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História do Museu Nacional

O Museu Nacional foi criado em 1818, a partir de um decreto de D. João VI. Ao longo de 200 anos, tornou-se referência nacional com um acervo de mais de 20 milhões de itens.

Fachada do Museu Nacional, localizado no Parque Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.
Fachada do Museu Nacional, localizado no Parque Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.
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O Museu Nacional é uma instituição científica surgida no Brasil, em 1818, e possui departamentos relacionados a diferentes áreas do conhecimento, tais como antropologia, geologia, botânica, mineralogia etc. Surgido durante o Período Joanino, o museu foi sempre uma referência na produção de conhecimento e um local de acesso à cultura. Em junho de 2018, o Museu Nacional completou 200 anos de existência.

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História do Museu

O Museu Nacional localiza-se no Parque Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro. Foi criado por determinação de D. João VI, durante o Período Joanino, fase da colonização brasileira que se iniciou em 1808, quando a família real portuguesa mudou-se para o Brasil, e estendeu-se até 1822, quando foi declarada a independência do Brasil.

Veja também: Cinco curiosidades sobre a independência do Brasil

A criação do Museu Nacional fez parte de uma série de iniciativas tomadas por D. João VI para promover o desenvolvimento da arte, ciência e intelectualidade no Brasil. O Museu Nacional nasceu oficialmente durante esse processo e foi fundado no dia 6 de junho de 1818 como Museu Real.

Conforme foi registrado pelas historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, o Museu Real tinha como objetivo principal incentivar novos estudos nas áreas de botânica e zoologia. Elas também afirmam que “o museu não possuía, […], acervo, e por isso foi aberto com uma pequena coleção doada pelo próprio d. João; esta se compunha de peças de arte, gravuras, objetos de mineralogia, artefatos indígenas, animais empalhados e produtos naturais […]”|1|.


Fachada do Palácio de São Cristóvão, antiga casa da família real portuguesa, da família imperial brasileira e, desde 1892, Museu Nacional.

Inicialmente, o Museu Nacional ficou instalado no Campo de Santana – localizado na Praça da República, no centro da cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1892, esse museu foi instalado no Palácio de São Cristóvão, o qual foi construído no começo do século XIX e abrigou D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II. O palácio, inicialmente, havia pertencido a Elias Antônio Lopes, um comerciante português que enriqueceu com o tráfico negreiro.

Esse comerciante doou o palácio para D. João VI, em 1808, quando este se mudou de Lisboa para o Rio de Janeiro, alegando preocupar-se com o bem-estar do rei português. O Rio de Janeiro daquela época possuía um problema severo de falta de moradias. Naturalmente, a doação realizada por Elias Antônio Lopes rendeu-lhe muitos favores de D. João VI.

A transferência do museu para o Palácio de São Cristóvão, em 1892, aconteceu, principalmente, como forma de apagamento das memórias da monarquia brasileira pelos republicanos que assumiram o controle do país em 1889. Isso porque o palácio, como citado, foi a casa da família real portuguesa e brasileira. Sendo assim, a transferência do Museu Nacional para lá daria um novo significado para a edificação.

Acesse também: Proclamação da República

Em 1946, ao final do Estado Novo, o Museu Nacional passou para a tutela da Universidade Federal do Rio de Janeiro – tutela que permanece até hoje. Em junho de 2018, completou 200 anos de história e foram realizadas festividades no local por conta disso. O Museu Nacional abrigava, até então, mais de 20 milhões de peças em seu acervo.

Ao longo da história nacional, o Palácio de São Cristóvão presenciou momentos marcantes, como a assinatura do decreto de independência do Brasil por Maria Leopoldina (Imperatriz Consorte do Império do Brasil e primeira esposa de D. Pedro I), dias antes de D. Pedro I dar o grito de independência. Entre 1889 e 1891, o palácio sediou a Assembleia Nacional Constituinte que redigiu a primeira Constituição do Brasil enquanto nação republicana. Essa constituição foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891.

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O incêndio e a destruição do Museu

Em 2 de setembro de 2018, poucas semanas após o bicentenário ter sido completado e apenas cinco dias antes do Dia da Independência, o museu foi atingido por um incêndio de grandes proporções que destruiu praticamente todo o acervo de mais de 20 milhões de itens que foram acumulados em 200 anos de existência.

Até o presente momento, as autoridades não sabem se o incêndio foi acidental ou criminoso, mas de toda forma ficou evidenciado com o desastre que a manutenção do museu não estava sendo realizada da maneira adequada – algo que, na verdade, foi resultado de anos de abandono. Em 2013, por exemplo, o Museu recebeu o total de 531 mil reais do governo. Em 2018, até abril, o montante enviado havia sido de apenas 54 mil reais|2|.

Esse valor (531 mil), no entanto, era o mínimo necessário para manter o funcionamento e a manutenção básica na infraestrutura do museu. Em virtude dos poucos recursos repassados ao museu, menos de 1% de todo o acervo disponível era colocado em exposição para o público. É importante salientar que o acervo do Museu Nacional era composto por mais de 20 milhões de peças.

Ainda não se sabe a extensão precisa das perdas, mas pelo nível da tragédia sabe-se que elas foram gigantescas e irreparáveis para a ciência e cultura do Brasil. A única certeza no momento é de que o Bendegó, maior meteorito encontrado no Brasil (foi achado na Bahia, no século XVIII), resistiu ao incêndio. Vejamos a seguir alguns dos itens que o Museu Nacional abrigava.


Acervo do Museu Nacional

O Museu Nacional possuía um acervo valiosíssimo de diversas áreas do conhecimento. Faziam parte desse acervo, por exemplo:

  • A maior coleção de egiptologia da América Latina, o que incluía sarcófagos e corpos mumificados;

  • Afrescos de Pompeia, a cidade romana que foi destruída por uma erupção vulcânica em 79 d.C.;

  • Uma coleção de mais de 140 mil moedas, uma das maiores coleções do continente;

  • O esqueleto humano mais antigo do Brasil, com idade de 12 mil anos aproximadamente. Foi apelidado de “Luzia”;

  • Diversos fósseis de dinossauros e de animais que formaram a megafauna brasileira;

  • Diversas espécies de animais taxidermizados (animais empalhados);

  • Itens oriundos de diferentes povos da África, como o trono do rei de Daomé (atual Benim), um artigo doado a D. João VI em 1811;

  • Itens da cultura japonesa, como couraças usadas por samurais;

  • Itens relativos aos povos indígenas do Brasil e aos povos pré-colombianos de outros locais da América Latina;

  • Parte do mobiliário utilizado pela família real brasileira durante o período monárquico;

  • Documentação extensa acumulada de anos da história brasileira.

O museu também foi visitado por personalidades ilustres, como Albert Einstein e Marie Curie, famosos cientistas do século XX. Apesar de sua importância, o Museu Nacional não recebia a visita de um presidente (civil) brasileiro desde 1958, quando Juscelino Kubitschek esteve no local.

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 184.
|2| Museu Nacional: fiação exposta, gambás e cupins entre os alertas ignorados que anunciavam tragédia. Para acessar, clique aqui.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "História do Museu Nacional"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/historia-museu-nacional.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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