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A função poética é aquela que enfatiza a forma estética e expressiva da linguagem, buscando criar impacto emocional e estético no receptor da mensagem.
Leia também: O que é a função emotiva da linguagem?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre função poética
- 2 - Videoaula sobre função poética
- 3 - O que é a função poética?
- 4 - Principais características da função poética
- 5 - Exemplos de função poética em textos
- 6 - Outras funções da linguagem
- 7 - Exercícios resolvidos sobre função poética
Resumo sobre função poética
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A função poética é uma das seis funções da linguagem propostas pelo linguista Roman Jakobson.
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O foco dela está na mensagem e em sua construção, para gerar mais expressividade.
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É muito comum em enunciados literários, naturalmente na poesia, mas também na prosa.
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As outras funções da linguagem são a referencial, a emotiva, a conativa, a fática e a metalinguística.
Videoaula sobre função poética
O que é a função poética?
A função poética, conforme descrita pelo linguista russo Roman Jakobson, é uma das seis funções da linguagem que ele propôs em seu modelo de comunicação verbal. A função poética, também conhecida como função estética, está relacionada ao uso da linguagem para criar efeitos estéticos, como ritmo, sonoridade, imagens vívidas e metáforas.
Quando a função poética está em destaque, o foco principal é na mensagem e em sua construção, isto é, na forma como as palavras são organizadas e usadas para transmitir algo, principalmente de maneira artística ou expressiva. Essa função é particularmente proeminente na poesia, onde as palavras são selecionadas e organizadas com grande cuidado para evocar emoções, despertar a imaginação e transmitir significados profundos de uma forma não apenas denotativa, mas também conotativa.
Principais características da função poética
A função poética da linguagem possui várias características distintivas que a diferenciam das outras funções comunicativas. A seguir, algumas das principais características, que são apenas algumas das muitas maneiras pelas quais a função poética se distingue como uma forma de expressão.
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Ritmo e musicalidade
O texto que enfatiza a função poética, muitas vezes, possui um ritmo marcante e uma musicalidade que é alcançada através de esquemas de métrica, padrões de rima, aliterações e assonâncias. Esses elementos contribuem para a cadência do poema e podem aumentar seu impacto emocional.
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Expressão de emoções e reflexões filosóficas
Essa função é frequentemente utilizada como um meio de expressar emoções profundas, sentimentos pessoais e reflexões filosóficas sobre a vida, o amor, a morte e outros temas universais. Os poetas exploram essas questões de uma forma que vai além da linguagem cotidiana, buscando alcançar uma compreensão mais profunda da experiência humana.
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Presença de figuras de linguagem
A função poética tende a utilizar uma variedade de figuras de linguagem, como metáforas, metonímias, símiles e alegorias, para criar uma linguagem evocativa e expressiva. Essas figuras de linguagem ajudam a transmitir significados além do sentido literal das palavras.
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Ambiguidade e polissemia
Na função poética, é possível que sejam exploradas a ambiguidade e a polissemia, em que as palavras e as imagens podem ter múltiplos significados ou interpretações. Isso permite uma gama mais ampla de possibilidades interpretativas por parte do leitor, tornando a experiência da poesia mais rica e complexa.
Veja também: Poesia, poema e prosa — afinal, qual é a diferença?
Exemplos de função poética em textos
Vejamos alguns exemplos de textos com função poética.
Leia estes versos do poema “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, de Luís de Camões:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
A função poética é evidente nesse poema, que se preocupa com a construção da mensagem, focando na musicalidade e melodia, pela rima estabelecida ao final dos verbos. Na prosa, também é comum haver ênfase na função poética.
Veja o seguinte trecho do romance “Iracema”, de José de Alencar, e perceba como, para descrever fisicamente a protagonista do livro, o autor usa elementos da natureza como metáfora, trazendo um caráter poético à escrita:
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Outras funções da linguagem
Além da função poética, o linguista Roman Jakobson propôs outras cinco funções para a linguagem. Veja na tabela a seguir:
Funções da linguagem |
Características |
Transmite informações objetivas e factuais. Foca o referente ou o contexto externo. Usa linguagem direta e denotativa. |
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Emotiva ou expressiva |
Expressa sentimentos, emoções e opiniões do emissor. Foca o estado emocional ou psicológico do emissor. Usa linguagem subjetiva e expressiva. |
Conativa ou apelativa |
Tem como objetivo influenciar ou persuadir o receptor. Foca o receptor da mensagem. Usa imperativos, sugestões ou solicitações. |
Fática |
Estabelece, mantém ou encerra o canal de comunicação. Foca a própria comunicação. Usa saudações, cumprimentos, interjeições etc. |
Refere-se ao próprio código linguístico. Foca a linguagem como objeto de estudo. Usa definições, explicações gramaticais etc. |
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Poética ou estética |
Foca a forma estilizada da linguagem. Valoriza a criatividade e a expressão artística. Usa ritmo, musicalidade, imagens vívidas e figuras de linguagem. |
Saiba mais: Figuras de pensamento — recursos linguísticos que criam diferentes efeitos de sentido no texto
Exercícios resolvidos sobre função poética
Questão 1 (Copeve-Ufal)
Cotovia
Alô, cotovia!
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que saudades me deixaste?
– Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe…
Voltei, te trouxe a alegria.
Fonte: Os melhores poemas de Manuel Bandeira. SP, Global, 1994, p. 130.
Em cada mensagem, podem-se encontrar elementos envolvidos correspondentes a diferentes funções da linguagem. Pela estrutura linguística, marcada tanto pelas formas verbais e pronominais quanto pelo emprego de figuras de linguagem, na estrofe predominam as funções da linguagem:
A) apelativa e fática, centradas no receptor e no contato.
B) emotiva e poética, centradas no emissor e na mensagem.
C) referencial e apelativa, centradas no contexto e no contato.
D) emotiva e metalinguística, centradas no emissor e no código.
E) poética e referencial, centradas na mensagem e no contexto.
Resposta
Alternativa B, pois se trata de um poema, portanto a função poética é a principal, havendo também presença da função emotiva, centrada no emissor.
Questão 2 (Enem)
Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
(BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.)
Predomina no texto a função poética, porque:
A) o autor procura testar o canal de comunicação.
B) há explicação do significado das expressões.
C) o leitor é provocado a participar de uma ação.
D) são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.
E) chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.
Resposta
Alternativa E, como é possível perceber pela escolha de palavras cuja sonoridade se assemelha, criando efeito de sentido no texto, o que é característico da função poética.
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
FIORIN, José Luiz. (org.). Introdução à linguística. 5.ed. São Paulo: Contexto, 2008.
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 2003.