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O que é rima?

A rima é um recurso obtido pela semelhança do som entre palavras, usado na literatura para dar sonoridade e ritmo aos poemas. Também está presente em letras de músicas.

Conceito e exemplos de rimas ao lado de um tinteiro.
A rima é um dos elementos que conferem ritmo e sonoridade ao poema.
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Rima é um recurso literário obtido por meio de palavras com som semelhante, localizadas no final dos versos de um poema (rimas externas) ou ainda no final de um verso e no interior de outro verso (rimas internas). Existem também outros tipos de rima, classificadas pela posição (cruzada, interpolada etc.), pela fonética (consoante, toante ou imperfeita) ou pelo valor (pobre, rica etc.).

Leia também: O que é poesia?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre rima

  • A rima é um recurso literário resultante da combinação de sons semelhantes entre palavras.

  • As rimas podem ser classificadas por posição, fonética ou valor.

  • Por posição, os tipos de rima são:

    • internas;

    • externas;

    • cruzadas;

    • emparelhadas;

    • interpoladas;

    • misturadas;

    • agudas;

    • graves;

    • esdrúxulas;

  • Por fonética, os tipos de rima são:

    • consoantes ou perfeitas;

    • toantes;

    • imperfeitas.

  • Por valor, os tipos de rima são:

    • pobres;

    • ricas;

    • raras;

    • preciosas.

Conceito de rima na literatura

A rima é um recurso literário baseado na semelhança de sons entre palavras, de forma a dar sonoridade a um poema. Por exemplo, palavras como “severidade” e “modernidade” rimam, já termos como “perder” e “ação” não rimam, pois não apresentam semelhança fonética.

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Classificação das rimas

CLASSIFICAÇÃO

TIPO DE RIMAS

 

Posição

internas

externas

cruzadas

emparelhadas

interpoladas

misturadas

agudas

graves

esdrúxulas

 

Fonética

Consoantes ou perfeitas

Toantes

Imperfeitas

Valor

pobres

ricas

raras

preciosas

Tipos de rimas

Agora, veja a definição de cada tipo de rima:

  • As rimas internas ocorrem entre palavras no final de um verso e no interior de outro.

Penumbra voluptuosa, igual à que abre a esfera
À espera do arrebol;
Ou à que ensombra os ares
Se aos mares baixa o sol;

(Canção 5a: aventura meridiana, de Ovídio.)

  • As rimas externas ocorrem no final dos versos.

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata,
Cristos ideais, serenos,
luminosos,
Ensanguentados Cristos dolorosos
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata.

(Cristo de Bronze, de Cruz e Sousa.)

  • As rimas cruzadas ou alternadas apresentam o esquema ABAB.

Outras almas talvez já foram tuas: (A)
Viveste em outros mundos... De maneira (B)
Que em misteriosas dúvidas flutuas, (A)
Vida de vidas múltiplas herdeira! (B)

(Estrofe do poema A um triste, de Olavo Bilac.)

  • As rimas emparelhadas apresentam o esquema BB.

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata, (A)
Cristos ideais, serenos, luminosos, (B)
Ensanguentados Cristos dolorosos (B)
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata. (A)

(Estrofe do poema Cristo de Bronze, de Cruz e Sousa.)

  • As rimas interpoladas apresentam o esquema ABBA.

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata, (A)
Cristos ideais, serenos, luminosos, (B)
Ensanguentados Cristos dolorosos (B)
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata. (A)

(Estrofe do poema Cristo de Bronze, de Cruz e Sousa.)

  • As rimas misturadas não apresentam um esquema fixo:

Vem! É tarde! Por que tardas? (A)
São horas de brando sono, (B)
Vem reclinar-te em meu peito (C)
Com teu lânguido abandono!... (B)
’Stá vazio nosso leito... (C)
’Stá vazio o mundo inteiro; (D)
E tu não queres qu’eu fique (E)
Solitário nesta vida... (F)
Mas por que tardas, querida?... (F)
Já tenho esperado assaz... (G)
Vem depressa, que eu deliro (D)
Oh! minh’amante, onde estás?... (G)

(Estrofe do poema Onde estás, de Castro Alves.)

