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Bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki

O lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki foi a forma utilizada pelos Estados Unidos para forçar a rendição japonesa no contexto da Segunda Guerra.

Cogumelo formado pela bomba lançada em Nagasaki, no dia 9 de agosto de 1945.
Cogumelo formado pela bomba lançada em Nagasaki, no dia 9 de agosto de 1945.
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Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos utilizaram, pela primeira vez na história da humanidade, bombas atômicas. Elas foram lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. O objetivo desse ato era forçar o Japão a se render e evitar uma provável invasão desse país, o que resultaria em milhares de soldados aliados mortos.

Leia também: Segunda Guerra Mundial na Ásia

Tópicos deste artigo

Início da Guerra na Ásia

O conflito entre Japão e Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial iniciou-se após o ataque japonês à base naval estadunidense de Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941. O ataque japonês forçou uma declaração de guerra dos Estados Unidos contra o Japão. O interesse do Japão era afastar definitivamente a presença americana do continente asiático (os EUA possuíam bases militares nas Filipinas).

A princípio, o Japão foi vitorioso em suas ações e conseguiu conquistar inúmeros territórios, derrotando as desorganizadas forças americanas, inglesas e francesas em várias partes da Ásia: Filipinas, Malásia, Cingapura, Hong Kong, Birmânia, Índias Orientais Holandesas etc. Todavia, as vitórias japonesas logo se transformaram em derrotas.

A virada americana no conflito iniciou-se após a Batalha de Midway, na qual a Marinha Imperial Japonesa foi danificada de maneira irreversível. Com isso, o Japão passou a acumular derrotas, que pouco a pouco encurralaram o país. Em 1945, o Japão era um país que estava falido pela guerra (a fome era um grande problema para os civis) e a derrota era iminente.

Conferência de Potsdam e Projeto Manhattan

Destruição causada pela bomba atômica na cidade de Hiroshima
Destruição causada pela bomba atômica na cidade de Hiroshima. [1]

À medida que a derrota japonesa tornava-se evidente, os Estados Unidos juntamente aos Aliados (aliança formada por Inglaterra, França, EUA e, mais tardiamente, URSS) passaram a planejar a invasão do território japonês. Entretanto, as dificuldades impostas pela resistência japonesa indicavam que uma eventual invasão resultaria na morte de milhares de soldados americanos.

Assim, na Conferência de Potsdam, os Estados Unidos apresentaram a arma que havia sido desenvolvida durante o Projeto Manhattan e também a ideia de utilizá-la no conflito contra os japoneses. A Conferência de Potsdam foi realizada em Berlim, em julho e agosto de 1945, e impôs as condições para a Alemanha ocupada no fim do conflito na Europa. Nessa conferência, também foram emitidos os termos da rendição japonesa, conhecidos como Declaração de Potsdam.

O Projeto Manhattan teve início em 1939, quando o presidente americano, Franklin Roosevelt, recebeu uma carta assinada por Albert Einstein alertando os Estados Unidos sobre um possível projeto alemão de construção de armas atômicas. A partir daí, os Estados Unidos, em mobilização com o Reino Unido e o Canadá, empregaram milhares de colaboradores para o desenvolvimento das bombas atômicas.

Leia também: Japão após a Segunda Guerra Mundial

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Lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki

Com a negativa japonesa em se render, os americanos optaram por utilizar a bomba atômica na cidade japonesa de Hiroshima. O ataque aconteceu no dia 6 de agosto de 1945 e foi realizado de um bombardeiro B-29 chamado Enola Gay. O avião era pilotado por Paul Tibbets, que escolheu a ponte Aioi como alvo central.

A bomba explodiu a mais ou menos 580 metros de altura e originou um pequeno sol, que espalhou um clarão pela cidade e uma onda de energia e calor que foi responsável pela destruição material quase completa da cidade de Hiroshima, além de resultar em 80 mil vítimas imediatas.

Destruição causada pela bomba atômica na cidade de Hiroshima.
Destruição causada pela bomba atômica na cidade de Hiroshima. [2]

Muitas pessoas foram vaporizadas instantaneamente com o calor da destruição; outras, mais distantes do local de lançamento, foram carbonizadas. Além disso, grandes incêndios foram registrados por toda a cidade. Apesar da grande destruição, parte da cúpula do governo japonês recusava-se a acreditar que os Estados Unidos detinham outra bomba atômica e acreditavam em uma resistência final do povo japonês, o que resultaria na derrota americana, conforme o relato de Charles Pellegrino:

“O general Yoshijiro Umezu […] acreditava fanaticamente em uma última grande resistência na qual o povo do Japão infligiria perdas inaceitáveis nas forças invasoras em terra, e as repeliria; ou morreria na derrota e levaria os norte-americanos junto para o inferno|”1|.

