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Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 12 de setembro de 1831, em São Paulo. No entanto, foi no Rio de Janeiro que fez o curso primário. Voltou à capital paulista para cursar a faculdade de Direito em 1848. Neste período inicia sua produção poética e também os primeiros sintomas de sua tuberculose.
Por influência do conhecimento da doença que possuía, Álvares de Azevedo desenvolveu uma verdadeira obsessão pela temática da morte, evidente nas cartas à família e aos amigos.
Encontrou apoio na literatura do poeta inglês Lord Byron, conhecido por um modelo ultrajante de obstinação ética que feria os costumes da sociedade aristocrática. Este poeta ficou conhecido por suas aventuras morais e distúrbios comportamentais que o envolveu em escândalos amorosos, incluindo incesto. Sua poesia, além de traços autobiográficos, revela pessimismo, angústia e desejo pela morte, encarada como fuga perante seus sentimentos.
É interessante observar a vida de Lord Byron em paralelo com a de Álvares de Azevedo, pois constatamos que esse herdou por livre iniciativa os traços ultrarromânticos do “mal do século” daquele.
Além de um sentimento melancólico e do desencanto pela vida, Álvares de Azevedo também incorpora o sarcasmo, a ironia e a autodestruição de Musset.
O poeta do Romantismo tem poucas publicações, apesar de muito conhecidas, pelo fato de morrer ainda jovem, aos 21 anos, em 25 de abril de 1852.
Seu livro de contos “Noite na taverna” apresenta cenários escuros e personagens desolados com a vida que vêm no amor idealizado a solução para todos os males.
Na poesia de Álvares de Azevedo, além da temática da morte, encontramos a realização amorosa como algo inatingível, mas que se fosse possível seria a felicidade completa. Então, surge a frustração do “eu-lírico”, o qual se volta novamente para a depressão, sofrimento e dor como escape.
Vejamos um trecho do poema “Lembrança de morrer”, escrito um mês antes da morte do escritor:
(...)
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
(...)
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras