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20 clássicos da literatura brasileira

A seguir, conheça 20 clássicos da literatura brasileira. Entre eles, estão as obras Iracema (romântica), Memórias póstumas de Brás Cubas(realista) e Macunaíma (modernista).

Estante com inúmeros livros em alusão aos clássicos da literatura brasileira, que fazem parte da tradição literária nacional.
Os clássicos da literatura brasileira fazem parte da tradição literária nacional.
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Os 20 clássicos da literatura brasileira aqui apresentados fazem parte da tradição literária de nosso país. Portanto, são obras que sobreviveram ao tempo e dizem muito da cultura brasileira. Elas pertencem a diversos estilos de época, além de apresentarem peculiaridades autorais. São elas:

  • Marília de Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga);

  • Noite na taverna (Álvares de Azevedo);

  • O navio negreiro (Castro Alves);

  • Iracema (José de Alencar);

  • A Moreninha (Joaquim Manuel de Macedo);

  • A escrava Isaura (Bernardo Guimarães);

  • O noviço (Martins Pena);

  • Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis);

  • O cortiço (Aluísio Azevedo);

  • Broquéis (Cruz e Sousa);

  • Triste fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto);

  • Macunaíma (Mário de Andrade);

  • Romanceiro da Inconfidência (Cecília Meireles);

  • O tempo e o vento (Erico Verissimo);

  • Grande sertão: veredas (João Guimarães Rosa);

  • Quarto de despejo (Carolina Maria de Jesus);

  • A hora da estrela (Clarice Lispector);

  • Poema sujo (Ferreira Gullar);

  • Catatau (Paulo Leminski);

  • Morangos mofados (Caio Fernando Abreu).

Leia também: Literatura brasileira — uma literatura que tem mais de 500 anos de história

Tópicos deste artigo

Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga

Pertencente ao arcadismo brasileiro, o livro Marília de Dirceu traz versos inspirados na história de amor entre seu autor, Tomás Antônio Gonzaga, e sua jovem noiva mineira, Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão. A obra é, basicamente, dividida em duas partes e apresenta elementos bucólicos.

A primeira parte exalta a figura de Marília, mulher idealizada pelo eu lírico. Na segunda, apesar de a mulher e o amor continuarem idealizados, o eu lírico apresenta também um tom triste e lúgubre, como reflexo da prisão do autor, envolvido no movimento separatista conhecido como Inconfidência Mineira. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.

Noite na taverna, de Álvares de Azevedo

A novela Noite na taverna é uma obra sombria do jovem poeta romântico Álvares de Azevedo. De caráter gótico, traz elementos como sexo, violência e morte, além de reflexões acerca da existência. A história central se passa em uma taverna, onde jovens boêmios se reúnem para beber e contar suas experiências trágicas e imorais.

Solfieri fez sexo com uma jovem morta, que voltou à vida após tal ato. Bertram foi amante de uma espanhola, a qual, para provar seu amor, assassinou violentamente o marido e o próprio filho. Gennaro teve um caso com a esposa de seu mestre e também desonrou a filha deste.

Claudius Hermann abusou repetidamente de uma duquesa após colocar uma droga em seu copo e, por fim, a sequestrou. Já Johann participou de um duelo e descobriu que o morto tinha um encontro marcado com uma virgem. Ele foi ao encontro e, no escuro, se fez passar pelo morto. Após o sexo, descobriu que a moça era sua própria irmã, ou seja, cometeu incesto.

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O navio negreiro, de Castro Alves

Poema romântico do poeta abolicionista Castro Alves, O navio negreiro mostra o transporte desumano de pessoas africanas para serem escravizadas no Brasil. A obra é de 1868; portanto, 18 anos depois da promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico de escravos.

A obra, assim, se configura em uma denúncia que pretende mostrar os horrores da escravidão. Por meio de imagens hiperbólicas e chocantes, o autor buscou provocar empatia nos leitores brancos e, por meio da emoção, fazer com que eles se revoltassem contra a escravidão. Para saber mais sobre o poema, clique aqui.

