Análise sintática

A análise sintática é o estudo das funções que os sintagmas desempenham nas construções de frases, ou seja, é uma análise da estrutura dos períodos.

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A análise sintática é a área da gramática que faz o estudo das funções sintáticas, ou seja, dos papéis desempenhados pelas expressões para a construção das frases. Nesse estudo, observa-se os sintagmas, as partes da frase que cumprem os papeis chamados de funções sintáticas. Algumas funções são obrigatórias, outras são opcionais, são elas: sujeito, predicado, objeto direto e indireto, complemento nominal, adjunto adnominal, adjunto adverbial, predicativo do sujeito e do objeto, agente da passiva, aposto e vocativo.

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Leia também: Termos constituintes da oração — integrantes, acessórios e independentes

Tópicos deste artigo

Resumo sobre análise sintática

  • A análise sintática é o estudo das funções sintáticas que estruturam e constroem as frases.
  • O objeto de estudo da análise sintática é o sintagma.
  • O sintagma é uma estrutura que cumpre uma função sintática na frase.
  • As funções sintáticas são os papeis existentes na estruturação de frases.
  • As funções sintáticas existentes são: sujeito, predicado, objeto direto e indireto, complemento nominal, adjunto adnominal, adjunto adverbial, predicativo do sujeito e do objeto, agente da passiva, aposto e vocativo.

Videoaula sobre análise sintática

O que é análise sintática?

A sintaxe é a área da gramática que estuda as regras de formação estrutural dos períodos. Sendo assim, a análise sintática é o estudo das estruturas das frases por meio da investigação das funções sintáticas, ou seja, dos papeis que as partes desempenham na construção do todo.

Essas partes são chamadas de sintagmas, unidades formadas por uma ou mais palavras cumprindo uma única função no enunciado; logo, a análise sintática identifica os sintagmas e suas respectivas funções sintáticas nas frases.

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Como fazer análise sintática?

Para fazer uma análise sintática, o passo primordial é a identificação do verbo, pois, a depender da natureza desse termo, as outras funções serão identificadas. Por exemplo, um verbo de estado nunca pode ter um objeto direto ou indireto, mas sim um predicativo do sujeito. Esse tipo de conhecimento facilitará a análise sintática.

Caso o verbo seja pessoal, isto é, tenha um sujeito, este elemento deverá ser identificado e, na sequência, as demais funções, como complementos, adjuntos e predicativos. Veja o passo a passo abaixo:

  1. Identifique o verbo e sua natureza (pessoal ou impessoal, de ação, estado ou fenômeno da natureza).
  2. Caso o verbo seja pessoal, identifique o sujeito.
  3. Caso o verbo seja transitivo, procure os complementos (objeto direto ou indireto).
  4. Verifique se há sintagmas acessórios, como adjuntos adnominais, caracterizando substantivos, ou adjuntos adverbiais, acrescentando informações circunstanciais às ações verbais.

Observe o exemplo:

A aluna nova gosta de bolo de chocolate.

  • Verbo: “gosta”, verbo de ação transitivo indireto.
  • Sujeito: “A aluna nova”.
  • Predicado: “gosta de bolo de chocolate”.
  • Objeto indireto: “de bolo de chocolate”.
  • Adjunto adnominal: “A”, “nova” e “de chocolate”. 
  • O artigo “A” define o substantivo “aluna”, e o adjetivo “nova” caracteriza-o, por isso ambos são adjuntos adnominais.
  • Locução prepositiva “de chocolate” especifica o substantivo “bolo”, portanto também é um adjunto adnominal.

É importante lembrar, no entanto, que existem períodos compostos, frases que têm mais de um verbo em sua estrutura. Nesses casos, cada verbo será o núcleo de uma oração e deverá ser analisado com base na sua estrutura interna e em relação às outras orações do período.

Veja também: Como identificar o sujeito e o predicado de uma oração?

Exemplos de análise sintática

Abaixo, há uma sequência de exemplos de análise sintática em períodos simples (um único verbo) e períodos compostos (mais de um verbo).

→ Análise sintática de períodos simples

Exemplo 1:

O professor de matemática revisou a matéria.

  • Verbo: “revisou” (verbo pessoal e transitivo).
  • Sujeito: “O professor de matemática”.
  • Predicado: “explicou a matéria da prova”.
  • Objeto direto: “a matéria”.
  • Adjunto adnominal: “O” (artigo), “de matemática”, “a” (artigo).

Exemplo 2:

Pedro e Ana foram ao cinema ontem de manhã.

