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Ao estabelecermos familiaridade com os fatos linguísticos, devemos nos conscientizar de que as regras por eles proferidas nem sempre são estáticas, fixas. A depender de algumas circunstâncias, elas são passíveis de mudança, sobretudo em se tratando do contexto linguístico em que se encontram demarcados certos enunciados. Como aqui não daremos ênfase a todos os casos, elegeremos um deles: os verbos de ligação.
Trata-se daqueles verbos também denominados não nocionais, constituídos de significação imprecisa. Indo além de tais noções, parece ainda que mecanicamente mentalizamos: ser, estar, permanecer, ficar, e aí vai.
O fato é que precisamos saber que, dependendo do contexto, alguns verbos, tidos como nocionais, passam de um estágio a outro – assumindo a posição de verbos de ligação. Assim, analisemos alguns casos (estabelecendo a diferença entre a ideia representada pela transitividade):
O garoto virou a mesa.
Aqui temos um verbo nocional, haja vista que indica uma ação. Portanto, trata-se de um verbo transitivo direto.
O professor virou uma fera.
Será que aqui o verbo possui a mesma acepção semântica?
Obviamente que não, haja vista que denota o estado de ser do sujeito, ou seja, esclarece que ele ficou furioso.
Dessa forma, ele se classifica como verbo de ligação, no qual “uma fera” representa o predicativo do sujeito.
O operário caiu do décimo terceiro andar.
Nesse contexto, o verbo também denota uma ação – a ação de despencar de um dado lugar.
Vovó caiu doente.
O verbo não mais representa uma ação, mas sim um estado advindo do próprio sujeito. Portanto, ele se classifica como sendo de ligação, sobretudo porque o termo “doente” se classifica como predicativo do sujeito – atribuindo a ele uma qualificação.
Assim, como se pode perceber, a análise do contexto linguístico se torna o grande diferencial no momento de identificar a transitividade de um verbo, pois muitos considerados de ação podem atuar também como sendo de ligação.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras