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Dilma Rousseff

Dilma Rousseff é uma política brasileira reconhecida como a primeira mulher a assumir a presidência do Brasil, governando entre os anos de 2011 a 2016.

Dilma Rousseff
Dilma Rousseff foi a primeira mulher a assumir a presidência do Brasil. [1]
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Dilma Rousseff é uma política reconhecida por ter sido a primeira mulher a assumir a presidência do Brasil, sendo eleita presidente em 2010 e reeleita em 2014. Seu governo passou por uma crise econômica, a qual ela não conseguiu reverter. Dilma Rousseff sofreu um processo de impeachment em 2016.

A ex-presidente formou-se em Ciências Econômicas e atuou politicamente em gestões do município de Porto Alegre e do estado do Rio Grande do Sul. Durante parte de sua juventude, participou de movimentos de esquerda, ingressando na luta armada contra a Ditadura Militar, tendo sido presa e torturada em 1970 e liberta da prisão em 1972.

Confira nosso podcast: Principais pontos para entender a Ditadura Militar brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Dilma Rousseff

  • Dilma Rousseff é filha de um imigrante búlgaro que prosperou no Brasil.

  • Ingressou na luta armada durante sua juventude, participando da VAR-Palmares.

  • Foi presa e torturada por agentes da ditadura em 1970.

  • Ingressou na política na década de 1980, no Rio Grande do Sul.

  • Ocupou cargos importantes no governo Lula.

  • Foi eleita presidente em 2010 e reeleita em 2014, sofrendo processo de impeachment em 2016.

Nascimento e juventude de Dilma Rousseff

Dilma Vana Rousseff nasceu em 14 de dezembro de 1947. Ela é natural de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. É filha de um imigrante búlgaro, chamado Pedro Rousseff (o nome original dele era Pétar Russév), que se mudou para o Brasil em 1929, e de Dilma Jane Silva. Pedro Rousseff trabalhava no ramo de imóveis, enquanto Dilma Jane era professora infantil.

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Filha do meio, Dilma Rousseff tem um irmão, chamado Igor, e teve uma irmã, Zana. Além disso, ela teve um meio-irmão nascido de um relacionamento que seu pai teve na Bulgária antes de mudar-se para o Brasil. Esse irmão era Luben Russév, que ela nunca conheceu pessoalmente, embora tenha se correspondido com ele por cartas.

O pai de Dilma Rousseff conseguiu prosperar no ramo de imóveis em Belo Horizonte, por isso sua família conseguiu financiar as despesas dos estudos da filha em boas escolas da capital mineira.

Dilma Rousseff como militante política

Foi durante o período do colegial que Dilma passou a militar em grupos políticos que defendiam o socialismo. Ela teve uma grande influência na própria família, uma vez que seu pai havia sido membro do Partido Comunista da Bulgária. A princípio, Dilma se aproximou da Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (Polop).

Essa organização rivalizava com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e tinha duas alas: a que defendia a atuação na política por meio da organização das massas e outra que defendia a junção da organização das massas com a luta armada. O Polop acabou se dividindo, e uma parte dessa organização aderiu à luta armada contra a Ditadura Militar.

Dilma Rousseff se juntou à ala da luta armada, se tornando membro do Comando de Libertação Nacional, conhecido como Colina. Atuava na clandestinidade, embora não fizesse parte das ações militares. Posteriormente, o Colina fundiu-se com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), formando a Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares).

A atuação de Dilma é mencionada como “interna”, pois ela não participava das ações militares, coordenando ações da organização desses grupos revolucionários. Ela chegou a ser enviada para o Rio de Janeiro e para São Paulo como parte de seu papel nos grupos, e a vida na clandestinidade impunha uma série de restrições a ela.

Em 16 janeiro de 1970, ao chegar em um bar que servia como ponto de encontro para os militantes, Dilma foi presa. O ponto de encontro havia sido denunciado por um companheiro de luta armada de Dilma Rousseff que havia sido preso e torturado pelos militares. Ela foi torturada por 22 dias na sede da Operação Bandeirante (Oban) e do Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

Dilma foi torturada com o uso de palmatória, socos, choques elétricos e foi colocada no pau-de-arara. Foi condenada a seis anos de prisão e teve seus direitos políticos cassados por dez anos. Posteriormente, conseguiu a redução da sua pena e foi liberta da prisão no final de 1972. Como consequência das torturas, desenvolveu sequelas na glândula tireoide e na arcada dentária.

Veja também: Direita e esquerda — origem dos termos e principais diferenças

Carreira política de Dilma Rousseff

Depois que saiu da cadeia, Dilma Rousseff retomou os estudos, interrompidos pela militância e por sua prisão. Ela mudou-se para Porto Alegre, onde concluiu o curso de Ciências Econômicas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e ingressou na política, porém sem envolver-se novamente com a luta armada.

Ela concluiu sua formação em 1977 e a partir de 1979 pôde reiniciar sua vida política graças à Lei da Anistia. Essa lei permitiu o retorno dos exilados e concedeu anistia aos presos políticos da Ditadura Militar, mas também isentou centenas de agentes da ditadura (como os torturadores) de seus crimes.

De qualquer forma, Dilma ingressou no Partido Democrático Trabalhista (PDT), legenda criada por Leonel Brizola, herdeiro político do trabalhismo, ideologia política muito popular antes da Ditadura Militar. Ela ingressou no partido em 1980 e, daquele ano até 1985, atuou como assessora de políticos pedetistas na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Entre 1986 e 1988, Dilma Rousseff esteve à frente da Secretaria da Fazenda, sob a gestão de Alceu Collares, prefeito da cidade de Porto Alegre. Já entre os anos de 1989 e 1990, trabalhou como diretora-geral da Câmara dos Vereadores de Porto Alegre. E entre os anos de 1991 e 1993, trabalhou como presidente da Fundação de Economia e Estatística.

Por fim, foi nomeada por Alceu Collares, então governador do Rio Grande do Sul, a assumir a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações e permaneceu na posição entre os anos de 1993 e 1994. Alguns anos depois, em 1999, Dilma assumiu novamente a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações, mas dessa vez no governo de Olívio Dutra, político do Partido dos Trabalhadores (PT).

Em 2000, o PDT e o PT romperam no Rio Grande do Sul. Por conta disso, Dilma saiu do PDT, ingressando no PT em março de 2001. Ela permaneceu na secretaria até o final do governo de Olívio Dutra, em 2003. No final de 2002, ela participou da equipe de transição que antecedeu a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do país.

Em 1º de janeiro de 2003, assumiu o Ministério de Minas e Energia, tendo como missão recuperar o sistema energético brasileiro, em crise por conta do apagão e da crise de racionamento que aconteceu em 2001 e que foi fruto da falta de investimento no sistema energético de nosso país durante a década de 1990.

Em 2005, Dilma Rousseff foi convidada para assumir a chefia da Casa Civil, depois da demissão de José Dirceu, por conta do envolvimento dele com o esquema de corrupção conhecido como Mensalão. Nessa função, ela organizou e coordenou uma série de ações e políticas do governo Lula e preparou seu caminho para se tornar a sucessora.

Um dos principais programas coordenados por Dilma nessa função foi o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Esse programa consistia em desenvolver ações para investir em áreas cruciais como infraestrutura, habitação, energia, entre outras. O objetivo era garantir o desenvolvimento do país e a melhoria da infraestrutura e dos serviços que atendem a população brasileira.

Saiba mais: Lista com todos os presidentes do Brasil

Dilma Rousseff na presidência

A nomeação de Dilma Rousseff como sucessora de Lula é atribuída por muitos como resultado da falta de nomes viáveis nos quadros do PT para suceder o presidente. Ele encerrava o seu governo com excelentes resultados na economia e uma popularidade elevada. Isso estabeleceu o caminho para eleição de seu sucessor.