Iracema, de José de Alencar

Romance romântico e indianista e uma obra de José de Alencar, Iracema mostra, de forma idealizada, a origem do povo brasileiro. Desse modo, o amor entre essa indígena e o português Martim dão origem a Moacir, o primeiro brasileiro. No entanto, para viver essa história de amor, Iracema precisa trair e abandonar os costumes de seu povo. Para saber mais sobre o romance, clique aqui.

A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo

Romance urbano do escritor romântico Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha conta a história de amor entre Augusto e Carolina, cujo apelido é Moreninha. A narrativa começa com uma aposta entre os estudantes de medicina Filipe e Augusto. Assim, se Augusto amar uma só mulher durante 15 dias ou mais, terá que escrever um romance sobre o assunto. Como perde a aposta, mas ganha um amor, ele escreve o livro A Moreninha.

A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães

Um dos romances mais famosos do século XIX e uma obra de Bernardo Guimarães, A escrava Isaura conta a história de Isaura, uma escravizada branca. Ela é filha do relacionamento de uma mulher negra e escravizada com um homem branco, o feitor de uma fazenda. Após a morte da mãe, a menina é criada pela rica esposa do comendador Almeida.

Educada como uma mulher branca e livre, a vida da heroína se transforma em um inferno quando a esposa do comendador morre e Isaura passa a ser propriedade do cruel Leôncio. Como é belíssima, o vilão a assedia brutalmente. Porém Isaura se apaixona pelo jovem abolicionista Álvaro.

Assim, o par romântico precisa vencer o vilão para conquistar a liberdade de Isaura e a felicidade do casal. Dessa forma, o romance regionalista do escritor romântico Bernardo Guimarães coloca em xeque a escravidão no Brasil. É, portanto, um sentimental romance abolicionista. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.

O noviço, de Martins Pena

Famosa peça do teatro romântico brasileiro e uma obra de Martins Pena, O noviço é uma comédia que fez muito sucesso no século XIX. O herói da história é o noviço Carlos, que foge de um convento por não ter aptidão para a vida eclesiástica. Já o vilão é Ambrósio, um bígamo, que se casa por interesse com a rica viúva Florência, tia de Carlos.

Carlos é apaixonado pela prima Emília, que também está destinada ao convento, já que o padrasto convenceu Florência de que o melhor seria que Emília fosse freira e o filho Juca, frade. Isso porque Ambrósio não quer dividir a herança. Porém Carlos desmascara o vilão, e a família tem um final feliz, depois de acontecimentos verdadeiramente cômicos.

Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

Capa do livro Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, um dos mais famosos clássicos da literatura brasileira.
Capa do livro Memórias póstumas de Brás Cubas, publicado pela editora Antofágica, um dos mais famosos clássicos da literatura brasileira. [1]

Principal obra do realismo brasileiro e uma das principais obras de Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas conta a história de Brás Cubas, narrador personagem da narrativa. Estranhamente, o protagonista é um defunto, já que narra sua história após a sua morte. Nesse contexto, o livro, com muita ironia, faz críticas à burguesia carioca do século XIX.

Membro de uma rica família, Brás Cubas foi uma criança mimada e cruel. Mais tarde, na vida adulta, ele se tornou amante de Virgília, uma mulher casada. No mais, sua vida foi uma sequência de projetos inconclusos, inútil e vazia. Assim, o narrador mostra a hipocrisia da classe burguesa, além de apontar a inerente corrupção humana. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.

O cortiço, de Aluísio Azevedo

De Aluísio Azevedo, O cortiço é um livro naturalista e, portanto, apresenta uma perspectiva determinista. Segundo essa visão, três fatores determinariam o destino dos personagens: a raça, o meio e o período histórico. No romance em questão, predomina a influência do meio corruptor, ou seja, o Cortiço de São Romão.

Nessa obra, há três espaços principais: a venda de João Romão (dono do cortiço), o cortiço (onde vivem personagens como Jerônimo, Rita Baiana, Albino e Pombinha) e o sobrado do Miranda (um negociante português). João Romão, representante máximo do capitalismo, explora principalmente a sua companheira, uma mulher escravizada de nome Bertoleza. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.

Broquéis, de Cruz e Sousa

De Cruz e Sousa, Broquéis é um dos principais livros da poesia simbolista brasileira. Repletos de elementos sensoriais, os poemas são bastante sugestivos. Eles também apresentam elementos metafísicos, angústia existencial, aspectos mórbidos e caráter pessimista. Possuem versos metrificados, marcados pela musicalidade, como é possível verificar nesta estrofe do poema “Sonata”:

Do imenso Mar maravilhoso, amargos,
Marulhosos murmurem compungentes
Cânticos virgens de emoções latentes,
Do sol nos mornos, mórbidos letargos...

Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto

De Lima Barreto, o romance pré-modernista Triste fim de Policarpo Quaresma apresenta um nacionalismo crítico, isto é, que evidencia os problemas sociais de uma nação. Com muita ironia, o narrador mostra a trajetória de Policarpo Quaresma, um nacionalista que idealiza as coisas de seu país.

Contudo, ele acaba se desiludindo ao perceber que o Brasil no qual julgava viver não existe. No mais, a narrativa conta com situações cômicas, como a ocasião em que, inocentemente, o protagonista defende o tupi-guarani como língua oficial. E também apresenta elementos trágicos, como a prisão de Quaresma. Para saber mais sobre o romance, clique aqui.

Macunaíma, de Mário de Andrade

Famosa obra da primeira fase do modernismo no Brasil e uma obra de Mário de Andrade, Macunaíma conta a história de um indígena (representante do homem brasileiro) chamado Macunaíma, “o herói sem nenhum caráter”. Nessa narrativa repleta de ironia e elementos fantásticos, o narrador, sem idealizações, busca revelar a verdadeira identidade nacional.

Além de mostrar os problemas sociais do país e o (mau) caráter do povo brasileiro, a obra também valoriza a cultura nacional, resultado de um processo de miscigenação. O livro critica, portanto, a perspectiva dos autores românticos do século XIX, que utilizavam a figura heroica e idealizada do indígena para simbolizar o povo brasileiro. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.

Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles

Importante obra da segunda fase do modernismo brasileiro e uma obra de Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência é uma narrativa escrita em versos que possui uma perspectiva histórica, já que retoma o episódio da Inconfidência Mineira, movimento separatista ocorrido no século XVIII, em Minas Gerais. Desse modo, o livro também enaltece a cultura mineira, além de apresentar reflexões existenciais. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.

O tempo e o vento, de Erico Verissimo

De Erico Verissimo, a trilogia O tempo e o vento, mais uma obra representante da prosa modernista brasileira, possui caráter histórico. Por meio da ficção, conta 200 anos de história do estado do Rio Grande do Sul. Desse modo, a narrativa se passa entre os anos de 1745 e 1945. Dividida em sete volumes, seu principal espaço de ação é a cidade fictícia de Santa Fé.

A obra apresenta os principais acontecimentos políticos e sociais do Sul do país, e conta com personagens como Ana Terra e o Capitão Rodrigo, integrantes da família Terra-Cambará. No mais, a trilogia é composta pelos seguintes títulos: “O continente”, “O retrato” e “O arquipélago”.

Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa

Capa do livro “Grande sertão: veredas”, de João Guimarães Rosa, um dos mais famosos clássicos da literatura brasileira.
Capa do livro Grande sertão: veredas, publicado pelo Grupo Companhia das Letras, uma obra regional e, ao mesmo tempo, universal. [2]

O romance Grande sertão: veredas é a principal obra de Guimarães Rosa. A história é contada por Riobaldo, narrador personagem e ex-jagunço do sertão mineiro. O protagonista relata sua história para certo interlocutor, centrada, principalmente, no tempo em que integrou um bando de jagunços, durante a República Velha.

Nesse ambiente rude e violento, ele acabou se apaixonando por Diadorim (ou Reinaldo). A partir daí, passou a viver o conflito entre o bem e o mal, entre o pecado e a salvação. Essa obra repleta de neologismos enaltece a cultura do sertão mineiro e traz um final surpreendente para a história de amor entre Riobaldo e Diadorim. Para saber mais sobre o romance, clique aqui.

Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus

O livro Quarto de despejo tem como subtítulo: “diário de uma favelada”. Nesse clássico da literatura brasileira, a autora, uma mulher negra e pobre, mostra o seu dia a dia na favela do Canindé, em São Paulo, entre 1955 e 1959. Na luta pela sobrevivência, essa mãe solo cata papel para alimentar os filhos, porém a fome está sempre à espreita.

A obra apresenta linguagem coloquial e poética e mostra a visão crítica da escritora Carolina Maria de Jesus, que teve apenas dois anos de estudo formal. Desse modo, a voz do sujeito periférico, representado pela autora, é ouvida e amplificada pelo grande sucesso da obra na década de 1960. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.

A hora da estrela, de Clarice Lispector

De Clarice Lispector, a novela A hora da estrela tem como principal característica a metalinguagem. Assim, o narrador Rodrigo S. M. evidencia o seu processo de criação, de forma a nos mostrar o nascimento literário de sua personagem principal: a nordestina Macabéa. Em meio a reflexões existenciais, ele vai construindo a personagem.

Por fim, ela assume o protagonismo e somos levados para o seu ambiente pobre, escasso de tudo, inclusive de ideias. Macabéa se envolve romanticamente com o ambicioso operário Olímpico. Da mesma forma que ela, ele saiu do Nordeste para viver no Rio de Janeiro. E, como não podia ser diferente, essa história tem um trágico final. Para saber mais sobre ela, clique aqui.

Poema sujo, de Ferreira Gullar

A obra Poema sujo é um longo poema de cunho autobiográfico. O autor o escreveu quando estava no exílio, durante a Ditadura Militar, iniciada em 1964. O poeta utilizou o termo “sujo” para qualificar seu poema. Um dos motivos foi que, por apresentar alguns palavrões, ele seria visto assim pelos defensores da moral e dos bons costumes.

Nessa obra, Ferreira Gullar relembrou sua vida em São Luís do Maranhão. O poema foi escrito em Buenos Aires, em 1975. Nele, o autor deu testemunho da própria existência, pois acreditava que logo seria capturado e morto pelo regime militar. Com a publicação do livro, o poeta finalmente voltou ao Brasil, mas permaneceu vivo.

Catatau, de Paulo Leminski

Catatau é um romance experimental composto por apenas um longo parágrafo. Consiste no monólogo interior de um personagem real, o filósofo René Descartes (Cartésio), o qual, no Nordeste brasileiro, espera a chegada do personagem Artischefski. O livro é ficcional e possui linguagem lírica, discurso filosófico, caráter satírico e elementos ilógicos.

Morangos mofados, de Caio Fernando Abreu

Um dos principais livros de contos do escritor Caio Fernando Abreu, Morangos mofados foi publicado, pela primeira vez, em 1982. Nesses contos, estão o desencanto e a memória de uma geração que viveu a revolução de costumes ocorrida nas décadas de 1960 e 1970, mas que também experimentou a repressão promovida pela Ditadura Militar no Brasil.

O livro traz os famosos contos homoeróticos “Sargento Garcia” e “Aqueles dois”. E mostra também a violência da homofobia em “Terça-feira gorda”. Além deles, mais 15 contos compõem a obra, todos marcados pela angústia existencial, tão característica das obras desse autor.

Créditos de imagem

[1] Editora Antofágica (reprodução)

[2] Grupo Companhia das Letras (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "20 clássicos da literatura brasileira"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/20-classicos-da-literatura-brasileira.htm. Acesso em 18 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


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