para a manutenção desses serviços.
O acesso à saúde é regulamentado pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, que conta com 16 hospitais públicos, quase 4 mil leitos, 65 centros de saúde e 44 postos de saúde espalhados pelo DF.
Notas
|1| Dado retirado do documento Distrito Federal em Síntese – Informações socioeconômicas e geográficas 2012. Brasília: Editora Codeplan, 2013, página 39.
Por Átila Matias
Professor de Geografia