A nomeação de Dilma gerou desconfiança entre os membros do PT, porque seu nome representava um contexto mais técnico do que político, além de ela ter se filiado ao PT somente em 2001. Na composição de sua chapa eleitoral, o PT precisou garantir o apoio do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o partido mais forte do Centrão. Esse apoio foi importante para sustentar o segundo governo de Lula e para o primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Ela disputou a presidência, em especial, contra os seguintes candidatos:

  • José Serra (PSDB);

  • Marina Silva (PV).

O resultado foi uma vitória no segundo turno contra o candidato do PSDB. No primeiro turno, Dilma obteve 46,91% dos votos válidos, enquanto José Serra obteve 32,61% e Marina Silva obteve 19,33%. No segundo turno, Dilma obteve 56,05% contra 43,95% de José Serra e com isso tornou-se a primeira mulher a ser eleita presidente do Brasil.

O governo Dilma Rousseff manteve o foco do governo Lula, procurando investir em políticas sociais de combate à pobreza por meio de ações de transferência de renda. Houve também investimentos no campo da educação e no desenvolvimento de ações em defesa das minorias sociais, mas houve uma forte reação de grupos conservadores contra essas políticas.

Seu governo também investiu nas investigações dos crimes conduzidos pelos agentes da Ditadura Militar, entre os anos de 1964 e 1985. Apesar disso, não houve nenhuma iniciativa para que esses crimes fossem punidos na Justiça. A maior iniciativa nesse sentido foi a Comissão Nacional da Verdade (CNV).

No campo da economia, o governo de Dilma Rousseff enfrentou cenários bastante adversos, causados pela crise da economia internacional, redução no preço das commodities e queda das importações. O resultado foi um crescimento econômico modesto, sendo de 4% em 2011, 1,9% em 2012, 3% em 2013 e 0,5% em 2014|1|.

Queda de Dilma

A partir de 2013, as demonstrações de insatisfação de uma parcela da sociedade com o governo de Dilma Rousseff começaram a ganhar força. O fracasso na agenda econômica deu combustível a essa insatisfação, que é entendida, em partes, como uma reação de grupos conservadores contra políticas de inclusão dos governos petistas.

Esse cenário tornou a campanha presidencial de 2014 bastante acirrada, e Dilma enfrentou Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais e candidato pelo PSDB. O resultado foi um dos mais acirrados da história da Nova República. Dilma Rousseff venceu no primeiro turno, obtendo 51,64% dos votos, contra 48,36% de Aécio.

O segundo governo de Dilma Rousseff continuou a fracassar na condução da pasta econômica, e o país enfrentou um período de recessão entre 2015 e 2016. O aumento da oposição ao governo de Dilma no Congresso acabou impedindo que muitas ações do governo para contornar a situação fossem derrotadas no Legislativo.

A condução política da Operação Lava Jato também é considerada um dos maiores fatores que explicam a derrocada de Dilma Rousseff. Existem historiadores que entendem que a queda de Dilma Rousseff foi resultado também da falta de habilidade dela para lidar com a crise política e econômica.

No final, ela foi derrubada por um processo de impeachment sob a acusação de realizar crime de responsabilidade fiscal. Em 31 de agosto de 2016, o processo de impeachment foi confirmado, e ela deixou a presidência, mas manteve os seus direitos políticos. O seu vice-presidente, Michel Temer, assumiu a presidência.

O impeachment de Dilma é entendido como um golpe parlamentar que visava apenas derrubar o governo para implantar uma agenda econômica mais conservadora e para colocar fim às investigações contra escândalos de corrupção, investigações essas que eram incentivadas pela própria Dilma.

Em 2018, Dilma Rousseff procurou dar continuidade à sua carreira política, candidatando-se ao Senado por Minas Gerais, mas não conseguiu ser eleita.

Notas

|1| MOTTA, Rodrigo Patto Sá. O Lulismo e os governos do PT: ascensão e queda. In.: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O Brasil Republicano: o tempo da Nova República — da transição democrática à crise política de 2016. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018, p. 435.

Créditos da imagem

[1] Frederic Legrand – COMEO e Shutterstock

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Dilma Rousseff"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/dilma-rousseff.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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