PUBLICIDADE
A quadrilha é uma dança folclórica realizada durante as Festas Juninas, comuns nos meses de junho e julho. Ela é dançada em pares e conta com a música, os passos e a vestimenta do universo caipira como seus elementos principais.
Com origens europeias, a quadrilha como é conhecida atualmente recebeu ao longo do tempo influências de ritmos nordestinos, indígenas e africanos. Outros nomes dados à manifestação são: quadrilha junina e quadrilha caipira.
Leia também: Carimbó — uma dança de roda típica do nordeste do estado do Pará
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre quadrilha
- 2 - Origem e história da quadrilha
- 3 - Características da quadrilha
- 4 - Quadrilhas no Brasil
Resumo sobre quadrilha
-
A quadrilha é uma dança em pares que surgiu na Europa, mas, ao chegar ao Brasil, se transformou por meio de elementos brasileiros.
-
O nome da dança foi criado com base no termo francês quadrilles.
-
Em seu princípio, a dança era feita em duas filas, com quatro ou oito casais, que formavam um quadrado, por isso o nome quadrilha.
-
Ritmos nordestinos, indígenas e africanos foram responsáveis por consolidar a quadrilha brasileira.
-
A quadrilha segue um roteiro e encena a realização de um casamento.
-
Ela possui passos clássicos, conhecidos por todos e entoados por comandos como “olha a chuva” e “olha a cobra”.
-
As roupas da quadrilha são caracterizadas pelo vestuário da zona rural: camisas xadrez e vestidos coloridos.
-
A música caipira é responsável por conduzir a dança da quadrilha.
-
É um tipo de dança realizado em diversos estados do Brasil.
Origem e história da quadrilha
A origem da quadrilha está relacionada à forma de dançar do country dance da Inglaterra, por volta do século XVIII.
Com a Guerra dos Cem Anos, essa maneira de dançar foi compartilhada na França, região da Normandia. Os franceses modificaram a expressão e criaram a dança palaciana, praticada pela nobreza da época.
Em seu princípio, a quadrilha surgiu de uma contradança organizada em duas filas, uma de frente à outra, com quatro ou oito casais. A forma dos participantes que se estabelecia no espaço era um quadrado, por isso o nome em francês, quadrilles.
A chegada da quadrilha ao Brasil ocorreu tanto por meio da vinda da Família Real Portuguesa, em 1808, quanto por escravizados europeus que vieram ao Brasil após a Lei Eusébio de Queirós. Os europeus trouxeram, por meio dos nobres ou dos escravizados, costumes e expressões que eram comuns por lá.
Salões da Corte nas cidades de Salvador e Rio de Janeiro foram espaços que receberam as apresentações de quadrilha nesse período. Nessas ocasiões era comum a presença de Dom Pedro I. A apresentação pública da quadrilha nesses locais permitiu a popularização da dança entre as pessoas.
Com a Proclamação da República, a quadrilha passou a ser amplamente difundida nas regiões interioranas brasileiras.
Auguste de Saint-Hilare foi um dos estrangeiros que descreveram as Festas Juninas realizadas no interior brasileiro no século XIX.
A modernização brasileira, intensificada desde os anos 1950, provocou a migração das pessoas do campo às cidades. Nesse processo, a quadrilha junina passou a ser compartilhada nos centros urbanos enquanto uma manifestação de pessoas do campo, e não mais como uma dança palaciana.
Ao longo do tempo, a quadrilha sofreu transformações no ritmo e nas coreografias, deixando as características europeias. Assim, ritmos brasileiros, indígenas e afro-americanos foram incorporados na quadrilha, tais como o xaxado, a marcha, o galope, o baião e o coco.
A consolidação da quadrilha com elementos brasileiros ocorreu ao longo do século XX. A obra de Luiz Gonzaga, natural de Pernambuco, foi responsável por compartilhar o baião, e outros ritmos musicais nordestinos, bem como por fortalecer a identidade brasileira da quadrilha que é conhecida atualmente. Gonzaga lançou em 1965 o disco de vinil Quadrilhas e marchinhas juninas. O repertório musical da obra está intimamente relacionado às danças de quadrilha.
Entre as danças de matrizes culturais diferentes que influenciaram a quadrilha junina estão: toré (ameríndios), contradança (europeus) e ijexá/samba-afro (africanos).