  • As rimas agudas ocorrem entre palavras oxítonas ou monossílabas tônicas.

Desenrola-se a sombra no regaço
Da morna tarde, no esmaiado anil;
Dorme, no ofego do calor febril,
A natureza, mole de cansaço.

(Estrofe do poema As estrelas, de Olavo Bilac.)

  • As rimas graves ocorrem entre palavras paroxítonas.

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata,
Cristos ideais, serenos, luminosos,
Ensanguentados Cristos dolorosos
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata.

(Estrofe do poema Cristo de Bronze, de Cruz e Sousa.)

  • As rimas esdrúxulas ocorrem entre palavras proparoxítonas.

Disse isto a Sombra. E, ouvindo estes vobulos,
Da luz da lua aos pálidos vebulos,
Na ânsia de um nervosíssimo entusiasmo,
Julgava ouvir monótonas corujas
Executando, entre caveiras sujas,
A orquestra arrepiadora do sarcasmo!

(Estrofe do poema Monólogo de uma sombra, de Augusto dos Anjos.)

  • As rimas consoantes ou perfeitas apresentam os mesmos fonemas finais a partir da última vogal tônica.

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata,
Cristos ideais, serenos, luminosos,
Ensanguentados Cristos dolorosos
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata.

(Estrofe do poema Cristo de Bronze, de Cruz e Sousa.)

  • As rimas toantes apresentam semelhança APENAS da vogal tônica.

E foram grandes teus heróis, ó pátria,
— Mulher fecunda, que não cria escravos —,
Que ao trom da guerra soluçaste aos filhos:
Parti — soldados, mas voltai-me — bravos!
E qual Moema desgrenhada, altiva,
Eis tua prole, que se arroja então,
De um mar de glórias apartando as vagas
Do vasto pampa no funéreo chão.

(Estrofe do poema Quem dá aos pobres, empresta a Deus, de Castro Alves.)

  • As rimas imperfeitas não apresentam os mesmos fonemas finais a partir da última vogal tônica.

Já te esqueceste, pois, inteiramente,
De que em melhores épocas da vida,
Teu coração, querida,
Me palpitou no coração ardente?
Teu coração de leve mariposa
Esvoaçante e terrena,
Tão pequeno e tão falso que outra coisa
Não pode haver mais falsa e mais pequena?

(Estrofe do Intermezzo de Heine, traduzido por Francisca Júlia.)

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata,
Cristos ideais, serenos, luminosos, [adjetivo]
Ensanguentados Cristos dolorosos [adjetivo]
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata.

(Estrofe do poema Cristo de Bronze, de Cruz e Sousa.)

  • As rimas ricas acontecem entre palavras de classes gramaticais distintas.

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata, [substantivo adjetivo]
Cristos ideais, serenos, luminosos,
Ensanguentados Cristos dolorosos
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata. [verbo]

(Estrofe do poema Cristo de Bronze, de Cruz e Sousa.)

  • As rimas raras ocorrem entre palavras de difícil rima, já que não existem muitas parecidas com elas.

Pairando acima dos mundanos tetos,
Não conheço o acidente da Senectus
— Esta universitária sanguessuga
Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
O amarelecimento do papirus
E a miséria anatômica da ruga!

(Estrofe do poema Monólogo de uma sombra, de Augusto dos Anjos.)

  • As rimas preciosas apresentam um caráter forçado, artificial.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

(Estrofes do poema Psicologia de um vencido, de Augusto dos Anjos.)

Videoaula sobre tipos de rimas

Estrutura dos poemas

Um poema é composto por estrofes. As estrofes são constituídas de versos. Esses versos podem ser metrificados e possuírem rimas (regulares), apenas metrificados e sem rimas (brancos) ou sem metrificação e sem rimas (livres).

