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A sociedade é uma agremiação de pessoas que se juntam com vistas a preservar a sobrevivência da coletividade. Não é possível falar que uma sociedade é completamente homogênea e que todas as sociedades são homogêneas entre si, mas há uma norma geral nelas que as coloca em graus parecidos de funcionamento. Há também uma diferença sociológica entre a comunidade e a sociedade, sendo que esta é mais complexa e comporta-se de maneira diferente daquela.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Conceito de sociedade
- 2 - Sociedade e comunidade
- 3 - Tipos de sociedade para a sociologia
- 4 - Sociedade humana e cultura
Conceito de sociedade
A palavra sociedade advém do termo em latim societas, que significa associação com outros. Os seres humanos juntam-se, desde os primórdios, em grupos para facilitar a sobrevivência. Podemos dizer, de maneira geral, que há uma espécie de rede de relacionamentos entre as pessoas que configura a sociedade como um todo. No entanto, existem especificações que tornam a sociedade um conceito complexo e de maior profundidade. Nesse sentido, não podemos reduzi-la a um simples conjunto de pessoas em um determinado local.
Podemos dizer que um ponto que restringe o conceito de sociedade é o objetivo comum. Uma sociedade é uma espécie de pacto social que coloca os seres humanos em um tipo de contrato para que alguns benefícios sejam adquiridos. Para que o pacto funcione, é extremamente necessário que deveres sejam cumpridos pelos cidadãos que convivem na sociedade em questão.
Uma sociedade comunga de uma cultura em comum e de hábitos e costumes comuns. É importante essa unidade dentro da sociedade para que haja maior coesão solidária entre as pessoas e estas cumpram efetivamente os seus papéis, conferindo à sociedade o papel de organizadora e protetora da vida humana.
As sociedades são compostas por grupos de pessoas com maior organização, geralmente esses grupos encerram em si as comunidades; e há nelas uma organização social feita por instituições, como o governo, a família, a escola e, quando há a quebra da ordem social, a polícia.
O termo sociedade também pode ser aplicado a agremiações menores que busquem objetivos em comum, geralmente ligados a uma visão de mundo ou ao profissional. Podemos tomar como exemplo a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC) ou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Para a sociologia, a sociedade é uma forma de organização das pessoas com base na cultura e nos sistemas institucionais de organização das comunidades, podendo ter diferenciações de acordo com o grau dessa organização.
Sociedade e comunidade
Para a sociologia, os conceitos de sociedade e comunidade são distintos. A palavra comunidade vem do latim comunitate, que significa compartilhamento.
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Comunidade
São menores e mais antigas que a sociedade. Podemos chamar de comunidade um grupo pequeno ou grande de pessoas que comungam, ou seja, compartilham espaço, ideias e até mesmo cultura.
Em geral, o termo é utilizado para referir-se às formas mais antigas ou mesmo menos institucionalizadas de agrupamento de pessoas que compartilham algo.
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Sociedades
São mais complexas que as comunidades. As sociedades dependem de associações melhor estabelecidas do ponto de vista institucional, com um ordenamento maior nos quesitos de organização social, divisão do trabalho e desempenho de papéis.
Em uma sociedade, há o compartilhamento (comuna) de ideias, cultura, crenças, mas há também uma ordem esperada para que ela seja estabelecida. As sociedades dependem, por exemplo, de um sistema de ordenamento jurídico (que pode variar do mais primitivo ao mais sofisticado) que garanta que todos os membros ajam de acordo com o que é benéfico para cada agrupamento social.
Leia mais: Organização social - fenômeno que permite elementos distintos vivendo em comunidade
Tipos de sociedade para a sociologia
Para o sociólogo francês Émile Durkheim, podemos elencar dois tipos de sociedade divididos pelo grau de coesão e solidariedade contidos no interior de cada um: sociedade de solidariedade mecânica e sociedade de solidariedade orgânica.
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Sociedades de solidariedade mecânica
Eram sociedades mais primitivas, pré-capitalistas, onde a divisão do trabalho era feita apenas por gênero, e não havia uma grande massa de trabalhadores desempenhando as mais diversas funções.
A coesão no grupo como um todo era maior nessas sociedades, que mantinham uma igualdade de funções entre os membros, com algumas exceções. Exemplos delas podem ser verificados nas antigas sociedades rurais.
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Sociedades de solidariedade orgânica
Onde há uma espécie de organismo complexo que cuida da coesão social. Nesse tipo de sociedade, pós-capitalista, há a divisão social do trabalho, pois cada membro da sociedade desempenha um papel mais complexo, sendo que todos os membros são interdependentes.
Nelas há, por exemplo, o médico, o agricultor, o policial, o professor, o comerciante, o sacerdote, o artesão, e cada um desempenha um papel. Todos cumprem papéis sociais em seus trabalhos e uns dependem do trabalho de outros. Na sociedade de solidariedade orgânica (que é mais complexa e extensa), não há união em uma coesão única e mecânica, havendo divisão de grupos de acordo com suas categorias.
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Sociedade humana e cultura
Um dos fatores distintivos dos seres humanos em relação aos demais animais, além do raciocínio e da linguagem, é a criação de cultura. O ser humano é capaz de criar cultura e faz isso desde os primórdios de seu desenvolvimento, com vistas a manter uma unidade de coesão nas sociedades.
Aliás, outro fator distintivo dele é a formação de sociedades. Os animais irracionais agrupam-se em comunidades, isso é fato, porém, esse agrupamentos são menos complexos, pois o que rege a vida animal é, apenas, o instinto.
Para além do instinto, os seres humanos desenvolveram o raciocínio e, com isso, adquiriram a habilidade de criar cultura e mecanismos complexos de sobrevivência. Ainda, em grupos pela força e pela capacidade de juntar esforços para sobreviver, os seres humanos tiveram que criar mecanismos de coesão social e organização, para que não houvesse possibilidade de destruição do grupo.
Nesse sentido, as sociedades surgiram para que a cultura e as normas sociais estabelecidas por pactos impedissem o caos que pode surgir do convívio natural entre indivíduos diferentes, que, muitas vezes, têm vontades diferentes.
Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia