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Ritmo poético

O ritmo é um recurso estilístico que consiste na divisão de tempo em períodos uniformes mediante a sucessão de intensidades diferentes nas sílabas poéticas dos versos.

O ritmo caracteriza-se por repetições.
O ritmo caracteriza-se por repetições.
Crédito da Imagem: shutterstock
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Nesta estrofe,

Soneto Inglês No. 1

Quando a morte cerrar meus olhos duros
Duros de tantos vãos padecimentos,
Que pensarão teus peitos imaturos
Da minha dor de todos os momentos?
(...)

(Manuel Bandeira)

Nota-se que o poeta repete algumas sílabas (tônicas e átonas) e até palavras inteiras. Esse recurso é conhecido como ritmo poético e consiste na divisão do tempo e do espaço em intervalos iguais, por meio da repetição de sílabas tônicas ou átonas.

O ritmo poético, entretanto, não possui um período fixo, ou seja, ele pode ser assegurado por diferentes formas que podem ser combinadas de maneiras variadas, como:

a) número fixo de sílabas;

b) distribuição das sílabas fortes (ou tônicas) e fracas (ou átonas);

c) cesura (pausa interna em versos longos);

d) rima;

e) aliteração;

f) encadeamento;

g) paralelismo.

Assim, quando a poesia é constituída de unidades rítmicas iguais, sua versificação é regular, mas, quando se diferem, então, sua versificação será irregular.

Vamos agora analisar a construção rítmica em um poema:

Trem de Ferro

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho

Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!

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Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede

Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri

Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

(Manuel Bandeira, Estrela da Manhã, 1936)

Perceba que o poema é rico em aliterações. Além disso, é possível notar que o poeta utiliza da métrica irregular de seus versos para trazer o ritmo do trem para o texto, ou seja, quando a sua intenção é mostrar que o trem ganha velocidade, ele usa versos menores. Veja:

Bo/ta/ fo//go

Na/ for/na//lha

Que eu/ pre/ci//so

Mui/ta/ for//ça

Mui/ta/ for//ça

Mui/ta for//ça

Por outro lado, quando a sua intenção é mostrar que o trem perde velocidade, são utilizados versos maiores:

Me/ni/na/ bo/ni//ta

Do/ ves/ti/do/ ver//de

Me/ dá/ tua/ bo//ca

Pra/ ma/tá/ mi/nha/ se//de

Note também a aliteração e o encadeamento realizados pela repetição de fonemas e palavras:

Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho

(…)

Vou depressa
Vou correndo

Vou na toda

 

Por Mariana Rigonatto
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Mariana Rigonatto Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

RIGONATTO, Mariana. "Ritmo poético"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/ritmo-poetico.htm. Acesso em 16 de abril de 2024.

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