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Romance regionalista

Romance regionalista apresenta elementos da cultura regional. Ele surgiu, no século XIX, com a publicação do livro “O ermitão de Muquém”, do escritor Bernardo Guimarães.

O romance regionalista retrata a vida no campo.
O romance regionalista retrata a vida no campo.
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Romance regionalista é um tipo de narrativa produzida por autores do romantismo brasileiro, no século XIX, e por escritores modernistas, no século XX. Enquanto os românticos buscaram enaltecer a cultura regional, os modernistas apontaram os problemas sociais existentes em algumas regiões do Brasil.

Assim, as obras românticas contaram com autores como Bernardo Guimarães, José de Alencar e Visconde de Taunay. Já os livros modernistas foram produzidos por escritores como Erico Verissimo e Graciliano Ramos. No mais, o regionalismo continuou a fazer parte da literatura nacional por meio de autores como Guimarães Rosa e Milton Hatoum.

Leia também: Romance urbano — a narrativa cujo espaço da ação é a cidade

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o romance regionalista

  • O romance regionalista romântico mostra os costumes da sociedade rural do século XIX.

  • O romance regionalista modernista abandona a idealização romântica e realiza crítica sociopolítica.

  • Um dos principais representantes do regionalismo romântico foi Visconde de Taunay, com sua obra Inocência.

  • Um dos principais representantes do regionalismo modernista foi Graciliano Ramos, com sua obra Vidas secas.

  • O romance regionalista surgiu durante o Segundo Reinado, no século XIX, com o livro O ermitão de Muquém, de Bernardo Guimarães.

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Quais as características do romance regionalista?

O romance regionalista romântico retrata paisagens e personagens típicos de determinadas regiões do país. Assim, ao invés de narrar acontecimentos ocorridos nos centros urbanos, ele se volta para o meio rural, de forma a mostrar os costumes dos habitantes do interior. Por isso, seus protagonistas são, por exemplo, vaqueiros e sertanejos.

Ao colocar em evidência a sociedade rural, ele mostra a leitoras e leitores os valores morais das pessoas que vivem no campo. Esses valores seriam distintos dos da sociedade urbana. Desse modo, o chamado “homem do campo” é considerado mais severo e conservador em seus princípios.

Esse tipo de romance tem cunho nacionalista, já que objetiva criar um sentimento de identidade nacional ao mostrar a diversidade cultural do país. Apesar de ser mais realista do que o romance urbano, também apresenta idealização do amor e da mulher, porém, em um ambiente mais patriarcal, em que as mulheres são controladas pelos homens.

A descrição nesse tipo de obra tem um papel importante: mostrar a “cor local”, isto é, as características geográficas e culturais de determinada região. Além disso, o romance regionalista retrata o homem do campo como um indivíduo forte, capaz de resistir às dificuldades do meio em que vive. É um homem rude e muitas vezes ignorante, mas corajoso.

Mais tarde, na década de 1930, o regionalismo é retomado na literatura por meio do romance de 30 do modernismo brasileiro. No entanto, os autores do período abandonaram a idealização romântica para mostrar, de forma bem realista, os problemas enfrentados por habitantes de certas regiões do país, como o Nordeste.

Nas obras desses autores, espaço e personagens se misturam, pois a influência do meio se torna muito importante. Nesse aspecto, os escritores também dialogaram com o naturalismo, já que retomaram o determinismo. Assim, com uma linguagem simples e enredos dinâmicos, fizeram crítica sociopolítica.

Esses dois períodos literários foram marcantes na literatura regional brasileira. Contudo, romances de caráter regionalista continuam a ser produzidos no país. Tais obras apresentam característica regional no que se refere ao espaço da narrativa e aos elementos culturais.