Observe a estrutura do poema Vênus, da poetisa brasileira Francisca Júlia (1871-1920):

Branca e hercúlea, de pé, num bloco de Carrara,
Que lhe serve de trono, a formosa escultura,
Vênus, túmido o colo, em severa postura,
Com seus olhos de pedra o mundo inteiro encara.

Um sopro, um quê de vida o gênio lhe insuflara;
E impassível, de pé, mostra em toda a brancura,
Desde as linhas da face ao talhe da cintura,
A majestade real de uma beleza rara.

Vendo-a nessa postura e nesse nobre entono
De minerva marcial que pelo gládio arranca,
Julgo vê-la descer lentamente do trono.

E, na mesma atitude a que a insolência a obriga,
Postar-se à minha frente, impassível e branca,
Na régia perfeição da formosura antiga.

Esse poema apresenta quatro estrofes. As duas primeiras possuem quatro versos cada uma. Já as duas últimas apresentam três versos cada uma. Os versos são regulares, pois são metrificados (alexandrinos) e com rimas.

Importância das rimas

A rima é um dos elementos responsáveis pela sonoridade e ritmo do poema. O outro elemento é a metrificação. Assim, as rimas não estão presentes apenas em poemas, pois letras de música também podem utilizar esse recurso literário. As rimas estimulam o sentido da audição e provocam prazer devido a seu caráter musical.

Saiba mais: Cavalgamento — outro recurso utilizado em poemas

Exercícios resolvidos sobre rimas

Leia o poema abaixo, de Cecília Meireles, para responder às questões.

AMÉM

Hoje acabou-se-me a palavra,
e nenhuma lágrima vem.
Ai, se a vida se me acabara
também!

A profusão do mundo, imensa,
tem tudo, tudo — e nada tem.
Onde repousar a cabeça?
No além?

Fala-se com os homens, com os santos,
consigo, com Deus... E ninguém
entende o que se está contando
e a quem...

Mas terra e sol, luas e estrelas
giram de tal maneira bem
que a alma desanima de queixas.
Amém.

Questão 01

As rimas da primeira estrofe devem ser classificadas como:

A) internas, consoantes e ricas.

B) externas, esdrúxulas e raras.

C) externas, graves e pobres.

D) internas, alternadas e preciosas.

E) externas, cruzadas e ricas.

Resolução:

Alternativa E.

As rimas da primeira estrofe são: externas, já que ocorrem no final dos versos; cruzadas, pois apresentam esquema ABAB — “palavra/ acabara”, “vem/ também” — e ricas, uma vez que “palavra” (substantivo) rima com “acabara” (verbo) e “vem” (verbo) rima com “também” (advérbio).

Questão 02

Na segunda estrofe, é possível apontar uma rima:

A) interpolada.

B) toante.

C) imperfeita.

D) pobre.

E) interna.

Resolução:

Alternativa C.

As palavras “imensa” e “cabeça” não apresentam os mesmos fonemas finais a partir da última vogal tônica; portanto, formam uma rima imperfeita.

Fontes

ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. 42. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BILAC, Olavo. Antologia: poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002.

CASTRO ALVES. Espumas flutuantes. 5. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2005.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 45. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002.

CRUZ E SOUSA. Broquéis. Porto Alegre: L&PM, 2011.

GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 13. ed. São Paulo: Ática, 2001.

MEIRELES, Cecília. Antologia poética. 3. ed. São Paulo: Global, 2013.

OVÍDIO. Os amores. Tradução de António Feliciano de Castilho. Rio de Janeiro: Bernardo Xavier Pinto de Sousa, 1858.

SILVA, Francisca Júlia da. Mármores. Brasília: Senado Federal, 2020. 

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "O que é rima?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-e-rima.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

De estudante para estudante


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