As características da movimentação corporal das danças indígenas foram responsáveis pela formação do estilo de dançar quadrilha “arromba chão”, da década de 1980.
Características da quadrilha
Entre os elementos que formam a quadrilha estão os passos, as roupas e a música. Veja sobre cada um deles a seguir.
→ Passos de quadrilha
Na quadrilha, a dança é seguida com base em um roteiro formado por um conjunto de passos que conduzem os movimentos que os participantes executam.
A apresentação da quadrilha está relacionada com a realização de um casamento. Essa cerimônia está associada ao santo casamenteiro, o Santo Antônio, homenageado na Festa Junina. Os noivos da quadrilha formam o primeiro casal da apresentação, isto é, eles determinam o rumo dos demais participantes em alguns momentos.
Veja, a seguir, os passos de quadrilha:
-
Caminho da festa: início da apresentação, os noivos entram na frente, em seguida os demais pares, de braços dados.
-
Caminho da roça: os pares se desfazem, ficando um atrás do outro, em uma única fila.
-
Cumprimento: damas e cavalheiros se separam, e um, de cada vez, cumprimenta seu par com uma flexão de tronco à frente.
-
Olha a chuva: os participantes mudam de direção (meia volta) e colocam a mão na cabeça.
-
Já passou: é falado após o “olha a chuva”, assim todos dão meia volta, mudando novamente de direção.
-
Damas ao centro: elas formam uma roda ao centro, enquanto os cavalheiros formam uma grande roda externa.
-
Coroa de rosas: passo feito após o “damas ao centro”. Os cavalheiros ficam de mãos dadas e se aproximam da roda das damas, erguem os braços como se fosse uma coroação. Após isso, eles abaixam os braços, passando-os à frente. Assim, todos entrelaçados podem girar em movimento à direita ou à esquerda.
-
Balancê: todos balançam os braços no ritmo da música.
-
Olha o túnel: damas e cavalheiros ficam um de frente para o outro e dão as mãos formando um túnel. Os noivos entram no túnel e os casais fazem o mesmo em sequência.
-
Olha a cobra: todos pulam, gritam e mudam de direção.
-
Caracol: todos formam uma grande roda. A noiva solta a mão do noivo e puxa os outros para dentro da roda
→ Roupas de quadrilha
As roupas de quadrilha fazem parte da realidade caipira, ou seja, do vestuário de pessoas que vivem no campo ou que remetem à vida na zona rural.
Os homens costumam vestir camisas xadrez, utilizam chapéus de palha, e também desenham bigode e cavanhaque no rosto.
Já as mulheres usam vestidos coloridos, ficam de tranças ou de maria-chiquinha e fazem sardinhas no rosto.
É comum também pessoas do mesmo gênero dançarem como um par, entretanto, as características da vestimenta permanecem. Por exemplo, duas meninas dançando juntas, uma delas estará caracterizada de cavalheiro.
→ Músicas de quadrilha
As músicas de quadrilha pertencem ao repertório caipira e sertanejo. Os principais instrumentos utilizados são: sanfona, viola, violão, zabumba e triângulo. Entre os gêneros musicais presentes nas danças de quadrilha estão o forró e o baião.
Acesse também: Comidas típicas de Festas Juninas
Quadrilhas no Brasil
As Festas Juninas com as apresentações de quadrilha são comuns em diferentes estados brasileiros. Confira as maiores Festas Juninas do Brasil, que contam com concursos de quadrilha:
-
Festa de São João, Campina Grande (Paraíba)
-
São João do Caruaru (Pernambuco)
-
Bumba meu boi, São Luís (Maranhão)
-
Forró caju, Aracaju (Sergipe)
-
Mossoró cidade junina (Rio Grande do Norte)
Créditos de imagem
[1] Cacio Murilo / Shutterstock
[2] Ismarirj / Wikimedia Commons (reprodução)
[3] Marcelle Cristinne / Governo de Sergipe / Wikimedia Commons (reprodução)
[4] Neilton Domingues / Wikimedia Commons (reprodução)
[5] Mateus Pereira / Secom / Wikimedia Commons (reprodução)
Por Lucas Afonso
Jornalista e profissional de Educação Física