  • Verbo: “foram” (pessoal e transitivo).
  • Sujeito: “Pedro e Ana”.
  • Predicado: “foram ao cinema ontem de manhã”.
  • Objeto indireto: “ao cinema”.
  • Adjunto adverbial: “ontem” e “de manhã”.

Exemplo 3:

As crianças adoraram o parque novo.

  • Verbo: “adoraram” (pessoal e transitivo).
  • Sujeito: “As crianças”.
  • Predicado: “adoraram o parque novo”.
  • Objeto direto: “o parque novo”.
  • Adjunto adnominal: “o” e “novo”.

Exemplo 4:

Comprei um carro novo para o trabalho.

  • Verbo: “comprei” (pessoal e transitivo).
  • Sujeito: oculto (Eu).
  • Predicado: “comprei um carro novo para o trabalho”.
  • Objeto direto: “um carro novo”.
  • Adjunto adnominal: “um” e “novo”.
  • Adjunto adverbial: “para o trabalho”.

Exemplo 5:

Choveu imensamente hoje.

  • Verbo: “choveu” (impessoal e intransitivo).
  • Sujeito: inexistente.
  • Predicado: “choveu imensamente hoje”.
  • Adjunto adverbial: “imensamente” e “hoje”.

→ Análise sintática de períodos compostos

Exemplo 1:

Estudei muito, mas não consegui resolver todas as questões.

  • Verbos: “estudei”, “consegui” e “resolver”.
  • Orações independentes: “Estudei muito” e “mas não consegui resolver [..]”.
  • Orações dependentes: “resolver todas as questões”.
  • Sujeitos: oculto (eu).
  • Objeto direto: “resolver todas as questões” (complemento do verbo “consegui”).
  • “todas as questões” (complemento do verbo “resolver”).
  • Adjuntos adverbiais: “muito”, “não”.
  • Adjuntos adnominais: “todas” e “as”.

Exemplo 2:

Joana leu o texto e escreveu o resumo.

  • Verbos: “leu” e “escreveu”.
  • Sujeito: “Joana”.
  • Predicados: “leu o texto” e “escreveu o resumo”.
  • Objetos diretos: “o texto” e “o resumo”.
  • Adjunto adnominal: “o” (artigo).

Exemplo 3:

Quando cheguei à escola, os alunos já estavam organizados na sala.

  • Verbos: “cheguei” e “estavam”.
  • Sujeitos: oculto (eu cheguei) e “os alunos”.
  • Predicados: “cheguei à escola” e “já estavam na sala”.
  • Objeto indireto: “à escola”.
  • Predicativo do sujeito: “organizados”.
  • Adjunto adverbial: “Quando cheguei à escola” e “na sala”.

Exemplo 4:

Se todos colaborarem, conseguiremos terminar mais cedo.

  • Verbos: “colaborarem”, “conseguiremos” e “terminar”.
  • Sujeitos: “todos” e oculto (nós conseguiremos).
  • Predicados: “colaborarem” e “conseguiremos terminar mais cedo”.
  • Objeto direto: “terminar mais cedo”.
  • Adjunto adverbial: “mais cedo”.

Exemplo 5:

Ela disse que estava cansada.

  • Verbos: “disse” e “estava”.
  • Sujeito: “Ela”.
  • Predicado: “disse que estava cansada” e “estava cansada”.
  • Objeto direto: “que estava cansada”.
  • Predicativo do sujeito: “cansada”.

Exemplo 6:

O aluno que chegou atrasado perdeu a explicação.

  • Verbos: “chegou” e “perdeu”.
  • Sujeito: “O aluno”.
  • Predicados: “chegou atrasado” e “perdeu a explicação”.
  • Predicativo do sujeito: “atrasado”.
  • Objeto direto: “a explicação inicial”.
  • Adjunto adnominal: “O”.

Funções sintáticas

  • Sujeito: é um sintagma com a função sintática que designa o tópico sobre qual se fala.
  • Predicado: é um sintagma que sempre contém um verbo e designa aquilo que se diz sobre o sujeito.

A saudade

é um sentimento agridoce.

(sujeito)

(predicado)

  • Objeto direto: é um sintagma que cumpre a função de complementar os verbos transitivos diretos, ou seja, não é antecedido por preposição.

Houve grandes festejos.

  • Objeto indireto: é um sintagma que cumpre a função de complementar os verbos transitivos indiretos, ou seja, é um complemento antecedido por preposição.

Ele obedeceu ao regulamento.

  • Predicativo do sujeito: é um sintagma que designa uma característica do sujeito, ligada por meio de um verbo de estado.

O portão permanecerá fechado.

  • Predicativo do objeto: é um sintagma que designa uma característica ao objeto dos verbos transitivos.