Assim, a crítica considera as obras regionalistas do pós-moderno Guimarães Rosa como sendo universais, mas tem certa dificuldade em definir o regionalismo contemporâneo, “de modo que parece não haver um consenso — por vezes, nem sequer uma discussão — a respeito do problema, que se torna ainda mais abrangente se forem levadas em consideração obras produzidas posteriormente ao contexto em que se insere Guimarães Rosa”.|1|

Leia também: Campo geral — análise dessa novela de Guimarães Rosa

Influências do romance regionalista

O século XIX, no Brasil, foi marcado pelo sentimento nacionalista, surgido após a proclamação da Independência, em 1822. Artisticamente, o romantismo foi o principal movimento que empreendeu a busca por uma identidade nacional. Além disso, a maior parte da população brasileira, no Segundo Reinado, era rural.

Influenciados por esse contexto sociopolítico, alguns autores românticos se dedicaram à criação de romances regionalistas. Mais tarde, esse empreendimento romântico acabou influenciando os autores modernistas, porém estes realizaram uma releitura do regionalismo brasileiro. Assim, a idealização foi substituída pela crítica social e política.

Autores do romance regionalista

Autores do romantismo

Autores do modernismo

Autores pós-modernos ou contemporâneos

  • João Guimarães Rosa (1908-1967)

  • Ronaldo Correia de Brito

  • Milton Hatoum

  • Antônio Torres

Obras do romance regionalista

Capa do livro “Inocência”
“Inocência”, obra publicada pela editora L&PM, é um dos principais romances regionalistas românticos.[1]

A seguir, os principais romances regionalistas da literatura romântica brasileira:

  • Bernardo Guimarães:

  • Franklin Távora:

    • O Cabeleira (1876).

  • José de Alencar:

    • O gaúcho (1870);

    • Til (1871);

    • O sertanejo (1875).

  • Maria Firmina do Reis:

    • Úrsula (1859).

  • Visconde de Taunay:

    • Inocência (1872).

Da literatura modernista brasileira:

  • Erico Verissimo:

    • O tempo e o vento (1949-1961).

  • Graciliano Ramos:

    • Vidas secas (1938).

  • Jorge Amado:

    • Capitães da areia (1937);

    • Gabriela, cravo e canela (1958);

    • Tieta do agreste (1977).

  • José Lins do Rego:

    • Menino de engenho (1932);

    • Fogo morto (1943).

  • Rachel de Queiroz:

    • O quinze (1930).

E da literatura pós-modernista ou contemporânea do Brasil:

  • Antônio Torres:

    • Essa terra (1976).

  • João Guimarães Rosa:

  • Milton Hatoum:

    • Cinzas do Norte (2005).

  • Ronaldo Correia de Brito:

    • Galileia (2008).

Leia também: Romance histórico — tipo de narrativa que mistura ficção com fatos históricos

Criação do romance regionalista

O romance regionalista brasileiro surgiu com a chegada do romantismo. Desse modo, o primeiro romance regionalista de nossa literatura foi o livro O ermitão de Muquém, de Bernardo Guimarães. Esse romance, apesar de ter sido publicado, pela primeira vez, em 1869, fora escrito em 1858.

Contexto histórico do romance regionalista

O romance regionalista do romantismo brasileiro está inserido no contexto histórico do Segundo Reinado (1840-1889). Nesse período, fatos como a Lei Eusébio de Queirós, a Guerra do Paraguai e a decadência da monarquia influenciaram a visão dos autores da época.

Já o romance de 30 surgiu durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas (1882-1954), que implantou no Brasil o chamado Estado Novo. Nesse contexto, as obras apresentavam um forte caráter político e ideológico. Alguns autores, como Graciliano Ramos, inclusive, foram perseguidos pelo regime.

Nota

|1| Juliana Santini, citada por: PELINSER, André Tessaro; ALVES, Márcio Miranda. A permanência do regionalismo na literatura brasileira contemporânea. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, v. 59, 2020.

Créditos da imagem

[1] Editora L&PM (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura  

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Romance regionalista"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/romance-regionalista.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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