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O que são figuras de sintaxe?

As figuras de sintaxe ou de construção são a elipse, a zeugma, o hipérbato, a silepse, o assíndeto, o polissíndeto, a anáfora, o anacoluto e o pleonasmo.

Imagem explicando as figuras de sintaxe ou de construção e indicando quais são elas.
As figuras de sintaxe ou de construção são um dos tipos de figuras de linguagem.
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Afinal, o que são figuras de sintaxe ou de construção? As figuras de sintaxe ou de construção são figuras de linguagem de caráter sintático. São elas:

  • a elipse;

  • a zeugma;

  • o hipérbato;

  • a silepse;

  • o assíndeto;

  • o polissíndeto;

  • o anacoluto;

  • o pleonasmo.

Leia também: Afinal, o que são figuras de linguagem?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre as figuras de sintaxe

  • As figuras de sintaxe são figuras de linguagem de caráter sintático.

  • Elas são a elipse, a zeugma, o hipérbato, a silepse, o assíndeto, o polissíndeto, a anáfora, o anacoluto e o pleonasmo.

  • Na elipse, a palavra está implícita na frase.

  • Na zeugma, há uma palavra implícita que já foi mencionada na frase.

  • No hipérbato, há inversão da ordem direta dos elementos da oração.

  • Na silepse, há concordância ideológica em vez de gramatical.

  • No assíndeto, há ausência de conjunção coordenativa.

  • No polissíndeto, há repetição de conjunção coordenativa.

  • Na anáfora, há repetição de termo no início de versos ou frases.

  • No anacoluto, há quebra sintática na estrutura da frase.

  • No pleonasmo, há repetição enfática de alguma ideia na frase.

Quais são as figuras de sintaxe ou de construção?

Mapa mental explicando as figuras de sintaxe ou de construção.
Existem nove figuras de sintaxe ou de construção. (Créditos: Gabriel Franco | Brasil Escola)

As figuras de sintaxe ou de construção são a elipse, a zeugma, o hipérbato, a silepse, o assíndeto, o polissíndeto, a anáfora, o anacoluto e o pleonasmo. A seguir, entenda cada uma delas.

Elipse

A elipse é a figura de sintaxe ou de construção em que o termo (ou expressão) não está explicitado na frase. Veja o exemplo:

Aqui, ratos por todo lugar, logo notei.

Nessa frase, estão implícitos o verbo “há” e o pronome pessoal “eu”:

Aqui, [] ratos por todo lugar, logo [eu] notei.

Para saber mais sobre a elipse, clique aqui.

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Zeugma

A zeugma é a figura de sintaxe ou de construção considerada uma forma específica de elipse, em que o termo (ou expressão) implícito já foi mencionado na frase. Veja o exemplo:

Laura não acreditava na morte, mas na vida.

Nessa frase, está implícito o verbo “acreditava” em sua segunda ocorrência:

Laura não acreditava na morte, mas [acreditava] na vida.

Para saber mais sobre a zeugma, clique aqui.

Hipérbato

O hipérbato é a figura de sintaxe ou de construção em que há inversão da ordem direta (sujeito + verbo + complemento ou predicativo) dos elementos da oração. Veja o exemplo:

Serviços jurídicos oferecia a ONG à população carente.

Esse exemplo apresenta a seguinte ordem de elementos sintáticos: objeto direto + verbo + sujeito + objeto indireto. Portanto, houve inversão da ordem direta, isto é, sujeito + verbo + complementos:

A ONG oferecia serviços jurídicos à população carente.

Para saber mais sobre o hipérbato, clique aqui.

Silepse

A silepse é a figura de sintaxe ou de construção em que há concordância ideológica, ou seja, com a ideia expressa e não entre os elementos gramaticais.

  • Exemplo de silepse de gênero:

Sua alteza foi flagrado em situação comprometedora.

Nesse caso, “flagrado” está no masculino, em concordância com a ideia de que “Sua alteza” é uma pessoa que se identifica com o gênero masculino. Afinal, a concordância gramatical exige que a frase seja escrita assim:

Sua alteza foi flagrada em situação comprometedora.

  • Exemplo de silepse de número:

Sabem o povo que seus direitos são frágeis.

Nesse enunciado, “Sabem” está no plural, em concordância com a ideia de que “o povo” é a união de muitas pessoas. Já a concordância gramatical exige que a frase seja escrita assim:

Sabe o povo que seus direitos são frágeis.

  • Exemplo de silepse de pessoa:

Os servidores públicos estamos em greve.

Na oração, “estamos” está na primeira pessoa do plural, em concordância com a ideia de que o enunciador da frase também é um servidor público e, portanto, está incluído na ação expressa pelo verbo. Assim, a concordância gramatical exige que a frase seja escrita dessa forma:

Os servidores públicos estão em greve.

Para saber mais sobre a silepse, clique aqui.

Assíndeto

O assíndeto é a figura de sintaxe ou de construção em que há inexistência de conjunção para ligar as orações. Veja o exemplo:

Os amigos jantaram, conversaram, dançaram, riram dos próprios dramas existenciais.

Para saber mais sobre o assíndeto, clique aqui.

Polissíndeto

O polissíndeto é a figura de sintaxe ou de construção em que há repetição de uma conjunção no início de orações, principalmente da conjunção “e”. Veja o exemplo:

Os amigos jantaram, e conversaram, e dançaram, e riram dos próprios dramas existenciais.

Para saber mais sobre o polissíndeto, clique aqui.

Anáfora

A anáfora é a figura de sintaxe ou de construção em que há repetição de palavra ou expressão no princípio de versos ou frases. Veja o exemplo:

São tristes as mulheres. São tristes os homens. São tristes todos os seres humanos.

Para saber mais sobre a anáfora, clique aqui.

Anacoluto

O anacoluto é a figura de sintaxe ou de construção em que há interrupção na sequência sintática lógica de uma oração. Veja o exemplo:

Eu parece-me que vai chover hoje.

Note que o período se inicia com o termo “Eu”, o qual não apresenta nexo sintático, já que não exerce nenhuma função sintática na frase.

Para saber mais sobre o anacoluto, clique aqui.

Pleonasmo

O pleonasmo é a figura de sintaxe ou de construção em que há reiteração enfática ou repetição intencional de uma palavra ou ideia. Veja o exemplo:

Ouvi, com estes ouvidos, a melodia mais doce e suave.

Observe que a figura de linguagem pleonasmo é usada para obter efeitos expressivos. Diferentemente do pleonasmo vicioso e, portanto, não intencional, como “descer para baixo”.

Para saber mais sobre o pleonasmo, clique aqui.

O que é sintaxe?

A sintaxe é a parte da gramática que estuda as combinações ou relações entre as palavras e, assim, aponta suas funções sintáticas, como sujeito, predicado, objeto direto, objeto indireto etc. Portanto, está centrada no estudo da estrutura do período, frase ou oração.

Outras figuras de linguagem

  • Figuras de palavras ou semântica: comparação, metáfora, metonímia, catacrese, perífrase, antonomásia e sinestesia.

  • Figuras de pensamento: hipérbole, litotes, eufemismo, ironia, prosopopeia, antítese, paradoxo ou oximoro, apóstrofe e gradação.

  • Figuras de som ou harmonia: aliteração, assonância, onomatopeia e paronomásia.

Exercícios resolvidos sobre figuras de sintaxe ou de construção

Questão 1

(Unesp)

Fragmento de Glória moribunda, do poeta romântico brasileiro Álvares de Azevedo (1831-1852):

É uma visão medonha uma caveira?
Não tremas de pavor, ergue-a do lodo.
Foi a cabeça ardente de um poeta,
Outrora à sombra dos cabelos loiros.
Quando o reflexo do viver fogoso
Ali dentro animava o pensamento,
Esta fronte era bela. Aqui nas faces
Formosa palidez cobria o rosto;
Nessas órbitas — ocas, denegridas! —
Como era puro seu olhar sombrio!

Agora tudo é cinza. Resta apenas
A caveira que a alma em si guardava,
Como a concha no mar encerra a pérola,
Como a caçoula a mirra incandescente.

[...]

Sorris? eu sou um louco. As utopias,
Os sonhos da ciência nada valem.
A vida é um escárnio sem sentido,
Comédia infame que ensanguenta o lodo.
Há talvez um segredo que ela esconde;
Mas esse a morte o sabe e o não revela.
Os túmulos são mudos como o vácuo.
Desde a primeira dor sobre um cadáver,
Quando a primeira mãe entre soluços
Do filho morto os membros apertava
Ao ofegante seio, o peito humano
Caiu tremendo interrogando o túmulo...
E a terra sepulcral não respondia.

Poesias completas, 1962.

Como a concha no mar encerra a pérola,
Como a caçoula a mirra incandescente.

Nos versos em destaque, após a palavra caçoula, está subentendida, por elipse, a forma verbal

A) teme.

B) seca.

C) brilha.

D) queima.

E) encerra.

Resolução:

Alternativa E.

Nos versos “Como a concha no mar encerra a pérola,/ Como a caçoula [encerra] a mirra incandescente”, está implícito o verbo “encerra”, o que se configura em um caso particular de elipse, isto é, a zeugma.

Questão 2

Analise os enunciados abaixo e marque a alternativa que apresenta silepse de gênero.

A) O público estava inquieto, gritaram quando o artista entrou no palco.

B) O casal caminhava de mãos dadas, mas decidiram soltar as mãos.

C) Vossa senhoria foi muito desrespeitoso com os colegas na reunião.

D) A gente somos importantes para o desenvolvimento da indústria.

E) Os bombeiros somos heróis pouco valorizados pela população.

Resolução:

Alternativa C.

O sujeito “Vossa senhoria” é feminino. Em respeito à concordância gramatical, a frase ficaria: “Vossa senhoria foi muito desrespeitosa com os colegas na reunião”. No entanto, o enunciado utiliza a concordância com o gênero da pessoa chamada de “Vossa senhoria”, a qual é um homem.

Fontes

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 15. ed. São Paulo: Scipione, 1999.

SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 26. ed. São Paulo: Atual Editora, 2001.   

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "O que são figuras de sintaxe?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-sao-figuras-sintaxe.htm. Acesso em 16 de abril de 2025.

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