O juiz declarou o réu inocente.

  • Complemento nominal: é um sintagma preposicionado, com a função de completar o sentido de alguns substantivos, adjetivos e advérbios transitivos.

A defesa da pátria.

O respeito às leis.

Assistência às aulas.

  • Agente da passiva: é um sintagma que complementa os verbos na voz passiva e determina o ser que pratica a ação verbal.

Os homens são atormentados pelas doenças.

  • Adjunto adnominal: é um sintagma que acrescenta características ou determina os substantivos.

Esta viga de metal será aproveitada para a construção.

  • Adjunto adverbial: é um sintagma que acrescenta aspectos circunstanciais que modificam o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.

Ele fala bem, fala corretamente.

  • Aposto: é um sintagma que explica, desenvolve ou resume outro termo da oração.

“No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente.”
(Mário de Andrade)

  • Vocativo: é um sintagma que serve para chamar o interlocutor ao qual nos dirigimos.

“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!”
(Maria de Lourdes Teixeira)

Análise sintática e análise morfológica

A análise sintática investiga as funções desempenhadas pelos sintagmas nas estruturas das frases, desse modo, as palavras são vistas por seus papeis em cada contexto. Nessa perspectiva, classifica-se as funções:

  • sujeito;
  • predicado;
  • objetos;
  • complementos;
  • adjuntos;
  • aposto;
  • vocativo.

A análise morfológica analisa as palavras com base em suas estruturas internas. Nessa perspectiva, estuda-se os morfemas que compõem os vocábulos e seus efeitos de sentido, e classifica-se as palavras em:

  • substantivo;
  • verbo;
  • adjetivo;
  • advérbio;
  • artigo;
  • pronome;
  • numeral;
  • preposição;
  • conjunção;
  • interjeição.

Saiba mais: Frase, oração e período — entenda de uma vez qual é a diferença

Exercícios resolvidos sobre análise sintática

1. (INSTITUTO AOCP) Dentre as expressões destacadas nas alternativas, qual exerce a mesma função sintática do segmento sublinhado em “[...] quando não há limites claros que delimitam o pessoal e o profissional [...]”?

A) “[...] o desequilíbrio decorre de pressões como metas inatingíveis [...]”.

B) “[...] ocorre uma sobrecarga emocional e física [...]”.

C) “[...] é imprescindível para evitar o burnout [...]”.

D) “[...] é hora de buscar um psicólogo ou outro profissional de saúde mental”, recomendou Larissa.”.

E) “[...] existe um movimento crescente de conscientização [...]”.

Resposta: C

Comentário: O sintagma “limites claros” cumpre a função de objeto direto, pois está completando o sentido do verbo “há”, transitivo direto. A alternativa que também apresenta um objeto direto sublinhado é a C, pois o sintagma “o burnout” complementa o sentido do verbo transitivo direto “evitar”.

2. (IVIN) Sobre o período “Roy Foreman, irmão de George, disse que a causa da morte não era conhecida”.

A correta análise sintática dos termos destacados, respectivamente, está na opção:

A) Oração principal, aposto recapitulativo, oração subordinada substantiva subjetiva.

B) Oração principal, vocativo, oração subordinada substantiva subjetiva.

C) Vocativo, aposto resumitivo, oração subordinada substantiva completiva nominal.

D) Vocativo, aposto enumerativo, oração subordinada substantiva apositiva.

E) Sujeito oracional, aposto explicativo, oração subordinada substantiva objetiva direta.

Resposta: E

Comentário: Na oração analisada, o sintagma “Roy Foreman” é o sujeito do verbo “disse”. O sintagma “irmão de George” está explicando quem é “Roy Foreman”; portanto cumpre função de aposto. E o sintagma “que a causa da morte não era conhecida” é uma oração subordinada que está cumprindo o mesmo papel de objeto direto, completando o sentido do verbo “disse”.

Fontes

CEGALLA, Domingos Paschoal.  Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed., atual. São Paulo: Nacional, 2018.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley.  Nova gramática do português contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.

Exemplo de análise sintática de uma oração.
A análise sintática estuda a função dos termos na construção das frases.
Crédito da Imagem: Gabriel Franco | Brasil Escola
Escritor do artigo
Escrito por: Talliandre Matos Talliandre Matos da Silva Pereira é graduada em Letras, mestra em Estudos Literários e doutoranda em Letras. Além disso, é mãe, professora, escritora e poeta.
Deseja fazer uma citação?
MATOS, Talliandre. "Análise sintática"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/portugues/sintaxe.htm. Acesso em 11 de julho de 2025.
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