A recusa japonesa fez com que os Estados Unidos utilizassem sua segunda bomba nuclear. A bomba deveria ter sido lançada na cidade japonesa de Kokura, entretanto, a condição climática da cidade fez com que os pilotos fossem para Nagasaki. A bomba de Nagasaki era 50% mais poderosa que a de Hiroshima, mas parte da cidade foi protegida pelos morros que possuía. Assim, a bomba em Nagasaki matou cerca de 40 mil pessoas imediatamente. O avião que lançou a bomba sobre Nagasaki também era um B-29 e chamava-se Bock’s Car.

Muitos dos sobreviventes tiveram de conviver com a dor de grandes queimaduras espalhadas pelo corpo. O contato com a radiação matou muitos dos sobreviventes nos dias seguintes, e outros conviveram com as doenças causadas pela radiação pelo resto de suas vidas. A população atingida sofreu com o preconceito do restante da sociedade japonesa e, por anos, precisou lutar para que o governo japonês arcasse com os custos médicos. Para saber mais sobre, leia: Efeitos das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.

O uso das bombas fez com que o Japão se rendesse em 14 de agosto de 1945. No dia seguinte, a declaração de rendição, na voz do Imperador Hirohito, foi transmitida por rádio para todo o Japão. A transição do Japão no pós-guerra foi realizada de acordo com os termos estipulados pelos Estados Unidos.

Nota

|1| PELLEGRINO, Charles R. O último trem de Hiroshima: os sobreviventes olham para trás. São Paulo: Leya, 2010, p.102.

Créditos de imagem

[1] e [2] Everett Historical / Shutterstock

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/bombas-atomicas-hiroshima-nagasaki.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(PUC-SP-2000/adaptado) Leia atentamente:

“No caso de Hiroshima, trata-se da catástrofe mais concentrada que já se abateu sobre os homens. Numa passagem de seu diário, o dr. Hachiya [que testemunhou o fato] pensa em Pompeia. Mas nem mesmo essa oferece termo de comparação. Sobre Hiroshima abateu-se uma catástrofe que foi planejada e executada com a maior precisão por seres humanos. A ‘natureza’ está fora do jogo.”

(Canetti, Elias. A Consciência das Palavras. SP: companhia das Letras, 1990).

O texto refere-se à explosão atômica:

a) com a qual os EUA conseguiram a capitulação dos japoneses, último núcleo de resistência do Eixo ao fim do conflito mundial ocorrido entre 1939-45.

b) que funcionou como demonstração do poder militar americano para intimidar a China, que havia aderido ao bloco comunista no fim da Segunda Guerra.

c) cujo objetivo foi colocar fim ao conflito dos EUA com o Vietnã, onde os guerrilheiros locais impunham derrotas sistemáticas aos soldados americanos.

d) que resultou de acidente aéreo envolvendo caças americanos e soviéticos, quando realizavam operações conjuntas com arsenal nuclear no Oceano Pacífico.

e) resultante do bombardeio promovido pelos EUA, durante o Segundo Conflito Mundial, a Pearl Harbor, base militar japonesa onde era desenvolvida a bomba de hidrogênio.

Exercício 2

(Mackenzie-2003/adaptado) Para os norte-americanos, a decisão de usar as armas nucleares foi descrita em termos puramente humanitários e militares. Nas palavras do então secretário da guerra, Henry L. Stimson, os artefatos foram usados “a fim de terminar com a guerra no menor prazo possível e evitar as enormes perdas de vidas humanas que, de outra forma, teríamos de enfrentar”. Provavelmente, se os Estados Unidos tivessem sido derrotados na guerra, o general Leslei Groves, responsável pelo projeto que criou a nova arma, o coronel-aviador Paul Tibbetts, comandante do avião Enola Gay que lançou a bomba e os físicos chefiados por Oppenheimer certamente seriam julgados por crimes contra a humanidade.

Sobre o evento citado no texto, é incorreto afirmar que:

a) no início de agosto, a vitória americana no Pacífico já estava clara. Era apenas uma questão de tempo até a rendição do Japão; o governo dos EUA justificou-se, alegando que essa era a forma mais rápida de encerrar, de uma vez por todas, a guerra.

b) a primeira bomba atômica explodiu na cidade japonesa de Hiroshima. Três dias depois, outra cidade japonesa, Nagasaki, conheceu o poder da bomba atômica.

c) coube ao vice-presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, comandante de todas as forças armadas dos EUA, a responsabilidade de tomar a decisão de lançar as bombas atômicas sobre o Japão.

d) a bomba atômica, lançada sobre a cidade de Hiroshima em 1945, foi um dos fatores que desencadearam, nos anos seguintes à Guerra Fria, um verdadeiro festival de explosões americanas e russas, que poluíram com radiação quase todos os espaços da terra.

e) para muitos analistas militares, historiadores, o uso das bombas foi um crime de guerra dos EUA, destinado a impressionar a URSS e a marcar sua força política, tendo em vista a nova ordem internacional do pós-guerra.