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Réptil (do latim, reptare, “rastejar”) é um termo usado tradicionalmente para referir-se a um grupo de animais vertebrados tetrápodes, amniotas e ectotérmicos, no qual estão incluídos serpentes, lagartos, tartarugas e crocodilos. Atualmente existem mais de 9000 espécies diferentes de répteis espalhadas por todo o planeta (exceto nos polos).
De acordo com a Lista Brasileira de Répteis, publicada pela Sociedade Brasileira de Herpetologia, o Brasil apresenta hoje 795 espécies de répteis, sendo 36 Testudines, seis Crocodylia e 753 Squamata (72 anfisbenas, 276 “lagartos” e 405 serpentes). Com esses números, o Brasil é considerado possuidor da terceira maior riqueza mundial de répteis.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Características gerais dos répteis
- 2 - Classificação dos répteis
- 3 - Importância ecológica e econômica dos répteis
Características gerais dos répteis
Répteis são animais tetrápodes (que apresentam quatro membros) e amniotas (cujos embriões são envolvidos pela membrana amniótica). Eles são bem adaptados a viver no ambiente terrestre, apresentando epiderme grossa com escamas e/ou osteodermas (depósitos ósseos), que os tornam resistentes à dessecação, além de alguns representantes botarem ovos com cascas que protegem o embrião e de todos eles também realizarem fecundação interna, que evita a dessecação dos gametas.
Os répteis são animais ectotérmicos, ou seja, não são capazes de manter a temperatura corporal utilizando seu metabolismo. Para conseguir manter a temperatura adequada, eles absorvem o calor externo, aquecendo-se, por exemplo, expondo-se ao Sol. É devido a essa características que os répteis são chamados de animais de “sangue frio” e não são capazes de viver na região dos polos.
O sistema digestório dos répteis é completo, iniciando-se na boca e terminando na cloaca. Os hábitos alimentares são variáveis, porém a maioria é carnívora. A forma de matar suas presas é também distinta entre os grupos. As jiboias, por exemplo, matam-nas pela constrição do seu corpo, enquanto os crocodilos utilizam suas mandíbulas poderosas. Existem ainda aquelas espécies que contam com o veneno para conseguir seu alimento, sendo esse o caso das najas.
Esses animais apresentam circulação dupla, fechada e incompleta. O coração é dividido em três cavidades, sendo o ventrículo parcialmente dividido, com exceção dos crocodilianos, em que o coração é completamente dividido em quatro câmaras. Apesar de os crocodilianos apresentarem coração com quatro cavidades, o sangue rico em oxigênio encontra-se com o sangue rico em gás carbônico logo após sua saída do coração, no forame de Panizza, região de comunicação entre os ramos esquerdo e direito da aorta.
A respiração dos répteis é pulmonar, mesmo naquelas espécies que vivem no ambiente aquático, como as tartarugas marinhas. Apresentam rins como órgãos responsáveis pela excreção, e o principal produto da excreção nitrogenada é o ácido úrico.
São animais que apresentam sexos separados, ou seja, há presença de machos e fêmeas. A fecundação é interna, e grande parte das espécies é ovípara, existindo também representantes ovovivíparos e vivíparos. O ovo dos répteis possui casca calcária, que protege contra o ressecamento em ambiente terrestre, e quatro membranas extraembrionárias: alantoide, córion, âmnion e saco vitelínico.
Leia mais: Tipos de respiração nos animais
Classificação dos répteis
Os répteis podem ser divididos em quatro linhagens: Testudines (tartarugas e jabutis), Squamata (lagartos e serpentes), Crocodylia (crocodilos e jacarés) e Rhynchocephalia (tuatara).
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Testudines
Testudines ou quelônios são um grupo de répteis em que estão incluídos tartarugas, cágados e jabutis. Os cágados são animais de água doce e semiaquáticos. Os jabutis, por sua vez, são animais de ambiente terrestre. As tartarugas são aquelas que vivem no ambiente marinho, apesar de o termo ser também utilizado para espécies de água doce, como o tigre-d'água.
A característica mais marcante desse grupo é a presença de um um casco. A carapaça (porção dorsal do casco) é formada pela fusão da coluna vertebral com as costelas. A parte ventral desse casco, chamada de plastrão, é formada, principalmente, por ossificações dérmicas e, com a carapaça, forma uma estrutura óssea rígida que garante a proteção desses animais. Outra característica importante dos quelônios é a substituição dos dentes por um bico córneo.
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Squamata
Os escamados incluem as serpentes e os lagartos e, como o nome indica, apresentam o corpo coberto por escamas. Os lagartos são animais que variam muito em tamanho, existindo espécies com cerca de 16 mm (lagarto-jaraguá) até espécies que atingem grandes comprimentos, como é o caso do dragão-de-komodo, com cerca de 3 m de comprimento. São encontrados em diferentes ambientes, existindo representantes vivendo em desertos e até espécies arborícolas.
As serpentes bem como os lagartos também variam em comprimento, sendo observadas serpentes constritoras de quase 10 metros. Elas são animais que descendem de lagartos, sendo possível observar, em algumas espécies, a presença de ossos pélvicos e membros vestigiais. Apesar de não apresentarem pernas, esses animais são capazes de mover-se rapidamente pelo ambiente por meio de movimentos de ondulação lateral. Caso queira aprofundar-se nessa classificação, leia: Squamata.
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Crocodylia
Os crocodilianos são répteis que ocupam, normalmente, regiões mais quentes do planeta e que, em geral, apresentam alta pluviosidade ou rios, lagos, estuários e mares pouco profundos. Apresentam crânio alongado, pescoço curto e musculoso, mordida extremamente forte e cauda longa. São animais que variam em tamanho, existindo espécies que chegam a atingir quase 8 metros de comprimento.
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Rhynchocephalia
Rhynchocephalia é uma linhagem de répteis que atualmente apresenta apenas um representante: a tuatara. Esses animais são encontrados apenas na Nova Zelândia, alimentam-se de insetos, ovos e pequenos lagartos e possuem cerca de 50 centímetros de comprimento.
Importância ecológica e econômica dos répteis
Os répteis são animais que fazem parte da cadeia alimentar de diferentes ecossistemas. Temos espécies, como crocodilos e jacarés, que são grandes carnívoros, fazendo parte do topo da cadeia dos ecossistemas onde são encontrados.
Algumas espécies são herbívoras e atuam como consumidores primários, sendo esse o caso de alguns lagartos. Outras espécies, por sua vez, ocupam o lugar de consumidores secundários, como serpentes que se alimentam de herbívoros. Sendo assim, a extinção de alguma dessas espécies bem como seu desenvolvimento descontrolado podem colocar em risco o equilíbrio do ecossistema.
Além de apresentarem importância ecológica, os répteis têm importância econômica. Alguns deles servem de alimento para o ser humano, como é o caso do jacaré. Além disso, algumas espécies apresentam potencial farmacêutico, como é o caso do veneno da jararaca comum, responsável pelo desenvolvimento de um remédio contra hipertensão chamado captopril.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia